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TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

4.1. P ERFIL DOS DOCENTES PARTICIPANTES DA PESQUISA

Embora não tenhamos a pretenção de traçar o perfil de docente que atua na Educação de Jovens e Adultos do Distrito Federal, reconhecendo o fato de que o tamanho da amostra com a qual trabalhamos não nos permite tal feito, consideramos de suma importância descrevê-lo para situarmos sobre que sujeitos estamos falando.

Os dados mais recentes são do ano de 2018, cedidos pela Gerência de Disseminação de Informações Estatísticas Educacionais vinculada à Secretaria de Educação do Distrito Federal, onde o quadro de professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos do Distrito Federal encontra-se distribuído da seguinte forma, conforme Quadro 6:

Quadro 7 - Professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos em 2018 Nível Sexo Feminino % Fem. Masculino % Masc. Total Fundamental 825 66% 655 48% 1.480 (56%) (44%) Médio 416 34% 718 52% 1.134 (37%) (63%) Total 1.241 (47%) - 1.373 (53%) - 2.614 Fonte: Censo Escolar DF (2018), elaborado pela autora.

É possível inferir, a partir dos dados apresentados, a prevalência na quantidade de professores do sexo masculino no quadro docente em Educação de Jovens e Adultos do DF – 53% contra 47% do sexo feminino. Quando verificamos esta relação sobre os níveis de ensino, percebemos que a maioria dos docentes que atuam no Ensino Fundamental são mulheres – 56% - enquanto no Ensino Médio há predominância de homens – 63%.

92 Para a realização desta pesquisa, contamos com a participação de 51 educadores que atuam no 3º segmento (Ensino Médio) da modalidade EJA na rede pública de ensino do Distrito Federal. Em um primeiro momento, realizamos aplicação de questionários com 51 respondentes – 35 homens e 25 mulheres. Em momento posterior realizamos entrevistas semiestruturadas com 17 dos 51 professores que responderam aos questionários, conforme Quadro 2:

Quadro 2 - Participantes da pesquisa

Instrumento de coleta Sexo Quantidade total de participantes Feminino Masculino Questionários 16 35 51 51 Entrevistas 9 8 17

Fonte: elaborado pela autora.

Ressaltamos que a desproporcionalidade na participação entre homens e mulheres nesta pesquisa se deve, em primeiro lugar, a própria distribuição no quadro de professores que atuam em EJA no DF, onde verificamos a predominância de docentes do sexo masculino na 3ª modalidade (Ensino Médio) – recorte escolhido para desenvolvimento deste estudo – e as dificuldades encontradas em campo, inerentes a todo processo de pesquisa.

Procuramos estabelecer uma relação de não imposição, de modo que a participação dos professores se deu de maneira totalmente voluntária, o que envolve boa vontade. Nos amparamos em Bourdieu (2008) neste ponto, sobre a importância da utilização de uma comunicação não violenta para com os entrevistados, que pressupõe também uma postura não impositiva frente aos participantes da pesquisa. Nesse sentido, buscamos ainda estabelecer uma “[...] escuta ativa e metódica (BOURDIEU: 2008, 695), que se associa a disponibilidade total a pessoa entrevistada,

[...] [q]ue pode conduzir, por uma espécie de mimetismo mais ou menos controlado, a adotar sua linguagem e a entrar em seus pontos de vistas, em seus sentimentos, em seus pensamentos, com a construção metódica, forte, do conhecimento das condições objetivas, comuns a toda uma categoria. (BOURDIEU, 2008: 695).

A entrevista é considerada por Bourdieu (2008) uma forma de “exercício espiritual” que objetiva por meio do “esquecimento de si”, “[...] uma verdadeira

93 conversão do olhar que lançamos sobre os outros nas circunstâncias comuns da vida” (BOURDIEU, 2008:704). O essencial desse processo refere-se ao estabelecimento de uma comunicação livre de constrangimentos, abrindo espaço para expressão de mal-estares, de modo que a contribuição do pesquisador nesse processo de “[...] criar condições de aparecimento de um discurso extraordinário, que poderia nunca ter tido e que, todavia, já estava lá [...]” (BOURDIEU, 2008: 704), ao promover um exercício de “auto-análise provocada e acompanhada” (idem).

Constatamos a prevalência de entrevistados acima dos 40 anos – 72,5% da amostra, seguida por professores entre 35 e 40 anos – 15,7% - entre 30 e 34 anos – 7,8% - e entre 20 e 29 anos apenas 3,9%, conforme Gráfico 3:

Gráfico 3 - Faixa etária dos participantes da pesquisa

Fonte: Questionário (N = 51), elaborado pela autora.

A maioria dos professores que responderam aos questionários consideram-se pardos, pretos ou mestiços – 55%, 43,1% declaram-se brancos, e 2% não souberam/quiseram informar, conforme Gráfico 4:

3,9% 7,8%

15,7%

72,5%

94 Gráfico 4 - Autodeclaração de Etnia dos participantes da pesquisa

Fonte: Questionário (N = 51), elaborado pela autora.

Os participantes da pesquisa possuem formações distintas, conforme se verifica abaixo por área de conhecimento no Quadro 7:

Quadro 8 – Formação dos Professores participantes da pesquisa segundo área de conhecimento Área de conhecimento N Ciências da Natureza 10 Ciências Humanas 12 Ciências Exatas 10 Linguagens e Códigos 19 Total 51

Fonte: Questionário, elaborado pela autora.

A maioria dos professores e professoras que responderam aos questionários possui grau de formação elevada – 64,7% concluiu ou está com especialização em andamento e 27,5% mestrado ou doutorado concluído ou em andamento, conforme Gráfico 5:

43,1%

41,2%

11,8%

2,0% 2,0%

BRANCO PARDO PRETO NÃO

SABE/NÃO QUIS DECLARAR

95 Gráfico 5 - Nível de instrução dos participantes da pesquisa

Fonte: Questionário (N = 51), elaborado pela autora.

Em relação à faixa de renda, 72,5% dos participantes recebem mais de 6 salários mínimos, 19,6% recebem de 4 a 6 salários mínimos e 3,9% dos participantes recebem de 2 a 4 salários mínimos e 1 a 2 salários mínimos, conforme Gráfico 6: :

Gráfico 6 - Faixa de Renda (Bruta) dos participantes da pesquisa

Fonte: Questionário (N = 51), elaborado pela autora.

Com a finalidade de verificarmos se os professores que atuam na modalidade acumulavam mais de uma atividade profissional, questionamos aos professores se

27,5% 64,7% 7,8% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% Pós-Graduação Stricto sensu (Mestrado, Doutorado) Pós-Graduação Lato sensu (Especialização) Graduação 3,9% 3,9% 19,6% 72,5% De 1 a 2 salários mínimos De 2 a 4 salários mínimos De 4 a 6 salários mínimos Mais de 6 salários mínimos

96 desenvolviam alguma atividade formal remunerada além da docência em EJA. Dos 51 respondentes, 35 afirmou desempenhar segunda atividade remunerada – ou seja, quase 69%. Dentre as atividades desempenhadas destacam-se o serviço público, com 24 professores – 10 deles são também professores do ensino regular e 14 atuam no serviço público em áreas diversas, que não a educação, em esfera federal/distrital, conforme demonstrado na Tabela 7:

Tabela 7 - Atividade empregatícia desempenhada para além da docência em EJA

Profissão Nº de professores

Advocacia 1

Aposentado De Outro Cargo 1

Assessoria Internacional 1

Trabalho Autônomo 1

Consultoria em EAD 1

Trabalho em Iniciativa Privada 1

Cargo de Gestão Pública 2

Professor (Regular) 10

Professor Escola Particular 2

Servidor Público GDF 4

Servidor Público Federal 10

Terapeuta 1

Total 35

Fonte: Questionário (N = 51), elaborado pela autora.

Quanto ao tempo de magistério em EJA, 70,6% dos respondentes lecionam há mais de 6 anos, conforme Gráfico 7:

97 GRÁFICO 7 – TEMPO DE MAGISTÉRIO EM EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

Fonte: Questionário (N = 51), elaborado pela autora.

Em síntese, a amostra de professores que preencheram aos questionários é composta majoritariamente por docentes do sexo masculino, com idade igual ou superior a 40 anos, elevada formação acadêmica, trabalha a mais de 6 anos em EJA, ou seja, tempo de experiência considerável e desenvolve outra atividade profissional para além da docência na modalidade.