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1. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

2.1 Inteligência

2.1.2 Percepção

2.1.2 Percepção 2.1.2 Percepção 2.1.2 Percepção

As pessoas aprendem a todo momento e em qualquer lugar:

em casa, no trabalho, na rua, nas igrejas, nos espaços públicos de convivência, interagindo com conteúdos, recursos e com outras pessoas.

Na mídia, principalmente, tudo se presta para aprender e para ensinar.

Filatro (2008, p. 71) considera que “o aprendizado eletrônico tem seu benefício em relação ao tradicional, pelo fato de explorar conteúdos em formato multimídia.”. É necessário compreender alguns fatores ligados à aprendizagem cognitiva, que possibilita utilizar a mídia no design de práticas educacionais.

Santaella (2004), ao abordar as questões do leitor imersivo no capítulo anterior, considera que os processos de inferência e raciocínio são como rotas condutoras da navegação no ciberespaço, e que eles são inseparáveis das sensações que as linguagens multimidiáticas proporcionam entre o verbal, o visual e o sonoro.

[...] Isso traz como conseqüência a indissolubilidade entre a sinestesia, vários sentidos sendo estimulados ao mesmo tempo, a conseqüente densidade perceptiva, e as complexas atividades mentais presumíveis em função da especificidade

93 da interação do infonauta com as interfaces informacionais.

(SANTAELLA, 2004, p.131)

Para a autora, infelizmente, esse aspecto é menosprezado pela imobilidade do corpo, quando o internauta interage com a máquina.

Existindo a crença de que o corpo, quando em imersão, está em inatividade carnal, as habilidades adquiridas na navegação do ciberespaço são conduzidas tanto por inferências mentais, quanto fundamentadas no desenvolvimento das operações mentais com reações sensório-perceptivas.

Para Filatro (2008,), a percepção é o modo como as pessoas selecionam, organizam e interpretam as informações, que são recebidas e percebidas por meio de sensações que podem ser explicadas em três níveis:

1) neurofisiológico, em que ocorrem as sensações, as respostas dos órgãos sensoriais aos estímulos externos.

Concentram-se aí o ver, o ouvir, o sentir, o cheirar, o saborear;

2) perceptivo, em que ocorrem os significados das sensações, que são organizadas em categorias conhecidas. Saborear, por exemplo, recebe categorizações do tipo doce, salgado, azedo;

3) cognitivo, em que as informações percebidas sensorialmente e categorizadas são interpretadas baseadas na realidade de cada um, de acordo com as motivações, com os interesses e experiências.

Santaella (2004, p.123-130) pretende desconstruir a metáfora do filme Matrix (1999), que teve grande participação na disseminação do corpo plugado, que deixa para trás um corpo morto, ao passo que a mente viaja, sem as limitações da carne.

94 Quanto mais uma pessoa é consciente desses níveis, melhor será sua percepção do mundo. Durante um período de 1 a 2 segundos, as informações vistas e ouvidas são armazenadas numa memória sensorial visual e auditiva. Após esse período, elas vão para uma memória de trabalho, que é o centro cognitivo, em que a informação fica temporariamente armazenada e processada, e com uma limitada capacidade de processamento. A codificação faz com que esses novos conhecimentos se juntem aos já armazenados modelos mentais de capacidade ilimitada. Mas, esses conhecimentos sempre devem vir à tona para a memória de trabalho, para novas situações, num processo de recuperação. Para a construção de modelos coerentes, três passos são fundamentais: 1) prestar atenção, 2) organizar a informação e 3) integrar a informação aos conhecimentos adquiridos. Pela metacognição (consciência de como a mente funciona), o ser humano gerencia seu processo de informação, e, no caso da educação, estabelece e monitora seus objetivos e metas de aprendizagem. (FILATRO, 2008).

Santaella (2004) considera a teoria de James Gibson, publicada em 1966, como a mais adequada para compreender as sensações e a percepção, relacionadas com o leitor imersivo. Essa teoria pressupõe que os órgãos sensórios são, além de canais de sensações, sistemas perceptivos complexos, ativos, inter-relacionados, que fornecem informação para que a vida adaptativa seja possível. Desse modo, a lista de cinco órgãos sensores exteroceptores (olho, ouvido, pele, nariz, boca), proposta por Aristóteles, atualmente incompleta, é complementada por outros órgãos proprioceptores (músculos, juntas e ouvido interno) e interoceptores (terminações nervosas nos órgãos viscerais), gerando,

GIBSON, James J. The senses considered as perceptual systems. Boston: Mifflin, 1966

95 assim, três tipos de sensações: 1) percepções (sensações de origens externas), 2) cinestesia (sensações de movimento) e 3) sentimentos e emoções (sensações de origens internas). Assim, Gibson (1966 apud Santaella, 2004, p.133) propõe cinco modalidades de atenção sensorial que busca informação: ver, ouvir, tocar, cheirar e degustar e que compõem os sistemas: básico de orientação (relativo ao equilíbrio), auditivo, olfativo-degustativo, visual e háptico (tateamento, apalpação, tipos de exploração sensorial).

Esse último sistema é considerado, por Santaella (2004) como o mais importante, quando se trata da navegação no ciberespaço, desmistificando, assim, a lenda do corpo inerte, enquanto o indivíduo está sob imersão, visto que é por meio desse sistema que o indivíduo entra em contato com o ambiente. A autora se baseia nesse sistema para projetar a conjugação da informação com a coordenação motora do dedo que aciona o botão do mouse. Sem essa coordenação, é como se os links para a informação ficassem perdidos, incompletos.

Ao navegar no ciberespaço, o usuário está dentro de um espaço informacional. Assim, ele precisa não só ter desenvolvido as habilidades de identificação de signos que se apresentam na tela, mas também explorar o ambiente. Para isso, por enquanto, o meio disponível é o mouse, que permite o tráfego de uma informação a outra. Deve ser lembrado que, apesar de existirem muitos estudos sobre a inteligência artificial, ainda, pelo menos no Brasil, eles transitam numa esfera experimental, ainda indisponíveis para a população em geral.

96 Em relação à percepção temporal na EAD, Maia e Mattar (2007, p.6-7) consideram que ela varia de cultura para cultura. Na EAD, existe a separação geográfica, espacial e temporal entre aluno e professor, e entre os próprios alunos. Uma aprendizagem não precisa de um espaço físico para ocorrer. Convencionalmente, o tempo é uma convenção pedagógica para medir a aprendizagem. É certo que algumas tarefas, na EAD, necessitam da sincronicidade, mas, em sua grande maioria, podem ser assíncronas, sem que para isso comprometa a aprendizagem. No entanto, continua-se a medir o tempo na EAD da mesma forma que se mede na educação tradicional, em horas-aula. Dessa forma, a percepção do tempo virtual deve mudar, no sentido que cada indivíduo tem seu próprio tempo de aprendizagem, que é diferente de outro indivíduo, de acordo com suas habilidades. Assim, a EAD favorece a manipulação temporal nesse sentido, em que o aluno estuda quando e onde quiser e puder.

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