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2.3 PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

2.3.2 O papel das pequenas e médias empresas

Atualmente, observa-se uma intensificação do debate sobre a posição, o papel e os condicionantes de permanência das PMEs no processo de desenvolvimento das economias pós-industriais.

Em 1776, quando publicou “A Riqueza das Nações” Smith (1983) descreveu uma economia em que os pequenos negócios locais eram virtualmente as únicas entidades econômicas.

Para Solomon (1986), o capitalismo moderno teve seu início a partir desta concepção de “pequeno negócio”, crescendo a partir de negociantes e seus servos que viajavam pelo interior da Europa pós-feudal vendendo mercadorias à nobreza. Gradualmente, estes indivíduos foram minando a autoridade dos nobres, na medida em que a riqueza e, em seguida o poder, se deslocavam para suas mãos.

Ramos (1995) afirma que a presença das PMEs na economia dos países, após a segunda metade do século XVIII, sempre foi percebida como um fato sem muita importância, onde políticas voltadas ao segmento dos pequenos negócios são encontradas somente a partir da segunda metade do século XX, quando o governo dos EUA, preocupado com os reflexos do término da II Guerra Mundial sobre a sua

economia, implementou a campanha “Small is Beautiful” no intuito de incentivar, as famílias norte-americanas a abrir pequenos negócios, haja vista, havia a necessidade de se absorver a mão-de-obra até então envolvida no esforço de guerra daquele país e de se desenvolver um parque de serviços, que fosse imprescindível à nova ordem econômica que se formava.

O desenvolvimento econômico dos Estados Unidos no período pós-guerra acabou criando possibilidades desiguais entre as entidades econômicas de pequeno e grande porte, principalmente no setor varejista e de produção de bens de consumo. Em 1953, o governo norte-americano criou então o SBA (Small Business

Administration), primeiro órgão governamental exclusivamente voltado ao apoio e a promoção de pequenas empresas.

Mas o verdadeira explosão de prestígio para as PMEs teve seu início com a crise do petróleo em 1973.

Foi durante mais de um decênio após este período de padrões de vida estagnados, elevando índices de desemprego e subida vertiginosa dos níveis de inflação em diversos países, os motores dos pequenos negócios continuaram produzindo riqueza, enquanto as grandes indústrias se mostravam incapazes de dar continuidade à prosperidade que havia produzido desde o início do século XX. Enquanto a sublevação tecnológica, a concorrência estrangeira e a instabilidade econômica rompiam o ambiente previsível que as grandes corporações necessitavam para maximizar seus lucros seguros e crescentes, as pequenas empresas, criaram milhões de novos empregos, gerando novas indústrias baseadas em tecnologia e introduziram centenas de importantes inovações no mundo dos negócios. Foram também responsáveis pela ascensão histórica do setor de serviços,

notadamente nos Estados Unidos, causando profundo impacto na transformação do panorama econômico e marcando uma nova fase na evolução do capitalismo.

Desde então, as empresas de segunda categoria, as PMES foram alçadas à plena cidadania empresarial a partir da constatação do seu dinamismo como pólo gerador de empregos e de distribuição de riqueza, e da emergência de uma nova funcionalidade econômica relacionada à superação do modelo fordista de produção em massa, pressupondo a existência de fortes possibilidades para introdução de novas tecnologias e agregação de serviços à produção de bens, nichos nos quais as PMEs vem se demonstrando competitivas aos longos dos anos.

Souza (1995) destaca outras justificativas para o atual prestígio das PMEs: estímulo à livre concorrência e a capacidade empreendedora; efeito amortecedor dos efeitos das flutuações na atividade econômica; manutenção de certo nível de atividade econômica em determinadas regiões; e contribuição para a descentralização da atividade econômica, em especial na função de complementação às grandes empresas.

Desde o início da década de 80, assiste-se então a uma intensificação na definição e na implementação de políticas direcionadas às PMEs em diversos países.

Para Souza e Botelho (2001), a avaliação das práticas de política industrial nos países da Organization for Economic Co-Opedration and Development (OECD) revela que há forte intervenção dos governos visando o segmento das PMEs. O amplo espectro de políticas para PMEs recomendadas e respectivamente implementadas desde o estímulo à criação até o fomento de todas as atividades concernentes ao desenvolvimento das PMEs, caracterizam uma intervenção ativa

dos governos e o posicionamento desse segmento de empresas como um dos elementos importantes de política industrial.

Para as autoras, essas políticas devem procurar, prioritariamente, estimular estruturas organizacionais em que as PMEs atuem de forma conjunta e cooperativa ou estejam associadas a instituições voltadas para o desenvolvimento. No segundo plano, elas voltam-se para ações mais específicas como facilitar o acesso dessas empresas ao sistema financeiro; conceder assistência gerencial e técnica antes e depois do início das atividades das empresas; articular politicamente a concessão de tratamento tributário, administrativo e fiscal diferenciados; apoio tecnológico e a promoção de negócios.

Segundo pesquisa do SEBRAE (2004), o principal organismo de apoio às PMES no Brasil, embora haja uma diferença significativa entre os estados brasileiros, pode se afirmar que, em média, 70% das PMEs brasileiras fecham suas portas antes de completar cinco anos de existência. Esta pesquisa destaca os seguintes fatores condicionantes ao fracasso de PMEs brasileiras, por ordem de ocorrências: falta de capital de giro; falta de conhecimentos gerencias; dificuldade de acesso ao crédito; carga tributária elevada; conjuntura econômica brasileira; concorrência muito forte; e falta de clientes.

No Brasil, bem como na maioria dos países, as PMEs respondem pela grande maioria das unidades produtivas criadas anualmente.

Independente do país onde estão localizadas, cabe destacar que o futuro da PMEs será fortemente influenciado pelas novas formas de relação entre as grandes corporações econômicas. Este futuro cenário se delineará de acordo com a maneira como as grandes empresas venham a abandonar os sistemas verticais de produção, para evitar que se tornem demasiadamente inflexíveis e desenvolvam, ao mesmo

tempo, a capacidade de se adaptarem prontamente às condições instáveis da nova ordem da economia mundial.

A capacidade das PMEs de continuar sendo uma força vigorosa e complementar à economia no futuro, será naturalmente, determinada pela combinação destas novas condições.

As PMEs desempenham algumas funções econômicas que a empresa de grande porte não mais percebe motivos concretos para executar, sendo várias destas funções altamente lucrativas e são o produto da eficiência superior da própria natureza e da forma de inserção das PMEs na economia.

Finalmente, a despeito da eficiência incontestável das grandes corporações, há algo de amistoso e humano na dimensão das PMEs que lhes confere um atrativo duradouro. As recompensas e os riscos do ambiente dos pequenos negócios continuarão ensejando a maior expressão econômica de uma nação – a força empreendedora dos seus cidadãos que cria e distribui riqueza.

Nesse contexto, o comportamento da indústria brasileira exportadora vem se modificando em direção à criação de oportunidades extensivas à maior participação das PMEs no comércio exterior.

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