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Participação acionária da M Dedini S.A – Metalúrgica no ano de

Faz-se necessário afirmar que a política de vendas adotada por Mário Dedini continua sendo utilizada para a venda dos novos produtos, combinada com a reforma de equipamentos usados e com a modernização de processos, num movimento de financiamento facilitado. Essa estratégia possibilitou ao Grupo Dedini exercer o importantíssimo papel de “pólo” difusor de progressos técnicos na

agroindústria açucareira paulista e, de quebra, permitiu o seu próprio aperfeiçoamento tecnológico (NEGRI, 2010).

O acúmulo de conhecimento do grupo adquirido no processo de produzir usinas de açúcar e álcool completas pela divisão social e espacial do trabalho permitiu que o Grupo Dedini passasse a produzir o maior número de usinas instaladas no Brasil na década de 1950. Fato que é atingido com plenitude, quando a Mausa atinge um estado de desenvolvido maduro, dando conta da demanda dos materiais leves e tecnologicamente mais avançados e, é evidente que a partir de 1953, os fatores sistêmicos voltam a contribuir, pois, o Estado brasileiro passou a sobretaxar equipamentos e máquinas importadas, que antes representavam 40% do setor (vide gráfico 02). Já no ano seguinte, a Dedini incorpora essa fatia do mercado, visto que as novas instalações aumentaram sua capacidade produtiva (NEGRI, 2010).

Gráfico 02. Composição da oferta de equipamentos para a agroindústria de açúcar e álcool no Brasil, de 1947 a 1955.

Fonte: Negri, 2010.

Organização: OLIVEIRA FILHO, Altair Aparecido de, 2011.

As novas fábricas da Dedini mostraram sensíveis avanços técnicos no fim dos anos 1950 para melhor atender as exigências do mercado, incorporar novas demandas e consolidar sua posição hegemônica que começa ser ameaçada pelo surgimento de pequenas empresas nacionais que atuavam nas mesmas linhas de produtos. Com isso, a saída é investir em inovações tecnológicas, mesmo que essas sejam apenas incrementais. Exemplos dessas ações ocorridas na Mausa

é a fabricação das “centrífugas convencionais, que de início eram manuais, passando para semi-automáticas, terminando no início da década de 1970 por produzir centrifugas automáticas” (NEGRI, 2010, p. 102). Esse avanço foi possível pela compra da licença estrangeira (alemã) para a produção de centrífugas automáticas. Logo, a Mausa era um dos canais abertos à incorporação de inovações no centro do sistema, pois o que não era possível reproduzir de maneira direta no interior das fábricas Dedini adquiria-se juntamente à fonte, já com o projeto e os detalhes da confecção do equipamento.

A Codistil partiu para o aperfeiçoamento técnico dos equipamentos juntamente com o aumento da capacidade desses. A fim de acompanhar a modernização do setor destinou sua atenção à diversificação, realizando a produção de equipamentos completamente diferentes dos anteriores. Os novos equipamentosse destinavam principalmente a novos setores, como o setor petroleiro, químico e cervejeiro (LEÃO, 2005). Com tudo isso, as três empresas construíam um complexo industrial capaz de atender todo o parque nacional produtor de açúcar e álcool. Destaca Leão (p. 102, 2005):

Por volta de 1950, um impresso publicitário informava que a Dedini contava com mais de 2000 clientes em vários pontos do Brasil, e possuía a capacidade para produzir mais de 10.000 toneladas de ecas por mês. Nessa época, a empresa já havia fabricado 64 usinas completas e 178 equipamentos de moagem, movidos à energia hidráulica, elétrica e a vapor.

As caldeiras fabricadas pela Dedini até a década de 1940 não possuíam superfície de aquecimento superior a 350 metros quadrados, mas, a partir de 1958, aumentou a capacidade de suas caldeiras para 1000 metros quadrados de aquecimento. E para o contínuo aperfeiçoamento de suas caldeiras e das caldeiras aquotubulares recorreu à tecnologia estrangeira, adquirindo licença da norte-americana Combustion Engineering Inc. para produzir modernas caldeiras. Destaca que os royalties foram pagos de 1954 a 1957.

Ressaltamos também, a produção de um conjunto de moendas feitas pela metalúrgica sobre encomenda da Usina Central de Piracicaba, pertencente ao grupo francês. Essas moendas eram de 37” x 78”, acionadas por turbinas GHH importadas da Alemanha, o destaque vai para o fato que essas moendas (essa tecnologia) foram capazes de atender a demanda de moagem por mais de vinte anos, sendo instaladas em apenas usinas de grande portes (NEGRI, 2010).

O grupo Dedini, na década de 1950, apresentou um grande crescimento tanto em relação às vendas (vide mapa 02) como no quesito diversificação da sua produção. A diversificação se processou internamente nas suas fábricas já existentes e na criação de novas empresas, mas, o curioso, pelos menos para alguns, é que esse momento histórico caracterizou-se por ser um período de estabilização do setor sucroalcooleiro, que crescia de maneira menos acentuada, mas, mesmo assim, o Grupo Dedini cresceu e obteve grandes lucros até 1967. Nesse período, o grupo enfrentou a sua primeira crise relevante, que acabou por impulsionar o conjunto empresarial à reestruturação no lastro de tempo subsequente.

Vejamos como foi à resposta da Dedini, que conseqüentemente, que até 1967 era a resposta do setor de bens de capital de Piracicaba/SP como um todo, já que se limitava apenas a duas empresas, o Grupo Dedini e Morlet S.A. que nessa mesma época passou a ser parte do grupo Dedini. A Morlet S.A era uma empresa tradicional da cidade que sofreu com a concorrência forte da própria Dedini e com o baixo crescimento do setor sucroalcooleiro, levando-a a ser adquirida pela Dedini.

As diversificações no interior das empresas já existentes baseavam-se em incorporações de novas tecnologias em produto e no aumento da capacidade dos produtos já existentes.No entanto, a diversificação com a criação de novas empresas respondia à lógica de uma empresa multidivisional, na qual cada empresa/departamento corresponde a operar em mercados complementares ao ramo principal da empresa, no caso, a metalurgia. Essa diversificação da produção é uma maneira de produzir novos artigos sem abandonar os anteriores, no qual a empresa já apresenta know-how e domina o mercado, portanto, esta estratégia visa ampliar o mercado mediante a exploração mais consciente da economia de escopo46.

46

Uma discussão mais aprofundada de economias de escala e de escopo será feita no segundo capítulo deste trabalho, visando dar conta de aspectos mais recentes desta formação industrial oligopolista que passa por grandes alterações no início da década de 1990.

Mapa 03. Relação das usinas de açúcar montadas pela Dedini no