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4. RESULTADOS DOS TRABALHOS DE CAMPO: UMA ANÁLISE A PARTIR DA

4.2 Participação social na administração pública: iniciativa social, incentivo oficial e

As análises aqui procedidas tomaram por base os relatos dos atores-chave da Rede OSB – hoje Sistema de Franquia Social OSB -, assim entendidos parte deles como membros da entidade coordenadora/franqueadora da Rede e parte como membros do Observatório Social de São José dos Campos (OSSJC), conforme esclarecido no item 3.2 e seguintes. E, no tocante à Rede AMARRIBO Brasil, os relatos dos atores-chave desta Rede e da Organização Não-Governamental Amigos Associados de Analândia – AMASA, os quais como se verá adiante, confluíram consideravelmente para o quanto revelaram as manifestações e percepções dos atores-chave da Rede OSB.

Os relatos dos atores-chave da Rede OSB enfatizaram a ausência de uma cultura de participação social do cidadão brasileiro, e particularmente das municipalidades a que estão adstritas, nos assuntos de interesse coletivo - e iniciativas como as aqui estudadas -, apontando, quase que à unanimidade, para uma predominante acomodação coletiva e postura as mais das vezes individualista, ora vinculando-a a uma ausência de educação para a cidadania, ora pugnando por uma urgente necessidade de implementação desta; o que remete aqui ao ponto em que foram abordadas as frentes de atuação da Rede OSB e, em particular, a referente à educação fiscal. Entretanto há relatos que informam um olhar mais otimista para o fenômeno pesquisado e que aqui também são considerados.

O brasileiro em geral, ele não tem essa educação para né, para essas participações. E, São José, o pessoal vê o problema, sentem, mas ainda não enfrentam isso. Eles acomodam. Então, um grupo pequeno é que movimenta

ainda em relação a isso.411

A gente, no início, pra fazer o lançamento do Observatório Social [...] foram feitos vários trabalhos, várias palestras né, convidou-se todas as pessoas né, inclusive autoridades né... fizemos inclusive com bastante participação [...] O auditório lotou, ficou cheio de pessoas né, não é mesmo? Só que, na realidade é o seguinte: Na hora do vamos vê né, vamos fazer né, as pessoas não vem, entendeu? Assim... não há um desejo por parte das pessoas né de uma participação, participação no Observatório. [...] Parece que... eu acho que o brasileiro é muito de deixar pros outros sabe? Alguém tem que fazer por mim. Eu tenho que ser a minha história, eu tenho que fazer história [...]. Eu acho que, o brasileiro, não exerce a sua cidadania entendeu? Não exerce a sua cidadania [...].412

Ah, eu acho que ainda nós estamos engatinhando. Eu acredito nisso, eu acho que nós somos muito acomodados e, São José dos Campos, que é tida como uma cidade do eixo São Paulo/Rio, uma das regiões do país que tem mais doutores né, por conta dos centros tecnológicos e tudo mais, a gente tá longe ainda desse olhar e dessa, de atuaç..., dessa atuação de verdadeiros cidadãos.413

Eu acho que, em média, nós brasileiros nos preocupamos em ganhar nosso pão, sustentar nossa família, trabalhar de segunda a sexta ou sábado, folgar no domingo e quando chega em casa tá cansado e não se ocupa do resto. Porque a luta cotidiana é feroz então, não se se há espaço. A educação passou muitas vezes ao largo. Ou é precária ou inexistente [...]. Mesmo as escolas de nível superior hoje são precárias, os alunos chegam lá sem conhecimento básico de muita coisa e não tem noção daquilo que é responsabilidade individual.414

Ainda tem bastante problema e, muitos nem sabem que tem esse direito né. Muitos, muitos cidadãos não sabem que podem participar das decisões. Então, em alguns municípios a gente vê chamadas de audiência pública, existe, inclusive, contato com o Observatório Social, mas, em alguns, ainda o cidadão não tem o menor conhecimento. [...] Mesma coisa nos conselhos. Muitos estão nos conselhos e não sabem o que é que estão fazendo lá. Então o Observatório também atua na capacitação dos conselheiros e instrução, mas não como membro de Conselho.415

É, eu percebo que isso (falando da participação social na gestão pública) tá crescendo bastante né, por conta assim do número de instituições e, até de redes de controle social, o que a gente já vê frutificar no Brasil né. A gente vê crescer, por exemplo, no meio universitário quando a gente faz palestra pro meio universitário, o quanto eles querem participar, pelo aumento do número de voluntários nas cidades, [...] Então a gente vê crescer bastante isso né, o número de entidades, o número de ONGs, de redes de controle social, o número de voluntários nos Observatórios, o número de cidades que estão procurando pelo Observatório [...], é fruto também de um longo trabalho de educação que, por exemplo, o programa nacional de educação

411 Trecho da entrevista com o informante-chave Y. 412 Trecho da entrevista com o informante-chave N. 413 Trecho da entrevista com o informante-chave A. 414 Trecho da entrevista com o informante-chave X. 415 Trecho da entrevista com o informante-chave L.

fiscal, eu penso que já contribuiu bastante para melhorar essa consciência crítica [...].416

Houve relatos que sinalizaram para uma percepção dos entrevistados acerca da ausência de participação social do cidadão brasileiro, extremando-a ao ponto de considerá-la como um reflexo de sua própria auto-imagem que estaria identificada com a tão censurada corrupção.

[...] Mas, não há, não houve assim, por parte da população... ó gente, vamos dar um basta nisso, vamos fazer uma passeata né. Houve um... uma questão política de aproveitar uma situação dessa pra derrubar a presidente, que foi eleita democraticamente né, pra tentar derrubar, mas não no sentido da corrupção. Então, o brasileiro, e eu vou falar uma coisa aqui, e eu falo com dor no meu coração: - Isso me leva a crer, acreditar, que, a grande maioria de nós brasileiros, nós somos corruptos, porque aceitar tudo isso e ficar calado... gente!... eu sou corrupto também gente!... Porque se eu não fosse corrupto... eu ia fazer alguma coisa, mas nós... mas não, o Brasil não faz nada, por que? Porque eu acho que, no fundo, tendo a oportunidade, vai fazer a mesma coisa né? Então, isso é uma que mexe com o coração da gente, cê entendeu? E assim, o Observatório Social é uma oportunidade de você exercer a cidadania, né? 417

[...] talvez, as pessoas estejam muito mais preocupadas em garantir o seu próprio sustento e, talvez, por causa daquilo que a gente comentou antes, daquela filosofia de levar vantagem em tudo, então, esse levar vantagem é primeiro... o ditado é primeiro o meu, depois o do outro lá [...].418

Eu acho que nós estamos vivendo no Brasil um momento único. Eu acho que o momento dessa transformação social no Brasil é agora. Eu acho que nós nunca vivemos tantos escândalos de corrupção quanto nós estamos vivendo nesse momento [...] E, eu ainda deixo uma outra informação: enquanto a sociedade civil organizada não tomar consciência de que temos que fiscalizar o dinheiro público, que é nosso, é por essa falta de fiscalização que existe o desvio do dinheiro e, a má aplicação dele. Quando a sociedade se conscientizar de que essa fiscalização e esse controle tem que ser feito por nós, todo esse... essa gama enorme de corrupção que existe aí, ela vai diminuir. Eu não digo acabar, que talvez seja muito difícil acabar, mas ela vai diminuir e muito, porque é com esse controle social, com essa fiscalização desse dinheiro público, desse gasto público que nós vamos evitar os desvios que tem acontecido ultimamente e, na proporção que tem acontecido.419

416 Trecho da entrevista com o informante-chave R. 417 Trecho da entrevista com o informante-chave N. 418 Trecho da entrevista com o informante-chave P. 419 Trecho da entrevista com o informante-chave I.

Outro dado que chamou a atenção na pesquisa, e relatado por um dos entrevistados-chave da Rede OSB, foi o aumento crescente de pessoas interessadas em trabalhar nos Observatórios já constituídos, ou em constituir outros, após as manifestações populares do ano de 2013, o que o fez interpretar como um resultado da indignação que vem acometendo a população brasileira, fator, segundo o mesmo entrevistado, que se constitui em um forte aliado de iniciativas como as dos OS.420

No tocante às audiências públicas, os relatos registram que vem acontecendo um tímido, porém perceptível, interesse da população local em participar desses eventos, ainda que não saiba o que ali busca421. Inclusive, ao se voltar o foco da pesquisa para a questão do orçamento participativo, alguns dos entrevistados-chave da Rede – particularmente do OSSJC -, foram categóricos em afirmar a ocorrência de audiências públicas e debates em face da elaboração do orçamento, quando perguntados sobre o incentivo oficial à participação popular através da realização de debates e audiências públicas para elaboração e durante a execução do orçamento público em São José dos Campos (SP), cidade-sede do OSSJC, embora assinalando retrocessos.422

Tem sim. O orçamento público aqui, desde a... quando foi... nós tivemos aqui há dezesseis, dezoito, vinte anos atrás né, nós tivemos uma prefeita aqui que foi do Partido dos Trabalhadores – PT. Já era prática deles fazerem o orçamento participativo né e hoje virou lei.

[...] Dezoito a vinte anos nós tivemos orçamento participativo. Foi uma experiência muito boa e era muito marcada a presença de pessoas de baixo poder aquisitivo, pessoas que não tinham quase... moravam em favela... essas pessoas iam pro orçamento participativo defender, porque elas não tinham nada, nem a habitação. Era bem marcada a presença dessas pessoas. Elas se organizaram. Depois, esse mesmo movimento, foi chamado de audiência públ... audiência pública? Me parece que era audiência pública, mas aí a gente já tinha um outro tipo, um grupo de pessoas que não era com a mesma freqüência, a cidade não era mapeada como era no orçamento participativo né. Então, eu vi, eu acho que nós começamos lá atrás com uma posição, depois houve um... retrocesso e hoje eu não sei como acontece a participação da população. Acredito que audiência pública423(grifo nosso). [...] a questão do orçamento participativo, a prefeitura faz, realiza, só que o que a prefeitura disponibiliza pra sociedade, pra população opinar, pro cidadão opinar, é uma parcela pequena do orçamento. A maior parte do orçamento já fica votado, definido na Câmara, elaborado pelo município,

420 Conforme relato do informante-chave L. 421 Conforme relato do informante-chave Y. 422 Conforme relato do informante-chave N. 423 Trecho da entrevista com o informante-chave A.

pela administração municipal, pelo executivo, aprovado na Câmara e, o que vai pro cidadão é uma parcela muito pequena... .

A discussão, a discussão, o que é colocada em discussão é apenas, digamos assim, uma... eu diria uma maquiagem, é uma pequena parte. O que é importante no orçamento municipal é decidido no executivo e no leg... e aprovado no legislativo. E aprovado porque o legislativo, normalmente, não se aprofunda [...].424

Entretanto, quando se trata do tema participação social nesses debates e audiências públicas, o mesmo entrevistado, como outros informantes-chave da Rede OSB, é categórico em registrar o desinteresse da população.

[...] As pessoas ainda tem um pouco de resistência. Então, eu vejo que tá errado, eu sei que eu posso fazer alguma coisa, mas eu não faço, porque ele tá fazendo, porque o Observatório tá fazendo. Então, existe uma falta de envolvimento ainda [...]. Ah, mas eu não vou me envolver. Eu só tenho duas horas por dia. Vou fazer outra coisa, vou me divertir nessa hora e não vou me preocupar com o meu município, então falta assim um pouco mais de comprometimento.425

É, olha só, aqui em São José dos Campos tem havido, mas a gente não vê uma participação maciça da população. Infelizmente a gente não vê. Então tem sido discutidos problemas como, por exemplo, mudanças no... na lei de zoneamento do município, tem havido muita discussão, algumas organizações da sociedade civil tem participado. Nós não chegamos a participar. Na questão do orçamento, como eu já comentei, na discussão do orçamento, a gente observa uma participação não muito grande da sociedade, existe uma participação sim, mas eu acho que ainda deixa a desejar em matéria de participação popular, de deliberação.426

Eu, eu tenho muito descrédito com relação a isso porque os grupos que eu vejo participando mais ativamente são grupos ligados a questões políticas, a interesses políticos, quando não são interesses pessoais. [...] eu vejo que, não só aqui no município, mas eu acho que a população brasileira não está consciente da responsabilidade que tem. Daí a todo mundo preferir ir embora do mais, mudar de estado, mudar de país, por conta de se sentir impotente mas, também não faz nada pra ver se consegue resultados. Então, reclama-se e não se anda. Não se faz nada porque a omissão é mais fácil [...]. 427

Outro aspecto dos relatos dos entrevistados, no que concerne ao tema participação social, incentivo oficial e audiências públicas, diz respeito à relevância e à consideração que o Poder Público confere às manifestações dos munícipes nesses atos. Lamentavelmente, o que predominou na percepção dos entrevistados é que as audiências públicas realizadas se prestam tão somente ao papel de cumprir formalidades legais.

424 Trechos da entrevista com o informante-chave P. 425 Trecho da entrevista com o informante-chave L. 426 Trecho da entrevista com o informante-chave P. 427 Trecho da entrevista com o informante-chave X.

[...] As audiências públicas até, acabam muitas vezes, sendo só pra cumprir a lei entendeu? O que se vai fazer já tá determinado já. Já está determinado já, entendeu? E. aqui nós tivemos, o prefeito anterior a esse nosso aqui, de chegar, fazer, a fazer a audiência pública né, assumir compromisso de que ia acertar algumas coisas e fazer uma eleição na Câmara, de madrugada entendeu, pra votar, porque ele queria não acordar com a audiência pública, você entendeu?

[...]

Não há interesse da participação das pessoas né. [...] as pessoas, parece que brasileiro é... deixa pra vocês né, deixa pro outro cuidar né, não é mesmo? Infelizmente é assim. Há muito pouca gente que participa das audiências públicas, não só com relação ao orçamento, é com outras coisas também. [...]

Divulga no jornal, na mídia em maneira geral. A cidade fica sabendo sim, entendeu? Fica sabendo. Só que não há... há muito pouca gente que... eu já participei de algumas audiências entendeu, mas é uma minoria de pessoas.428

As audiências, eles tem feito as audiências para elaboração do orçamento, mas, como eu falei, digamos, assim, mais, talvez pra cumprir tabela porque essas... o que é colocado em deliberação é uma parcela muito pequena do orçamento.429

Eu não sinto nada fora do padrão de normalidade né. Publica-se aquilo que é obrigatório publicar, noticia-se(sic) audiências públicas, mas eu sinto a apatia da população.430

[...] de um modo geral, o que a gente observa é que se faz o mínimo pra cumprir a lei. Tem cidades que tem lá todos os conselhos municipais de direitos, regulamentados pela lei, tem todos eles nominados.Tem lá um decreto um decreto nominando as pessoas, mas daí, quando você pergunta quando é a reunião do Conselho? Ninguém sabe. Como encontrar as pessoas que compõem esse Conselho? Ninguém tem essa informação na prefeitura. Então, a gente ainda vê muito isso né, com o Conselho Municipal de Direitos é o primeiro instrumento de controle social oficializado pela Constituição né e, mesmo assim, na grande maioria das vezes nas cidades ele é, no mínimo ignorado ou então as pessoas que estão compondo aquele conselho, por exemplo, na saúde, tem alguém que representa o usuário, mas você vai ver ele é um funcionário da Prefeitura, mas tá representando o usuário.[...] Então, há uma manipulação, eu diria, dos documentos legais pra parecer que está dentro, cumprindo a lei.431

Outras deficiências, concernente à utilização de mecanismos legalmente previstos para viabilizar a participação social na Administração Pública, ainda foram levantadas na pesquisa. É o que informa o relato do entrevistado-chave R, a seguir:

428 Trecho da entrevista com o informante-chave N. 429 Trecho da entrevista com o informante-chave P. 430 Trecho da entrevista com o informante-chave X.

431 Trecho da entrevista com o informante-chave R, da Rede OSB, o qual desempenha uma função estratégica na Direção do OSB, acompanhando e participando do desenvolvimento das ações finalísticas da organização, daí a importância conferida ao seu depoimento.

Geralmente, as cidades maiores que, as administrações são mais profissionais, têm profissionais atuando nas diversas secretarias, geralmente têm essa tendência a ter um cumprimento melhor da lei. Agora, nas cidades pequenas, isso praticamente não existe né. Consulta pública, audiência pública, tanto que, uma das ações previstas pelos Observatórios é o acompanhamento da prestação de contas quadrimestral das prefeituras né e, por muitas vezes, o Observatório tem que forçar, cobrar, oficiar, as vezes até lançar mão do Ministério Público, pra fazer com que o evento de apresentação do relatório aconteça. Muitas... muitos locais acontece no papel né. [...] A gente já viu, inclusive, plaquinhas na sala de licitação de proibida a entrada, né.[...] A gente tem Câmaras de Vereadores em que o plenário é separado... dos vereadores, as, mesas, das cadeiras dos vereadores por vidro até o teto e, só tem um autofalante que vem pra plenário o que os vereadores querem que se ouça, né; então eles apertam o microfone para que o plenário escute ou não, conforme o que eles querem.432

O que o trabalho de campo da pesquisa junto, por sua vez, à Rede AMARRIBO Brasil e da organização não-governamental Amigos Associados de Analândia (AMASA) pode constatar, no que toca à categoria temática ora em consideração, é que as manifestações e percepções dos atores-chave da Rede AMARRIBO Brasil, acerca do fenômeno controle

social da Administração Pública, objeto principal da pesquisa, confluíram, repita-se,

consideravelmente para o quanto revelaram as manifestações e percepções dos atores-chave da Rede OSB. É o que se pode deduzir das manifestações que serão a seguir destacadas.

Sobre uma predominante acomodação coletiva e postura as mais das vezes individualista, vinculando-a a fatores de ordem cultural e a uma ausência de educação para a cidadania:

Na questão da participação popular, eu daria uma nota bem baixa aqui. Eu daria uma nota 4. Por que? Uma é a questão cultural mesmo, né; é a questão de... cada um cuida da sua casa e, a nossa casa é... primeiro a nossa residência, depois a nossa cidade, depois o nosso Estado e depois nosso País e, aquilo. O pessoal acha que ele cuidando da casa dele ali tá bom, mas a gente vivendo em sociedade, numa democracia, hoje não é mais só isso. [...] Por diversas razões: questões culturais, educacionais, tudo isso aí. Se você... a educação, ela tem um papel, ao longo do tempo, de aumentar a participação, não é? O pessoal começa a entender que isso é importante. [...] Você pega algumas cidades que a gente visita as vezes, cê vê olha, cê vê de cara assim que ali teve boa gestão. Teve boa gestão pública, teve boa gestão da coisa e você vai ver que o índice, a participação popular é alta tá.433

432 A situação se repetiu em outro município paulista, a saber, o de Taubaté onde, segundo um dos participantes (o informante-chave S, da Rede AMARRIBO Brasil) da reunião realizada no dia 30 de maio de 2015, na atual sede da AMARRIBO Brasil, foi colocado, na Câmara de Vereadores local, um blindex entre os vereadores e a platéia; “um blindex assim, de fora a fora”.

A gente cansa de convidar as pessoas pra irem a Câmara sabe, acompanhar o trabalho, ir lá cobrar aqueles a quem você votou né. Você votou na pessoa? Vai lá ver se ela está realmente fazendo aquilo que ela tem que fazer. As pessoas não vão viu! Não, não colaboram...[...].434

Eu, eu até ia falar mesmo no geral, porque eu acho que, realmente, como a gente tinha conversado que, ainda tem essa dificuldade de a população entender o que é o controle social, o que é a participação, que isso é um direito deles e, ao mesmo tempo é uma obrigação né. Então, eu acho que a população ainda não tá empoderado desse direito, dessa obrigação deles. Então, eu acho que falta muito isso, não só aqui como em todos os lugares né?435

[...] a gente não tem uma base de formação em participação social, em cidadania, em ética e, quando eu to falando base desde o primário mesmo, desde o jardim da infância, quer dizer, é base, é eu crescer com aquela vontade de participar politicamente como eu tenho vontade de comer, como eu tenho vontade de passear, de viajar, de almoçar, de ir ao banheiro, entende?436

Agora, ainda, nós não temos um número que eu gostaria que fosse muito maior que é cidadãos indo lá ver o seu dinheiro público. Falar: Ó! É o meu dinheiro e eu quero saber o que esta sendo feito, entendeu? Como esse imposto está sendo arrecadado. Sala de transparência. Quero saber porque que a prefeitura gastou naquela terraplenagem, naquela construção de escola. Isso ainda não é praticado no Brasil. Eu gostaria que fosse muito mais. Como reverter isso? Educação.437

Nós achamos que tudo isso, se você realmente não desenvolver esse espírito cidadão, não tiver nas pessoas essa consciência cidadã, nada vai acontecer. [...] Somente um camarada que tem realmente o espírito e a consciência e

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