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How do I best support my learners in learning this or that? Dam (2011: 43)

É um facto que os alunos não aprendem o que o professor quer que eles aprendam, mas o que eles querem aprender e quando o querem aprender (Dam, 2011; Tütüniş: 2011). Por isso, o professor tem de ir ao encontro do que eles querem aprender, aos seus interesses e motivações, ou seja, promover o ensino centrado nos alunos, em que eles tomam decisões sobre o processo, assumindo responsabilidade sobre a aprendizagem e desenvolvendo autonomia.

De uma forma muito breve e direta, Dam (2011: 50) define a função do professor como a de apoiar a aprendizagem, e não a de ensinar. O papel do professor é o de facilitador de aprendizagens, através da planificação de aulas que permitam aos alunos a reflexão e a transposição das estratégias aprendidas para a vida quotidiana e para a aplicação prática em situações de comunicação real.

Ankan (2011: 169) define o professor atual como aquele que usa todas as metodologias e abordagens juntamente com as técnicas e estilo para planear uma aula significativa e facilmente executável. Por outras palavras, deve combinar teoria e prática, fruto de estudo e investigação, de forma a estimular os alunos e facilitar a aprendizagem.

O professor deve deter vários tipos de conhecimento: científico (sobre os conteúdos), pedagógico, didático, dos alunos e das suas características, dos contextos educativos; do programa e dos objetivos educativos. E para criar um ambiente autónomo devem alterar os materiais, manuais escolares e programas e também as suas crenças e práticas. Uma das estratégias pode ser aprender uma língua estrangeira para

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criar empatia com os alunos e compreender as dificuldades que enfrentam; outra, permitir que os alunos assumam a responsabilidade de aprender e haja uma transferência de papeis e protagonismo.

Quanto à estrutura da aula, Endo (2011: 175), citando Rosenshine e Stevens, aconselha os professores a organizá-la da seguinte forma:

− iniciar com uma breve revisão das aprendizagens anteriores;

− apresentar os objetivos da aula;

− apresentar o novo material didático em pequenos passos, com prática efetiva passo-a-passo;

− dar instruções e explicações claras e detalhadas;

− fomentar uma elevado nível de prática ativa para todos os alunos;

− fazer muitas perguntas para testar a compreensão e obter respostas de todos os alunos;

− guiar os alunos durante a prática inicial;

− dar sistematicamente feedback e corrigir sempre os erros;

− dar instruções explicitas para os exercícios que fazem sentados e monitorizar sempre que necessário.

Em relação aos recursos utilizados, Gaona (2011: 219) defende o uso de materiais reais, como canções, artigos da imprensa e filmes, para ajudar os alunos a conectarem as atividades de aula à experiência real. Esta proposta vai de encontro à valorização do contexto autêntico na aquisição da língua, por Legenhausen (ponto 3.4).

Acima de tudo, deve ser criado um ambiente de empatia, através do interesse do professor pela individualidade do aluno, para que, ao expressar-se, o professor não se limite a falar para os alunos e não fale com eles, encorajando a sua evolução pessoal e social (Mahadavinia & Ahamadi 2011: 83). Desta forma, o professor deve deixar de comparar os alunos pelo seu desempenho, mas valorizar cada um deles segundo o progresso que realizou desde o ponto em que iniciou o seu trabalho.

Em conclusão, o papel do professor é o de guia, facilitador, negociador, mediador, conselheiro e avaliador, mas já não é ele a fonte de todo o conhecimento (os conhecimentos e saberes dos alunos são mobilizado para criar novos – Dam 2011: 42), nem o único responsável pelo processo, mas todos os elementos dentro da sala de aula o são, já que o importante já não é ensinar (pelo professor), mas aprender (pelo aluno). O professor não tem o poder de tornar autónomo um aluno, mas pode encorajá-lo para que o seja. Penso que nesse sentido, duas das funções mais importantes do professor no processo de promoção da autonomia são a de motivar, ao aproximar as aprendizagens à

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realidade pessoal de cada aluno, e a de estimular, ao apresentar problemas para solucionar e projetos e/ou investigações para desenvolver.

3.10. Avaliação

A reflexão é um dos pontos-chave da autonomia e quando acontece, ocorre também um momento de avaliação, seja sobre o próprio desempenho ou o dos outros, sobre as estratégias usadas, o nível de conhecimentos adquirido ou as competências exercitadas. Os momentos de reflexão e avaliação são vitais para o sucesso: permitem corrigir erros, selecionar as estratégias que melhor se adaptam ao seu estilo de ensino individual e melhorar o desempenho futuro.

De acordo com Dam (2011: 48), os alunos devem fazer regularmente a sua autoavaliação, da forma como aprendem e dos seus trabalhos, mas também manifestar a sua opinião crítica sobre o trabalho dos colegas. O método usado deve ser claro, fácil de aplicar e que demore pouco tempo. Por exemplo, identificar o desempenho por meio da representação gráfica de carinhas mais ou menos sorridentes, números (de 1 a 10, por exemplo) que indiquem valores de preferência ou resultados, ou notas escritas com sugestões para melhorar. As apreciações não devem ser apenas escritas, mas também orais e aparecer naturalmente na aula, de forma formativa. Para a autora, o processo de avaliação envolve quatro passos fundamentais para a consolidação da autonomia:

Evaluation

Awareness of the progress

Reflection

Further Planning

Sobre o sistema de avaliação tradicional, comum no ensino centrado na figura do professor, Mahdavinia & Ahmadi (2011: 76) afirmam que: “it imposes a tense situation overwhelmed with stress and competition for the students which leaves learners stricken with much anxiety about their evaluation”. Para além de não avaliar convenientemente os conhecimentos dos alunos, por ser condicionada por fatores externos e internos ao

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formato do teste e às circunstâncias em que decorre, não avalia o progresso do aluno nem o esforço que este empreendeu para melhorar e superar dificuldades, mas antes encoraja a memorização momentânea de dados que serão rapidamente esquecidos após o teste. O ideal é uma combinação de avaliação contínua, com caráter formativo, onde ocorrem momentos de avaliação sumativa para avaliar especificamente as competências.

Cada aluno deve ser encarado individualmente e ser valorizado pelo seu trabalho e não de um ponto de vista de comparação analítica ao nível do grupo. Mahadavinia & Ahmadi (2011) sugerem a criação de um portfolio com trabalhos que os alunos vão realizando e Dam (2011) acrescenta o recurso ao caderno diário, como forma de comprovar e avaliar o progresso da autonomia na aquisição de competências.

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