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Percepção quanto à aquisição de competências

4.1 EGRESSOS

4.1.3 Percepção quanto à aquisição de competências

Esta subsecção apresenta a visão que o ex-aluno guarda do curso, os tipos de atividades extra-curriculares de que os egressos participaram durante o curso e o exame dos Projetos Pedagógicos de Curso. Além disso, descreve as percepções dos egressos quanto à contribuição do curso para o desenvolvimento de competências. Foram utilizadas 16 competências, extraídas de Lemos, (2003).

Foram analisados os PPCs de quatro Cursos Superiores de Tecnologia da IES investigada. Pela observação do quadro 1, pode-se verificar que a IES procura seguir os princípios emanados das DCNs para construir seus planos curriculares. A IES ainda mantém programas que contribuam com a inserção trabalhista de seus egressos. Convém informar, ainda, que em cada PPCs está disposto, de forma ordenadamente clara, o rol de competências profissionais da área de conhecimento de seus respectivos cursos.

- O ciclo de desenvolvimento de competências foca na participação ativa dos alunos e, ainda a Resolução CNE/CP nº 3/2002, que institui as DCNs para os cursos tecnológicos;

- O entendimento acerca das disciplinas relacionadas ao módulo está vinculado à questão das certificações disponibilizadas aos alunos concluintes dos eixos modulares respectivos;

- Ser capaz de não perder de vista os objetivos principais. Saber avaliar. Demonstrar bom senso e sentido crítico. Saber chegar a acordo. ("ser");

- Os procedimentos envolvem: manejar, confeccionar, utilizar, construir, aplicar, coletar, representar, observar, experimentar, testar, elaborar, simular, demonstrar, reconstruir, planejar, executar, compor ("saber fazer");

- Qualidade ao exercer a profissão, emprego com bom nível de remuneração;

- É de suma importância, ainda, que o profissional desenvolva habilidades comportamentais emergentes do relacionamento inter e intrapessoal, como atitudes pró-ativas, criativas, de planejamento, concentração, dentre outras;

- O curso será desenvolvido de forma articulada com o contexto do mundo do trabalho, com vistas às evoluções tecno-científicas, assim como descreve o Artigo 39 da LDB;

- A utilização de módulos é uma das formas para flexibilizar e organizar o currículo centrado na aprendizagem do aluno e na sua ampliação de competências;

Quadro 1 – Aspectos da política curricular presentes nos Projetos Pedagógicos de Curso da IES investigada que se relacionam com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os CSTs.

Fonte: Projeto Pedagógico de Curso da IES investigada, adaptado.

De acordo com as informações da tabela 24, a visão preponderante é a tida como instrumental, conforme reflexão de Barbosa (2009). Sendo as alternativas que a representam: parece oferecer melhor aprendizagem prática, 12; oferece melhores oportunidades no mercado de trabalho, 11, e já tenho trabalho e este será um curso que me ajudará neste trabalho, 5, com níveis de representação de 23,5%, 21,6% e 9,8%, respectivamente. A alternativa “parece oferecer formação geral mais sólida” denota o contrário, uma vez que esse ponto de vista representa visão mais abrangente (3) enquanto a alternativa “curso superior como outro qualquer”, (17 ou 33,3%), para Barbosa (2009) advém de certo desconhecimento dos alunos quanto às especificidades destes cursos.

Tabela 24 – Egressos, visão sobre o curso superior de tecnologia

Visão sobre o curso superior de tecnologia Frequência Percentual Percentual válido

Válid

os

Curso superior como outro qualquer 17 28,8 33,3 Parece oferecer melhor

aprendizagem prática 12 20,3 23,5

Oferece melhores oportunidades no

mercado de trabalho 11 18,6 21,6

Parece oferecer formação geral mais

sólida 3 5,1 5,9

Já tenho trabalho e este será um

curso que me ajudará neste trabalho 5 8,5 9,8 Curso que me permitirá melhorar a

carreira na empresa 3 5,1 5,9

Total 51 86,4 100,0

Não respondeu 8 13,6

Total 59 100,0

Fonte: Pesquisa de campo

Como no questionário havia espaço para expressões livres, dois egressos declararam:

O curso de tecnologia é bem completo e proporciona uma aprendizagem eficiente. Apesar do período mais curto em relação a outras graduações, cumpre seu papel de forma excelente.

Mais abaixo,

Sendo um profissional de nível superior, os tecnólogos podem assim como os formados no bacharelado e licenciatura, continuar os estudos cursando a Pós-graduação stricto (sic) (mestrado e doutorado) e lato sensu (especialização e MBA). Além disso, permite a inserção rápida no mercado de trabalho e impulsiona a carreira para ‘quem já está empregado.

A partir das observações feitas pelos egressos, pode-se verificar a eficácia atribuída ao curso por seus ex-alunos, além da valorização da pós-graduação.

A participação em atividades extra-curriculares ao longo do curso revela-se composta de atividades em projetos conduzidos pelos professores (20 ou 41,7%), visitas técnicas a empresas (9 ou 18,8%), atividades de iniciação científica ou tecnológica (2 ou 4,2%) e atividades numa empresa, supervisionadas na própria empresa (3 ou 6,3%). De qualquer

forma, as atividades extra-curriculares de modo geral foram registradas por aproximadamente 70% da amostra, enquanto aproximadamente 30% declararam não ter participado de nenhuma atividade, conforme a tabela 25.

Tabela 25 – Egressos, participação em atividades extra-curriculares Participação em atividades extra-

curriculares Frequência Percentual Percentual válido

válid

os

Atividades de iniciação científica ou

tecnológica 2 3,4 4,2

Visitas técnicas a empresas 9 15,3 18,8

Atividades em projetos conduzidos

pelos professores 20 33,9 41,7

Atividades numa empresa,

supervisionadas na própria empresa 3 5,1 6,3

nenhuma atividade 14 23,7 29,2

Total 48 81,4 100,0

Não respondeu 11 18,6

Total 59 100,0

Fonte: Pesquisa de campo

O quadro 2 tem por função apresentar as 16 competências consideradas na investigação sobre aquisição de competências.

1. Ser uma pessoa de muitos recursos: saber adaptar-se a mudanças e situações ambíguas, ser capaz de pensar estrategicamente e tomar decisões acertadas mediante pressão; liderar sistemas de trabalho complexo e adotar condutas flexíveis na resolução de problemas; capacidade de trabalhar eficazmente com os superiores em problemas complexos de gestão.

2. Fazer o que sabe: perseverar e se concentrar mediante obstáculos, assumir, saber o que é necessário e seguir adiante; ser capaz de trabalhar só e também aprender com os demais, em casos de necessidade.

3. Aprender depressa: dominar rapidamente novas tecnologias.

4. Ter espírito de decisão: atuar com rapidez de forma aproximativa e com precisão.

5. Administrar equipes com eficácia: delegar eficazmente, ampliar oportunidades e demonstrar justiça ante seus feitos.

6. Criar um clima propício ao desenvolvimento: ampliar desafios e oportunidades para criar um clima que favoreça o desenvolvimento de sua equipe.

7. Saber lidar com colaboradores quando apresentam problemas: agir com decisão e equidade quando tratar colaboradores com problemas.

8. Estar orientado para o trabalho em equipe.

9. Formar uma equipe de talentos: investir no desenvolvimento do potencial dos seus colaboradores, identificando e oferecendo novos desafios e responsabilidade compartilhada.

10. Estabelecer boas relações na empresa: saber como estabelecer boas relações de trabalho, negociar quando houver problemas, conseguir cooperação.

11. Ter sensibilidade: demonstrar interesse pelos demais e sensibilidade ante as necessidades de seus colaboradores.

12. Enfrentar os desafios com tranquilidade: apresentar atitude firme, contrapor-se com base em dados, evitar censurar os outros pelos erros cometidos, ser capaz de sair de situações constrangedoras.

13. Manter o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: estabelecer prioridades na vida profissional e pessoal de forma harmoniosa.

14. Autoconhecer-se: ter a ideia exata de seus pontos fracos e fortes e estar disposto a investir em si mesmo. 15. Apresentar bom relacionamento: manifestar-se afável e dar mostras de bom humor.

16. Atuar com flexibilidade: capacidade para adotar comportamentos que, a princípio, podem parecer opostos – exercer liderança e deixar-se liderar, opinar e aceitar opiniões dos demais etc.

Quadro 2 – Competências de McCaulley, segundo Lemos (2003).

Fonte: McCaulley, 1989 apud Lemos, 2003.

A tabela 26 refere-se à percepção dos egressos, por concordância, ou discordância, quanto à contribuição no desenvolvimento de competências ao longo do curso. A análise foi feita utilizando-se escala qualitativa de cinco pontos: concordo plenamente, concordo parcialmente, não sei, discordo parcialmente, discordo totalmente. Concordo e discordo indicam a direção, de negação ou afirmação, enquanto parcialmente e plenamente indicam intensidade. As competências de McCaulley foram escolhidas porque evocam os saberes, competências e conhecimentos, descritos em item anterior.

Tabela 26 – Egressos, percepção quanto à contribuição do curso superior de tecnologia no desenvolvimento de competências

Percepção quanto à contribuição do curso superior de tecnologia no desenvolvimento de competências

Concordo plenamente

Concordo

parcialmente Não sei

Discordo parcialmente

Discordo plenamente

1. Ser uma pessoa de muitos recursos 54,9% 43,1% - - 2,0%

2. Fazer o que sabe 53,8% 32,7% 9,6% 1,9% 1,9%

3. Aprender depressa 37,5% 50,0% - 12,5% -

4. Ter espírito de decisão 75,5% 24,5% - - -

5. Administrar equipes com eficácia 65,3% 24,5% - 8,2% 2,0% 6. Criar um clima propício ao

desenvolvimento 56,9% 25,9% 1,7% 13,8% 1,7%

7. Saber lidar com colaboradores 64,7% 27,5% - 7,8% 0,0% 8. Estar orientado para o trabalho em

equipe 70,6 29,4% - - -

9. Formar uma equipe de talentos 69,6% 23,9% 4,3% - 2,2% 10. Estabelecer boas relações na

empresa 70,2% 27,7% 2,1% - -

11. Ter sensibilidade 48,1% 42,6% - 7,4% 1,9%

12. Enfrentar os desafios com

tranqüilidade 64,0% 30,0% - 2,0% 4,0%

13. Manter o equilíbrio entre trabalho

e vida pessoal 55,3% 25,5% - 8,5% 10,6%

14. Autoconhecer-se 65,3% 20,4% - 10,2% 4,1%

15. Apresentar bom relacionamento 60,8% 29,4% - 5,9% 3,9% 16. Atuar com flexibilidade 64,7% 25,5% 3,9% 2,0% 3,9% Fonte: Pesquisa de campo

Pode-se fazer as seguintes associações: saber agir (competências: 7, 10, 12, 16);

Saber mobilizar (competências: 6, 8, 9); Saber assumir responsabilidades (competências:

4 e 5); Saber ser/conviver (competências: 11, 13, 14, 15) e Saber aprender/fazer (competências: 1, 2, 3).

A competência 3, aprender depressa, dominar novas tecnologias, é um dos casos de maior discordância, 12,5% discordam parcialmente que o curso contribuiu no seu desenvolvimento. Outro caso similar, o da competência 6, criar um clima propício ao desenvolvimento: ampliar desafios e oportunidades para criar um clima que favoreça o

desenvolvimento de sua equipe, refere-se à atitude e trabalho em grupo, 13,8% dos egressos discordam parcialmente em tê-la desenvolvido durante o curso.

A competência 1, ser uma pessoa de muitos recursos, refere-se ao aprender, ao fazer e ao agir, 98% concordam (soma de concordo plenamente e concordo parcialmente) que a frequência ao curso contribui para desenvolvê-la.

A competência 12, enfrentar os desafios com tranquilidade: apresentar atitude firme, contrapor-se com base em dados, evitar censurar os outros pelos erros cometidos, ser capaz de sair de situações constrangedoras, refere-se ao saber agir e assumir responsabilidades. Segundo os egressos, 64% concordam plenamente que esta tenha sido desenvolvida neles por contribuição do CST.

De forma geral, a percepção dos ex-alunos quanto à contribuição de competências relacionadas ao curso é bastante positiva, isto pode também ser reflexo da empregabilidade que estes cursos proporcionaram aos alunos, conforme visto até o momento.

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