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O pior é que, quanto mais se estuda, mais cresce o sentimento de incerteza sobre o que sabemos. Por vezes, chegamos até a nos questionar se não estamos perdendo tudo aquilo que demoramos tanto para ganhar.

Costumamos explicar essa sensação de desaprender fazendo uso da metáfora do balão de ar (verdade seja dita, isso também aprendemos com um antigo e

sensacional professor concurseiro). A ideia é simples de explicar e compreender. Imaginemos um balão de ar, daqueles de festa mesmo; tudo que estiver dentro do balão de ar representa o conhecimento que dominamos. Em contrapartida, tudo que estiver fora do balão representa o desconhecido.

Separando os dois mundos (o conhecido do desconhecido), temos a matéria física que integra o balão (a superfície elástica propriamente dita). Essa superfície representa o que denominamos de zona de incerteza.

Perceba que, quanto mais você estuda, mais você enche o balão de ar e, por consequência, mais você sabe. No

entanto, quanto mais você enche esse balão de ar, mais ele cresce e junto com ele cresce também a zona de incerteza e o entendimento de que ainda há muito para aprender.

O sucesso nas provas de concursos públicos reside em navegar nesta zona de incerteza de forma a acertar aquelas questões que meçam apenas interpretação do enunciado, ou mesmo aquelas que não nos lembramos efetivamente do porquê de acreditarmos que a questão está CERTA ou ERRADA, apenas sentimos isso.

A síntese é que, quanto mais estudamos, mais entendemos que temos muito ainda a aprender e maior se torna a área de incerteza sobre a qual temos de tomar

decisões na hora da realização das provas. Perceba os termos utilizados no último período: “temos de tomar

decisões”.

Os mais experientes nesta dimensão “concursística” podem ter pensado, enquanto liam essas palavras: “ora, se

não tenho certeza eu não marco a questão”, as famosas práticas de

“deixar em branco”.

Bem, com toda certeza, deixar em branco é uma opção. Ainda mais nas provas do tipo CERTO e ERRADO com fator de correção um para um, que representam anulação de um acerto para cada marcação contrária ao gabarito oficial. Ou seja: uma questão errada anula uma certa. Mas essa opção só vale

II.

para esse tipo de prova e não pode ser aplicada às provas do tipo múltipla escolha, que costumeiramente não têm fator de correção.

Além disso, a segunda parte da nossa base metodológica revelará que deixar questões em branco tem o mesmo valor de não fazer a prova, na maioria das vezes.

Percentual para

aprovação em provas do tipo Certo e Errado Antigamente, muitos professores e candidatos estabeleceram a errônea premissa de que nas provas do tipo CERTO e ERRADO com fator de correção o candidato só deveria marcar

o gabarito quando tivesse plena convicção das respostas.

Ecos dessa mensagem ainda persistem em algumas salas e cursinhos do Brasil, contribuindo para propagar o medo e impedir que alguns dos amigos e companheiros de jornada alcancem o sonhado cargo público.

A título meramente exemplificativo, apesar de já termos percebido esse mesmo padrão em vários outros concursos, apresentamos abaixo o Gráfico 1 – Evolução da média para classificação que evidencia a elevação nos percentuais alcançados para conquista de uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), nos anos 2004 e 2014, considerando somente o

resultado das provas objetivas e os classificados para Brasília, localidade onde costuma se localizar as maiores médias:

Gráfico 1 – Evolução da média para classificação no Concurso do TCU

Fonte: <http://www.cespe.unb.br> (em 30/12/2014)

O Gráfico 1 – Evolução da média para classificação evidencia, para o caso dos

concursos do TCU, que a menor média alcançada na prova objetiva em 2004 fora de 43% de pontos líquidos, enquanto que a menor média para classificação em 2014 (57,50%) foi pouca coisa inferior a maior média de 2004 (59,50%).

Esses dados nos possibilitam concluir que, nos dias de hoje, só marcar o gabarito quando convicto da resposta conduzirá o candidato ao insucesso, pois os percentuais para classificação na maioria dos concursos superam os 55% líquidos.

Em um exemplo hipotético, consideremos que determinada prova possua 100 questões do tipo CERTO ou ERRADO e com fator de correção (cada

erro elimina um acerto). Para esse exemplo, o candidato resolveu marcar as 100 questões, pois acreditava ter certeza das respostas, acertou 80 e errou 20, alcançando a pontuação líquida de 60%, que, como já vimos, representa o limite inferior de aprovação para o concurso do TCU.

Gráfico 2 – Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 1

Após alguns anos de caminhada na rota do concurseiro, momento em que tivemos a oportunidade de realizar vários concursos, simulados e resolver inúmeras questões, conseguimos chegar à conclusão de que é natural aos candidatos errar entre 5% e 15% das questões que julgam ter certeza da resposta.

Esse mesmo percentual se repetiu nos resultados dos alunos dos cursos que ministramos e nos grupos de estudos dos quais participamos. Destacamos o Grupo Neurus, cujos integrantes, percursores de várias das técnicas aqui apresentadas, conseguiram aprovação nos melhores concursos do país: 4 foram aprovados no Tribunal de Contas da

União, 2 na Controladoria-Geral da União, 1 no Banco Central do Brasil, 2 no Tribunal de Contas do Distrito Federal, 2 no Supremo Tribunal Federal, 2 na Secretaria de Orçamento e Finanças do Ministério do Planejamento e Orçamento.

Considerando a bagagem teórica e a prática vivenciada e compartilhada dentro de sala, nos grupos de estudos e durante a realização de vários concursos, é possível concluir que, nos dias de hoje, o candidato deve evitar o máximo deixar questões em branco. Retomando o Gráfico 2 – Percentuais líquidos para classificação – Caso 1, é possível constatar que se o candidato marcar menos de 70 questões, numa

prova que tenha 100 alternativas, a possibilidade dele passar reduz-se consideravelmente.

Perceba: se a experiência evidencia que o natural é errarmos entre 5% e 15% das questões que julgamos ter certeza da resposta, considerando que esse candidato erre 10% (meio termo), ele alcançará a pontuação de 63 acertos e 7 erros, obtendo 56 pontos líquidos. Fato que, nos concursos de hoje, deixará o candidato de fora do número de vagas (o último do TCU alcançou 57,50%). Conforme sumariza o Gráfico 3 - Percentuais líquidos para classificação no TCU – Caso 2 abaixo:

classificação no TCU – Caso 2

Os dois fenômenos evidenciados até aqui, tanto o efeito balão de ar quanto a ampliação nos percentuais líquidos para aprovação/classificação, nos conduzem à conclusão de que precisamos alavancar nossa capacidade de marcar questões para as quais não temos certeza da resposta.

E como fazer isso??? Quais são as estratégias utilizadas pelos examinadores para minimizar a ocorrência de recursos e que podem te auxiliar a acertar uma questão???

A partir dos conceitos expostos acima, vamos detalhar no próximo capítulo algumas técnicas que poderão te ajudar no alcance do cargo público.

(...) o uso eficiente das

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