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4 Breves Fundamentos Teóricos dos Métodos de Análise Aplicados e dos Parâmetros Físico-

7.1 Parâmetros Físico-Químicos e Espécies Dissolvidas

7.1.1 Temperatura

As águas recolhidas apresentam um valor de temperatura médio de 20,7 oC e uma mediana de 19,95

o

C (Figura7.10). A temperatura das amostras de águas recolhidas varia entre 17,3 oC (BHRA19) e 25,4

o

C (BHRA23).Todas as amostras se encontram acima do VMR (12 oC), e com excepção das amostras BHRA12 e BHRA23, todas estão abaixo do VMA (25 oC). Os valores de referência VMR e VMA estão de acordo com o Decreto-Lei 306/2007, em termos de qualidade de água para consumo humano. As águas para uso de rega não têm limites de valores no que se refere à temperatura. De acordo com Mendes & Oliveira (2004), a temperatura das águas subterrâneas varia entre 12 e 15 oC, mas considera-se até um máximo de 25 oC, em Portugal, inserindo-se as águas analisadas neste intervalo.

Figura 7.10: Valores de temperatura medida in situ nos pontos de amostragem.

7.1.2 Condutividade Eléctrica

A condutividade eléctrica, revelou que todas as amostras têm valores abaixo do valor paramétrico, definido no Decreto-Lei 306/2007, de 2500 μS/cm, para águas de consumo humano. Duas das

28 amostras de abastecimento público, BHRA12 e BHRA13, localizadas na Azinhaga (Concelho da Golegã), estão abaixo do VMR enquanto que as amostras BHRA2 e BHRA 24, estão acima do VMR. As amostras apresentam uma condutividade média de 927,7 μS/cm e uma mediana de 888 μS/cm. A amostra BHRA11 apresenta o maior valor de condutividade, 1879 μS/cm, sugerindo uma maior presença de iões dissolvidos, ao contrário da amostra BHRA12, de abastecimento público, onde se obtém o menor valor de condutividade, 251,6 μS/cm.

Figura 7.11: Resultados das medidas de Condutividade eléctrica in situ nas águas amostradas.

Porforma a corroborar a existência de uma correlação entre condutividade eléctrica e iões dissolvidos, tendo em consideração Mazor (1997) em que a condutividade eléctrica representa a capacidade da água de conduzir a corrente eléctrica, através de iões dissolvidos, sendo directamente proporcional à mineralização total, foram projectados os valores do total de iões presentes nas amostras e respectiva condutividade (Figura 7.12). O total de iões foi calculado individualmente para cada amostra, correspondendo à soma da concentração de todos os iões analisados.

29 Com base na correlação obtida (R2= 0,7111) verifica-se que existe de facto uma relação directa entre a condutividade eléctrica e os iões dissolvidos nas amostras.

7.1.3 pH

Os valores de pH nas amostras recolhidas variam na gama de valores entre os 5,5 e 7,31. Com um valor médio para o pH de 6,7, na escala de Sorensen, só as amostras BHRA2, BHRA7, BHRA15 e BHRA23 se encontram abaixo do VMR estabelecido no Decreto-lei 306/2007, de 6,5. Seria expectável que as amostras de águas de abastecimento público, BHRA2, BHRA12, BHRA13 e BHRA24, se mantivessem abaixo da linha VMR, mas tal não se verifica com excepção da amostra BHRA2.

Figura 7.13: Resultados do pH medido in situ nas águas recolhidas nos diferentes pontos.

Verifica-se que a amostra com o menor valor de pH é a BHRA7, 5,56, e o valor mais básico de pH ocorre na amostra BHRA16, com 7,31.

7.1.4 Dureza

Os valores da dureza das águas analisadas variam entre 48 mg/L (BHRA13) e 676 mg/L (BHRA11), observando-se uma variação de valores significativa.

Como já foi referido anteriormente, a dureza da água não implica problemas para a saúde pública. Com base nos dados obtidos, referenciados no gráfico abaixo, verifica-se que três amostras apresentam valores superiores ao VMA (500 mg/L), estabelecido no Decreto-Lei 236/98, BHRA1, BHR11 e BHRA14.

Existem diferenças significativas no que se refere a valores da dureza entre as amostras analisadas, nomeadamente entre as amostras de águas de abastecimento público, BHRA12 e BHRA13, com valores muito reduzidos, 58 e 48 mg/L respectivamente, classificando-se como águas muito doces, em relação às restantes amostras. A amostra que mais se aproxima das referidas anteriormente é a BHRA7, que se considera como uma água doce ou macia, com um valor de dureza de 102 mg/L de CaCO3.

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Figura 7.14: Resultados de dureza obtidos nas águas analisadas, em mg/L.

Dos resultados obtidos, observa-se uma média de 341 mg/L de CaCO3 nas amostras em relação à

dureza. A dureza total de uma água representa a quantidade de carbonatos de cálcio equivalente à concentração em cálcio e magnésio, o que pode explicar os valores relativamente elevados de dureza nas amostras, visto que na área em estudo existe uma abundância destes dois elementos nas formações rochosas.

Figura 7.15: Correlação entre a dureza total e a condutividade eléctrica.

Na figura 7.15, onde se representa a correlação entre a condutividade eléctrica e a dureza total das águas analisadas, verifica-se que existe uma relação entre os parâmetros dureza total e a condutividade eléctrica, com um valor de R2 igual a 0,728, o que demonstra uma contribuição elevada dos iões de cálcio e magnésio para a mineralização das águas analisadas.

7.1.5 CO2 Livre

O parâmetro CO2livre nas águas analisadas apresenta uma média de 80,0 mg/L e mediana de 67,2

mg/L. Os valores variam entre 190,0 mg/L, na amostra BHRA20, e 20,0 mg/L, na amostra BHRA12. De salientar, que apesar de a amostra BHRA12 representar o valor mínimo, as restantes amostras de

31 abastecimento público, BHRA13, BHRA2 e BHRA24 também apresentam valores reduzidos de CO2

livre.

Figura 7.16: Gráfico de resultados da concentração de CO2 livre (mg/L) nas águas analisadas.

7.1.6 Alcalinidade

Os valores de alcalinidade determinados nas águas amostradas variam entre 33 e 482 mg/L de CaCO3,

nas amostras BHRA15 e BRHA11, respectivamente. A mediana é de 270,5 mg/L e a média 256,8 mg/L.

A alcalinidade de uma água é a medida da sua capacidade para neutralizar ácidos, e corresponde, principalmente, à concentração de hidróxidos, carbonatos e bicarbonatos, sendo que os valores obtidos nas águas analisadas reflectem a concentração significativa de carbonatos (Fig. 7.17), verificando-se alcalinidade média.

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Figura7.17: Resultados da alcalinidade (mg/L de CaCO3) nas águas analisadas.

Na Figura 7.17, em que se representa a alcalinidade das águas analisadas, os valores mais elevados, rondam os 500 mg/L de CaCO3, correspondentes às amostras com as referências BHRA11 e BHRA14,

e os mais baixos nas amostras BHRA7, BHRA12, BHRA13 e BHRA15.

A partir dos valores de alcalinidade, obtidos através de titulação como mencionado anteriormente, é possível calcularem-se os valores de bicarbonato através da expressão referida no capítulo 4.3.3.1. Assim, na figura 7.18, representa-se a concentração de bicarbonato presente nas águas analisadas, onde se verifica alguma variação nos valores de HCO3

-

, havendo quatro amostras (BHRA7, BHRA12, BHRA13 e BHRA15) com concentrações mais baixas comparativamente às restantes amostras. As amostras analisadas apresentam um valor de médio de 313 mg/L e uma mediana de 330,0 mg/L, relativamente ao bicarbonato.

A concentração de bicarbonato nas amostras oscila entre 40,3 mg/L, na amostra BHRA15, e 590,5 mg/L, na amostra BHRA11, evidenciando a relação directa entre alcalinidade e bicarbonato, uma vez que também na primeira, os valores máximos e mínimos se prendiam às amostras BHRA11 e BHRA15.

Em Portugal, não existe legislação para controlo/classificação da qualidade das águas no que se refere à concentração de bicarbonatos nas águas subterrâneas

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Figura .7.18: Resultados do Bicarbonato (mg/L) nos pontos de amostragem.

7.1.7 Catiões 7.1.7.1 Cálcio

Segundo Custódio & Llamas (1976), a concentração de cálcio presente nas águas subterrâneas varia, de forma geral, entre 10 a 100 mg/L. Considera-se como principais fontes de cálcio as plagioclases cálcicas, calcite, dolomite, apatite, entre outros. Em água pura, o carbonato de cálcio (CaCO3)

considera-se muito pouco solúvel.

O cálcio ocorre nas águas na forma de bicarbonato de cálcio Ca(HCO3)2 e a sua solubilidade é

estabelecida por factores como a temperatura e a pressão, que por seu lugar influenciam a quantidade de CO2 dissolvido na água. Pode-se dizer que a solubilidade do bicarbonato de cálcio em água é uma

função da quantidade de gás carbónico dissolvido naquela.

De acordo com o Decreto-Lei 236/98, o VMR para o cálcio em águas de consumo humano é de 100 mg/L, sendo que o valor paramétrico no Decreto-Lei 306/2007 é igual. Para as águas destinadas a rega, não existem valores pré-estabelecidos.

Nas águas amostradas as concentrações em cálcio variam entre 14,5 e 197,1 mg/L, nas amostras BHRA13 e BHRA1, respectivamente, com média 90,6 mg/L e mediana 90,2 mg/L. Nas amostras recolhidas encontra-se algumas diferenças na concentração de cálcio, destacando-se as amostras BHRA7, BHRA12 e BHRA13, que apresentam os valores mais baixos de concentração de cálcio, 33,23, 17,73 e 14,46 mg/L, respectivamente. De forma geral, a concentração de cálcio nas amostras é relativamente elevada, o que se pode dever às formações geológicas que constituem a bacia hidrográfica em estudo, mais precisamente, formações calcárias (Calcários de Santarém e Almoster) do Miocénico Superior.

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Figura 7.19: Representação da concentração de cálcio (mg/L) nas amostras recolhidas.

7.1.7.2 Magnésio

De acordo com Mendes & Oliveira (2004), o magnésio, tal como o cálcio, constitui um dos elementos determinantes para a dureza da água, sendo da mesma maneira um elemento essencial à vida. Estes dois elementos apresentam um comportamento geoquímico semelhante, no entanto, o magnésio forma, de um modo geral, sais mais solúveis. A grande solubilidade de muitos dos sais de magnésio faz com que possa haver uma concentração elevada deste elemento nalgumas águas naturais, tendo em conta a interacção água-rocha. Também se deve salientar a sua utilização industrial, o que explica algumas fontes significativas de contaminação.

Nas amostras analisadas observa-se uma concentração elevada de magnésio, variando entre 8,3 mg/L, na amostra BHRA22, e 110,4 mg/L na amostra BHRA15. Os valores de magnésio têm uma média de 41,7 mg/L e mediana de 38,3 mg/L.

As amostras que apresentam maior concentração de magnésio (BHRA1, BHRA6, BHRA11, BHRA15 e BHRA23), têm igualmente elevada concentração de cálcio.

De acordo com o Decreto-Lei 236/98, os VMA e VMR correspondem a 50 e 30 mg/L, respectivamente, e verifica-se que algumas amostras excedem estes valores, como por exemplo BHRA11 (77,1 mg/L), BHRA15 (110,4 mg/L) e BHRA23 (76,5 mg/L).

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Figura 7.20: Representação da concentração de magnésio (mg/L).

7.1.7.3 Potássio

O potássio é um metal alcalino muito abundante na natureza, no entanto ocorre em pequena concentração nas águas subterrâneas, uma vez que é facilmente fixado pelas argilas e intensivamente consumido pelos vegetais (Antunes et al., 2013). De acordo com Custódio & Llamas (1976), o potássio apresenta concentrações variáveis entre 0,1 e 10 mg/L em águas doces.

A concentração deste catião nas águas analisadas varia entre 0,62 mg/L, BHRA16, e 26,6 mg/L, BHRA8, com uma média de 5,5 mg/L e mediana de 3,1 mg/L.

As concentrações de potássio obtidas inserem-se dentro dos parâmetros definidos no Decreto-Lei 236/98, encontrando-se uma concentração de potássio inferior ao VMR (10 mg/L) e ao VMA (12 mg/L). No entanto, existem três amostras, BHRA8 (26,55 mg/L), BHRA9 (21,79 mg/L) e BHRA20 (21,26 mg/L), em que tal não se verifica, pelo contrário, têm uma concentração de potássio relativamente elevada em relação às restantes amostras. O facto de as amostras referidas apresentarem concentrações mais elevadas de potássio deve-se à sua localização em terrenos agrícolas onde o uso de adubos e fertilizantes é frequente.

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Figura 7.21: Representação da concentração de potássio (mg/L).

7.1.7.4 Sódio

O sódio é um elemento alcalino muito abundante nas águas subterrâneas. Segundo Custódio & Llamas (1976), tendo em consideração as suas características, a concentração de sódio varia, geralmente, entre 0,1 e 100 mg/L, nas águas subterrâneas.

Apesar de ser fundamental para muitos organismos, quando em concentração muito elevadas, o sódio pode mostrar-se tóxico para muitas plantas e animais (Mendes & Oliveira, 2004).

A concentração do ião sódio nas águas analisadas varia entre 3,8 mg/L e 56,9 mg/L, nas amostras BHRA22 e BHRA9, respectivamente, com média de 16,8 mg/L e mediana de 13,3 mg/L.

Os resultados obtidos indiciam que as pressões urbana, agrícola e industrial têm alguma influência na concentração de sódio, como por exemplo nas amostras BHRA4 (29,98 mg/L), BHRA8 (30,30 mg/L), BHRA9 (56,94 mg/L) e BHRA23 (40,63 mg/L), onde as concentrações são relativamente elevadas. A amostra BHRA19 localiza-se na nascente do Rio Almonda, o que justifica o teor reduzido em potássio, havendo a possibilidade de a água ainda não estar contaminada pelos adubos usados na actividade agrícola e pelos efluentes industriais e urbanos.

37 As amostras de abastecimento público, BHRA2, BHRA12, BHRA13 e BHRA24 têm concentrações de sódio abaixo do VMR, no Decreto-Lei 236/98, no que diz respeito ao consumo humano, correspondendo ao expectável.

Figura7.22: Representação da concentração de sódio (mg/L).

7.1.8 Aniões

7.1.8.1 Cloretos

Conforme Mendes & Oliveira (2004), os cloretos representam um dos sais mais abundantes na natureza, especialmente na água do mar. A concentração dos cloretos é variável com a natureza geológica dos terrenos atravessados, as condições climatéricas e com a contaminação por efluentes industriais. De forma geral, por razões ecológicas, os teores em cloretos são mais elevados em zonas baixas e nas águas subterrâneas, do que em zonas altas e de montanha.

As origens dos cloretos são diversas, sendo que as mais relevantes, no contexto do presente trabalho, são os efluentes industriais e urbanos, aditivos utlizados no tratamento de águas e as águas de drenagem de zonas agrícolas irrigadas (fertilizantes e outros).

As águas estudadas apresentam concentrações de cloreto que variam entre 15 mg/L e 405 mg/L, nas amostras BHRA19 e BHRA23 respectivamente, com média de 94,3 mg/L e mediana de 73 mg/L. A variabilidade da concentração de cloretos não é muito elevada, com excepção das amostras BHRA11

38 (243,0 mg/L), BHRA15 (193,0 mg/L) e BHRA23 (405,0 mg/L), cujas concentrações são muito elevadas,especialmente a da amostra BHRA23, que se localiza numa zona urbana.

Ao contrário do que seria expectável para o consumo humano, as amostras recolhidas nos furos de abastecimento público, encontram-se acima do VMR indicado no Decreto-Lei 236-98, de 70 mg/L. De qualquer maneira, mantém-se abaixo do valor paramétrico, 250 mg/L, estabelecido no Decreto-Lei 306/07.

O facto de as amostras revelarem um teor em cloretos significativamente elevado pode estar relacionado com a actividade agrícola em regime intensivo e criação de gado. De salientar a amostra BHRA15, que se insere numa zona agrícola, onde a utilização, em quantidade significativa, de adubos e fertilizantes é constante. Além disso, nas zonas urbanas e industriais, os efluentes são outra causa para a concentração dos cloretos , como é o caso da amostra BHRA23.

Figura 7.23: Representação da concentração de cloretos (mg/L).

7.1.8.2 Fluoretos

Os fluoretos são iões que não têm uma presença muito marcada no que diz respeito à sua concentração nas águas subterrâneas. Têm como principal fonte a dissolução de minerais a fluorite e a apatite. Trata-

39 se de um elemento quimicamente muito reactivo, pelo que se encontra combinado na forma de fluoretos de cálcio, de sódio ou de outros metais (Mendes & Oliveira, 2004).

De acordo com Hem (1985), a concentração de flúor nas águas naturais é, normalmente, inferior a 1 mg/L.

.

A concentração de fluoretos nas águas analisadas varia entre 0,10 mg/L, BHRA24, e 0,30 mg/L, BHRA12, com valor médio de 0,18 mg/L e mediana de 0,20 mg/L.

A presença de fluoretos nas amostras recolhidas é muito reduzida, de tal forma que a concentração das amostras BHRA1, BHRA4, BHRA6, BHRA9, BHRA11, BHRA14, BHRA15, BHRA19, BHRA20, BHRA22 E BHRA23 se encontra abaixo do limite de detecção.

As amostras onde o fluoreto tem uma maior concentração são as de abastecimento público, BHRA12 (0,30 mg/L) e BHRA13 (0,30 mg/L) e a amostra recolhida num poço, BHRA3 (0,30 mg/L).

7.1.8.3 Nitratos

O azoto é um elemento não metálico, abundante na natureza sob a sua forma gasosa, sob a forma de compostos orgânicos e sob a forma mineral (nitratos e outros compostos), segundo Mendes & Oliveira (2004). No meio aquático pode aparecer como amónia (NH4

+ ), nitrito (NO2 - ) ou nitrato (NO3 - ).

Tendo em conta a sua solubilidade, os nitratos constituem a forma usual de acumulação nas águas subterrâneas, do azoto, o que explica a ocorrência de concentrações elevadas em regiões agrícolas. O nitrato representa a fase final da oxidação da matéria orgânica e em concentrações superiores a 50 mg/L pode indicar contaminação da água subterrânea por actividade humana (esgotos, depósitos de lixo, adubos, cemitérios, entre outros) (Custódio & Llamas, 1976).

A concentração de nitrato para as águas estudadas varia entre 0,5mg/L e 272 mg/L, nas amostras BHRA10 e BHRA15, respectivamente, com média de 39,5 mg/L e mediana de 23,5 mg/L.

Verifica-se que as amostras BHRA12 e BHRA13, de abastecimento público, apresentam concentrações abaixo do limite de detecção.

A amostra BHRA15, recolhida na Quinta da Labruja na Golegã, apresenta uma concentração em nitratos muito elevado, o que pode ser explicado pela localização do ponto, uma vez que se encontra numa zona fortemente agrícola e de criação de gado, onde o uso de adubos/fertilizantes é abundante. À excepção das amostras BHRA1, BHRA15 e BHRA20, o VMA estabelecido no Decreto-Lei 306/07, de 50 mg/L, não é ultrapassado. No entanto, verifica-se que a maioria das amostras apresenta uma concentração em nitratos superior ao que é recomendável (VMR de 25 mg/L, indicado no Decreto-Lei 236/98).

Apesar de nas zonas agrícolas a concentração de nitratos ser mais elevada, tendo em consideração os resultados obtidos, não parece haver contaminação nas águas subterrâneas da Bacia Hidrográfica do Rio Almonda.

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Figura 7.24: Representação da concentração de nitratos (mg/L).

7.1.8.4 Sulfatos

O enxofre é um elemento essencial à vida. A concentração de sulfatos nas águas naturais é muito variável, 30-300 mg/L, por razões geológicas ou outras (Mendes & Oliveira, 2004).

Segundo Custódio & Llamas (1976), os iões sulfato percolantes nas rochas cristalinas, devem a sua origem à lixiviação de terrenos formados em ambientes com índices de aridez elevados, com a oxidação de enxofre presente nas rochas ígneas e metamórficas e com as actividades urbanas, agrícolas e industriais.

As amostras representadas no gráfico 7.29 apresentam alguma variação em termos da concentração em sulfatos, nomeadamente, entre 6,60 mg/L, na amostra BHRA13, e 223 mg/L, na amostra BHRA14, com média de 69,9 mg/L e mediana de 56,5 mg/L

As amostras com maior concentração em sulfatos podem ser justificadas pela sua localização em zonas urbanas, onde os efluentes industriais e urbanos contribuem para um aumento dos sulfatos. As amostras que se encontram abaixo do VMR, de 25 mg/L, indicado no Decreto-Lei 236/98, para consumo humano, são águas de abastecimento público e a correspondente à nascente do Rio Almonda (BHRA19). Todas as restantes amostras têm concentrações superiores ao VMR, mas ainda abaixo do VMA de 250 mg/L, para consumo humano, também especificado no Decreto-Lei referido anteriormente.

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Figura 7.25: Representação da concentração de sulfatos (mg/L).

7.2 Erro de Balanço

O cálculo do erro de balanço tem como objectivo o controlo da qualidade dos resultados obtidos nas análises químicas das diversas espécies dissolvidas nas águas subterrâneas. Recorre-se às cargas dos aniões e dos catiões e da concentração das espécies em meq/L. A concentração em meq/L é calculada usando a Equação de Stabler:

(Eq. 7.9)

Onde c corresponde à razão entre a concentração do elemento, em mg/L, e a massa atómica do elemento e n corresponde ao número de oxidação.

Após as concentrações terem sido convertidas em meq/L é possível calcular o Erro de Balanço (ERB), recorrendo à fórmula seguinte (Lloyd & Hethcote, 1985):

(Eq. 7.10)

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Tabela 7.4: Concentração de aniões e catiões, em meq/L, e respectivo erro de balaço (ERB) (%).

Amostra Ca2+ K+ Mg2+ Na+ Ʃ Catiões Cl- F- NO3- SO42- Ʃ Aniões ERB (%) BHRA1 2,5 0,05 1,2 0,97 4,7 3,9 <0,2 2,2 0,63 6,7 -17,6 BHRA2 0,93 0,06 0,53 0,64 2,2 2,7 0,01 0,26 0,12 3,1 -17,7 BHRA3 0,83 0,03 0,88 0,18 1,9 1,1 0,02 0,02 0,17 1,3 18,9 BHRA4 1,2 0,22 0,5 1,3 3,2 1,7 <0,1 0,10 0,97 2,8 7,5 BHRA5 0,59 0,08 0,59 0,62 1,9 2,3 <0,1 0,56 0,60 3,5 -29,6 BHRA6 2,1 0,03 0,78 0,38 3,3 1,9 <0,1 0,58 0,33 2,8 7,9 BHRA7 0,41 0,08 0,30 0,40 1,2 1,2 0,01 0,74 0,30 2,3 -30,8 BHRA8 1,2 0,68 0,46 1,3 3,6 1,1 0,01 0,61 0,21 1,9 30,7 BHRA9 1,3 0,56 0,74 2,5 5,1 2,5 <0,1 0,65 0,47 3,6 17,0 BHRA10 1,4 0,10 0,46 0,83 2,8 3,3 <0,1 0,01 0,29 3,6 -12,7 BHRA11 1,8 0,11 1,6 0,79 4,3 6,9 <0,1 0,34 0,99 8,2 -31,4 BHRA12 0,22 0,08 0,80 0,30 1,4 1,1 0,02 <0,3 0,04 1,2 9,4 BHRA13 0,18 0,07 1,4 0,44 2,1 1,2 0,02 <0,3 0,03 1,3 25,1 BHRA14 1,7 0,15 1,2 1,2 4,3 2,6 <0,2 0,27 1,2 4,1 2,2 BHRA15 1,7 0,14 2,3 0,70 4,8 5,4 <0,2 4,4 0,67 10,5 -36,8 BHRA16 0,85 0,02 1,1 0,48 2,5 2,9 0,01 0,42 0,26 3,6 -18,9 BHRA17 0,44 0,09 1,4 0,43 2,4 1,5 0,01 0,23 0,13 1,9 11,6 BHRA18 0,91 0,02 0,98 0,65 2,6 3,4 0,01 0,56 0,36 4,3 -25,7 BHRA19 0,41 0,05 0,25 0,54 1,3 0,42 <0,1 0,11 0,05 0,6 36,6 BHRA20 1,1 0,54 0,51 0,37 2,5 2,4 <0,1 1,2 0,33 3,9 -21,9 BHRA21 1,0 0,02 0,21 0,20 1,4 0,90 0,01 0,14 0,08 1,1 11,7 BHRA22 1,1 0,03 0,17 0,16 1,5 0,76 <0,1 0,02 0,06 0,8 27,0 BHRA23 1,5 0,10 1,6 1,8 5,0 11,4 <0,2 0,58 0,40 12,4 -42,5 BHRA24 1,4 0,08 0,80 0,39 2,7 1,3 0,01 0,06 0,07 1,4 29,9

O erro de balanço, para as 24 amostras analisadas,varia entre -12,5% e 36,6%, como se pode consultar na tabela 7.4.

Apesar da sua importância, na manutenção da qualidade das análises, o Erro de Balanço neste caso particular não deve ter sido em conta de forma irrepreensível, ou seja, o facto de os valores de erro de balanço estarem mais elevados do que seria desejado, pode dever-se a vários factores, como erros analíticos e o facto de não terem sido analisados todos os iões que, normalmente, fazem parte da constituição química das águas subterrâneas, como por exemplo fosfato e brometo. Deve ter-se também em atenção que as análises não foram realizadas no mesmo laboratório.

7.3 Fácies Hidroquímica

A fácies hidroquímica de uma água consiste na disponibilidade das espécies químicas dissolvidas nessa água, resultando especialmente das relações iónicas que se estabelecem entre a fase sólida (mineral) e a fase líquida (água). De forma geral, a fácies hidroquímica reflecte os aniões e catiões mais abundantes na constituição das águas subterrâneas, nomeando-se a água pelo anião e catião cuja

43 concentração ultrapassa 50 % em relação à concentração total (em meq/L) de catiões e aniões, respectivamente.

Para a caracterização das fácies hidrogeoquímicas da área em estudo, recorreu-se aos diagramas de Stiff e Piper. Os diagramas de Stiff (Anexos III e IV) servem para representar a distribuição espacial da fácies hidrogeoquímica assim como o grau de mineralização das águas. Os diagramas de Piper (Anexo II) possibilitam a verificação de possíveis misturas e/ou evoluções químicas entre amostras. Apesar de existir alguma variedade na fácies hidrogeoquímicas das águas analisadas (Anexo XIII), constata-se que o anião dominande é o bicarbonato e os catiões mais importantes são o cálcio e o magnésio ou misturas entre os dois. As águas variam entre Bicarbonatada Cálcica (21 %), Bicarbonatada Magnesiana (14 %), Bicarbonatada Sódico-Cálcica (17 %), Bicarbonatada Calco- Magnesiana (8 %), Bicarbonatada Cloretada (4 %), Bicarbonatada-Cloretada Calco-Sódica (4 %), Bicarbonatada Sódico-Magnesiana (4 %), Bicarbonatada Magnesiano-Cálcica (8 %), Cloreto- Nitratada Magnesiano-Cálcica (4 %), Bicarbonatada Calco-Potássica (4 %), Bicarbonatada-Cloretada Magnesiano-Cálcica (4 %), Cloreto-Bicarbonatada Calco-Sódica (4 %), Cloretada Sódico-Magnesiana (4 %).

Na análise dos diagramas de Stiff verifica-se que as amostras BHRA7 e BHRA19 são as águas menos

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