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2. ESTADO DA ARTE

2.1. Desenvolvimento Sustentável – Estratégias da União Europeia

2.1.3. Panorama Português

Em Portugal, a principal fonte de informação acerca do parque imobiliário construído é o Instituto Nacional de Estatística (INE) que regista numa base anual, as novas construções. Integrados no INE, existem ainda os Censos que se realizam de 10 em 10 anos, dos quais é

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possível obter informações acerca da população residente nomeadamente famílias, edifícios e habitações. Os Censos de 2011 afirmam que existem cerca de 5,9 milhões de edifícios destinados à habitação em Portugal para um total de 4,1 milhões de famílias. Dos 5,9 milhões de edifícios existentes, cerca de 73% estão ocupados pelos proprietários enquanto que 20% dos mesmos estão arrendados (Censos, 2011).

O primeiro documento legal a existir em Portugal acerca do desempenho energético de edifícios foi publicado em 1990 denominado por RCCTE: “Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios” (Decreto–Lei 40/90 de 6 de Fevereiro). O RCCTE tinha o intuito de melhorar a qualidade térmica dos edifícios sem que com isso aumentasse o consumo de energia, aumentando o conforto interno dos utentes das habitações.

O regulamento referido impulsionou os projetistas e utilizadores finais a aplicar o conceito de Edifícios Solares Passivos (ESP). Com o ESP pretendeu-se aperfeiçoar o comportamento térmico dos edifícios na estação de aquecimento (Inverno) e de arrefecimento (Verão) recorrendo à inserção de várias condicionantes nas envolventes dos edifícios, com o intuito de melhorar as condições de conforto térmico (Mateus, 2004).

A 4 de Abril de 2006 surgiu a atualização do Decreto-Lei 40/90 de 6 de Fevereiro que passou a integrar o Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (SCE) e o Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização dos Edifícios (RSECE) correspondendo à transposição para direito nacional da Diretiva 2002/91/CE de 16 de Dezembro (ADENE, 2011).

Uma vez que cerca de 80% dos edifícios foram construídos antes da entrada em vigor do RCCTE, a maior parte dos mesmos não apresenta qualquer material de isolamento térmico e por isso o seu desempenho térmico não assegura os requisitos de conforto atuais. Embora esta realidade seja conhecida, a reabilitação ainda não é prática comum em Portugal e por isso um grande esforço deve ser feito neste sentido nos próximos anos (Almeida, Bragança, Mateus, 2007).

Quanto à climatização dos edifícios, existiu um primeiro regulamento a nível nacional denominado por RSECE: “Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização nos Edifícios” (Decreto – Lei 118/98 de 7 de Maio). O RSECE aplicava-se a edifícios com

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elevado consumo de energia relativamente ao aquecimento e/ou arrefecimento. Desta forma o regulamento em causa destinava-se essencialmente a edifícios de serviços, e ainda a habitações cujos sistemas de regulação de temperatura interior continham uma potência superior a 25 KW (Mateus, 2004). Em 2006, o RSECE foi atualizado integrando um pacote legislativo composto pelos Decretos-Lei 78/2006 e 80/2006.

Em Portugal, a implementação do processo de certificação do desempenho energético de edifícios atravessou várias fases, nomeadamente (TABULA Project Team, 2010):

 3 de Julho de 2006: Revisão das normas técnicas em vigor para novos edifícios

residenciais e não residenciais;

 1 de Julho de 2007: Certificação de todo o tipo de edifícios novos com área superior a

1000 m2 cuja licença de construção tenha sido solicitada;

 1 de Julho de 2008: Aprovação de todos os edifícios residenciais e não residenciais

novos, independentemente da sua área, para o qual a licença de construção tenha sido pedida;

 1 de Janeiro de 2009: Certificação de todos os edifícios, novos e existentes,

residenciais e não residenciais.

Recentemente surgiu a atualização do RCCTE (2006) bem como do RSECE (2006), que transferiu para o direito português a Diretiva 2010/31/EU de 19 de Maio relativa ao desempenho energético de edifícios tal como indica o (ITeCons, 2013): “O Decreto-Lei n.º 118/2013 de 20 de Agosto revoga os anteriores Sistema de Certificação Energética dos Edifícios (SCE - DL78/2006 de 4 de Abril), Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (RCCTE - DL80/2006 de 4 de Abril) e Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios (RSECE - DL79/2006 de 4 de Abril). No que diz respeito ao desempenho energético de edifícios de habitação, para além de alterações ao nível dos requisitos térmicos e energéticos, são preconizadas alterações nas metodologias de cálculo do desempenho energético.”

Desta forma o REH (Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícos de Habitação) estabeleceu a ambição de evoluir os requisitos energéticos para um horizonte temporal no máximo até 2020. Assim, o regulamento referido atualizou os requisitos de qualidade térmica introduzindo parâmetros de eficiência energética para os principais tipos de sistemas técnicos

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dos edifícios. Promove ainda a utilização de fontes de energia renovável, especialmente o aproveitamento dos recursos solares, abundantes em Portugal. Para além dos objetivos enunciados o REH tem o intuito de definir o conceito de edifício com necessidades quase nulas de energia, que entrará em vigor em 2020 para novas construções e em 2018 para edifícios novos de entidades públicas (apcmc, 2014).

A Comissão Europeia, em janeiro de 2014, apresentou novas metas para 2030 no que diz respeito ao clima e energia com o intuito de obter uma economia competitiva, segura e hipocarbónica. Assim, a Comissão Europeia pretende que exista baixo teor de carbono bem como um sistema energético competitivo e seguro que garanta energia a um preço acessível para todos os consumidores, reduza a dependência das importações de energia e crie novas oportunidades de crescimento e emprego. Os critérios fundamentais, definidos para 2030 pela Comissão Europeia são:

 Redução dos gases com efeito de estufa;

 Recurso a energias renováveis;

 Eficiência energética;

 Energia competitiva, acessível e segura.

Quanto à certificação do desempenho energético de edifícios, a mesma é realizada por um perito qualificado que posteriormente introduzirá os dados necessários num sistema online obtendo o certificado da construção em causa. Os dados introduzidos serão armazenados numa base de dados relativa aos certificados de energia. De acordo com as informações que a base de dados contém é possível constatar a existência de alguns padrões, nomeadamente (Arvanitakis,2009):

 Para que a classificação de energia passe de 40% para 85%, por forma a que a classe

energética tenha pelo menos classe B, prevê-se que seja necessário um investimento privado de 23500 milhões de euros;

 Verifica-se que existe um número significativo de habitações construídas no século

XX com baixa eficiência energética (classificadas de B a G). No entanto, os edifícios construídos entre 2000 e 2009 apresentam uma eficiência energética bastante elevada.

A entidade responsável pela certificação energética em Portugal é a ADENE, que desde 2007 tem recolhido informações acerca do estado atual das habitações residenciais em termos

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energéticos, a sua localização, distribuição, bem como formas de melhoria da classificação energética de um edifício. No final do ano de 2009, a ADENE já tinha no seu banco de dados cerca de 200 000 registos (Santos, 2008).

A existência de uma base de dados é fundamental para fornecer indicações sobre uma variedade de aspetos ligados ao setor da construção. Um exemplo disso é que a partir da base de dados é possível definir quais os tipos de edifícios que existem em Portugal de acordo com um intervalo de tempo que estabelece o ano em que a habitação foi construída.

2.2. ANNEX 56