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3 INCLUSÃO ESCOLAR: DA CONCEPÇÃO E NORMATIZAÇÃO

3.3 POSSIBILIDADES EDUCATIVAS DA PESSOA COM TRANSTORNO DO

3.3.1 O Papel do Professor

O primeiro passo para que o professor de um aluno com TEA possa desempenhar bem o seu papel para com essa criança, é conhecer profundamente o TEA, visando auxilia-lo em seu desenvolvimento escolar e, até mesmo, pessoal.

Dessa forma, o professor precisa estar sempre atento aos pontos fortes do aluno com TEA, para que possa buscar estratégias suficientes na tentativa de otimizar esses pontos, rompendo práticas que se focam nos pontos frágeis que a criança ou adolescente possa apresentar. Isso não quer dizer que o professor desconsidere as fragilidades e características dos alunos com TEA, que normalmente reside na dificuldade de socialização, como ressaltam Silva, Gaiato e Reveles (2012).

Muitas vezes, o professor irá precisar fazer uma intervenção em atividades em que o aluno com TEA deve realizar com o apoio de alguns colegas, como jogos, brincadeiras e atividades em grupo para que, assim, essa criança possa ser verdadeiramente incluída.

Atividades pedagógicas em conjunto também são bastante válidas. No início, a criança vai precisar de muita ajuda; precisará que lhe ensinem exatamente o que fazer. Numa roda, por exemplo, onde há necessidade de permanecer sentada para cantar musiquinhas, o professor, por algumas vezes, terá que reintegrar essa criança ao círculo, pois, certamente, ela tentará sair. As atividades podem ser realizadas, inicialmente, durante um tempo curto, o que aumenta as chances de ela prestar atenção. Pode-se começar com atividades concretas de interesse da própria criança, para que ela apresente um bom desempenho e se sinta estimulada (SILVA, GAIATO e REVELES, 2012, p. 80-81).

46 Dessa forma, evidencia-se a importância, para o aluno com TEA, do auxílio do professor, que pode ocorrer de diversas maneiras, desde que este esteja atento às necessidades especiais que seu aluno com TEA apresenta, começando pela socialização, e indo até à aprendizagem dos conteúdos.

Outro ponto importante que o professor precisa estar ciente se relaciona ao fato de que o aluno com TEA tende a ter dificuldade em se concentrar, até mesmo nas atividades básicas do dia a dia, por isso o professor deve elaborar perguntas objetivas e claras, com o uso de palavras simples, ao se dirigir ao aluno com TEA, visto que estes alunos não costumam se concentrar por muito tempo e tendem a se desligar das explicações do professor se estas forem longas e formais demais, conforme Silva, Gaiato e Reveles (2012), que ainda nos trazem outra observação importante para desenvolver a aprendizagem de crianças com TEA:

Procure saber quais são os reais interesses do aluno com autismo e prepare materiais e atividades com esses temas. Isso fará com que ele se sinta mais estimulado em aprender, além de melhorar o vínculo entre aluno e professor. Sempre que possível, utilize o máximo de material visual ou concreto, mostre figuras e gravuras no decorrer das explicações, e proporcione ao aluno vivências práticas em que ele possa experimentar as coisas. Associe o aprendizado ao maior número possível de estímulos concretos: o aluno que está aprendendo a contar, por exemplo, precisa ‘sentir’ as quantidades e os números de forma palpável. Aquele que está aprendendo sobre fotossíntese precisa ver a plantinha crescer. Quanto mais associações ele conseguir fazer com sua vida cotidiana, melhor será a aplicação prática desse conhecimento (SILVA, GAIATO e REVELES, 2012, p. 81-82).

Esses autores nos evidenciam a importância do uso de materiais concretos para facilitar a aprendizagem por parte das crianças com TEA, como figuras e até mesmo a observação do desenvolvimento de uma planta quando estiver estudando conteúdos relacionados a ela. Dessa forma, a aprendizagem para essas crianças tende a se tornar algo mais fácil e, ao mesmo tempo, mais prazeroso.

Como as crianças com TEA tendem a ter dificuldade na comunicação verbal, é preciso que o professor esteja atento na busca por ferramentas que o auxiliem no processo de comunicação. Caso o atraso na fala seja muito

47 grande, é preciso que se busquem outras alternativas para que esse aluno consiga se comunicar para que, pelo menos, suas necessidades mais básicas possam ser atendidas, como a ida ao banheiro, ou ter sua sede saciada, por exemplo.

Para isso, Silva, Gaiato e Reveles (2012) sugerem que o professor possa utilizar imagens ou objetos concretos para auxiliar seus alunos na execução dessas atividades cotidianas. Sugerem, por exemplo, que o professor deixe um rolo de papel higiênico na sala de aula, ao alcance da criança com TEA, para que a mesma o pegue no momento em que necessitar ir ao banheiro. Assim, a criança irá perceber que está se comunicando e que está sendo compreendida, o que a motivará a tentar sempre se comunicar mais.

Com relação às crianças com TEA que já apresentam um maior desenvolvimento da linguagem verbal, o papel do professor, nesse sentido, é o de levá-las a utilizarem a fala na busca de outras aptidões, principalmente no seu desenvolvimento social e na capacidade de imaginação, conforme nos dizem Silva, Gaiato e Reveles (2012, p. 83):

Ainda em relação à linguagem, o professor deve estimular a criança a relatar eventos passados (experiências) e a participar de brincadeiras de faz de conta. Ela, aos poucos, percebe que não precisa estar no supermercado para simular uma compra e, brincando, aprende a fazer contas de somar e subtrair.

Essas aptidões, a serem desenvolvidas na maioria das crianças com TEA, citadas acima, auxiliam muito com relação ao seu processo de aprendizagem, pois como os autores demostraram, quando a criança consegue brincar de faz de conta (através do desenvolvimento da imaginação) um novo mundo se abre ao seu redor. Dessa forma, ela passa a entender que não precisa estar no supermercado para conseguir imaginar que, por exemplo, está comprando um quilo de arroz e que se comprar mais um outro quilo do mesmo produto, terá uma soma total de dois quilos de arroz, aprendendo, dessa maneira, os assuntos pertencentes a grade curricular escolar de forma lúdica e geradora de prazer para a criança que, certamente, se sentirá mais motivada em aprender o que lhe é proposto.

48 Com relação ao comportamento em sala de aula, conforme já explicado, a criança com TEA tende a ter comportamentos repetitivos e fora do contexto em que se encontra. Nesse momento, cabe ao professor tentar substituir esse comportamento, no contexto da aula, pela realização de outra atividade, por parte da criança com TEA, visando mudar o seu foco de atenção naquele momento. Nesse sentido, Silva, Gaiato e Reveles (2012) sugerem que, se a criança está fazendo movimentos repetitivos com as mãos, o professor pode designar uma outra tarefa motora, que possua algum significado concreto, como por exemplo pedir que o aluno faça uma pintura ou recorte e colagem.

Como as crianças com TEA possuem, em sua grande maioria, um grande apego à rotina, é preciso que o ambiente da sala de aula seja bem estruturado e, mais que isso, é preciso que a criança saiba o que está por vir durante o seu dia escolar. Por isso, o quadro de rotinas se torna uma ferramenta de extrema importância em uma sala de aula que possua um aluno com TEA, visto que este quadro se torna para a criança um instrumento capaz de fazer com que ela sinta que está seguindo uma rotina e se sinta confortável por saber o que ainda será realizado dentro daquele dia escolar.

Como já dito anteriormente, as crianças com TEA apresentam sensibilidade aos sons, então, para que uma conversa entre professor e aluno com TEA seja mais proveitosa, é necessário que o professor não utilize um tom de voz muito alto, até mesmo durante as explicações, para que esse aluno possa, de fato, entender o que está sendo dito e não se sinta incomodado pela fala do professor.

A maioria das crianças com TEA, não consegue entender sarcasmos ou ironias e, por essa razão, fazem uma interpretação literal de tudo o que é dito. Diante disso, cabe ao professor evitar o uso de expressões como “está chovendo canivetes” ou “sou todo ouvidos”, visto que a criança tende a interpretar isso de forma totalmente literal, o que pode lhe causar angústias ou frustrações desnecessárias.

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