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Para você, o que é ser um professor orientador? Olga

[...] É orientar uma pessoa que cria. É orientar um trabalho dentro de determinadas exigências da academia, é orientar uma parte mais humana, mais pessoal naquele momento que ele fragiliza, naquele momento que ele se expõe. É você exercer uma metacognição junto ao seu orientando, mas não só fazer essa metacognição, esse gerenciamento de um processo da produção do conhecimento. Você poder gerenciar relacionamento humano e de você reconhecer também estilos cognitivos do seu orientando. [...]

Inez

[...] É um espaço de troca, de interlocução, que me gratifica bastante. É um momento de diálogo mais próximo, porque aquele orientando termina discutindo muitas coisas que têm a ver com o que você lê também. Então, é um momento de aprendizado e de troca muito bom, muito rico. Ser orientador pra mim é coisa da riqueza, de estar junto, de aprender, de estar discutindo e

crescendo e abrindo meus horizontes, um processo de ampliar meus horizontes e não somente do aluno, de riqueza, de encontro. [...]

Antônio

[...] Eu sempre digo aos meus alunos que o orientador é uma espécie de analista, uma pessoa que escuta, que não deve impor a sua vontade, pois o aluno é quem deve escolher o seu tema, trazer a sua proposta e o orientador ver se aquilo se encaixa ou não na sua área. Para mim, ser orientador é isso, escutar o aluno naquilo que ele quer estudar, mostrar as pistas para onde ele quer chegar, onde ele pretende ir, abrir os horizontes, mostrar possibilidades. Ele lê, critica o trabalho, questiona e abre a possibilidade para o orientando buscar as suas respostas, ele não dá respostas prontas. Essa é que é a minha percepção do que é ser orientador. O orientador orienta, não faz o trabalho do aluno. O meu trabalho de orientação sempre foi feito assim, dar uma certa autonomia ao orientando e dar condições para que ele faça o seu trabalho, faça as suas descobertas. A minha orientação sempre foi assim, tenho a percepção da orientação assim: sou um leitor mais perspicaz, leitor que dá as pistas, que sugere os caminhos para ele caminhar sozinho. [...]

Fernando

[...] É cultivar a vida acadêmica, é me manter atualizado com as discussões científicas a partir das temáticas que os orientandos trazem, a partir da sistemática que o programa de pós-graduação tem. Ser orientador nesse caso, é se manter atuante no programa, é tá atualizado em relação às discussões importantes do campo científico, da área da educação, é interagir pra formar novos profissionais, estabelecer esse diálogo de ensino, de aprendizado mútuo. A gente ensina e aprende, aprende e ensina na relação com os orientandos. É perceber o desenvolvimento da autonomia de cada aluno. [...]

Nélia

[...] Ajudar o aluno a se formar enquanto pesquisador. É ajudar o aluno a entender como você faz projeto, como obtém financiamento, como se organiza equipe, como se trabalha nessa dimensão mais ampla, uma vez que for doutor

vai desenvolver essas atividades. Ajudar o aluno a encontrar com clareza, qual é a questão de pesquisa que ele tem, que vai trabalhar. O que você tenta na orientação é construir essa autonomia que vai variar muito da experiência anterior que o sujeito traz. É tentar acompanhar a questão que o orientando traz. É quando você consegue olhar esse clima de troca e, no fundo, o orientador tem uma experiência maior, sabe mais sobre os assuntos, pode propor questões, ajudar, ver onde a coerência está faltando, sugerir coisas que podem melhorar e aprofundar aquilo que tá sendo feito. [...]

Walter

[...] Melhor selecionar os orientandos e podendo influenciar para aquilo que a gente quer. É produzir algo original sobre a realidade e não apenas cumprir as exigências burocráticas do controle da produção científica no país e é preciso ter um pouco de paciência, esperar o tempo em que aquela fruta vai brotar, não brota do dia pra noite, precisa muito acúmulo. Falar da sua realidade procurando dar uma contribuição. Tem que administrar seu projeto de pesquisa, tem que atender, fazer um monte de tarefas administrativas. [...]

Beatriz

[...] Um aprendizado, um dos papéis mais difíceis que a gente exerce na universidade. É uma aprendizagem de saber como intervir, como colocar o direcionamento do trabalho, saber como cortar. Você troca muito, um pensa junto com o outro. A gente aprende a lidar com essas dimensões da pessoalidade e da profissionalidade. [...]

Carolina

[...] Para mim é ser alguém que se disponha a viver junto, de forma compartilhada, tensional, mas sobretudo, como facilitador do tempo de vida de outra pessoa. Eu digo para os meus orientandos que eu tenho duas atitudes possíveis de serem acionadas na relação com cada um, numa posso ser parceira, noutra posso ser cúmplice do trabalho. O trabalho de orientação é muito duro, é o maior desafio de um professor de pós-graduação, porque você tem que se deslocar do seu lugar de construção de conhecimento para entrar um pouco na temática do orientando. Tirar o meu orientando do lugar instalado

em que ele tá, das certezas dele, das leituras apenas de um lado pra que ele possa se organizar, aprender um pouco mais a partir do que a gente faz junto. Você tem que dar um lugar especial pra essa pessoa na sua vida, porque são tempos de vida. Significa uma reformulação, uma metamorfose, uma autocrítica, uma ampliação do conhecimento de cada um de nós. Todo orientador, se prestar bem atenção, ele aprende muito com o orientando. Eu credito minha formação, minha auto-formação, meus ganhos, minhas perdas, hoje, como orientador e como pessoa aos meus orientandos. Aprendi, cresci, me decepcionei também. Ser orientador é abrir mão, às vezes, de uma carreira mais plena, mais ampliada para você como professor da pós-graduação e aceitar ficar num lugar pra que os outros alcem voos maiores, com mais independência intelectual. Eu não sei se sou uma pessoa fácil como orientadora, às vezes, acho que não. Reclamo muito, exijo muito, exijo dos outros o que não é o projeto deles. Sou um pouco excessiva, obsessiva, eu quero muito mais sempre e eu sei que isso não é possível, ainda não consegui corrigir esse meu mecanismo intelectual no meu modo de ser. Quando oriento, aprendo o que é a condição humana, a singularidade de cada um. [...]

Pergunta 2 - Como você exerce a função de professor orientador?