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Este estudo foi desenvolvido com mulheres adultas jovens, ou seja, mulheres numa faixa etária compreendida entre 20 e 40 anos (SINCLAIR, 2002), residentes no Conjunto Habitacional Novo Barroso, localizado no bairro Passaré em Fortaleza-CE. A escolha desses sujeitos não foi por acaso e decorre de vários fatores que descreveremos a seguir.

As mulheres constituem parcela significativa da população assistida nos serviços de saúde, em conseqüência de vários fatores. Percebemos a existência de mais políticas públicas e programas na área de saúde destinados a elas em relação aos homens, talvez pelas suas necessidades de assistência em saúde (contracepção / ciclo gravídico puerperal, prevenção do câncer de mama e colo do útero). Outro fator coincide com as próprias características das atividades femininas, atribuídas culturalmente dentro de um processo histórico; às mulheres cabe a responsabilidade pela casa e pela criação dos filhos, enquanto aos homens impende o sustento do lar e da família. Assim, as mulheres também teriam “mais flexibilidade de horário” para serem atendidas nos serviços de saúde, em relação aos homens.

Percebemos que a mulher sempre esteve socialmente em posição desigual. Isto vem se modificando nas últimas décadas, pois as mulheres conquistam cada vez mais direitos e espaços nos campos de trabalho, mas essa desigualdade ainda é presente em nossa sociedade, principalmente nas classes sociais menos favorecidas.

Outro motivo para a escolha de mulheres como sujeito deste estudo foi a própria aproximação da pesquisadora principal do estudo a essa população no decorrer de sua vida profissional. As mulheres do Conjunto Novo Barroso foram escolhidas pelo fato de ser junto

a esta comunidade que atua a pesquisadora principal, na qualidade de enfermeira da ESF de Fortaleza, prestando assistência em saúde da mulher.

Em nosso estudo, formamos um grupo de mulheres da comunidade, onde foram desenvolvidas conjuntamente atividades educativas em saúde, pautadas no diálogo, necessidades e realidade dos envolvidos com enfoque na sua Promoção da Saúde. Delimitamos um número específico de participantes para compor o grupo de mulheres e participar das atividades educativas propostas no estudo e recorremos à literatura para nos auxiliar nessa delimitação. Encontramos nas referências de Loomis (1979) que o ideal é um grupo ter no máximo 12 participantes, pois, acima disso, o atendimento das necessidades dos membros poderá ser prejudicado, assim como pode dificultar a coordenação e até ser um fator antiterapêutico.

Para selecionar as mulheres participantes do grupo, solicitamos que cada um dos três ACSs da equipe “lilás” convidasse quatro mulheres de sua microárea de atuação, que estivessem em numa faixa etária compreendida entre 20 e 40 anos e que quisessem participar das atividades educativas. Assim, pretendíamos formar um grupo com no máximo 12 mulheres. Confeccionamos um convite apresentado na figura 2, que foi entregue às mulheres pelos ACSs.

Figura 2 - Convite entregue às mulheres para participar do grupo.

Fonte: construído pela autora.

No decorrer dos encontros, as próprias participantes convidaram outras mulheres para comparecerem aos encontros do grupo. O número de mulheres participantes do grupo foi

flutuante, pois algumas não permaneceram durante todo o processo, por questões pessoais, como separações conjugais, mudança de domicílio e retorno ao trabalho. Onze mulheres permaneceram, contudo, no grupo até a finalização do processo proposto nos encontros, que serão detalhados mais adiante. Estas mulheres foram os sujeitos deste estudo.

Também foram parceiros do estudo os três ACSs da equipe “lilás”, que são mulheres jovens e residem na ambiência de estudo. Sua participação foi ativa e igualitária em todo o desenvolvimento dos encontros do grupo, tendo direito à tomada de decisões. Diferentemente das mulheres que participaram do estudo, todavia, a participação dos ACSs esteve voltada para apoiar e auxiliar a pesquisadora na condução e coordenação do processo grupal, desde a seleção das mulheres que iriam participar do grupo até a divulgação dos resultados obtidos com a parceria.

4.3.1 O nascimento do grupo de mulheres

O primeiro encontro do grupo de mulheres do bairro Novo Barroso foi agendado para o dia 01 de julho de 2009, às 14 horas no auditório do CSF Janival de Almeida Vieira. Os ACSs convidaram doze mulheres jovens para participar do encontro. Compareceram, porém, apenas três mulheres na hora e local agendados, que foram acolhidas pelas ACSs e pela pesquisadora. Em razão desse acontecimento, reuniram-se no local, pesquisadora, ACSs e mulheres, para repensar sobre o encontro. Na roda de conversa, essas mulheres manifestaram sua dificuldade em comparecer ao CSF no horário da tarde, por fatores como o clima quente neste horário, o risco de assalto e a distância do bairro onde moram até o CSF.

As mulheres manifestaram interesse no fato de que os encontros acontecessem na própria comunidade. Desse modo, em data posterior, ocorreu nova reunião entre pesquisadora e ACSs para planejar o encontro seguinte, inclusive para convidar novamente as mulheres para participarem do grupo. Após a discussão da equipe, chegou-se à conclusão de que seria melhor realizar os encontros no Bairro Novo Barroso, local onde as mulheres residem, pois a distância até o CSF é de aproximadamente 2,5 km. Após essa decisão, entramos em contato com uma líder comunitária, para investigar a disponibilidade da sua residência para a realização dos encontros, visto tratar-se de um local amplo, que dispõe de cadeiras e mesas, pois também funciona como um bar, nos finais de semana. Esse local é bem situado no bairro,

em uma das ruas principais do conjunto, e é onde ocorrem os encontros do grupo de idosos, que durante o mês de julho estaria de férias. A líder comunitária cedeu esse espaço para realização dos encontros do grupo de mulheres.

As ACSs convidaram novamente as mulheres para o grupo, mas, desta vez, sugerimos alguns nomes de mulheres jovens, que já haviam participado de grupos de gestantes, ou que acompanham seus parentes no grupo de idosos do bairro, e que, provavelmente, aceitariam o convite para o grupo de mulheres. Então, foram entregues novamente convites às doze mulheres selecionadas, tanto pelos ACSs quanto às indicadas por nós.

No primeiro encontro na comunidade, compareceram 11 mulheres, que optaram por efetivar os encontros todas as quartas-feiras no horário da tarde, no bar ‘Diamante Drinks’, um local de fácil acesso na comunidade e se comprometeram a participar de todos os encontros. As mulheres acharam interessante a proposta de criação de grupo e ficaram interessadas em saber tempo de duração do grupo, pois ficaram animadas com a proposta. Em resposta, informamos que essa decisão sobre a permanência do grupo dependeria das participantes durante o desenvolvimento dos encontros.