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6 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

6.5 A Percepção dos Membros dos Conselhos de Classe de Fortaleza sobre o

Foram convidados a participar da pesquisa profissionais de saúde que atuam ou já atuaram nos conselhos de classe de suas profissões. Para esse grupo a meta foi de cinco respostas, um representante por classe, excluindo-se a profissão de nutrição por não existir no Ceará o conselho regional para essa categoria, podendo as respostas provenientes de outra unidade federativa evidenciar uma realidade não condizente com a do estado.

Para obtenção das respostas, foi realizado contato telefônico com os conselhos e respectivas secretarias, foram utilizadas mídias sociais para captação dos profissionais, bem como e-mails com documentação do comitê de ética anexada. A categoria de enfermagem não respondeu a nenhum dos chamados dentro do prazo estabelecido. Por isso, deu-se novo prazo e ainda assim, não se obteve resposta. Assim, somente foram obtidas respostas de quatro categorias

profissionais: Fisioterapia, Farmácia, Medicina e Odontologia. O grau de instrução foi: 2 com pós graduação Latu sensu e 2 com mestrado. Todos os entrevistados trabalham na área pública da saúde, entre gestão, docência e atenção primária. Três dos entrevistados são ligados a algum programa do governo.

A avaliação da parte II do questionário que trata dos aspectos gerais sobre formação em saúde, atuação profissional e plantas medicinais mostrou que em relação à formação oferecida aos profissionais de saúde pelas universidades para o enfrentamento do mercado de trabalho brasileiro metade dos entrevistados afirmou ser regular. Sobre ser grande o número de profissionais de saúde interessados em plantas medicinais e fitoterápicos o grupo discorda parcialmente e avalia como insuficiente o número de profissionais de saúde que prescrevem e/ou indicam plantas medicinais e fitoterápicos. A formação oferecida aos profissionais de saúde pelas universidades na temática plantas medicinais e fitoterápicos para o enfrentamento do mercado de trabalho brasileiro foi avaliada pelo grupo como insuficiente e a maioria concorda que as universidades possuem um papel estratégico para a formação de profissionais de saúde aptos ao trabalho com plantas medicinais. Há elevado grau de concordância que a inserção de disciplinas de plantas medicinais e fitoterápicos nos cursos de graduação em saúde é de fundamental importância para a saúde pública do Brasil, em especial a atenção básica. O conhecimento de plantas medicinais e fitoterápicos pelos profissionais de saúde é visto como imprescindível para a promoção da saúde e a capacitação em serviço (treinamento/atualização) para os profissionais de saúde é vista por todos os entrevistados como necessária para a ampliação da fitoterapia no Brasil e promoção do uso racional dessa opção terapêutica.

A avaliação da Parte III – Opiniões pessoais sobre as temáticas plantas medicinais e educação superior demonstrou:

a) Sobre os fatores imprescindíveis para melhoria da qualificação dos profissionais de saúde na área em estudo: necessidade de ações na atenção primária municipal, financiamento específico para o setor, inserção da disciplina na matriz curricular dos cursos de graduação e abertura de cursos de extensão/aprimoramento na área para os profissionais da saúde, melhoria da disponibilidade de fitoterápicos prontos, cursos e treinamentos para disponibilizar mais conhecimento para prescrição e orientação do uso adequado de fitoterápicos;

b) Sobre a questão dos fatores responsáveis pela resistência de alguns profissionais de saúde em trabalhar com plantas medicinais e fitoterápicos: o principal motivo (citado por 100%) dos entrevistados foi o desconhecimento do assunto. Também foi citado que esse desconhecimento é proveniente do despreparo das universidades na abordagem do tema. Ressaltou-se a falta de cultura na classe da saúde em sua utilização e também o desconhecimento das comprovações científicas da eficácia da fitoterapia nas diversas patologias, demonstrando que há necessidade de maior divulgação e realização de estudos englobando a parte clínica da fitoterapia.

O grupo vê a inserção de disciplinas de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos nos cursos de graduação de suas áreas como uma alternativa segura para o enfrentamento da falta de medicamentos industrializados com uma melhor perspectiva na distribuição, dispensação e racionalização contribuindo para a melhoria da saúde dos usuários. Além disso, a questão é colocada como relevante por propiciar ao profissional prescritor o conhecimento necessário para análise crítica frente ao crescimento do mercado dos fitoterápicos e as informações fornecidas pela indústria farmacêutica que tende a maximizar os benefícios de seus produtos em detrimento dos malefícios contribuindo para uma terapêutica baseada em lucros e não na racionalidade.

Em resumo, os membros de conselhos de classe cearenses atribuem um papel central às IES na formação acadêmica na área de plantas medicinais e fitoterapia no estado coincidindo com a opinião dos especialistas cearenses, fato este que reforça a importância dada por eles ao papel estratégico da UFC frente às pesquisas com plantas medicinais regionais e a criação do Programa Farmácias Vivas no Ceará. Também reconhecem que as IES cearenses de maneira geral não têm cumprido o papel que caberia a elas, que seria a formação acadêmica e científica sólida preconizada pela PNPMF, ainda na graduação e isso pode ser um fator responsável pelo desconhecimento de muitos profissionais de saúde em relação à temática, o que culmina por gerar preconceito. O grupo percebe a inserção de disciplinas de plantas medicinais e fitoterápicos nos cursos de graduação de suas áreas também como uma alternativa segura para o enfrentamento da falta de medicamentos industrializados e ressalta a importância da capacitação em serviço. Mas para que isso avance, são necessárias medidas de melhoria que visem disponibilizar continuamente medicamentos fitoterápicos prontos para atendimento aos prescritores. Nesse sentido, essa questão levantada pelos conselheiros pode ser relacionada à opinião dos

especialistas cearenses que defendem a necessidade de uma maior atenção do poder público estadual no sentido de propiciar financiamentos permanentes em apoio às unidades de Farmácias Vivas existentes para atendimento contínuo às demandas da sociedade. Também pode ser relacionada à visão dos especialistas brasileiros que salientam a necessidade de maiores investimentos no setor como forma de propiciar meios para o exercício profissional na área.

A síntese das opiniões dos grupos de especialistas brasileiros, especialistas cearenses e conselheiros do Ceará, em relação à formação superior em saúde pode ser visualizada no Gráfico 5, onde as cores estão associadas à escala de Likert (1 a 5 por nível de concordância crescente). Nota-se que a grande maioria dos profissionais concorda parcial ou totalmente com os temas propostos.

Gráfico 5 - Distribuição dos níveis de concordância dados pelos dos especialistas brasileiros em fitoterapia, especialistas cearenses e conselheiros do Ceará sobre a formação em saúde e plantas medicinais

Fonte: autor (2016).

Apenas em relação à capacitação em serviço ser necessária para a ampliação da fitoterapia no Brasil há certa discordância dos especialistas brasileiros e cearenses em relação aos conselheiros. O que sugere que para os especialistas a capacitação em serviço não deva ser o principal meio para a promoção da ampliação da fitoterapia.

As opiniões dos três grupos sobre a formação em saúde e em plantas medicinais/fitoterapia oferecida pelas IES é sintetizada no Gráfico 6, em que as cores estão associadas à escala de Likert (muito ruim (1) ao muito boa (5)).

Gráfico 6 - Opinião dos especialistas brasileiros em fitoterapia, especialistas cearenses e conselheiros do Ceará sobre a formação em saúde e em plantas medicinais/fitoterapia oferecida pelas universidades

Fonte: autor (2016).

Em relação à temática plantas medicinais e fitoterápicos apenas 1 dos 63 especialistas brasileiros e 2 dos 7 especialistas cearenses consideram boa a formação. Todos os conselheiros e a grande maioria (87,3%) dos especialistas brasileiros consideram a formação ruim ou muito ruim. Quanto à formação em saúde, quase a metade (46,0%) dos especialistas brasileiros consideraram ruim ou muito ruim, enquanto mais da metade (71,4%) dos especialistas cearenses a consideraram boa ou muito boa.

6.6 A Percepção dos Alunos de Graduação em Ciências da Saúde de uma IFES do Ceará