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2.5. S AÚDE E S EGURANÇA

2.5.3. P ORTUGAL – A A UTORIDADE PARA AS C ONDIÇÕES DO T RABALHO

Em Portugal, a supervisão dos aspetos relacionados com a segurança e saúde no trabalho está maiori- tariamente a cargo da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT). É o organismo da adminis- tração pública central responsável pela promoção da melhoria das condições de trabalho. É um serviço do Estado que visa a promoção da melhoria das condições de trabalho em todo o território continental através do controlo do cumprimento do normativo laboral no âmbito das relações laborais privadas e pela promoção da segurança e saúde no trabalho em todos os setores de atividade públicos ou privados [39]. A ACT, que assumiu as atribuições da Inspeção Geral do Trabalho e do Instituto para a Seguran- ça, Higiene e Saúde no Trabalho, tem a sede em Lisboa e dispõe de serviços regionais e locais.

A ACT, dotada de autonomia administrativa e com jurisdição em todo o território continental, integra a administração direta do Estado e é tutelada pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. A sua missão, atribuições e competências estão definidas no Decreto-Lei n.º 326-B/2007, de 28 de se- tembro [40]. A sua organização interna, está prevista no mesmo documento, sob a Portaria n.º 1294- D/2007, de 28 de setembro [40].

2.5.3.1. Caracterização

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) é um serviço central da administração direta do Estado que promove a melhoria das condições de trabalho em Portugal. No quadro do Plano de Redu- ção e Melhoria da Administração Central (PREMAC), levado a cabo pelo XIX Governo Constitucio- nal, a ACT é integrada no Ministério da Economia e do Emprego (MEE) pelo Decreto-Lei nº 86- A/2011, de 12 de julho [41], [42].

O Decreto-Lei n.º 126-C/2011, de 29 de dezembro, que estabelece a lei orgânica do MEE, define a missão da ACT como sendo de “promoção da melhoria das condições de trabalho, através da fiscali- zação do cumprimento das normas em matéria laboral e o controlo do cumprimento da legislação rela- tiva à segurança e saúde no trabalho, bem como a promoção de políticas de prevenção dos riscos pro- fissionais, quer no âmbito das relações laborais privadas, quer no âmbito da Administração Pública” [41].

O Decreto Regulamentar n.º 47/2012 de 31 de julho, que publica a nova lei orgânica da ACT, perspe- tiva a promoção da melhoria organizacional e a racionalização das estruturas ao nível central e, parti- cularmente, dos serviços desconcentrados, promovendo uma profunda restruturação e reorganização

das unidades orgânicas da ACT, com o objetivo de otimizar recursos humanos e financeiros. Esta rees- truturação marca uma nova fase desta instituição, plasmada em documentos de gestão estruturantes como a “Estratégia da ACT para o triénio 2013-2015”, onde são delineados os vetores de atuação da organização em resposta aos elevados desafios que lhe são colocados pelo quadro de crise global [41].

2.5.3.2. Missão e atribuições

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) tem como missão a promoção da melhoria das condições de trabalho, através da [40], [43]:

Fiscalização do cumprimento das normas em matéria laboral; Promoção de políticas de prevenção dos riscos profissionais;

Controlo do cumprimento da legislação relativa à segurança e saúde no trabalho. A Autoridade para as Condições do Trabalho tem como atribuições [40], [43]:

Promover, controlar e fiscalizar o cumprimento da lei respeitante às relações e condições de trabalho, designadamente a legislação relativa à segurança e saúde no trabalho;

Desenvolver ações de sensibilização, informação e aconselhamento no âmbito das rela- ções e condições de trabalho para trabalhadores e empregadores e respetivas associações representativas;

Promover a formação especializada nos domínios da segurança e saúde no trabalho, apoi- ando as organizações de trabalhadores e de empregadores na formação dos seus represen- tantes;

Participar na elaboração das políticas de promoção da saúde nos locais de trabalho e pre- venção dos riscos profissionais e gerir o processo de autorização de serviços de segurança e saúde no trabalho;

Coordenar o processo de formação e de certificação de técnicos e técnicos superiores de segurança e higiene do trabalho;

Colaborar com outros organismos da administração pública com vista ao respeito integral das normas laborais nos termos previstos na legislação comunitária e nas convenções da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas por Portugal;

Assegurar o procedimento das contraordenações laborais; Exercer competências em matéria de trabalho de estrangeiros;

Prevenir e combater o trabalho infantil em articulação com outros departamentos públi- cos;

Avaliar o cumprimento das normas relativas ao destacamento de trabalhadores e cooperar com os serviços de inspeção das condições de trabalho de outros estados-membros do es- paço económico europeu.

2.5.3.3. Conselho Consultivo para a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho

O Conselho Consultivo para a Promoção da Segurança e Saúde no Trabalho é o órgão colegial, de natureza consultiva, ao qual incumbe apoiar a Autoridade para as Condições do Trabalho no exercício das suas competências em matéria de segurança e saúde no trabalho. É constituído por [44]:

O Inspetor-Geral do Trabalho, que preside; Dois subinspetores-gerais;

Dois representantes de cada confederação sindical com assento na Comissão Permanente de Concertação Social:

o Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN)

o União Geral de Trabalhadores (UGT)

Um representante de cada confederação patronal com assento na Comissão Permanente de Concertação Social:

o Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) o Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) o Confederação da Indústria Portuguesa (CIP)

o Confederação do Turismo Português (CTP)

Este Conselho terá como principais funções a emissão de pareceres do domínio da promoção da segu- rança e saúde no trabalho da Autoridade para as Condições do Trabalho, e na vertente que não diga respeito à atividade inspetiva, sobre [44]:

O plano e relatório de atividades; O orçamento;

O relatório e contas anuais;

Os programas de ação e respetivos regulamentos; A política de qualidade;

A política de formação de recursos humanos; Outros instrumentos de gestão da ACT.

Os pareceres do Conselho Consultivo sobre o plano e relatório de atividades, os programas de ação e respetivos regulamentos e sobre a política de qualidade têm natureza vinculativa. Os representantes das confederações sindicais e patronais com assento no Conselho Consultivo podem, relativamente a matérias da competência do mesmo, solicitar informações ao Inspetor-Geral do Trabalho sobre os projetos de organização, estrutura e funcionamento dos serviços da ACT e formular propostas, suges- tões ou recomendações relativas à atividade da ACT [44].

2.5.3.4. Relatórios e Investigações

A ACT tem também a obrigação de produzir, anualmente, um relatório de caráter geral sobre os traba- lhos dos serviços de inspeção colocados na sua dependência e desse relatório é enviada uma cópia ao diretor-geral do Bureau Internacional do Trabalho. Este relatório deve conter os seguintes assuntos na medida em que dependam do controlo dessa autoridade central [45]:

Leis e regulamentos cujo controlo de aplicação depende da competência da inspeção de trabalho, publicados no ano em causa;

Quadro de efetivos da inspeção do trabalho;

Estatísticas dos estabelecimentos sujeitos ao controlo inspetivo e número de trabalhadores empregados nesses estabelecimentos;

Estatísticas das visitas de inspeção;

Estatísticas das infrações cometidas e das sanções impostas; Estatísticas dos acidentes de trabalho;

Estatísticas das doenças profissionais;

Quaisquer outros assuntos relacionados com estas matérias, desde que estejam sob a fis- calização e sejam da competência dessa autoridade central [45].

As seguintes tabelas 6 e 7 representam alguns dos resultados apresentados pelos relatórios produzidos pela ACT anualmente.

Tabela 6 – Acidentes de trabalho mortais objeto de inquérito pela ACT em 2011 por dia de semana

Fonte: Autoridade para as Condições do Trabalho [45]

Em 2013, o Relatório publicado refere-se ao ano de 2011, apresentando variados registos detalhados acerca dos acidentes de trabalho ocorridos e variadas análises aos resultados obtidos. As duas tabelas seguintes são exemplo do detalhe no referido relatório [45] e do trabalho realizado pela ACT em rela- ção ao registo de acontecimentos para posterior análise e tentativa de mitigação.

Tabela 7 – Acidentes de trabalho mortais objeto de inquérito pela ACT em 2011 por parte do corpo atingida

Fonte: Autoridade para as Condições do Trabalho [45]