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Para uma boa compreensão das inter-relações entre o trabalhador e o ambiente, o estudo da percepção e dos processos cognitivos se torna imprescindível.

A Psicologia Ambiental, segundo Gifford (1987:2), é o “estudo das transações entre indivíduos e seus ambientes físicos” apud Elali (2002). Okamoto (2002), defende o pensamento de McFarling, onde explica “para fins de definição, considera a Psicologia Ambiental como uma disciplina que trata das relações entre o comportamento humano e o ambiente físico do homem. (MCFARLING; HEIMSTRA, 1978 apud OKAMOTO, 2002). Na sua visão, a relação entre homem e espaço, no contexto do meio ambiente, tem sido objeto de questionamento para a formação do comportamento, uma vez que o homem é constituído de dois universos: um exterior, em constante processo de adaptação ao meio, e outro interior que se exterioriza em ações como resposta à interpretação da realidade que o cerca.

Assim, segundo Okamoto (2002), o comportamento é conduzido por uma resposta à percepção do ambiente através dos estímulos provocados pelo mesmo. O processo ocorre da seguinte forma: “Temos a sensação do ambiente pelos estímulos desse meio, sem se ter consciência disso. Pela mente seletiva, diante do bombardeio de estímulos, são selecionados os aspectos de interesse ou que tenham chamado a atenção, e só aí é que ocorre a percepção

(imagem) e a consciência (pensamento, sentimento), resultando em uma resposta que conduz a um comportamento.” (OKAMOTO, 2002).

VICENTE DEL RIO (2002) defende que a Psicologia Ambiental trata do “estudo das implicações psicológicas e psicossociais das inter-relações entre o homem e o meio ambiente”. Nesse sentido, os três principais campos de estudo abordados pela psicologia ambiental investigam etapas importantes e distintas, representando fases (ou momentos) do processo de interação entre o homem e o seu ambiente: a percepção, a cognição e o comportamento. (VICENTE DEL RIO, 2002,).

Bins Ely (2003) explica que “a percepção é o ponto de partida de toda atividade humana. É a percepção, que nos fornece toda informação necessária para nossa orientação em um ambiente específico. Recebemos informações do meio ambiente ou das demais pessoas através de nossos sistemas de percepção: audição, visão, paladar/olfato, háptico e equilíbrio.

2.2.1 Constelação de Atributos

Villarouco (2008) afirma que não se pode conceber o estudo do ambiente construído sem a busca do entendimento da percepção do usuário acerca deste espaço, pois é ele que de fato sofre os impactos das sensações que o ambiente pode transmitir.

Sob a ótica de Elali (1997) o edifício deixa de ser encarado apenas a partir das suas características físicas (construtivas) e passa a ser avaliado/discutido enquanto espaço “vivencial”, sujeito à ocupação, leitura, reinterpretação e/ou modificação pelos usuários.

A Constelação de atributos consiste numa ferramenta qualitativa derivada da entrevista, caracterizando-se por possuir apenas uma pergunta. Nessa pergunta, uma amostra previamente selecionada, irá descrever as imagens ou ideias que lhe vêm a mente sobre um determinado objeto de estudo.

Foi idealizada por Moles, em 1968 e posteriormente desenvolvida por Ekambi- Schmidtem 1974, trazendo a luz da percepção espacial uma ferramenta que auxilia os profissionais ligados à área de projeto de espaços construídos, pois busca pelo conhecimento da consciência psicológica dos usuários em relação ao espaço (SILVA, 2003).Busca identificar a percepção que os usuários têm em relação aos espaços, através da obtenção das imagens que o usuário tem frente a um determinado ambiente.

Permite ainda, conforme afirma Ekambi-Schmidt (1974), uma separação da imagem estereotipada de um espaço, de sua imagem subjetiva. As variáveis obtidas nessa

etapa distinguirão o que é objetivo do que é subjetivo na percepção dos usuários de um determinado espaço. Isso é conseguido através do chamado método dos atributos induzidos.

É uma técnica experimental que, segundo Ekambi-Schmidt (1974), permite uma representação gráfica perfeitamente legível para uma grande variável de respostas, agrupando assintética e ordenadamente. A Figura 8 exemplifica um modelo de representação da Constelação de Atributos.

Figura 7. Modelo de um gráfico da Constelação de Atributos Fonte: Silva, 2003

De acordo com Ekambi-Schmidt (1974), são feitos questionamentos aos usuários,obtendo-se respostas onde são analisadas as associações referentes a um objeto de estudo, de acordo com sua intensidade, frequência e imediatismo de relação. Assim, uma cadeia de atributos é estruturada, permitindo evidenciar quais são os que têm uma maior relevância com

a questão estudada.

Para se montar o gráfico da constelação de atributos, deve-se primeiramente elaborar um questionário com apenas uma pergunta do tipo: quais são as imagens ou ideias que lhe vem à cabeça quando você pensa em... (determinado objeto). As respostas são abertas e são permitidas quantas o usuário desejar. O objetivo é identificar e enumerar os atributos ligados a percepção do ambiente pelo usuário (Ekambi-Schmidt, 1974).

As respostas obtidas são então classificadas, podendo ser agrupadas por categorias de acordo com seus significados e afinidades (SILVA, 2003). Palavras com significados parecidos são mescladas em um único qualificativo.

Classificam-se as variáveis de acordo com sua frequência de aparição nas respostas.

As “distâncias psicológicas”, conforme define Ekambi-Schmidt (1974), são calculadas a partir do número de aparições de determinado atributo.

Em primeiro lugar determina-se a probabilidade relativa da associação de um atributo ao objeto através da seguinte fórmula (SILVA, 2003):

Pi = ni x 100 N

Onde:

Pi = Probabilidade de associação do atributo i. ni = nº de aparições do atributo i

N = nº total de respostas

Em seguida, aplicamos esse resultado à função logarítmica: D = 1

logPi Onde:

D = Distância psicológica do atributo, em centímetros. Pi = Probabilidade de associação do atributo i.

Com esses dados é possível traçarmos o gráfico, que tem como centro o objeto de estudo por onde são feitas conexões com atributos obtidos através dos questionários com a população. Quanto mais próximas as conexões, maior é a relação desses com o objeto. Quanto mais longas forem as conexões, menor a relação desse atributo na contribuição da percepção do objeto (SILVA, 2003).

3 ANÁLISES E RESULTADOS

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