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Perceção das práticas de liderança nos dois grupos de escolas

CAPÍTULO IV – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

1.1 Perceção das práticas de liderança nos dois grupos de escolas

A presente investigação tem por objetivo conhecer as perceções dos professores relativamente às práticas de liderança dos seus líderes escolares que foram avaliados pela avaliação externa, com Suficiente ou com Muito Bom no domínio da Liderança.

Procurando verificar se os professores percecionam nos líderes avaliados com Muito Bom, uma utilização mais frequente das práticas de liderança, na forma como é entendida e medida pelo LPI, formulou-se a seguinte pergunta:

Os professores das escolas avaliadas no domínio da Liderança com Muito Bom percecionam nos seus líderes escolares uma utilização mais frequente das cinco práticas de liderança, comparativamente com a perceção que os professores das escolas avaliadas com Suficiente têm dos seus líderes escolares?

Numa escala cuja pontuação mínima é 6 valores e a pontuação máxima 60 valores, os professores do grupo de escolas avaliadas com Muito Bom, percecionam nos seus líderes escolares, uma utilização mais frequente das cinco práticas de liderança comparativamente com a perceção que os seus colegas das escolas avaliadas com Suficiente têm dos seus líderes como se pode observar da Tabela 2.

Tabela 2

Médias de referência e médias obtidas na perceção das práticas de liderança.

Práticas de liderança Escolas avaliadas

com Suficiente

Escolas avaliadas com Muito Bom

Valores referência*

Mostrar o caminho Mean

Std. Deviation 36.19 12.0 42.28 10.9 47.5 8.5

Inspirar uma visão conjunta Mean

Std. Deviation 31.58 12.3 39.56 10.9 42.0 10.6

Desafiar o processo Mean

Std. Deviation 33.10 11.9 40.32 11.1 44.4 9.1

Permitir que os outros ajam Mean

Std. Deviation 38.00 12.3 44.46 10.7 47.8 8.4

Encorajar a vontade Mean

Std. Deviation 34.93 13.3 42.50 11.7 44.9 10.2 * Kouzes & Posner (2002). Valor máximo = 60

A prática permitir que os outros ajam é a mais percecionada nos dois grupos de escolas, obtendo um score de M = 38.0, SD = 12.29, no grupo de escolas avaliadas com Suficiente e um score de M = 44.46, SD = 10.67, no grupo de escolas avaliadas com Muito Bom. A prática menos percecionada inspirar uma visão conjunta é também ela comum aos dois grupos de escolas, obtendo um score de M = 31.58, SD = 12.29, no grupo de escolas avaliadas com Suficiente e um score de M = 39.56, SD = 10.91, no grupo de escolas avaliadas com Muito Bom.

As médias obtidas nas diferentes práticas por cada um dos grupos são inferiores às médias de referência, reportadas pelos próprios autores (Kouzes & Posner, 2002). No caso específico da área da educação, as médias apuradas são também inferiores às reportadas por Rouse (2005), Rozeboom (2008) ou Moore (2012) em estudos realizados em instituições educativas. Não obstante a obtenção de médias inferiores em todas as práticas, verifica-se que o valor da prática mostrar o caminho evidencia um relativo afastamento da prática mais percecionada, permitir que os outros ajam, contrariando os dados de referência que lhes atribuem valores muito próximos.

Tendo em conta que as práticas mais e menos frequentemente percecionadas são comuns aos dois grupos, pode-se inferir que a liderança das escolas portuguesas é caracterizada por permitir a ação dos professores; no entanto, tendo em conta a prática menos percecionada, inspirar uma visão conjunta, verifica-se que essa ação não é coordenada em torno da prossecução de uma determinada visão. Assim sendo, não resultarão as múltiplas ações descoordenadas num grande dispêndio de energia sem que exista o retorno espectável? Não existirá neste aspeto uma relação com o que foi observado por Bennett e Brewster (2002) ou com a crónica falta de produtividade portuguesa?

Tendo em conta as médias obtidas nas diferentes práticas pelos dois grupos de professores, procurou-se verificar se essas diferenças são estatisticamente significativas pelo que seformulou a seguinte questão e inerentes hipóteses:

• Existe uma diferença estatisticamente significativa entre a perceção das práticas de liderança e a avaliação obtida no domínio da Liderança?

 H0 Não existem diferenças estatisticamente significativas entre a perceção das práticas de liderança e a avaliação obtida no domínio da Liderança.

 H1 Existem diferenças estatisticamente significativas entre a perceção das práticas de liderança e a avaliação obtida no domínio da Liderança.

Para responder a esta questão utilizaram-se os testes estatísticos independent-

samples t-test e o Mann-Whitney U.

Para assegurar o cumprimento do pré-requisito relativo à normal distribuição dos dados, as duas amostras foram submetidas ao teste de Kolmogorov-Smirnov com a correção de lilliefors. Tendo por base um nível de significância de p = .05, verificou-se que as diferentes práticas de liderança no grupo de escolas avaliadas com Suficiente apresentam valores de p = .200, o que permite assumir a normalidade na distribuição dos dados. No entanto no grupo das escolas avaliadas com Muito Bom para o mesmo nível de significância, quatro das cinco práticas de liderança mostrar o caminho D(68) = 0.151, p = .001; inspirar

uma visão conjunta D(68) = 0.147, p = .001; permitir que os outros ajam D(68) = 0.153, p =

.001 e encorajar a vontade D(68) = 0.147, p = .001, obtiveram valores que não permitem atender ao princípio da normal distribuição dos dados.

Da análise através do teste não paramétrico de Mann-Whitney U, verifica-se para um nível de significância de p = .05 que todas as práticas obtêm um valor de p ≤ .005, evidenciando a existência de diferenças significativas entre as médias dos dois grupos de escolas, como consta da Tabela 3.

Tabela 3

Mann-Whitney U para as diferenças entre os grupos de escolas.

Mostrar o caminho Inspirar uma visão conjunta Desafiar o processo Permitir que os outros ajam Encorajar a vontade Mann-Whitney U 1427,000 1275,000 1315,500 1354,500 1332,500 Wilcoxon W 3197,000 3045,000 3085,500 3124,500 3102,500 Z -2,800 -3,536 -3,340 -3,151 -3,257

Asymp. Sig. (2-tailed) ,005 ,000 ,001 ,002 ,001

a. Grouping Variable: Grupo de escolas avaliadas com Suficiente e com Muito Bom.

Tendo em conta que a prática desafiar o processo cumpre os requisitos de normalidade, procedeu-se com a análise da igualdade de variâncias verificando-se que todas as práticas obtêm um valor de p ˃ .05, pelo que se aceita a sua homogeneidade.

Da análise do independent-samples t-test verifica-se que para um nível de significância de p = .05, a prática desafiar o processo obtém um valor de t (125) = -3.55, p =

.001, obtendo as restantes práticas valores de p ≤ .003. Estes valores corroboram os valores obtidos através do teste de Mann-Whitney U, pelo que a opção mais sensata reside na rejeição da hipótese H0, assumindo como verdadeira a hipótese H1, que nos diz que as diferenças entre as médias dos dois grupos de escolas são estatisticamente significativas.