• Nenhum resultado encontrado

4.2 Processos da aprendizagem interorganizacional

4.2.6 Papeis dos Interfaceadores

De acordo com Aldrich e Herker (1977), os interfaceadores são agentes econômicos que representam suas empresas contratualmente para atingir metas específicas. Nas redes de cooperação estudadas, engenheiros, diretores de escola, gerentes comerciais, gerentes administrativos são considerados interfaceadores, são membros organizacionais que ligam a organização com o ambiente externo (rede de cooperação). Além dos interfaceadores, há o pessoal de diversas áreas das empresas tem importante influência nas trocas inter-firmas, através dos treinamentos e cursos (professores, funcionários de linha operacional e atendentes de farmácia).

Normalmente quem mais acaba tendo contato direto são as proprietárias, e as professoras, então a equipe acaba tendo mais os cursos de capacitação que são organizados, cursos, palestras, falando em... as crianças agora a gente fez um piquenique de Pascoa que é... aí elas interagem, mas na verdade é aquela interação de estar brincando, mas eu não sei quem é o Joaozinho e... eles fazem atividade em conjunto tal coelho e eles fizeram fotos todos juntos com o coelho, mas sem conhecimento ou um vínculo maior, na verdade não só eu o grupo de marketing vai vir aqui fazer ações, o grupo de expansão.... cada proprietária leva pra sua escola, é

isso aí assim que funciona (Rede de Cooperação B – Empresa B1 – Maior Tempo na Rede).

As Redes de Cooperação B e C os participantes das reuniões em sua totalidade são proprietários das escolas e farmácias, e os mesmos tem a responsabilidade de passar as informações para os demais membros do grupo para desenvolver as pessoas a contribuírem para a organização.

Já a Rede de Cooperação A, visitas informais e participação das reuniões são feitos pelos seguintes profissionais, proprietários, gerentes e engenheiros. Nas feiras que a Rede organiza os gestores comerciais estão sempre envolvidos, o que conforme segue trechos das falas:

As reuniões estão indo dois engenheiros, mas depois a gente fica sabendo, a gente está sempre por trás, então nas reuniões estratégicas a gente vai. Porque vão ser nossos gestores no futuro, então é a forma de fazer dar responsabilidade para eles. Então, vamos dizer, que a minha ambição aqui dentro é fazer a formação desses, vamos dizer a segunda geração que vai tocar as duas empresas, dessa segunda geração já foram escolhidos para isso e estão sendo preparados, então a gente está avaliando eles, para os processos, são vários e um deles é a participação como representante na rede. (Rede de Cooperação A – Empresa A7 – Longo Tempo na Rede).

A Feira da Rede quem vai usufruir muito dela é a parte comercial das empresas que vai estar participando da feira, eles é que vão ter essa oportunidade de estar divulgando a marca o produto, a venda muitas vezes dentro da própria mostra acontecem as vendas (Rede de Cooperação A – Empresa A5 – Tempo Intermediário na Rede).

Os interfaceadores são representantes de uma organização inseridos na rede, que tem como função a interpretação do ambiente externo para a base organizacional, colaborando para o processo de aprendizagem e de formação de confiança com os demais membros da equipe inseridas em cada empresa, como exemplo, Rede de Cooperação A especialmente no comercial, Rede de Cooperação B os professores e a Rede de Cooperação C atendentes no balcão. É percebido que na medida que ocorrem interações entre indivíduos e grupos de diferentes organizações, são desenvolvidos conhecimentos valiosos às organizações (YANOW, 2004). Isso pode ser destacado pela baixa rotatividade das empresas integrantes da rede.

4.2.7 Rotatividade de Pessoal

Um dos fatores que poderiam interferir na aprendizagem das redes diz respeito à rotatividade do pessoal que participa ativamente das redes e como isso impacta nas empresas integrantes. March (2001), afirma que a baixa aprendizagem de uma organização está

diretamente ligada ao aumento da rotatividade de pessoal, uma vez que parte do conhecimento tácito é levado.

Referente a isso, notou-se que as três Redes de Cooperação não relataram a existência de rotatividade como um problema, pois como o público que frequenta as reuniões geralmente é constituído pelos presidentes e gestores, em grande parte das vezes, são eles quem vão às reuniões. A afirmativa se justifica pela resposta do entrevistado A8:

[...] e dos participantes geralmente são os diretores que participam então se não for o diretor A vai ser o diretor B, e ai isso não muda muito, então ao longo do ano se são dezesseis empresas no máximo a rede teve contato com trinta e duas pessoas então não muda muito (Rede de Cooperação A – A8 – Tempo Longo na Rede).

A seriedade das decisões e discussões que ocorrem nas reuniões da Rede de Cooperação são um fator que pode contribuir para a baixa rotatividade de pessoal nas reuniões:

[...] tem rotatividade, mas é muito pouca... essa rotatividade é muito baixa, até porque normalmente um dos sócios da empresa sempre participa né, é valores uma seria de decisões que tem que ser mais societário (Rede de Cooperação A – A3 – Tempo Curto na Rede).

O que se acumula, em termos de experiências e conhecimento adquirido é um fator observado por um dos entrevistados. Ao mesmo tempo em que quem deixa a rede leva consigo conhecimentos que vai usar em outros momentos de sua vida profissional, alguém novo que venha a compor o grupo faz com que suas ideias e vivências possam vir à agregar no desenvolvimento da rede. O entrevistado A5 evidencia tal situação, já vivenciada, embora que poucas vezes, na Rede de Cooperação A:

A rotatividade traz fatores positivos e negativos no relacionamento com a rede. Um representante que deixa de participar como membro da rede leva consigo muita experiência acumulada. Por outro lado, um representante novo, que passa a trabalhar com a rede pode trazer novas ideias e vivências, podendo trazer novas energias ao grupo (Rede de Cooperação A – A5 – Tempo Médio na Rede).

A importâncias da baixa rotatividade de pessoal recai sobre o domínio do conhecimento tácito que ainda não convertido em conhecimento explícito. O processo da tomada de decisões é derivado, quando realizado de forma correta, de um processo de aprendizagem organizacional e possui, no seu ato e nas suas consequências, dentro da lógica da espiral de conhecimento de Nonaka e Takeuchi (2002), a capacidade de gerar novo conhecimento tácito. Reter esse profissional e seu conhecimento tácito, a fim de socializá-lo, transformando em explícito é, portanto, o desafio imposto a todos os gestores que buscam resultados.

Com a baixa rotatividade dos interfaceadores das redes de cooperação, destaca-se a estabilidade no ambiente, continuidade de processos, credibilidade nos resultados e imagem corporativa, bem como, não ocorrendo desgastes remanescentes da equipe.