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2 O ENSINO MÉDIO E OS DOCUMENTOS OFICIAIS

2.5 Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN

Responsável por auxiliar os educadores que necessitam de reorientações nas práticas escolares, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), bem como os PCN+, propõem alternativas de estrutura curricular e temas a serem trabalhados, ao mesmo tempo em que

asseguram a autonomia da escola na elaboração do seu projeto político pedagógico. Não se trata, portanto, de uma proposta fechada. Para os PCN, a educação deve propiciar:

O desenvolvimento do pensamento sistêmico, ao contrário da compreensão parcial e fragmentada dos fenômenos, da criatividade, da curiosidade, da capacidade de pensar das múltiplas alternativas para a solução de um problema, ou seja, do desenvolvimento do pensamento divergente, da capacidade de trabalhar em equipe, da disposição para procurar e aceitar críticas, da disposição para o risco, do desenvolvimento do pensamento crítico, do saber comunicar-se, da capacidade de buscar conhecimento. Estas devem ser competências que devem estar na esfera social, cultural, nas atividades políticas e sociais como um todo, e que são condições para o exercício da cidadania (BRASIL, 1999, p.24).

Concebido como o objetivo de difundir os princípios da reforma do ensino médio, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), entretanto, não conseguiu colocar em prática a sua proposta, em razão de fatores políticos, pedagógicos e operacionais.

Estratégia mais ampla que visa à construção de instrumentos auxiliares para as mudanças na prática escolar cotidiana, os parâmetros curriculares representam um conjunto de sugestões e orientações, de caráter não obrigatório. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), os PCN procuram atender as expectativas de formação escolar dos alunos para o mundo contemporâneo, promovendo o encontro entre o pensar e o fazer. Relacionando assim, a teoria com a prática, com um currículo norteado por competências e habilidades.

Segundo Lopes, para os parâmetros o currículo por competências:

[...] é concebido nos parâmetros curriculares para o ensino médio como associado a tendências construtivistas, visando à superação do currículo enciclopédico, centrado nos conteúdos, em nome de um ensino mais ativo, interdisciplinar e contextualizado. Mas igualmente é associado à fragmentação das atividades em supostos elementos componentes (as habilidades), de forma que possam servir de medida às atividades individuais (LOPES, 2004, p.114).

Orientações e sugestões adaptadas pelo professor à realidade dos alunos, com base ideias trazidas por estes para servir de inspiração para a prática de sala de aula, os Parâmetros constituem uma nova proposta de construção do novo currículo do ensino médio. As indicações expressas são referenciais norteadores da nova organização do currículo do ensino médio, respeitada a pluralidade cultural, regional, ética, religiosa, política, econômica e social do país. Seu objetivo central: a qualidade da educação.

Toda a proposta do PCN dá ênfase à interdisciplinaridade e contextualização dos conhecimentos com o mundo real. Segundo estes parâmetros, a interdisciplinaridade significa planejamento e desenvolvimento de um currículo de forma orgânica, superando a organização por disciplinas estanques e revigorando a integração e articulação dos conhecimentos.

[...] a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas disciplinas ou saberes, mas utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver o problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista. Em suma, a interdisciplinaridade tem função instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente útil e os problemas sociais contemporâneos (BRASIL, 1999, p.34-36).

Em síntese, a interdisciplinaridade faz com que o aluno construa um conhecimento global, adquirindo, assim, uma “visão ampla” que lhe possibilita focalizar o conhecimento técnico – cientifico contextualizado à sua realidade. Assim, é necessário que haja uma articulação entre contextualização e interdisciplinaridade, pois o contexto é mais amplo que o objeto imediato de estudo. Somente com o diálogo entre estes eixos estruturadores, pode-se de fato compor o contexto. Sendo assim, a interdisciplinaridade ocorre pela contextualização.

Orientação da LDB para o ensino médio, a interdisciplinaridade objetiva fazer da sala de aula mais do que um espaço para simplesmente absorver e decorar informações. Segundo a orientação do MEC, a interdisciplinaridade não pretende acabar com as disciplinas, mas utilizar os conhecimentos de várias delas na compreensão de um problema, na busca de soluções, ou para entender um fenômeno sob vários pontos de vista. Assim, a interdisciplinaridade abre portas para se pensar um problema de modo mais amplo, permitindo que os alunos selecionem conteúdos que tenham relação com as questões ligadas às suas vidas pessoais e comunitárias, fazendo-os identificarem-se com o que lhes é proposto, levando-os a intervir na realidade, resultando em uma aprendizagem significativa.

Se o ponto de partida é a realidade vivida pelo aluno, também será o ponto de chegada, mas com um novo olhar e com uma nova compreensão, que transcende o cotidiano, ou espaço físico proximal do aluno. Para os parâmetros, a contextualização do cotidiano do aluno leva este a compreender a dinâmica relação do homem com seu meio, auxiliando, dessa forma, na problematização dos saberes a ensinar, fazendo com que o aluno possa fundamentar cientificamente o conhecimento prévio que possui ao ingressar na escola.

Voltada para o desenvolvimento de qualificações amplas, a interdisciplinaridade estimula os alunos a responderem às necessidades da vida contemporânea e a desenvolver conhecimentos mais amplos e abstratos, que correspondam a uma visão do mundo globalizado. A aprendizagem situada (contextualizada) é associada, pois, à preocupação em retirar o aluno da condição de espectador passivo, em produzir uma aprendizagem significativa, tornando-o um agente ativo e participativo de seu processo educacional.

Dito de outro modo, o mundo vivencial do aluno é o ponto de partida para o desenvolvimento de conhecimentos práticos e relacionados com uma cultura geral. O professor deve, pois, evitar aulas com conteúdos específicos e fragmentados, associados a

técnicas de resolução de exercícios, haja vista que o fruto dessas aulas terá pouca utilidade fora dos bancos escolares.

Os PCN, assim como os PCN+, têm como objetivo fornecer subsídios aos professores em suas respectivas áreas, no intuito de reorientar o ensino, que deixaria de ser centrado exclusivamente no conhecimento e almejaria a construção de competências e habilidades. Sua proposta é estimular a reflexão sobre a prática diária do professor, o planejamento de suas aulas e o desenvolvimento do currículo de sua escola.

Contudo, além da implementação de documentos norteadores da prática pedagógica, são necessários ainda aspectos que possibilitem subsidiar a sua realização, entre os quais espaços físicos limpos e arejados, materiais didáticos e formações iniciais e continuadas em que o professor possa ser agente ativo desse processo, auxiliando a sua realidade escolar. Sendo assim, os documentos propostos para a reforma do ensino médio serão significativos para a educação quando esses aspectos forem postos efetivamente em prática.

2.6 Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares