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1. REPERTÓRIO AVALIADO

3.1 PASSOS INICIAIS E PRIMEIROS IMPACTOS

No SEMESTRE I, conforme já colocado no primeiro capítulo, foi um semestre atípico em relação à ID de SI-Teclado. Houve a escolha, por parte dos alunos, para estudo de um dos instrumentos oferecidos no curso – Teclado ou Violão – e, devido ao fato de os instrumentos musicais e demais materiais integrantes do “kit polo” não terem chegado ainda nos onze polos, não houve a prática propriamente dita no instrumento. Foi necessária a reformulação dos conteúdos inicialmente previstos, para um modo mais genérico e com informações gerais, tratando dos instrumentos, mas não em sua execução efetiva. Consequentemente, pelo conteúdo mais teórico e auditivo deste primeiro semestre, a avaliação teve um formato diferente daquela empregada nos semestres posteriores, não havendo gravações de performances na

prova N2, como aconteceu nas seguintes. A primeira N2 foi uma prova em formato de moldura para questões de múltipla escolha, em que no momento da prova foram dados exemplos de áudio e vídeo diferentes em cada polo, para que o aluno colocasse resposta única em um gabarito. Ao final do período, houve a apresentação do E-Book Teclado e suas funcionalidades, que seriam utilizadas nos semestres seguintes. Muitos tinham pouco ou até mesmo nenhum acesso à tecnologia, visto que em 2008, isso ainda era consideravelmente restrito e ainda não circulavam celulares e tablets com acesso à rede, como hoje. Vale dizer, por exemplo, que uma das cidades que sediou um dos polos do PROLICENMUS teve acesso à rede de internet, apenas e justamente, mediante as necessidades do curso. Isso porque a Prefeitura Municipal dessa cidade havia feito convênio com a UFRGS e tinha grande interesse no projeto. Sendo assim, havia dificuldade até para as outras IDs, devido à falta de computadores nas sedes dos polos, mas muito mais para Teclado, que trazia arquivos pesados de áudio e vídeo em maior quantidade. A utilização de laboratórios de informática criados nas escolas foi uma saída, mas geralmente os alunos não tinham prioridade de uso, dispersando-se. Além disso, a necessidade de configurações e de instalação de programas específicos do curso, nas máquinas, nem sempre eram permitidos e/ou possíveis. Todo esse cenário acabava dificultando esse início do projeto.

Interessante notar que, nos conceitos desse semestre vistos na Figura 32, a tabela de porcentagem com o gráfico referente mostra extremos de percentual, sendo conceito B como maioria e D como minoria. Entre esses, C em maior proporção que A. Em abrangência geral do semestre, o conceito foi B com a média de 8,01.

Fonte: SCHULTZ, 2017.

Em relação aos conceitos atingidos pelos alunos no Semestre I, pode-se supor que o formato da prova N2, em que não precisaram fazer gravação da execução prática no Teclado, foi um fator determinante para que a maioria dos alunos tivessem obtido conceitos A e B e média geral em B (8,01). Os conceitos C e D se justificam possivelmente pela falta de habilidades tecnológicas e pelas dificuldades de adaptação enfrentadas nesse primeiro semestre. E porque não levar em consideração o choque que muitos alunos já a certo tempo, atuantes como professores, tiveram ao estarem na posição de alunos novamente? Muitos já possuíam outras graduações em áreas diversas, enquanto outros estavam em sua primeira graduação. Assim, os bons resultados deste semestre, em termos de conceitos N2 acima da média (apenas 6,19% foram abaixo), não podem ser consideradoscomo diretamente relacionados ao programa de provas práticas.

O SEMESTRE II foi o primeiro semestre de contato efetivo com o instrumento. Com uma abordagem que quebrava paradigmas predominantes no ensino tradicional de Piano, o início do contato com o instrumento se deu por teclas pretas com leitura de notas em bigramas, trigramas e posteriormente em pentagramas. A execução da prática instrumental simultaneamente individual e coletiva, utilizando-se da voz com acompanhamento no instrumento, desde o início, foi primordial para os alunos perceberem a abordagem que se daria ao ensino de instrumento musical, no PROLICENMUS. Algumas observações pertinentes são importantes destacar neste semestre, tais como: houve uma grande quantidade de informações em relação à prática instrumental, o que de imediato o torna diferente do semestre anterior; logo de início da prática no instrumento, foram ofertadas aulas assíncronas e, assim, a

compreensão e a automatização dos alunos em relação às UEs no Moodle que, por sua vez, se direcionavam para o E-Book Teclado foi logo estabelecida como obrigatória. Observou-se, que a falta de organização e de impressão dos materiais necessários para o estudo e as ausências ou baixa frequência nos polos, por motivos pessoais, estabeleciam um clima de tensão, com alunos nervosos e ansiosos diante da primeira gravação da N2. Como neste semestre era sugerido a edição do vídeo da N2, alguns queriam regravar muitas vezes a mesma peça, para usarem apenas sua melhor performance. Parte dos alunos teve dificuldade em se adaptar ao processo e houve a falta de disciplina no estudo diário. Muitos alunos não tinham vivência musical e, por serem adultos, apresentavam dificuldades para a parte técnica em relação à fisiologia das mãos. Muitos deles também trabalhavam muito, dando aulas em vários turnos, sendo que muitas vezes era visível seu cansaço, sua exaustão mesmo, e a falta de ânimo quando iam ao polo para a prática coletiva, após a jornada do trabalho. Acredita-se que, devido ao fato de o primeiro semestre ter sido mais light, no que se refere ao tempo de estudo diário, muitos já tinham seus horários de trabalho definidos para todo ano, tendo assumido mais do que seria adequado. Assim, quando chegou o segundo semestre e nele foi necessária maior dedicação para estudos, isso não ocorreu.

Já outros alunos, com maior vivência musical, não se preocuparam tanto com sua dedicação, achando desnecessário estudar o material oferecido. Acontece que, como ele foi o exigido para a N2, saíram-se muito mal na prova, tendo seus conceitos notoriamente baixos em relação à capacidade de cada um deles. Em relação ao repertório oferecido no semestre, no total de 36 peças técnicas e de acompanhamento não contando as repetições para transposição de harmonização, nota-se grande variação em tamanhos pequenos e médios. No repertório N2 foram oferecidas onze peças à livre escolha, sendo obrigatório a gravação de duas mais escalas e encadeamentos. Esse repertório continha peças solos com exigências técnicas e também acompanhamento, em que o aluno cantava e se acompanhava em tonalidades maiores e menores. Tal experiência foi um tanto impactante, considerando que cada semestre englobava quinze semanas, incluindo a N2, e reunia muito conteúdo novo para todos. Logo, sem dedicação diária, parte dos alunos não conseguiu atingir as habilidades em um patamar elevado suficiente, o que poderia ter sido adquirida facilmente, se tivessem seguido as orientações semanais das UEs.

Outro fator relevante foi a não aquisição, por parte dos alunos, de seus instrumentos, havendo necessidade real de praticarem no polo. Obviamente, havia muitas faltas e a prática não era diária. Com relação aos critérios de avaliação, pode-se dizer que este foi bem livre, sem sistematização rigorosa de cobrança para com os alunos e sem incluir a qualidade de som e imagem dos arquivos gravados.

Em relação aos conceitos deste segundo semestre, verifica-se uma elevação muito considerável na porcentagem de conceito D, sendo 63% dos alunos, como pode ser observado na Figura 33. Todos os demais conceitos caem em relação ao semestre I, ou seja, todos os conceitos recuam na direção do D. Por estar abaixo da média, seria melhor que esse movimento tivesse sido na menor porcentagem possível. Entende-se que o conjunto de dificuldades apontadas tenha sido a causa do observado: no cômputo geral, este é o semestre com o menor conceito geral da N2 de SI-Teclado do PROLICENMUS com D e a média 5,28.

Figura 33: Gráfico das porcentagens dos conceitos N2 – Semestre II

Fonte: SCHULTZ, 2017.

Afirma-se, que a queda significativa dos conceitos N2, no Semestre II, deveu- se: ao início da prática instrumental efetiva e diária, fato novo no cotidiano da maioria dos estudantes e de cuja necessidade ainda não estavam suficientemente convencidos; à gravação na N2 em áudio e vídeo, gerando ansiedades em relação à captura e ao registro de feitos individuais; à falta de dedicação a essas práticas por boa parte dos alunos; às dificuldades de irem até o polo; e à falta de instrumento próprio. Todos esses foram fatores determinantes para a contração dos conceitos

observada. Mesmo tendo sido explicado exatamente como seria a prova, por qual repertório poderiam optar dentre as peças oferecidas, muitos não se conscientizaram de que o tempo estava passando e que, ao final do semestre, próximo a data da N2, realmente não haveria tempo hábil para que se sentissem confortáveis e seguros para a gravação. Neste semestre, mesmo com a N1 e a N3, alunos já foram desligados pelo fato de não conseguirem média, mesmo com as Recuperações e a realização de Pendência. Poderíamos dizer que foi um momento duro, no percurso do curso em relação a ID SI-Teclado; mas, por outro lado, extremamente elucidativo, pois esse susto foi necessário para que os alunos refletissem e tomassem decisões disciplinares mais sérias para os semestres seguintes.

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