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CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

PALIATIVOS À P SPC, INTERNADA EM C

PSPC, internada em CI

Favorecer o alivio de sintomas 3

Favorecer o alívio do sofrimento 4

Promover a analgesia 1

Promover o conforto 3

Promover a individualidade da

pessoa 1

Valorizar o tempo de vida que resta 1

Promover o apoio religioso 1

Promover o apoio no luto 1

Promover o apoio familiar 3

Promover o envolvimento da família

nos cuidados 2

Promover a autonomia do doente 2

Respeito pela espiritualidade 1

Simplificar as medidas terapêuticas 2 IGURA Nº 3 – OPINIÃO DOS PS ACERCA DAS ESTRATÉGIAS A ADOTAR, PARA PRESTAR CUIDADOS

No que se refere à categoria favorecer o alívio de sintomas, apenas três médicos a referenciaram como importante, como se enuncia nas seguintes citações:

“(…) são cuidados que, nós vamos prestar (…), no sentido de aliviar algum sintoma…, a agitação…, a ansiedade…, a dor (…)” E 5

“(…)tratarmos sintomatologia, aliviar sintomatologia (…), por exemplo…, uma dor, retirando a dor, se calhar a ansiedade (…)” E 2

“(…) sedar e analgesiar, eu penso que são as únicas coisas que nós conseguimos proporcionar (…); a sedação e a analgesia, eu acho que ninguém omite aos doentes (…)” E 9

Por sua vez, a categoria favorecer o alívio do sofrimento, foi identificada como possível de executar em CI, quer por médicos quer por enfermeiros:

“ (…)alivio de dor, a…, uma analgesia adequada(..)” E 3

“ (…) na parte médica e de enfermagem, é muito no alivio de sintomas e proporcionar alguma qualidade…, qualidade sintomática à pessoa, para alivio de tudo o que sejam sensações negativas…, sensações físicas (…)” E 8

“(…) a partir do momento em que se percebe que realmente o doente em questão, não tem viabilidade (…), não tem potencial de cura da doença de base, tudo o que temos que fazer é (…), tentar minimizar todo o sofrimento físico (…), que ele possa ter (…); a partir do momento em que se percebe que realmente o doente em questão, não tem viabilidade (…), não tem potencial de cura da doença de base, tudo o que temos que fazer é, proporcionar o máximo de conforto ao doente (…)” E 10

A promoção da analgesia, não foi referida por nenhum médico, sendo identificada como prioritária por um enfermeiro:

“(…)basicamente, eu acho que…, analgesia, que acho que é fundamental para esse tipo de doentes não terem dores, em alguns casos, uma sedação leve para estarem confortáveis (…)” E 11

Promover o conforto é uma estratégia identificada por três enfermeiros como básica para prestar CP numa unidade de CI:

“ (…) deixando, que a situação de doença tenha o seu curso…, portanto, a partir do momento em que determinamos que não há tratamento e que não há perspetiva de cura, deixamos no fundo, que a situação de doença tenha o seu curso normal, prestando medidas de cuidados de conforto ao doente (…)” E 4

“ (…)conforto essencialmente, se não houver realmente outro tipo de intervenções a fazer (…)” E 3

“ (…) proporcionar qualidade de vida no fim da vida e conforto e não medidas invasivas (…)” E 12

A categoria, promover a individualidade da pessoa, foi considerada prioritária por um enfermeiro como é transcrito no seguinte enxerto:

“ (…) aquela pessoa…, quer ter a sua casa num sitio que não é a sua casa, mas apesar de tudo, tornar aquele espaço um pouco à sua imagem, daquilo que foi a sua vida (…); será o equilíbrio perfeito, entre aquilo que será o lar da pessoa e a ponte entre o hospital e o lar (…)” E 8

A categoria valorizar o tempo de vida que resta é evidenciada por um enfermeiro como a essência dos cuidados paliativos e uma possibilidade exequível na prática de quem cuida em fim de vida em ambiente de CI:

“ (…) eu acho que os cuidados paliativos diferenciam-se é pelo outro lado, pelo lado social e pelo lado mais emocional, que se consegue ir de encontro aquilo que o doente…,proporcionar melhores cuidados, melhores vivências naqueles momentos finais da vida (…)” E 8

Promover o apoio religioso, é para um enfermeiro algo praticável e essencial ao cuidar em fim de vida:

“ (…) poder pedir o apoio do…,o apoio religioso se a família assim o permitir (…)” E 11

Promover o apoio no luto é também indicado por um enfermeiro como uma estratégia a adotar para prestar CP em unidades de CI, como se evidencia na seguinte afirmação:

“(…) não ajudamos a família no caminhar e a preparar-se para o fim daquele doente…, demore muito ou pouco tempo, vai ter um fim (…); compete à equipe acompanhar a família nesse processo (…)” E 14

A promoção do apoio familiar é reconhecida por três enfermeiros como uma habilidade a ser trabalhada em CI de forma a por em prática a filosofia do cuidar paliativo:

“ (…)permitir que os familiares entrem todos (…). as pessoas estão mais atentas…, oferecem um chã, já vi colegas a oferecerem até comida…, e isso é muito importante, porque as pessoas estão muito mal nutridas, não têm apetite e no momento em que vai ver o familiar, que está em fase terminal, normalmente têm crises vagais e quedas de glicemia e sentem-se mal. É nosso dever cuidar destas pessoas também (…)” E 6 “ (…)o apoio da família, acho que temos que…, o esclarecer com a família(…)” E 11

Não menos importante e narrada por dois enfermeiros como estratégia a adotar, foi a possibilidade de promover o envolvimento da família nos cuidados:

“ (…) acho que nos doente em fim de vida, nós podíamos permitir…, uma abertura à presença da família, que lhes permitisse uma maior presença e um toque, um estar diferente com o familiar, que não fosse uma visita como é na maioria das situações; ou um despedimento como às vezes também faz (…); (…) nos doentes em fim de vida, faz todo o sentido, porque a maioria dos cuidados, são cuidados de conforto, podem também ser proporcionados pela família (…); há cuidados que a família pode participar; a família sabe, para que lado é que o doente estava mais habituado a dormir…, a família sabe, que o doente tem uma dor osteoarticular e que determinada posição é menos desconfortável…, a família sabe que há determinada situação, que provoca ansiedade nos seu familiar (…); a família pode ajudar a proporcionar o tal conforto que eu acho que é fundamental para o doente em fim de vida (…); numa unidade de CI não é fácil envolver a família e permitir a presença mais alargada da família (…)” E 12

“ (…) o tentarmos que a família esteja o mais próxima dele possível e sabemos que aqui não é possível estar muito tempo (…), mas sempre que possível, chamar a família a estar presente (…)” E 11

No que se refere à categoria promover a autonomia do doente, não foi reconhecida como uma estratégia pelos enfermeiros de CI, no entanto, foi nomeada por dois médicos como uma prioridade para a prática do cuidar em fim de vida:

“ (…) a partir do momento em que se percebe que realmente o doente em questão, não tem viabilidade (…), não tem potencial de cura da doença de base, tudo o que temos que fazer é (…), tentar se possível autonomiza-lo e permitir ainda, que ele saia da unidade de CI (…)” E 10

“(…) perspetivar que o doente concretize aquilo que quer; já não há perspetiva de vida, há perspetiva de morte e o doente tem a noção disso (…), dar-lhe a oportunidade de decidir (…), basicamente é (…), ter em conta o que o doente quer (…)” E 13

No que se refere à categoria respeito pela espiritualidade, foi considerada por um enfermeiro, prioritária e essencial para o cuidar paliativo no doente critico:

“(…) em relação à família (…), na vertente dos cuidados paliativos, trabalhamos muito mal; nós recebemos a família, mas não usamos as dimensões todas que os cuidados

paliativos preconizam, nomeadamente a espiritualidade (…), os cuidados paliativos

preconizam nomeadamente a espiritualidade (…); aproveitar os momentos livres (…), a aplicarmos esta nossa dimensão de espiritualidade, que todos nós temos e que não usamos, que permite aprofundar o seu próprio eu, ajudar o doente a aprofundar o seu próprio eu e a aceitar e a viver as suas angústias; a aceitar o seu processo no tempo de morrer (…)” E 14

Sendo a simplificação de medidas terapêuticas, uma responsabilidade e um dever de quem cuida em fim de vida, esta estratégia foi considerada importante apenas pelo grupo profissional médico, como se evidencia pelos seguintes enxertos:

“ (…)se o doente não precisar(…), de uma algália, sim deve ser retirada, se lha causar desconforto, deve ser retirada…, cateteres…, tudo; todos os meios invasivos que temos, a menos que o doente precise deles para conforto ou para nós podermos administrar medidas de conforto (…)” E 10

“ (…) cateteres e não sei o quê, isso tudo tem que ser evitado, já não faz sentido; é invadir a qualidade de vida do doente (…); quando admitimos que um doente não tem viabilidade, estávamos a investir tudo mas de repente o prognóstico deste doente mudou ao ponto de se tornar, algo terminal, acho que se deve (…), retirar tudo o que é fútil (…)” E 13

Intervenções realizadas pelos PS, que perturbam o processo de bem morrer da PSPC internada em CI Distanásia 13 Encarceramento da morte 1 Paternalismo 1 Futilidade 10 Instrumentalização do corpo 3 Despersonalização da pessoa 5 Ocultação da verdade 2 Invasão da privacidade 1 Privação da familia 1

4 - I N T E R V E N Ç Õ E S

R E A L I Z A D A S

P E L O S

P S ,

Q U E

P E R T U R B A M O P R O C E S S O D E B E M M O R R E R D A P S P C

I N T E R N A D A E M C I

Sendo uma realidade, o internamento de doentes terminais em unidades de CI, parece- nos evidente e sério refletir sobre as práticas clinicas realizadas, que perturbam o processo de morte e contrariam a «leges arte». “Nesta marcha acelerada, num agir instintivo face à iminência da morte, o brilho da tecnologia, daquela terapêutica ou daquela técnica inovadora que nos permite atos fantásticos e que nos facilita o adiar a morte quase interminavelmente, é o mesmo que nos incomoda e nos faz fechar os olhos à realidade. E que vida proporcionamos?” (Fonseca, 2012, p. 49).

Quando questionados, os PS identificam como intervenções que perturbam o processo de bem morrer, a distanásia, o encarceramento da morte, o paternalismo, a futilidade, a instrumentalização do corpo, a despersonalização da pessoa, a ocultação da verdade, a invasão da privacidade e a privação da família (Figura nº 4).

FIGURA Nº 4 – INTERVENÇÕES REALIZADAS PELOS PS, QUE PERTURBAM O PROCESSO