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CAPÍTULO IV – ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

4.5 Os cursos presenciais desta investigação

4.5.2 O curso Preparatório para o Exame de Proficiência TOEFL IBT

4.5.2.2 Observação em sala e entrevistas com os professores

4.5.2.3.3 Percepções sobre o curso preparatório

A discussão com os alunos sobre o curso preparatório mostrou que todos gostaram das aulas, mas por razões distintas. A primeira está relacionada ao uso da língua, tanto pelo professor quanto pelos alunos, assim como o desenvolvimento de habilidades específicas, neste caso a produção oral. O outro motivo consiste na compreensão do formato do exame e as estratégias para realizar as questões.

(Aluno 10) - Eu gostei bastante do fato do professor tá falando o tempo inteiro em inglês você tá ouvindo, tá num ambiente que você não costumar ter em outros lugares (...) aqui é um ambiente que a gente tem sempre pra estar praticando o vocabulário mesmo, o professor pode usar algumas palavras diferentes, o ouvir, o identificar as palavras, o listening mesmo e...mesmo no falar que ele pede pra gente falar bastante, acho isso muito interessante na prática mesmo.

(Aluno 7) - Eu acho que principalmente em relação ao teste é...é pelas técnicas que ele destaca porque eles falam que às vezes a pessoa...ela tem nível de inglês muito bom, mas como ela não conhece ela não tem...ela não tem um desempenho tão bom quanto uma outra que usa de estratégias mas teoricamente, enfim, tem um inglês inferior, então isso ajuda (...) eles falam pra gente tomar nota e determinadas atividades eles orientam o como desenvolver ela melhor pra conseguir enfrentar, digamos assim, melhor as questões. (Aluno 14) Eu gosto da dinâmica, assim embora ele seja focado muito no teste, a gente aprende dicas, a gente aprende a questão do tempo, como se organizar tanto pra escrita quanto pra...pro...a gente teve também uma aulinha de speaking só pra gente sentir...mas a gente acaba aprendendo outras coisas, a gente tá lendo ali aí tem alguma pronúncia errada aí a gente é corrigido ou tem alguma palavra que a gente não conhece, então a gente tá ampliando o vocabulário também.

(Aluno 15) Porque você saber inglês e fazer um teste...tipo é muito diferente assim porque o teste tem um estrutura muito...rígida assim e daí eu acho que o curso ajuda a gente a ter

noção como é que tem que se preparar pra fazer a prova.

(Aluno 13) Não é um curso muito pesado, maçante, não é aquela coisa estressante, o Professor C é bem tranquilo, ele deixa a gente bem à vontade, eu acho que isso ajuda também.

As declarações dos alunos revelam vários aspectos sobre as suas percepções de aprendizagem no curso e também sobre o exame. Primeiramente, mesmo que o professor ministre as aulas e interaja com os estudantes em inglês, promova atividades de discussões em grupo, o aluno restringe a produção oral somente à aula que tiveram com as ETAs, não considerando essas outras situações como momentos de desenvolvimento da oralidade. Isso pode ser verificado quando o participante diz “a gente teve também uma aulinha de speaking só pra gente sentir”.

Além disso, o conhecimento do formato do TOEFL IBT também foi ressaltado como meio de preparação para o exame, visto que saber a língua não seria suficiente para se atingir um bom resultado.

Somado a isso, constatamos também que a pressão normalmente existente e relatada em pesquisas em cursos voltados a exames de proficiência (SMITH, 1991) não ocorre nas aulas, ausência identificada pelo aluno e ressaltada como positiva para o aprendizado, ou seja, o efeito retroativo negativo constatado pelo autor não foi encontrado junto aos alunos. Acreditamos que isso se deve possivelmente pelo fato de que os alunos ainda não decidiram quando irão fazer o exame e qual será a relevância do teste, se somente para melhorar o currículo acadêmico ou como requisito para um programa de intercâmbio.

Especificamente quanto à inexistência de pressão nas aulas, acreditamos que isso também se deve a relação existente entre coordenadoria do NucLi e professores, que não se fundamenta em aprovação dos alunos nos exames, como demonstra o professor do curso:

(Professor C) - Eu tenho essa vontade, eu me preocupo é... principalmente com os alunos que realmente vão prestar o TOEFL, por exemplo, no caso do Inglês sem Fronteiras os alunos que realmente vão prestar a prova que não está lá só pra conhecer a prova e tudo mais, eu sinto...eu diria que uma pressão que eu mesmo faço sobre mim mesmo, assim...pressão externa não, com relação a isso não. Nunca fui perguntado pra falar a verdade se algum aluno meu passou ou não.

Relatos de professores sobre pressão e estresse para os alunos passarem em exames de proficiência estão associados a procedimentos adotados pela direção da instituição de avaliação da eficiência do professor diante do número de estudantes que são aprovados

(TSAGARI, 2009). Como consequência, acreditamos que tais sentimentos são manifestados em sala pelo professor com uma postura mais estressante e de cobrança dos alunos, possivelmente a situação descrita pelo Aluno 13.

Apesar de terem gostado do curso, alguns alunos demonstraram interesse em aprofundar o desenvolvimento da produção e compreensão oral, e compreensão escrita durante as aulas.

(Aluno 13) O speaking foi interessante...com as americanas (...) uma atividade diferente e acho uma oportunidade que você conversar com pessoas nativas.

(Aluno 15) Porque quando você conversa com um nativo da língua é diferente de um brasileiro, mesmo que ele saiba muito inglês.

(Aluno 10) Assim, por causa desse tempo a gente viu bastante, bastante dicas de como fazer...como fazer as partes da prova, mas não teve como aprofundar um pouco em cada....em cada questão específica. No reading, ser um pouco mais profundo, ou no listening...foi uma coisa meio que um apanhado geral de cada um deles. Eu acho que poderia aprofundar um pouco mais, caso desse.

Diante disso, assim como dos relatos dos professores do curso, consideramos que um curso de duração mais longa, além de uma melhor alocação do tempo para o trabalho com as informações sobre as características do exame, formato das questões e desenvolvimento de habilidades poderia contribuir para a satisfação dos atores envolvidos.