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O caminho percorrido: a Plataforma Lattes e as limitações nos bancos de dados Uma vez limitada a pesquisa ao estudo dos núcleos e grupos de pesquisa, a busca por

6. Feminismo brasileiro a construção de redes e confluências (120) 1 Trajetórias da pesquisa e considerações sobre o ideário feminista (120)

1.5. O caminho percorrido: a Plataforma Lattes e as limitações nos bancos de dados Uma vez limitada a pesquisa ao estudo dos núcleos e grupos de pesquisa, a busca por

currículos, na Plataforma Lattes, por pesquisadoras e pesquisadores, era preferível por dar conta de atividades e membros que não estão em grupos de pesquisas identificados, mas trabalham com feminismo. No entanto, pesquisar os currículos via Plataforma Lattes foi um trabalho demorado graças ao acesso restrito aos bancos de dados.

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Jorge Machado (2013) aponta as dificuldades que teve ao intencionar estudar produção de conhecimento via currículos da Plataforma Lattes, pois ainda que seja um site aberto para acessos e armazenado em formato de planilha, não é possível acessar os currículos e baixá-los nesse formato, baixar a partir de algum programa, ou pedir que assim seja fornecido, porque os currículos são entendidos como pessoais e restritos (MACHADO, 2013). A única forma de acesso é por mineração de dados, copiar e colar um por um dos campos de preenchimento do currículo (MACHADO, 2013). Esse foi o caminho encontrado por mim na busca dos currículos de 161 pesquisadoras e pesquisadores, com adequações para ter acesso a informações como raça e sexo. A categoria ‘idade’ acabou sendo descartada, porque não contêm um campo de acesso para esta autodeclaração na plataforma, e não há maneiras de identificar as pesquisadoras e pesquisadores a partir de suas fotografias disponibilizadas ou de suas trajetórias de formação dadas nas publicações. Isso seria um trabalho minucioso, por uma informação que poderia ser facilmente adquirida, caso a Plataforma fosse aberta.

Ao fim de novembro de 2014, durante minha participação no 18° Encontro Nacional da Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisas sobre a Mulher e Relações de Gênero (REDOR), na Mesa Redonda Mulher e Ciência, conversei com Hildete Pereira de Melo Hermes de Araújo e com Maria Lúcia Santana Braga, que trabalha no CNPq, pois ambas apresentavam dados de pesquisa com o banco de dados da Plataforma Lattes. Perguntei-lhes, então, sobre o acesso restrito à Plataforma, ao que responderam que ao máximo o CNPq tinha as divulgações para público mais amplo, mas que pesquisas fora do próprio CNPq eram realmente restritas e não seria o caso de 'não saber pesquisar, mas de 'não poder ter acesso'.

Conjunto aos problemas para acessar as informações via currículos, existem problemas relacionados à Plataforma Lattes comuns também ao Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e a vários bancos de dados: pesquisadoras e pesquisadores que têm produções ou pesquisam o tema mapeado, assim como grupos e núcleos não aparecem nas buscas por palavras-chave; o preenchimento das produções e informações pode estar desatualizado ou incompleto; as buscas sofrem variações diversas a partir do local ou do login de acesso; dentre mais problemas comuns que interferem nos mapeamentos e direcionam os resultados.

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Uma vez assumidas as dificuldades para pesquisa, as palavras-chave foram ampliadas. A proposta de realizar as buscas por produções somente com ‘feminismo/feminista’ em 2013 resultou em apenas 05 grupos, além do que as produções sobre o tema consideram inseparável a categoria ‘gênero’, e em alguns casos também consideram a ‘mulher’. Ao fim, o termo feminista foi usado segundo sua amplitude histórica a partir das palavras-chave: feminismo, feminista, mulher, gênero e também raça e negra para dar conta dos grupos e núcleos negros feministas, que poderiam não aparecer nos resultados.

Com a ampliação das palavras-chave e mudanças no banco de dados do CNPq, foram mapeados de início 286 grupos, sendo que apenas 8 deles apresentavam a categoria raça na nomeação e o que parecia ser um problema da institucionalização dos grupos, vinculado à democracia racial, foi um problema no levantamento do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, porque no fim de 2014 tive acesso a uma lista ‘com links dos sites de Núcleos de estudo de gênero e raça no Brasil’, publicada no site do Senado Federal. A busca faz parte de uma pesquisa do Programa de Equidade de Gênero e Raça7, porém o interessante é que os Núcleos, publicados nessa lista, estão cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, mas não apareceram nas buscas, com exceção de cinco: o Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher (NEIM); o Núcleo de Estudos de Gênero Pagu; o Ser-tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em gênero e sexualidade; o Laboratório de Estudos da Sexualidade Humana (Lab-ESHU); o Núcleo de Família, Gênero e Sexualidade (FAGES).

Encontrar essa lista com os links foi importante para mostrar as lacunas do levantamento dos grupos e núcleos no Diretório do CNPq e um problema em relação ao tempo de realização da pesquisa, pois os links renderam mais núcleos, 320 pesquisadoras e pesquisadores, que teriam itens dos seus Currículos Lattes copiados e colados manualmente, tal como foi realizado com os 161 anteriores. Alguns programas foram pensados para tabular as informações. Cheguei, por exemplo, a usar o Import.IO8, apresentado por Jordão Horta

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O Programa de Equidade de Gênero e Raça era uma iniciativa da Secretária Interministerial de Políticas para Mulheres, a SPM, criada em 2003 e fundida às Secretarias de Direitos Humanos e Secretaria de Políticas da Promoção da Igualdade Racial em 2015. O programa teve por proposta oferecer um selo para organizações que buscassem aderir a ele promovendo ações voltadas para equidade de gênero e raça em suas estruturas.

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O Import.IO é uma Plataforma online com ferramentas como 'crawler' e outros de buscas e formação automática de planilhas com informações de bancos de dados. Mais informações podem ser obtidas no site:<https://import.io/>. Acessado de agosto de 2014 a janeiro de 2015.

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Nunes durante a banca de qualificação, mas o programa falhou durante o processo ao não considerar alguns campos ao exportar para planilha. O resultado foi construir uma planilha manualmente com ajuda de Mylanne Mendonça e Isabela Daruska Iglesias. É a partir dela que construí boa parte dos gráficos e tabelas desta dissertação.

A escolha de pesquisar a entrada do feminismo nas universidades do Brasil rendeu a princípio contradições e problemas em relação a temas, conceitos e tempo de execução, mas também em como e onde tenho acesso ao que pesquisar, pois a pesquisa a partir dos Grupos de Pesquisa do Diretório de Pesquisas do CNPq é também sobre a história do próprio Diretório e das universidades no Brasil.

1.6. Objetivos da pesquisa por um viés possível: pesquisando feminismo a partir dos

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