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CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS

4.5 PARTICIPANTES DA PESQUISA

As participantes da presente investigação foram oito mães e dois avós maternas de crianças atendidas no CIP. Porque as genitoras tinham trabalho formal com carga horária de 8h diariamente, duas avós assumiram a tarefa de levar seus netos para os atendimentos, razão pela qual participaram da pesquisa como responsáveis pelas crianças na Instituição.

Foram convidadas a participar da pesquisa todas as mulheres que tinham crianças incluídas em escola regular, pública ou particular e que residissem em Salvador. Dentre as participantes da pesquisa, apenas uma delas morava em Lauro de Freitas, município situado na região metropolitana, cerca de 40 minutos do centro de Salvador, o que lhe permitia frequentar a Instituição semanalmente. As pessoas que tinham residência em outras cidades do interior do Estado não foram incluídas na pesquisa por três motivos: (a) as mães compareciam na Instituição em período mensal ou bimensal para os atendimentos, o que dificultaria a realização das entrevistas; (b) os conteúdos abordados durante a coleta dos dados demandavam que as participantes estivessem desacompanhadas das crianças, de modo a preservá-las, devido à pouca idade ou à mobilização que as questões poderiam causar; (c) as crianças residentes no interior do Estado eram atendidas por vários profissionais no mesmo dia e isto inviabilizaria que as mulheres responsáveis por elas concedessem as entrevistas, pela indisponibilidade de tempo, já que não poderiam abrir mão de suas responsabilidades para com as crianças.

As crianças atendidas no Centro de Intervenção Precoce (CIP) possuíam de 0 a 5 anos de idade, faixa etária que corresponde à clientela atendida pela Educação Infantil. Do total de trinta mulheres, cujas crianças estavam incluídas nas escolas de Educação Infantil de Salvador e Lauro de Freitas, dez delas mostraram-se disponíveis e interessadas em colaborar com a pesquisa, o que de fato ocorreu. Duas outras mães se disponibilizaram inicialmente, mas não compareceram no dia agendado. Preservar a liberdade de adesão é fundamental para assegurar a

motivação e garantir que as participantes estejam sensibilizadas, tanto para o processo de pesquisa quanto para os temas a serem abordados (GATTI, 2005). A totalização desse número garantiu a proposta inicial de aprofundamento na análise dos dados, ao mesmo tempo em que constitui uma amostra pertinente, por representar 1/3 das famílias que têm crianças incluídas em escola regular.

Não houve exclusão de participantes por causa de questões sociais, econômicas ou familiares, pois se considerou que esses dados poderiam ser variáveis importantes para a pesquisa. A opção por selecionar apenas mulheres foi explicitada na seção 3 e relaciona-se ao recorte de gênero dado à pesquisa, tendo em vista o predomínio feminino nas atividades de cuidado e educação de crianças. Esta realidade aplica-se ao contexto analisado, pelo fato de as mulheres serem maioria, tanto levando as crianças aos atendimentos quanto no acompanhamento do processo de inclusão escolar. Na grande maioria das vezes, na ausência da mãe, outras mulheres, e não homens, assumem a tarefa de cuidar das crianças e educá- las.

Para realizar tal investigação, a abordagem qualitativa mostrou-se mais coerente, conforme foi dito anteriormente. Contudo, alguns dados foram tabulados, no intuito de melhorar a exposição e compreensão da realidade estudada. Dessa forma, somada à análise qualitativa, serão apresentados dados numéricos que foram recolhidos a partir da entrevista e das informações obtidas nos prontuários das crianças, com a finalidade de complementar os achados coletados nas entrevistas. A consulta aos prontuários, que são documentos formais da instituição, mostrou-se necessária, em primeira instância, para levantar quem eram as crianças que estavam incluídas em escola regular, quais os responsáveis por sua escolarização e por acompanhá-las aos atendimentos e quais as possíveis mulheres que fariam parte da pesquisa. Posteriormente, após a realização das entrevistas, os dados obtidos dos prontuários tiveram um caráter complementar na explicitação do diagnóstico das crianças e nas informações referentes ao recebimento de benefícios concedidos pelo governo, tais como BPC10 (Benefício de Prestação Continuada) e a gratuidade no transporte público. Estes aspectos contribuíram para a caracterização das condições socioeconômicas das famílias.

10

Benefício concedido pelo Governo Federal em conformidade com a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), no valor de 1 salário mínimo para famílias com renda inferior a ¼ de salário per capta e que tenham um membro da família com deficiência.

Diante disso, a partir das informações colhidas nos prontuários, quando do levantamento das pessoas que deveriam ser convidadas a participar da pesquisa, foi possível constatar que, no período em que ocorreu a coleta de dados, existiam trinta crianças incluídas em escola regular. A fim de contextualizar o universo do qual se extraiu a amostra, dessas trinta crianças em atendimento no CIP, vinte e sete eram levadas à Instituição unicamente por mulheres. O número de mães que assumiram, solitariamente, essa tarefa correspondia a vinte e três. Nos demais casos, quatro crianças eram levadas pelas avós, ao passo que apenas três eram acompanhadas por mães e pais, simultaneamente ou de maneira alternada, quando os mesmos dividiam essa tarefa. Mesmo nestes três casos em que os pais acompanhavam a criança ao local de atendimento, isso não significava, necessariamente, que eles participavam das intervenções realizadas com os filhos na Instituição. Conforme os registros dos profissionais, nos prontuários, um dos pais costumava aguardar o fim dos atendimentos no carro, sem entrar no CIP, nem participar dos atendimentos que o filho recebia neste local. O outro pai assumiu a responsabilidade de levar a criança, pela impossibilidade da mãe em dar continuidade a essa tarefa, pois o filho tem múltipla deficiência e apresentava sobrepeso, motivo pelo qual a genitora não conseguia mais carregá-lo e transportá-lo no ônibus para chegar à instituição. Pode- se inferir que esses dois genitores assumiam a função de condutores das crianças. Por fim, o terceiro pai realmente acompanhava o filho, dividindo com a esposa essa tarefa e participando ativamente dos atendimentos. A figura masculina, como foi possível concluir, era bem menos frequente no espaço.

Todas as mulheres que acompanhavam as crianças incluídas em escola foram informadas sobre a pesquisa e convidadas a participar, sendo que dez se disponibilizaram e, de fato, concederam as entrevistas. A título de sistematização e visando preservar o anonimato, as participantes foram identificadas pela letra M (de mãe) ou A (de avó), seguidas da numeração: M1, M2, M3, M4, M5, M6, M7, M8, A9 e A10. Os números associados às letras M e A obedecem à ordem de concessão das entrevistas. Nos relatos, constam algumas letras maiúsculas, que correspondem às iniciais dos nomes das crianças ou dos pais, e tal codificação também se presta ao objetivo de manter o sigilo e a não identificação das pessoas envolvidas.

É importante esclarecer que, dentre as informações concedidas por A9 e A10, constam dados sobre as mesmas e sobre sua participação no processo educacional dos netos. Na ausência das mães, que cumpriam jornada de trabalho em tempo

integral, as avós ficaram responsáveis por algumas tarefas, dentre elas acompanhar as crianças ao atendimento especializado. Em função da indisponibilidade das mães, as avós foram ouvidas. Alguns dados sobre as mães serão também analisados, visto que elas estão presentes em casa, participam da rotina dos filhos e são responsáveis legais pelas crianças.

A caracterização das mulheres entrevistadas está apresentada na Quadro 1, que especifica informações como idade, escolaridade, bairro onde residem, situação conjugal e números de filhos. Essas informações fazem parte do primeiro bloco de questões do Roteiro de Entrevista Semiestruturada, que se encontra no Apêndice B.