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3 AINÁS, NZINGAS, NGAMBELES E OUTRAS MENINAS LUAS

3.4 A PATROA X A MÃE SOLO NEGRA

Cris é uma mulher negra de 28 anos, mãe de um menino de 6 anos e uma bebê de 2 meses. Diferente de todas as outras mulheres que entrevistei, Cris é a única que finalizou toda a escola. Ela também mora mais distante do projeto, no Malhado. Não cheguei a entrevistá-la no núcleo; nossa entrevista foi em sua casa, junto com sua mãe, Lúcia, de 46 anos, no dia 15 de março de 2019. Como Amanda, Cris também morou em São Paulo por um período. Logo no início da conversa, sua mãe relatava as diferenças entre criar um filho aqui e em São Paulo.

Ah, porque a Bahia é mais a cultura da gente, é acostumada a ser criada todo mundo junto. A gente não tem pai e mãe. A gente tem pai, mãe, tio, primo. A gente não tem irmãos, tem primos. E criados com primos também. Então, como eu mesma quando era pequena, eu fui criada por minha avó, com minha mãe, meus tios.. Então todo mundo mandava, todo mundo alimentava, todo mundo educava. Mas só tinha o pai e mãe que responsabilizava. E também tinha vezes que até os tios, os avós se responsabilizavam pela gente. Então a gente já tem essa cultura aqui, em São Paulo não… As pessoas são mais para trabalho, então tem de ter esse sistema, para ter um filho você tem de botar ele na creche, só se você optar por não ter filho ou não trabalhar.” (Lúcia)

Logo em seguida, comentei que essa realidade nem sempre ocorre, pois entre as mulheres do Projeto Sementinha temos situações como a de Amanda. No relato de Lúcia, percebe-se como ela utiliza do seu passado para comparar com a realidade em uma grande capital como São Paulo, o que explicaria políticas para crianças mais eficazes, já que lá “as pessoas são mais para o trabalho”. Todavia, é perceptível que a precarização do trabalho e altos índices de desemprego, em pleno capitalismo globalizado vem expandindo seus territórios e alterando inclusive comunidades com valores morais e costumes não calcados no paradigma do liberalismo ocidental, assentado na ideia da centralidade do indivíduo. Vale ressaltar, que na história de vida anterior, Amanda relata uma carência de redes de apoio mesmo sendo originária de uma família de terreiro, na qual o senso de comunidade e responsabilidade para com as crianças são significativamente mais amplas que a das famílias brancas ocidentais. O afastamento dessa lógica pode ser observado com a saída de Amanda da casa da mãe, lugar onde ela fala que “tinha sempre muita gente”, o que impedia sua “privacidade” e com o pai se tornando evangélico, uma religião que condiz com a lógica do capital e da prosperidade.

Comentei com Lúcia como precisarei me mudar com minha filha para outra cidade, mas não terei com quem a deixar para estudar, e que no dia anterior a entrevista tinha levado ela para o estágio-docência na universidade pública da cidade. Lúcia respondeu que essa realidade, mediante a um cenário sem creche, é difícil para a mãe e para a criança que “uma hora dessa quer ter tá dormindo a vontade, que tá relaxado, muitas vezes quer tá brincando. [...] Tem que ficar ali naquele lugarzinho. Porque você sabe que você tem seu horário tem de ficar quietinha, e eles? Que não tem esse entendimento?”. Lúcia, estudou até a 8ª série pois “não teve mais paciência para terminar”. Atualmente ela reside em Sambaituba, distrito de Ilhéus, localizado à mais de 17 km do Malhado. Muito animada com nossa conversa, prontamente me contou sua história de vida.

‘Eu sou do lar. Eu era manicure né? Quando elas eram pequenas. Eu tenho ela e tenho outra. Mas hoje não, eu sou mais doméstica. Faço uns biquinho, né? De vez em quando. Agora mesmo, eu vou ser cuidadora lá em Salvador. Vou ficar com uma pessoa que vai fazer cirurgia. É assim, o que vem a gente vai dando né. [...] Minha avó era feirante, minha mãe até hoje é. Eu também trabalhei 25 anos, criei ela e a outra, porque o pai dela morreu. Ela tinha 7 meses e eu tinha 16 anos. Aí eu parei o estudo, fui criar ela, fui trabalhar na casa dos outros, né? Então, na casa dos outros ficava muito ruim para mim trabalhar. Aí minha mãe ficou falando, “não você tem de fazer alguma coisa”. Você tem de aprender alguma profissão, para você trabalhar, para você ganhar seu dinheiro e você poder levar sua filha. Aí, minha irmã fez um curso de manicure, aí minha irmã começou a fazer unha. Eu falei assim “eu vou aprender também”. Mas eu aprendi na marra! Eu falei “o quê? Não vou fazer curso, não tenho dinheiro para pagar curso. Então, o que eu vou fazer? Vou aprender na marra.” Minha mãe comprou uns esmalte, comprou um alicate. Eu cobrava para tirar bife (risos).’

Lúcia relatou que Cris sempre foi boa filha e nunca lhe “deu trabalho”. Quando ela trabalhava na feira e a menina chegava da escola, tomava banho e chamava a mãe: “mãe, mãe, minha hora da escola mãe!”. Lúcia também me contou que a filha sempre gostou de cachorro, ela queria muito fazer veterinária quando era pequena. Mas segundo Cris, seu sonho antes de ser mãe, era fazer faculdade, agora é ter uma casa. Ver a filha na faculdade também era o sonho de Lúcia que sempre pergunta à filha: “Cris, você não vai fazer faculdade?”. “Acho que o sonho foi mais meu que dela”, ela lamenta. Cris sempre teve notas muito boas, mas depois que começou a trabalhar em Porto Seguro ela me disse acreditava que “perdeu o foco de estudar de novo”.

“E ela achava assim… Quando ela fosse trabalhar, quando ela acabasse o colegial, ela ia iria ter um emprego bom. Então o primeiro bom para ela, ela pegou de camareira, numa pousada, entendeu? Foi o que ela achou. Então ela ficou… Teve uma decepção, “poxa estudei tanto, me esforcei tanto…” Que ela era uma boa aluna. [...] Ela falou: “mãe eu me esforcei tanto, cheguei aqui e só achei isso”. Eu falei: “Cris, quando você fizer a faculdade, aí você vai ter o doutorado, você vai ser… Você vai ganhar mais… Você vai ter a credencial, né? Você ter certificado.” (Lúcia) Cris já namorava “há um tempão” com o pai do seu filho mais velho e ambos não conseguiram emprego quando terminaram a escola. A irmã do pai convidou eles para morarem em São Paulo. Ele então foi primeiro e ela depois, com uma proposta de trabalhar cuidando de suas crianças recebendo em troca, o custeio das despesas de uma faculdade. Assim, Cris deixou Ilhéus e foi morar num quartinho nos fundos de uma família, em São Paulo, esperando poder estudar pela noite e cuidar das crianças de dia. A faculdade ficava “uma rua à frente”. Ela ganhou até um lápis e um caderno, mas nunca chegou a pisar os pés

naquele lugar. “Oxe! Qual? Era exploração minha filha, eu acordava cedo, cedo! O galo cantando e dormia super tarde”, me contou Cris. Ela ficou dois meses trabalhando e nunca foi paga pelo serviço:

“Aí quando foi um dia ela foi para uma festa mais o marido dela. Eu lá no quarto já deitada, escrevendo algumas coisas, porque eu sempre gostei de escrever assim. Eu tô vendo aquele silêncio. Aí entrei lá, quando eu entrei dentro da casa, ela tinha ido para a festa com o marido dela e me deixou sozinha com as criança dormindo. Ela não me avisou, não falou nada. Eu achei aquilo ali um absurdo. Portão trancado, tudo trancado. Parecendo que eu tava presa. Eu falei, “ah não”. Me desesperei mesmo. Eu falei “não, não vim para cá para isso”. Ai eu fui liguei para minha tia, liguei para Alexandre, ai eu falei o que tinha acontecido. Aí ele falou “não, amanhã eu vou ai te buscar, isso não pode acontecer mesmo não”. Arrumei minhas coisa, quando ela chegou tava tudo arrumado.” (Cris)

A dona da casa em que Cris trabalhou, era muito conhecida “de uma ex-patroa” de Lúcia. Apesar das promessas, Cris nunca frequentou a faculdade, nem foi paga pelo seu trabalho, pelo ao contrário, se viu literalmente presa dentro da casa “de sua patroa”, como ela a chamou. O costume de “pegar alguém para trabalhar”, como assim é amargamente nomeado, ainda é comum na Bahia. Geralmente essas pessoas são mulheres jovens de famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que vão morar em um quartinho isolado da casa de seus “patrões”, com a promessa de estudar ou algo correlato. Não é incomum que essas moças acabem nunca estudando e/ou não sejam pagas pela desculpa de estarem tendo “onde morar e comer”. Mas não era assim que funcionava a dinâmica do trabalho escravizado? Se ao final do encontro com Amanda lembramos de nossas bisavós, refletindo como o processo de escravização está próximo de nós, pelo relato de Cris, trauma coloniais (KILOMBA, 2019) são revividos e trazidos para o presente. De repente, “patrões” se tornam sinhás/senhores simbólicas/os e negras/os através do insulto e da humilhação tornam-se escravizadas/os figurativas/os” (KILOMBA, 2019, p. 157).

De repente, o colonialismo é vivenciado como real- somos capazes de senti-lo! Esse imediatismo, no qual o passado se torna presente e o presente passado, é outra característica do trauma clássico. Experiencia-se o presente como se estivesse no passado. Por um lado, cenas coloniais (o passado) são reencenadas através do racismo cotidiano (o presente) e, por outro lado, o racismo cotidiano (o presente) remonta cenas do colonialismo (o passado). A ferida do presente ainda é a ferida do passado e vice-versa; o passado e o presente entrelaçam-se como resultado (KILOMBA, 2019, p. 158).

A partir desta conversa, dialogamos sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), creche e auxílio estudantil nas universidades. Nem Cris, nem sua mãe, sabiam sobre

a existência destas políticas públicas. Nesta situação, a universidade pública por vezes se apresenta como um sonho distante para a/o jovem que necessita ter uma renda para se manter ou ajudar em casa, e ainda mais distante, para uma jovem mãe, que possui responsabilidades sobre sua cria. O desconhecimento acerca de políticas de acesso ao ensino superior e de permanência, e a necessidade de horários mais flexíveis (como cursos noturnos) fazem com que muitos jovens sequer vislumbrem a universidade pública como uma possibilidade, almejando uma faculdade particular ou buscando ingressar direto no mercado de trabalho.

Em meio a esta conversa, Cris relatou que deixaria seu filho mais velho com sua mãe caso fosse aprovada em uma universidade. Perguntei se ela tinha namorado e ela respondeu que “graças a deus não”. Sua mãe respondeu que “homem dá mais trabalho que criança”. “Perturba menina! Enciúma, às vezes por nada”, falou Cris. Lúcia ainda acrescentou: “tira sua liberdade”.

“Oh, eu saio aqui, eu vou para casa de minha mãe, eu fico lá dois, três… Se eu ficar lá um mês, eu só não fico porque Marcos tá estudando. Eu fico, vou para casa de minha avó durmo lá, acordo no outro dia, fico lá de bobeira. [...] Aí eu vou na casa da minha tia que mora no Banco, fico lá mas minha prima, que tem um nenénzinho que é quase da idade de Mirela. Ninguém perturba, ninguém me liga, ninguém fala… Eu cozinho na hora que eu quero, faço as coisas dentro de casa na hora que eu quero. Só eu e meus filhos. Acho que incomoda muito e pega muito no pé. Eu já fui casada, eu fui casada 5 anos.” (Cris)

Para Cris, naquele momento, não estar em um relacionamento com um homem era uma forma de liberdade. O homem aqui aparece como um entrave para exercer uma independência mais do que uma criança. Cris comentou que começou a namorar quando ainda estava na escola. Segundo ela, o pai de seu primeiro filho queria casar nessa época, mas ela respondia: “Não! Primeiro eu vou estudar, meu foco é minha escola!”. Ela agia da mesma forma com os convites para “sair de casa”. “Não, eu tenho prova!”, respondia ela. Cris relatou que chegou a levar sua irmã para a sua escola duas vezes quando sua mãe estava trabalhando para não perder aula. “Eu achava muito daora, final do ano e eu ter aquele boletim dizendo que eu fui aprovada”, contou Cris. Lúcia então, me explicou emocionada o incentivo da filha:

“Ela tinha um objetivo nela. Porque quando o pai dela morreu, o avô dela abandonou entendeu? Ele falou assim “eu não vou sustentar filho dos outros”. E ele falava assim que eu não ia saber criar ela (chorando), que ela ia ter o destino que eu tive, não ia estudar … Ia engravidar cedo… Ia ter o meu destino, né? Que hoje eu não tenho uma formatura, eu faço bico, mas… E aí ele sempre tava me humilhando, ela foi crescendo sabendo disso… Aí ela já cresceu com aquela meta de “eu vou mostrar para todo mundo que minha mãe….” Sabe? Ela queria me prestigiar de algum jeito

que ela via a mãe que eu era. Eu sempre vivi pelas minhas filhas, até hoje eu vivo para elas. Meu objetivo é elas. Meu alvo é elas. Primeiramente deus e segundamente elas. Tudo o que eu faço é para minhas filhas. Se eu mudo o caráter é para minhas filhas, se eu mudo de personalidade é para minhas filhas. Para elas ter orgulho de mim, para elas não terem vergonha. E nisso aí eu acho, eu creio que eu sou uma boa mãe, de bem… Então aí ela tinha aquela meta. Então ela se esforçava. Foi tanto que no dia que ela pegou o comprovante que ela acabou os estudos, a primeira coisa que ela fez foi pegar esse certificado e lá para casa do avô e passar na cara do avô. “Você falou que minha mãe não ia me criar, aqui ó. Acabei os estudos. Minha mãe me criou.” Quando ela casou mesma coisa. Ela teve filho com 22 anos. E assim, um filho que ela planejou… Ela ainda ligou para mim já morando junto com ele e eles foram para São Paulo.” (Lúcia)

Lúcia deposita em seus filhos uma espécie de redenção de sua situação socioeconômica, o que Cris fez questão de vingar, “passando na cara do avô”. Na maioria dos relatos de maternidade com os quais tive contato, há uma grande ausência não só da figura paterna, mas dos avôs no que tange a responsabilidade com as crianças. No caso de Lúcia, mediante a morte do pai de Cris, o avô toma para si o “papel” do abandono paterno, intensificando essa ausência já posta e dificultando a experiência de maternidade de Lúcia. Diferente dos avôs, em todos os relatos há a presença das avós, que mesmo após seus filhos chegarem na idade adulta, voltam a se dedicar aos cuidados com as crianças da família. Pode-se observar o processo de subjetivação dessas mulheres pelo dispositivo materno (ZANELLO, 2018).

Sendo assim, pode-se observar que, no Brasil, os cuidados e responsabilidades com as crianças são impostos sempre às mulheres (mães, avós, babás e professoras), visto que homens conseguem abandonar tranquilamente seus filhos biológicos, empurrando para as mulheres estas tarefas. O pai da filha mais nova de Cris não “deu assistência alguma” durante a sua gestação e exigiu um exame de DNA antes de registrar. Cris relatou que achou um “absurdo” a atitude dele, mas acabou não precisando realizar o exame, pois o bebê era parecido com o pai. “Também dessa cor... Chocolate. Chocolate da vovó!”, brincou Lúcia com a bebê. Cris também relatou que ele não paga mensalmente a pensão alimentícia, mas que, quando ela fala que precisa de algo, ele “vem e traz”. Conversamos então sobre a criação dos pais, enquanto mães, observando que em uma situação em que ambos genitores não possuem renda, a responsabilidade financeira ainda recai sobre a mulher, como no caso de Cris.

‘Eu nunca tive filho homem, mas eu tive irmão, eu criei meus irmãos. Eu tive filha mulher, então eu fui mais focada. Então eu jamais eu permitiria que alguém machucasse minhas filhas. Uma vez mesmo, em uma ocasião, meu irmão. Meu irmão eu mais amava, ele até me chamava de mãe, ele pegou e bateu na menina, ele foi e bateu a porrada nele e machucou ele feio. Aí ele veio se fazendo de vítima para mim, dizendo que ela que tinha machucado ele. Eu falei “uh, coisa boa”. Eu falei “quando? Eu queria tá lá também para ajudar e ainda te meter porrada”. “oxe, você

minha…”. Eu falei, “pois é, se alguém me bater que que você faz?” “vixe, eu mato, eu esfolo”. Eu falei, “que bonito, quer dizer que eu ninguém pode tocar, mas ela pode ser tocada? Se eu tivesse eu te arregaçava também.” [...] Meu irmão eu não aceitava. Hoje mesmo eu tenho irmão com negócio de pensão, “tem que dar meu irmão, sua filha seu sangue. E se fosse comigo, você gostaria que alguém me deixasse grávida.”’ (Lúcia)

Lúcia então me disse que ela vê “de um ponto de vista humanitário, fraternal” a situação de mães. Se compreendemos que a palavra fraterno vem de um sentimento de afeição e cordialidade com um/a irmão/ã, podemos afirmar que Lúcia se coloca no lugar de outras mulheres e compreende a necessidade de uma política de defesa destas. Assim, expliquei para Lúcia e Cris como funciona a pensão alimentícia93, apontando que quando o pai não tem como pagar, a responsabilidade é posta para os avós, frisando que caso falte algo para os filhos de Cris quem acaba por arcar é sua mãe e que o mesmo poderia ser cobrado para “eles” (pais). Pela sua lógica de igualdade por semelhança, a partir do lugar de avó, Lúcia então disse que “a mãe tem culpa do filho também não arcar com suas responsabilidades”.

Para Lúcia, se ela como a “mãe da mãe” tem de contribuir financeiramente mediante a falta de renda da filha, a mãe do pai deveria também ter essa política. Da mesma forma, ela frisa a importância da responsabilidade da educação para que seus filhos não se tornem agressores, assim como não gostariam que “machucassem suas filhas”. Apesar da supressão do avô nesse relato, essa não é uma fala desigual no quesito gênero em si, se levarmos em consideração que todas nesta conversa falam a partir de uma vivência de mãe solo pedindo coerência de outras mães solo, mães de pais. Assim, podemos interpretar a narrativa de Lúcia como uma política de prevenção do futuro: nós, que aqui no presente, estamos passando por esta situação, temos de educar nossos filhos homens para nos proteger e proteger nossas filhas, pactuando entre mulheres.

A situação de Cris explicita a vulnerabilidade em que vivem mães solo. Ela aponta como sua realidade atual é diferente da que experienciou quando estava com o pai do seu filho mais velho:

“Ah, porque do Marcos para Mirela é totalmente diferente. De Marcos, eu namorei, eu noivei, eu ca sei e Otávio a gente quase da mesma idade, eu tenho 28 e ele 27. A

93De acordo com o Art. 1698 da Lei 10406/02 que institui o Código Civil: “Se o parente, que deve alimentos em

primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.” Informação disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 14 de jan. de 2020.

gente construiu tudo junto. Aí a gente teve o Marcos, casamo, fomos morar em São Paulo. Então tudo que entrava dentro de casa era eu e ele. Mesmo eu não trabalhando eu ajudava, eu fazia um bico. E ajudava em questões de, quando você é mulher você administra, você mantém. Se você não mantém você extrapola, gasta lá e falta cá. Então tudo que a gente fazia era junto. Não deu mais certo, a gente terminou, cada um seguiu o seu caminho e aí eu vim para cá para Ilhéus, morar mais minha mãe. Pensando em refazer a vida, trabalhar e tal. Aí eu me envolvi com José, a gente não namorava, não tinha um relacionamento sério, a gente ficava. Quando eu fui falar para ele que eu tava grávida, ele me disse que que tava para casar. Sendo que eu nem sabia que ele tinha nem ninguém, eu pensava que ele só ficava comigo. Aí aquela perturbação. Aí depois que eu tava com três meses, ele casou. Quando Mirela tava com 8 mês ele foi falar para a mulher dele que tinha uma pessoa