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pelas quais tinham sido concedidas aos reis de Portugal todas as ilhas e terra firme descobertas e por

3º Capítulo: O Contexto Político Ibérico no Final do Século

pelas quais tinham sido concedidas aos reis de Portugal todas as ilhas e terra firme descobertas e por

descobrir desde os Cabos Bojador e Não, por toda a Guiné até à Índia bem como a jurisdição espiritual delas à Ordem de Cristo.

269 SOUSA, M. F. Barros de, Visconde de SANTARÉM, Quadro Elementar das Relações diplomáticas de Portugal com as diversa potencias do mundo desde o principio da monarquia até aos nossos dias.

Ordenado por Academia Real das Sciencias de Lisboa, Madrid, Nápoles, Correspondente do Instituto Real de França, e dos Paizes Baiios,etc.Tomo I, Impresso por ordem do Governo Portuguêz em casa de J.P. AILLAUD, Quai Voltaire, nº 11. Pariz: 1842. p.385-386.

270 GÓIS, Damião de, Crónica do Príncipe D. João, Edição critica e comentada, Graça Almeida

Rodrigues. Universidade Nova de Lisboa, série Investigação, cap. CIIII, pp. 214-216; A.N.T.T. As

Gavetas da Torre do Tombo, Tomo II, pp. 939-941, 613, 11-24. Carta enviada pelo rei a 27 de setembro

de 1477, onde explica ao rei de França a sua vontade de professar.

271 Quer chegar ao Oriente por terra e apoderar-se da Rota da Seda. Por essa razão envia mensageiros à

Conclusão

Eça de Queiróz questionou-se sobre a diplomacia “o que consistia a diplomacia?

Concluindo que não passa de outra forma de ociosidade, passada no estrangeiro, com sentimento constante da própria insignificância. Antes o Chiado! ( in “ os Maias”)272.

Em certa mediada, a realidade histórica do século XIX era diferente do período que estudámos. Podemos considerar a diplomacia deste século como uma diplomacia de pena, sustentada por personalidades cujo único ofício era ser “embaixador”. Os grandes temas, e os enredos da política eram discutidos nos salões de uma nobreza decadente ou de uma burguesia materialista, embora letrada.

A Idade Média construiu uma diplomacia de pena e espada273, cujos resultados podiam ser decididos tanto nas cortes dos reinos como no campo de batalha. Os nossos embaixadores não tinham o “ofício” definido. Como homens da corte, ao serviço do rei, exerciam as mais variadas funções. É certo que tanto os Clérigos como os Nobres, deveriam permanecer nas “boas graças” do rei, servindo-o com eficiência e lealdade, do que dependia a sua subsistência e poder. Eles sabiam que tudo isso fazia parte do jogo, porquanto os vemos ao serviço da Côroa ao longo de vários reinados. Era necessário, citando a ideia de Julieta ARAÚJO, vigiar a paz para preparar a guerra. Portugal e Castela, dois reinos, o mesmo objetivo.

A diplomacia serve D. Fernando I de Portugal como uma imposição da sua vontade em relação a Castela. É também uma constante que acompanha todo o seu reinado pelos problemas da sucessão. A infanta D. Beatriz, única herdeira, assume o papel principal. Assim o quis D. Leonor de Teles afastando todos os possíveis herdeiros na sucessão como a infanta bastarda D. Isabel e D. João, irmão do rei. Beatriz, Infanta menina-adulta é usada como moeda de troca nos meandros da política instável do seu pai. Acaba por casar com D. Juan de Castela. Ficando viúva recusa segundas bodas com

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QUEIRÓS, Eça de, Os Maias. Lisboa; Europa – América, 4º ed. p. 585

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o duque de Áustria. Sem levar uma vida de clausura, parece ter preferido afastar-se do rebuliço e das intrigas da corte.

Em D. João I, vêmo-la como uma forma pacificadora entre reinos. Por seu lado D. Duarte, usa a diplomacia e os seus embaixadores como representantes de um reino que quer afirmar-se no palco do teatro europeu. Apesar do seu discernimento de homem culto e viajado, a regência do infante D. Pedro, envolvida em discórdias internas e externas, trava o sucesso diplomático com outros reinos, à exceção de Castela onde foi buscar o apoio de D. Álvaro de Luna. À sua maneira, D. Afonso V exerce a ação diplomática como uma cruzada que prospera à medida que são conquistados novos espaços.

O Tratado de Alcáçovas, teve o alcance da hegemonia de Castela, pegando nas palavras do Professor Bernardo Vasconcelos e Sousa, sob o poderio político dos reis católicos, sobre outros reinos da Península Ibérica; da hegemonia de Portugal sobre o Atlântico, da sua repartição, da definição do comércio marítimo a partir das Canárias mas também o sonho adiado de uma união ibérica por meio do casamento dos dois primogénitos das Coroas Peninsulares274.

Houvesse ou não diplomacia, tal como hoje é considerada, na Idade Média houve sem dúvida, relações que ajudaram a transformar pequenos condados em reinos e pequenos reinos em futuras nações. Os povos faziam alianças para se protegerem. Relacionavam-se entre si utilizando a diplomacia como principal arma de recurso nas relações internacionais. Jogavam diplomaticamente retirando desses jogos ensinamentos. Moviam-se com dificuldade, sem dúvida. Mas se considerarmos essa dificuldade como um meio de aprendizagem no contacto com outras culturas e com outros povos, então aí encontramos diplomacia.

Tal como hoje, nem sempre as ações diplomáticas tinham êxito. Mas a persistência dos interessados exigia que, à posteriori, fossem encontrados resultados. A Idade Média trabalhou bem a arte diplomática. As grandes façanhas devem-se ao exercício de uma diplomacia tolerante em que muitas vezes as duas partes tinham que ceder. Bernard Gueneé insere a diplomacia no grande movimento das especializações e

burocratização que envolveu todos os Estados do Ocidente no final da Idade Média 275.

274 O casamento dos dois príncipes, Afonso e Isabel, depois de desfeitas as Terçarias, não voria a realizar-

se

275 GUENÉE, Bernard, O Ocidente nos séculos XIV e XV, (os estados). Nova Clio: Pioneira/Edusp: 1981.

Assim sendo, a diplomacia da Idade Média ao criar o ofício de embaixador deixa legados de muita importância na construção do mundo como hoje o conhecemos. Seja de que maneira for, as relações diplomáticas contemporâneas tiveram na Idade Média a sua matriz.

Fontes e Bibliografia

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