• Nenhum resultado encontrado

ANEXO A – LINHA DO TEMPO DA REDE FEDERAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

3.4 Pensando tecnologia da informação de forma estratégica

Pensar a tecnologia da informação de forma estratégica é fundamental para que o serviço de TI atenda as necessidades da organização. Entre os múltiplos desafios para o gestor de TI o maior deles encontra-se a diferenciação entre as diversas soluções existentes, conforme Cornachione (2008, p. 117):

Nos dias atuais, talvez o maior desafio do gestor ao se deparar com os inúmeros aspectos de tecnologia da informação seja a identificação de diferenças entres as diversas soluções, uma vez que o grau de padronização de determinados elementos, juntamente com a diversidade e flexibilidade de outros, garante uma multiplicidade de soluções de TI ofertadas pelo mercado.

Quando pensamos em múltiplas formas de solução para os problemas das organizações utilizando a TI como forma de solução, temos, além da dificuldade da escolha da identificação da solução de TI ideal, a necessidade do apoio dos lideres da organização para a implantação de projetos na área de TI, o que demanda muito planejamento para sua boa execução. Para Bio (2008, p. 195) “grande parte das empresas do Brasil iniciou (e, por vezes, prosseguiu) seus esforços de melhoria dos sistemas de informação com um nível de planejamento bastante precário”, o que trouxe algumas consequências negativas:

 Mudanças constantes de prioridades, levando, no extremo, a equipe de sistemas a trabalhar por encomenda. Projetos são iniciados e descontinuados, substituídos, diante das emergências ou do ponto de vista isolado desse ou daquele gerente.

 Sub ou superdimensionamento dos recursos de processamentos de dados, provocando conversões/ociosidade de equipamentos.

 Inadequado dimensionamento dos recursos humanos da área de sistemas.  Implantações malsucedidas trazendo mais (e novos) problemas, em vez de se

chegar às soluções pretendidas originalmente.

 “Desgaste” e “desmotivação” dos profissionais da área, levando a um exagerado

turnover na equipe.

 Impossibilidade de avaliar benefícios e controlar o desenvolvimento dos sistemas etc (BIO, 2008, p. 196).

A falta de um planejamento estratégico da área de TI pode levar, conforme Bio (2008), a problemas que transformam o setor de TI em uma fonte de problemas, ao invés de um facilitador para os negócios. Entre os problemas citados a questão do turnover13 ou

mesmo a desmotivação da equipe tem efeitos graves para organização, pois o setor tem grande perda com a rotatividade de funcionários, principalmente pela questão dos profissionais de TI estarem diretamente envolvidos com a questão do conhecimento tanto da sua área profissional, quanto da organização e também de como as tecnologias e sistemas estão empregados para auxiliarem a organização de forma específica. Assim muitas informações sobre o funcionamento do setor e da organização são desperdiçadas com o

turnover, visto que são aprendizados morosos para novos funcionários, além da perda

significativa de informações que não são transmitidas, causando prejuízo em termos de aprendizado e construção de memória para organização.

São inúmeros os benefícios quando o setor de TI é visto como um setor estratégico para organização, assim é necessário para concretização deste feito que o setor tenha a questão da política, aqui entendida como a tomada de escolhas ou decisões estratégicas para a organização, envolvidas no processo gerencial orientando as ações para os objetivos na organização. O grau de eficiência aceitável na consecução dos objetivos afirmados por BIO (2008) é um razão muito forte como afirmação no pensamento de política para o setor, porém além deste benefício ele salienta outros que ocorrem: decisões mais econômicas, comunicação de orientações, proteção contra as pressões das emergências, decisões mais rápidas, uniformidade e coerência, evitar áreas de atrito. Assim como em qualquer setor de uma organização que tem foco na estratégia, as decisões devem ser tomadas de forma cuidadosa, pois definem um novo posicionamento com oportunidades e também possíveis fracassos, dependendo da forma que a estratégia foi aplicada.

Neste sentido, Cornachione (2008) se pergunta sobre o porquê da TI não atender de forma adequada as organizações, a partir do questionamento do equilíbrio que deve existir entre know-how14e know-why15, “[...] excessiva orientação para tecnologias e recursos

13 Turnover: termo de origem inglesa que significa a rotatividade de pessoal, ou seja, a substituição de

trabalhadores antigos por novos.

14 Know-how é um termo em inglês que significa literalmente “saber como”. É atribuído a ele um conjunto de

conhecimentos práticos (informações, tecnologias, técnicas, procedimentos, etc.) adquiridos por uma empresa ou um profissional, que traz para si vantagens competitivas.

15 Know-why significa, literalmente, “saber porquê”. Conceito desenvolvido na mesma linha de pensamento do know-how. Mas, enquanto o know-how é o conhecimento de como fazer alguma coisa, o know-why está

relacionado com o conhecimento do propósito de um negócio, ou seja, saber a importância e o valor do trabalho desenvolvido.

técnicos, para como fazer (o domínio do know-how), e pouca atenção ao para que fazer, os porquês (o domínio know-why).” (idem, p. 168), verifica-se que apenas a tecnologia desalinhada da política organizacional e da suas escolhas estratégicas não pode trazer a eficiência e eficácia esperada nos sistemas computacionais para auxiliarem as organizações.

O alinhamento estratégico da TI com a organização é de fundamental importância conforme salienta Cruz (2011) no seu modelo representado pela Figura 14 os elementos processos, pessoas e TI devem ajustar os mecanismos de produção, buscando atingir taxas de produtividade, fechando as lentes no ponto focal que é o cliente. Assim, o alinhamento proposto por ele neste modelo foca que a organização que realiza o alinhamento estratégico de forma a atender as necessidades do mercado é capaz de atender a melhor forma os seus clientes. Para o referido autor o modelo ideal seria formado como na Figura 15, tendo o cliente como centro, formando um único anel, porém o próprio autor considera o modelo utópico e pouco provável de ser completamente internalizado pelas organizações contemporâneas.

Figura 14 - Modelo de relacionamento cíclico

Figura 15 - Modelo ideal de relacionamento

Fonte: Cruz (2011, p. 38)

Um problema a ser enfrentado pelo setor de TI é quando a organização tem o desequilíbrio grave entre este setor com o restante da organização, ou seja, quando não há sinergia ou alinhamento. Dois são os papéis fundamentais da tecnologia da informação em qualquer organização “um é ser usada pelas pessoas que elas realizem suas atividades, o outro é suportar o processo produtivo” (CRUZ, 2011, p. 42), este problema pode ser demonstrado na Figura 16 onde o alinhamento acontece entre os processos e as pessoas, mas a TI não contempla as necessidades dos mesmos.

Figura 16 - Desequilíbrios em Tecnologia da Informação

Em síntese, a administração do setor de TI, deve estar atenta a tudo que interfere nas relações dos negócios das organizações, seja qual for sua natureza, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos. Mesmo quando pensamos em organizações sem fins lucrativos como, por exemplo, ONGs e organizações governamentais em que não há a preocupação com o “lucro”, mas existe a preocupação com o atendimento das demandas do público, a sobrevivência, a eficiência na gestão dos recursos e o retorno dos investimentos. Desta forma o profissional de TI deve estar atento às mudanças da organização porque estas provavelmente gerarão interferências de como a tecnologia deve atuar no auxílio das operações da organização. Entre os exemplos que ocorrem podemos citar: mudanças organizacionais por questões políticas, mudanças na estrutura organizacional, mudanças na legislação, avanços tecnológicos e desenvolvimento de métodos pela concorrência, entre outros fatores. De forma análoga, os processos de mudança tecnológica, dos quais a área de TI é forte propulsora, também são capazes de gerar profundas transformações organizacionais, sendo este setor um agente importante na realização dos objetivos estratégicos de uma organização. Trata-se de uma “área meio” cujas decisões e rotinas tem profundo impacto nas áreas fim de uma organização, razão pela qual a sinergia ou alinhamento entre estes dois vetores – TI e estratégia – são fundamentais.

4. METODOLOGIA

O objetivo deste capítulo é apresentar a metodologia utilizada na condução da pesquisa que sustentou este trabalho. A metodologia foi desenvolvida atendendo as necessidades da problemática e os objetivos de pesquisa abordados. Sobre as opções metodológicas neste trabalho, destaca-se a opção pela abordagem qualitativa de pesquisa com a realização de um estudo de caso. Os instrumentos de coleta de dados, por sua vez, foram a revisão bibliográfica para composição da revisão de literatura, além da pesquisa documental, da aplicação de questionários e da realização de entrevistas em profundidade, para a realização da pesquisa de campo que compõe estudo de caso. A seguir, cada uma destas opções é justificada e descrita de forma circunstanciada.