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2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

4 PERCURSO DA PESQUISA Tudo passa e tudo fica

porém o nosso é passar, passar fazendo caminhos... Caminhante, são tuas pegadas o caminho e nada mais;

caminhante, não há caminho, se faz caminho ao andar...

(Antonio Machado – poeta espanhol)

A avaliação executada teve como ponto de partida a necessidade de conhecer o projeto de forma contextualizada, atentando para todas as dimensões e implicações do seu desenvolvimento, de forma a poder sugerir caminhos para aperfeiçoamento. Na associação com os modelos clássicos apresentados, identificamos ações do modelo de avaliação responsiva, iluminativa e algumas características do modelo CIPP, o que nos levou a uma junção de multiplos modelos de modo a tirar o melhor de cada um deles para a construção do que compreendemos ser uma avaliação interpretativa e aprofundada.

Inspiramo-nos na experiência de avaliação externa da Política Nacional de Educação Profissional e do Plano Nacional de Educação Profissional, desenvolvida em 1996 pela Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho - UNITRABALHO20.

Com base no exposto, a intenção deste estudo é compreender o projeto TAF em todas suas dimensões e implicações, de forma contextualizada, contribuindo, assim, para o avanço do seu conhecimento e implementação de outros projetos do mesmo gênero.

O estudo teve como recorte temporal o período formal de existência do Projeto TAF, previsto para 2000 a 2003. Frisamos esse período porque o referido Projeto teve continuidade nos anos seguintes, mesmo sem a assistência necessária para seu desenvolvimento.

20 Essa experiência de avaliação foi publicada por parte da equipe da Fundação UNITRABALHO que

participou da avaliação – Isaura Belloni, Heitor Magalhães e Luzia Costa de Sousa - com o objetivo de sistematizar algumas propostas metodológicas para avaliação de políticas públicas. A publicação é da Editora Cortez, na coleção Questões da nossa época, intitulada: Metodologia de Avaliação em Políticas Públicas, 2000.

4.1 Desenho da Pesquisa

A avaliação realizada foi do tipo tradicionalmente denominada ex post facto, efetivada após a conclusão do projeto, analisando como se desenvolveu o projeto e quais as repercussões na vida dos alunos, ou seja, equilibrando análises de processos e de produtos. O enfoque é basicamente qualitativo, incorporando alguns dados quantitativos.

4.1.1 Tipo de pesquisa

O tipo de pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso múltiplo ou coletivo, pois estudamos o mesmo objeto em seis escolas de municípios com realidades diferenciadas, não fugindo das características contingentes do Projeto.

4.1.2 Procedimentos

Como estratégia para coleta de dados foi feito inicialmente um levantamento documental, levantando na Secretaria de Educação Básica do Estado do Ceará documentos sobre o projeto, onde tivemos acesso a relatórios qualitativos e estatísticos da SEDUC e da Fundação Roberto Marinho, Parecer do Conselho de Educação do Ceará, material didático utilizado na formação dos professores, material de apoio elaborado pela Fundação a ser usado como subsídios para exercícios na sala de aula, livros de ata das escolas, e diários de classe. Outras fontes foram o Programa de Governo 1999-2003, documentos e estudos sobre o Telecurso 2000.

O estudo destas fontes, aliado à atuação na implantação do projeto e acompanhamento dos depoimentos de professores que se declaravam contra ou a favor do projeto, nos orientaram para construção de uma matriz de dimensões, indicadores, audiências, técnicas e instrumentos (em APÊNDICE). As dimensões tomadas para a avaliação foram: motivação (intencionalidade) dos gestores para implantação do projeto, gestão, currículo, repercussões individuais e sociais.

Dessa matriz originaram-se as questões dos instrumentais. Após essa definição, partimos para a elaboração dos questionários e entrevistas. As questões desses instrumentais foram elaboradas observando o que se sobressaía, como

importante em cada dimensão e no retorno que as respostas das audiências poderiam dar para esclarecimento das questões de pesquisa elaboradas.

Foram elaborados questionários para cada audiência: técnicos, diretores, educadores e educandos. A primeira versão desses instrumentais foi aplicada a uma amostra pequena de professores e alunos, com o fim de calibrá-los. Os instrumentais destinados a técnicos e diretores destinavam-se a entrevistas e não necessitaram de ajustes, pois no decorrer das entrevistas o desenvolvimento das conversas direcionou a outras questões.

Usamos a técnica do grupo focal para coleta dos dados, como um recurso para de complementação para esclarecimento de questões que não foram esclarecidas durante a aplicação dos questionários aos educandos e entrevista com os educadores.

Um acontecimento importante se deu nesse momento da pesquisa: um recorte de nosso estudo foi selecionado juntamente com dezoito de outros estados brasileiros em um concurso promovido, no ano de 2006, pelo Ministério da Educação/Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade e a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação. As pesquisas selecionadas receberam apoio financeiro e a orientação de um professor ou professora de instituição de ensino superior pública, no nosso caso, fomos orientados pela Prof.ª Drª Márcia Alvarenga da Universidades do Estado do Rio de Janeiro. Na ocasião tivemos a oportunidade de elaborar os instrumentais, testar os instrumentais de pesquisa em um município e, com suporte nas observações, fizemos alguns acertos e organizamos a aplicação nos seis municípios. O estudo foi publicado pela Líber Livro juntamente com as outras dezoito pesquisas em dois volumes, denominados: Educação como exercício de diversidade: estudos em campos de desigualdades sócio-educacionais. Nosso trabalho está publicado no volume 1.

A princípio, fizemos entrevistas com os grupos menores - técnicos, diretores e professores - e aplicamos questionários aos educandos. Quando da calibração dos instrumentais, percebemos que o questionário limitava as respostas dos educandos. Então, após a aplicação dos questionários, convidávamos os educandos para uma confraternização, oportunidade em que organizávamos um grupo focal para ouvi-los associados com os educadores, momento proveitoso quando

tirávamos as dúvidas do que não havia ficado claro nas respostas dos questionários ou aprofundávamos questões.

Empregamos duas estratégias analíticas complementares: análise quantitativa e qualitativa. A análise quantitativa prendeu-se à leitura e interpretação dos dados numéricos dos relatórios e nas estatísticas recolhidas na Secretaria de Educação do Estado e nas secretarias das escolas; a qualitativa foi feita quando da análise e interpretação das informações oriundas das entrevistas, documentos e outras pesquisas que abordavam o telecurso.

As estatísticas apresentadas ao Projeto referem-se a todo Estado e particularmente aos municípios e escolas estudados.

4.2 Locus da Pesquisa

Trabalhamos em seis municípios, escolhidos com suporte no Índice de Desenvolvimento Humano – (IDH)21, numa classificação de alto, médio e baixo IDH, dois municípios para cada nível. Pesquisamos uma escola por município, no geral, a que se localizava na sede dos municípios pequenos, e as de mais fácil acesso nos grandes municípios (Fortaleza e Maracanaú), sendo que, no município de Maracanaú, optamos por uma escola situada como modelo em uma das publicações da Fundação Roberto Marinho.

QUADRO 1 - ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DOS MUNICÍPIOS