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3 Metadados: Uma Visão Geral

3.3 Padrões de Metadados para TV Digital Interativa

3.3.1 O Padrão MPEG-7

O MPEG-7 (ISO/IEC 15938-1, 2004) é um padrão ISO/IEC introduzido em 1997 pelo MPEG (Moving Picture Experts Group). Este grupo de trabalho definiu uma série de padrões como o MPEG-2 que é empregado em codificação de áudio e vídeo, e o MPEG-4 voltado para codificação de objetos audiovisuais. O MPEG-7 é oficialmente conhecido como “interface de descrição de conteúdo multimídia”, pois padroniza a descrição de conteúdo audiovisual por meio da definição de um conjunto padronizado de descritores (do inglês, Descriptor – D), e esquemas de descrição (do inglês, Description Schemes – DS), (LUGMAYR; NIIRANEN; KALLI, 2004).

Cada descritor contém uma informação a respeito do conteúdo que está sendo descrito de forma sintática e semanticamente. Já os Esquemas de descrição são responsáveis por especificar a estrutura e a semântica dos inter- relacionamentos entre seus componentes, que podem ser descritores ou até mesmo outros Esquemas de descrição (ALVES et al., 2006).

O MPEG-7 foi especialmente concebido de forma mais genérica possível a fim de fornecer estruturas pré-definidas de descritores adaptáveis e extensíveis. Com isso, estes elementos podem ser reutilizados na definição de novos padrões de metadados. De acordo com Lugmayr; Niiranen e Kalli (2004), a organização do padrão MPEG-7 está dividida em oito partes diferentes. As principais são:

1. Sistema – especifica como as descrições MPEG-7 serão transportadas para os terminais, sincronizadas com os conteúdos e armazenadas. Também é responsável por descrever a arquitetura de um terminal MPEG- 7;

2. Linguagem de Definição de Descrição (oriunda do inglês, Description

Definition Language – DDL) – é a linguagem que define a sintaxe para

elaboração de relacionamentos entre os descritores e esquemas de descrição. Também permite a criação de novos esquemas de descrição ou modificação de esquemas já existentes. Esta linguagem é baseada em Esquemas XML;

3. Visual – especifica um conjunto padronizado de descritores e esquemas de descrição relacionados com descrição de vídeo;

4. Áudio – especifica um conjunto padronizado de descritores e esquemas de descrição relacionados com a descrição de áudio;

5. Software de Referência - definição de software que suporta diferentes partes do padrão MPEG-7;

6. Teste de Compatibilidade – especifica testes para verificar se as descrições estão sintaticamente bem estruturadas e válidas conforme as especificações MPEG-7;

7. Extração e Uso de Descrições MPEG-7 – define interfaces de descrição de conteúdo multimídia e procedimentos para o uso das ferramentas MPEG-7 e a implementação do software de referência;

8. Esquemas de Descrição de Multimídia (oriunda do inglês, Multimedia

Description Schemes – MDS) – são conjunto padronizado de descritores

e esquemas de descrição genéricos para descrição de conteúdo multimídia e também usuário.

Conforme ilustrado na Figura 6, os MDSs (Multimedia Description Schemes) são organizados em cinco diferentes categorias de acordo com as suas características.

Figura 6 – Visão geral do MPEG-7 Multimedia Description Schemes (MDS) (ALVES, 2008)

Para este trabalho serão explorados os metadados do MPEG-7 relacionados à categoria interação com o usuário. Nesta categoria são definidos os esquemas de descrição: preferências do usuário (UserPreferences DS) e históricos de uso (UsageHistory DS).

3.3.1.1 Preferências do Usuário (UserPreferences DS)

O UserPreferenceDS é usado para descrever as preferências do usuário relacionadas ao consumo de conteúdo multimídia. A correlação entre as preferências do usuário e os descritores de conteúdos permite a filtragem de conteúdos, consequentemente o acesso personalizado. Desta forma, diversos cenários de uso são possíveis como os a seguir (TV-ANYTIME, 2007b):

 Identificação de múltiplos usuários;

 Filtragem de acordo com uma rica combinação das preferências do usuário (gêneros e canais favoritos, títulos, horários de preferência, formato de mídia, dentre outros);

 Especificação de preferências (por um diretor favorito, por exemplo) com uma duração de tempo em particular;

 Especificação de palavras-chave preferidas ligadas com outras preferências, tais como gênero (notícias, esporte, por exemplo);

 Descrição do desejo do usuário de manter todos os dados de preferência, ou partes selecionadas, privativos;

 Descrição de preferências por tipos particulares de destaque (destaque de determinada duração ou destaques compostos por segmentos que contenham determinados eventos, por exemplo);

 Troca de perfis pessoais sob controle do usuário;  Especificação de perfis para diferentes países.

O UserPreferences DS está associado com um usuário em particular (ou um grupo de usuários) por meio do UserIdentifier DS. A entidade principal no diagrama UserPreferences DS contém dois componentes principais, são o BrowsingPreferences DS e FilteringAndSearchPreferences DS (vide Figura 7). O UserIdentifier DS pode ser usado para associar um usuário específico (grupo de usuários) com uma descrição de preferência em particular.

Figura 7– UserPreferences DS sumarizado (ISO/IEC 15938-5, 2003)

O BrowsingPreferences DS pode ser usado para especificar as preferências sobre a forma de navegação e como o conteúdo é acessado e contém o SummaryPreferences DS. O SummaryPreferences DS descreve as preferências do usuário para navegação não linear de conteúdo. O FilteringAndSearchPreferences DS pode ser usado para especificar as preferências do usuário com relação ao tipo

de conteúdo a ser pesquisado, filtrado, selecionado e consumido. As preferências podem ser especificadas em temos de criação, classificação e propriedades relacionadas às fontes de conteúdo. O FilteringAndSearchPreferences DS é composto pelo ClassificationPreferences DS, CreationPreferences DS e SourcePreferences DS.

O ClassificationPreferences DS é usado para especificar as preferências do usuário com relação à classificação do conteúdo, tais como gênero, assunto, idioma e o país de origem. O CreationPreferences DS é usado para especificar as preferências do usuário relacionadas com a criação e descrição do conteúdo audiovisual, como preferência sobre um título, ou um ator, diretor preferido, ou conteúdo de um determinado lugar. Por fim, o SourcePreferences DS é usado para especificar as preferências com relação as fontes de conteúdo audiovisual, como formato de distribuição, ou fonte de distribuição, ou local de distribuição, formato de mídia, dentre outros.

De modo geral, as descrições de preferências do usuário podem ser construídas manualmente ou automaticamente. Uma preferência de usuário pode ser construída baseada em informações fornecidas pelo usuário de maneira explícita ou implícita (inferida) a partir do seu histórico de uso, ou do seu contexto conforme será explorado neste trabalho e descrito no capítulo 7.