• Nenhum resultado encontrado

2 A DIMENSÃO INTERNACIONAL DO ANTITRUSTE

2.4 O paradigma americano

2.4.2 Paradigma da União Europeia

A atual configuração da União Europeia, ao contrário dos Estados Unidos e até mesmo do Brasil, é recente, e o processo de integração iniciou no ano sucessivo ao segundo conflito mundial, afirma Giuseppe Tessauro. Como passagem significativa, o autor cita o discurso de Churchill na Universidade de Zurique em setembro de 1946: “Nós devemos construir os Estados Unidos da Europa”.259

Na visão de Enzo Milanese, os objetivos democráticos de respeito recíproco, paz e liberdade, em contraponto à guerra, ditadura e imperialismo estavam em conformidade com as novas perspectivas da Organização das Nações Unidas. Para o autor, existia a preocupação em melhorar as condições de vida da população, bem como “o antagonismo político, ideológico e econômico existente na Europa que [...]

258

In the late 1930s the United State brought suit against Aluminum Company of America (Alcoa) and its Canadian affiliate, Aluminum Limited. The suit charged that Alcoa monopolized the U. S. market for aluminum, and also that Aluminum Limited, with foreing co-conspirators, operated an international cartel that restrained imports and kept all but a small amount of foreing aluminum out of the United States. FOX, p. 179.

259

Volendo ripercorrer molto rapidamente i passaggi principali del processo de integrazione, sempre piu sviluppata e solida, tra i Paesi membri della Comunità, va osservato che, per quanto non fossero mancante in um passato anche piu remoto Le ipotesi e Le riflessioni soprattutto negli anni successivi al secondo conflito mondiale che l´idea è stata perseguita concretamente ed è stata finalmente realizzata. Si evoca spesso come uno dei passaggi più significativa della nascita dell´Europa comunitária, il discurso di Churchill all´Università di Zurigo del setembro de 1946: <<...Noi dobbiamo construire gli Stati Uniti d´Europa... Il primo passo nella riconstruzione della famiglia europea dev’essere uma partnership tra Francia e Germânia>>.TESSAURO, Giuseppe. Diritto comunitario. Quinta Edizione –Milano: Casa Editrice Dott. Antonio Milani CEDEM, 2008. p. 4.

dominava o mundo”.260

E não se pode esquecer, conforme abordado ao longo do capítulo, que anteriormente houve uma espécie de integração dos países da Europa, representada pela respublica Crhistiana, em que o elo principal era a questão religiosa.

Nessa nova configuração, o aspecto principal é econômico e coincide com o fato de que, a partir de 1945, inicia-se em âmbito mundial a fase de internacionalização da economia, conforme afirma Picone, surgindo a necessidade de regulamentar-se as formas de aplicação de normas que comportem extraterritorialidade, bem como o desenvolvimento de uma política econômica de defesa da concorrência.261

No dia 25 de março de 1957, foi instituída a Comunidade Econômica Europeia (CEE), por intermédio do Tratado de Roma, firmado por Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo e Holanda, tendo como um dos objetivos específicos “promover mediante a instauração de um mercado comum [...] um desenvolvimento harmonioso da atividade econômica”,262

possuindo a partir de então uma legislação

que comportava de forma mais específica a tutela da concorrência, a qual era considerada fundamental para a manutenção do equilíbrio econômico, importando

260

Il processo d’integrazione degli Stati che compongono l’odierna Unione europea trae Le sue origini nei fermenti politici e ideali che pervadono gran parte del continente nel secondo dopoguerra.

Si volevano pace e liberta; non più guerre, imperialismi, dittature ma collaborazone fra i popoli, rispetto recíproco, democazia. Su scala mondiale, si guardava alle nuove prospettive aperte dall’Organizzazione delle Nazioni Unite (ONU). A livello europeo, si ragionava intensamente su forme di cooperazione e aggregazione, in grado di imprimere uma drastica svolta rispetto al passato. Solo queste avrebbero permesso di superare Le immense difficoltà del presente, di ricostruire un’economia stravolta, di porre nuovamente le condizioni per migliorare la qualità di vita dei cittadini.

Il 1900 è storicamente caratterizzato, nella sua prima metà, da antagonismi politici, ideologici ed economici fra la nazioni di unÉuropa che, agli albori del secolo, dominava il mondo. Ne occupava i teritori, con colonie e protettorati; NE controllava Le fonti delle materie prime essenziali, i mercati di vendita, Le vie di collegamento, i commerci. [...] MILANESE, Enzo Moavero. Diritto della concorrenza dell´Unione Europea. Napoli: Editoriale Scientifica, 2004.

261

Le condizioni per um più intenso manifestarsi dei conflitti tra Stati nella materia considerata si verificano invece a partire dalla fine dela seconda guerra mondiale: e cio malgrado il ravvicinamento verifitosi nel contenuto delle legislazioni sulla concorrenza vigenti nei vari paesi contenuto delle legislazioni sulla concorrenza vigenti nei vair paesi capitalistici, come conseguenza dell´entrata in vigore, in molti paesi europei, di nuove legislazioni sulla concorrenza largamente influenzate dal moello statunitense. A partir dal 1945 inizia infatti la fase storica in cui la forma sempre più prevalente e determinante di << internazionalizzazione>> dell´economia è costituita dalle esportazioi di << capitale >> a fini di investimento diretto all´estero e dall´attività delle imprese multinazionali. In tali, condizioni, è chiaro che la determinazione dell´ambito di aplplicazione <<extraterritoriale>> di uma legislazione idonea a perseguire indirizzi el obiettivi fondamentali di politica econômica, quale quella riguardante la disciplina della << concorrenza >>, diventa um lemento centrale nella complessiva strategia econômica << Internazionale >> di uno Stato: si trata infatti di decidere se e in che limiti << accompagnare >> l´esportazione del capitale nazionale all´estero, sottoponendo alle regole sulla concorrenza nazionali la disciplina delle forme, o almeno di alcune forme essenziali, degli stessi processi produttivi che Esso ponga in essere nell´ambito di Stati stranieri. PICONE, Paolo; SACERDOTI, Giorgio. Diritto internazionale dell’economia. Raccolta sistemática dei principio atti normativi internazionali ed interni com testi introduttivi e note. Milano: Franco Angeli Editore, 1982, p. 869.

para o presente estudo a atual configuração que se deu após ser firmado Tratado da União Europeia, publicado no Jornal Oficial no dia 29 de julho de 1992,263 tendo

como um de seus objetivos a promoção de um progresso econômico e social equilibrado e sustentável, nomeadamente mediante a criação de um espaço sem fronteiras internas, o reforço da coesão econômica e social e o estabelecimento de uma União Econômica e Monetária [...].264

Para Milanese, essa união compreende estabelecer uma economia de mercado, garantindo a liberdade de concorrência que “não por acaso constam dos artigos 98 e 105 do Tratado”.265 Há, então, de forma efetiva, um entrelaçamento

entre os conceitos de mercado e liberdade de concorrência. E a definição mais simples de mercado para o autor, no “hodierno mundo da atividade empreendedora e profissional, voltada a produção, comercialização e fornecimento de bens e serviços [...]” é onde se manifesta o encontro da “demanda e a oferta de bens e serviços”. Nesse espaço desenvolve-se a atividade econômica, a qual, possibilitando a liberdade de escolha por parte dos sujeitos ou protagonistas, configura a liberdade de mercado, elemento fundamental no moderno sistema econômico,266

que compreende a liberdade de iniciativa privada, como um dos requisitos para manter- se o equilíbrio nesse ambiente. Segundo Abriani Cottino Ricolfi, a livre iniciativa é de fundamental importância dentro de uma economia de mercado e de um sistema jurídico e tem suas bases na economia clássica, permitindo uma perfeita combinação de oferta, ao garantir no mercado a presença de um número “suficientemente grande de operadores”, os quais, de acordo com seus desempenhos, serão premiados ou expulsos desse cenário competitivo, a menos que se utilizem de algum artifício como o monopólio ou cartel, quando, então,

262

KORAH, Valentine; PAVESIO, Carlo; VALGIURATA, Lucio Zanon di. Il diritto della concorrenza nella cee. Milano: Edizioni del solo 24 ore, 1984, p. 9.

263

Disponível em: <http://eur-lex.europa.eu/pt/treaties/index.htm#founding>. Acesso em: 7 de mar. 2010, 18:53h.

264

Disponível em: < http://eur-lex.europa.eu/pt/treaties/dat/11992M/htm/11992M.html#0001000001>. Acesso em: 7 mar. 2010, 18:53h.

265

MILANESE, 2004, p. 20. 266

Noção de mercado: Nell´odierno mondo delle attività imprenditoriali e professionali, volte alla produzione, alla commercializzazione e alla fornitura di beni e servizi di ogni genere e valore, si parla di <<mercato>> - volendolo definire nei termini piú semplici possibili – in relazione a um qualsiasi ambito in seno al quale si manifesta l´incontro fra la domanda e l´offerta di detti beni e servizi. È questo incontro che consente gli scambi, permettendo di individuare il prezzo che gli acquirenti sono disposti a pagare e correlativamente, i venditori a ricevere. Quando tutto cio avviene nel pieno rispeto dell´autonomo discernimento di ciascun protagonista, allora si può dire di trovarsi in um sistema di libero mercato, di libero scambio. Questo costituisce uma delle possibili configurazioni di un moderno sistema econômico. MILANESI, 2004, p. 5-5.

estarão exercendo poder de mercado,267

o que, por assim dizer, é contra as leis “naturais”.

Quando se parte para a aplicação das leis antitruste dentro da União Europeia, a regra principal, que são os artigos 81 e 82 do Tratado de Roma que instituiu a Comunidade Econômica Europeia, considera fundamental a definição de mercado, a fim de estabelecer os limites da competição entres os agentes, bem como os efeitos dentro do ambiente competitivo. Afinal, é dentro desse ambiente perfeitamente identificado que irá se analisar se algum competidor está comportando-se de forma a exercer “pressão” ou restrição em relação aos outros.268

Segundo Fox, a forma utilizada mundialmente para analisar o comportamento dos competidores segue “mais ou menos” o padrão estabelecido por esses dois modelos, o norte-americano e o europeu.269

O objeto da proteção não são os competidores, mas a competição “ligada à proteção da estrutura dos mercados competitivos”.270

Os mercados seguem a tradicional divisão em mercado relevante

de produto e mercado relevante geográfico. Compreende como ponto inicial para a definição do primeiro, segundo van Bael e Bellis, a possibilidade de substituição

267

La liberta dell´iniziativa economica privata è uno dei cardini delle economie di mercato e dei sistemi giuridici che ad esse si isnpirano. La ragion d´essere della sua tutela consiste nella convinzione che il meccanismo concorrenziale, intenso come congegno basato su di um numero indefinito di scelte economiche decentralizzate, dia um contributo essenziale all´allocazione efficiente delle risorse. Gli economisti classici, da Adamo Smith in poi, avevano fatto riferimento all <<mano invisible>> del mercato che transforma Le decisioni egoistiche dei singoli operatori economici nella massimizzazione della ricchezza delle nazioni. [...] Resta però la convinzione, alimentata da conforme teoriche ed empiriche continue ed indiscusse, che il meccanismo concorrenziale può produrre i suoi frutti quando sia presente sul mercato un número sufficientemente grande di opetatori e questi siano in competizione fra dil loro: allora gli operatori efficienti possono esse premiati, quelli inifficiente espusi dal mercato e gli utizzatori possono fruire di libertà nelle loro scelte e di uma combinazione ottimale fra quantità offerta e prezzo praticato. In questo quadro, I´impresa in posizione monopolistica e Le imprese che partecipano ad um cartello, spartendosi gli afari per percepire uma rendita eccedente il profitto competitivo, sono poteri privati privi di legitimazione. Queste imprese hanno um potere di mercato. ABRIANI, Niccolo; COTTINO, Gastone; RICOLFI, Marco. Trattato di Diritto Comerciale. PADOVA: CEDAM, 2001, p. 522.

268

Market definition plays a fundamental role in competition analysis under EC Law, whether under Article 81, Article 82 or the Merger Regulation. Market definition is a basic tool to identify and define the boundaries of competition between firms and to analyse the pratical effects of their behaviour on teh competitive environment. The primary objective of defining a market is to identify the market Power of the business under investigation by identifying actual competitors of that business that are capable of constraining its behaviour and of preventing it from behaving independently of effective competitive pressures. VAN BAEL & BELLIS, p. 133.

269

Section 2 of the Sherman Act provides that no person may “monopolize, attempt to monopolize, or conspire to monopolize.” Article 82 of Treaty of Rome establishing the European Economic Communities provides: “Any abuse by one or more undertankings of a dominant position shall be prohibited as incompatible with the Common Market...” These two provisions are more or less the models for the world of Law to control the behavior of dominant firms. [...] FOX, 2004, p. 178.

270

Indeed, as the new Millennium, U.S. antitrust has a favorite epithet: Antitrust Law protects competition, not competitors; it is not a prescription against unfairss. [...] we begind with the flagship case of monopoly Law – Alcoa; a case that the government should protect competition (and economic democracy) through protection of the competitive structure of markets. FOX, 2004, p. 179.

entre os produtos por parte do consumidor,271

enquanto o segundo diz respeito à área onde as partes interessadas na “oferta e procura” de produtos e serviços podem desenvolver suas atividades em condições de competitividade homogênea.272

Esse espaço, tratando-se da União Europeia, foi geograficamente limitado entre os Estados Membros, podendo, entretanto, ser afetado pelos efeitos anticompetitivos, exemplificam os autores, de uma empresa incorporada fora do Mercado Comum que possa vir a exercer conduta abusiva ou estar em posição dominante em seu interior,

273 conforme será analisado a seguir.