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2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

RENDA FAMILIAR

6.1 Repercussões Individuais

Iniciamos a observação das repercussões individuais pela percepção externa, sujeitos que estavam envolvidos com o projeto, atuando fora das salas de aula, como as técnicas das CREDEs e dos técnicos e técnicas das secretarias municipais de educação. Técnicos e técnicas são unânimes em afirmar o aspecto positivo no emocional dos alunos pela conclusão do ensino fundamental, principalmente para aqueles que estavam afastados dos estudos há muito tempo.

Outro aspecto foi a possibilidade que o curso representou de dar continuidade aos estudos, fato comum aos municípios, no nível médio e também superior. Chegar ao nível superior foi uma realidade muito presente entre os alunos do Ceará, em razão do número de faculdades que atuam no Estado e na periferia das grandes cidades; a que mais recebeu desses alunos foi a Universidade Estadual Vale do Acaraú.

Dentre os pesquisados, apenas uma técnica considera que o projeto foi desvirtuado do seu fim (correção da distorção idade série), absorveu um grande contingente de pessoas que não atendeu a contento, não contribuindo para mudanças significativas.

As diretoras de escola também observaram repercussões na vida dos alunos: nos municípios pequenos, observam-se a aprovação em concursos das prefeituras municipais, mudanças de profissão, mudanças de comportamento, alunos mais risonhos, mais falantes, com a postura do corpo mais ereta. A possibilidade de concluir um nível de escolaridade em uma sociedade letrada faz bem para a auto-estima dos sujeitos envolvidos, muito mais pela questão do status do que pela qualidade da aprendizagem.

Sobre a aprovação em concursos públicos, esse fato aconteceu mais particularmente fora de Fortaleza. A explicação é de que, no resto do Estado, as prefeituras municipais passaram por um ajuste trabalhista e estão regulamentando seus quadros por meio de concursos, e o curso que estamos avaliando aconteceu nesse período. Professoras e diretoras lembram-se de alunos que conseguiram alterar sua vida profissional com o curso. “Um aluno que era cambista fez um concurso e hoje é vigilante em uma escola.” “Duas que eram agentes de saúde fizeram o ensino médio para se aprofundar na área da saúde.” “Outra também se submeteu a um concurso e trabalha em serviços gerais.” As vagas de emprego preenchidas por esses alunos foram de serventes, vigilantes, merendeiras e motoristas.

Os professores, que estavam mais perto dos educandos, apresentam uma percepção mais aprofundada dos efeitos do curso sobre os alunos. O desenvolvimento do educando é acompanhado com felicidade pelos professores, que também têm a autoestima elevada ao trabalhar com esse público. Geralmente são alunos que voltam aos professores para relatar suas conquistas e a eles atribuem suas vitórias.

Teve aluno que fez Tempo de Avançar Fundamental e Tempo de Avançar Médio e depois passou em Direito.

Alguns ingressaram na Universidade Estadual Vale do Acarau”, “.[...] e também aqueles que ficam orgulhosos de estudar por causa dos familiares, o marido, a esposa os filhos, os irmãos, eles já tem um dialogo diferente.

Para mim o curso foi uma vitória, para mim e para eles.” “não é só o diploma, muita gente foi fazer o ensino médio. Já vi muitos arranjar emprego.” “Eu não tenho dúvida de que foi uma coisa muito positiva para aquele pessoal”,

os mais de idade no ano seguinte concluíram o ensino médio, tiraram carteira de motorista. Os mais novos foram para o ensino regular, até hoje quando eu encontro com eles, eles me tratam com carinho e gostam de ser amigos. (PROFESSORES).

Nos municípios pesquisados, os professores relatam como repercussão na vida dos alunos: a aprovação em concurso público municipal, conseguiram emprego ou progrediram no que já faziam; socialização e terapia (caso dos idosos), demonstração de felicidade (sempre sorrindo) e orgulho de si por ter voltado a estudar, desinibição, mais falantes, pronunciando-se em público sem constrangimentos, a influência em outras pessoas da família ou do círculo de amizades e continuidade dos estudos; ficaram mais desinibidos, mais comunicativos,

A participação nas tarefas dos filhos foi constatada pelos professores: [...] “agora consegue ensinar as provas do filho, por exemplo, não sabia nada de inglês e agora já sabe, agora pude ensinar meu filho”, “não sabia conta de dividir e agora estou ensinando. “A questão do status no âmbito familiar melhora bastante”.

Ajudam os filhos nas tarefas da escola e participam mais da vida da escola de seus filhos. “Hoje eles já sabem olhar os livros e observar o que os filhos fizeram ou não. Isso foi importante para valorizar e cobrar da escola, sala de aula, e dos professores dos filhos dele”. (PROFESSORA). Confirma-se, pois, um dado comum às pesquisas realizadas em EJA: a escolarização dos pais contribui no acompanhamento da vida escolar dos filhos.

Outra repercussão apontada pelos professores foi a variedade de público atendido, pois, dentre aqueles que estavam fora da escola, pessoas das mais variadas ocupações voltaram à escola. Nos pequenos municípios, buscaram a escola pessoas de todos os segmentos que compõem a sociedade local, por

exemplo: donas de casa e suas filhas e filhos, agricultores, soldados, membros do sindicato, desempregados, comerciantes, políticos, costureiras e outros. Assim vamos encontrar na escola pessoas ligadas à vocação econômica local, além de outros grupos que pouco são encontrados nas ações de política pública, por exemplo, feirantes. Nos municípios maiores, encontramos aqueles que se denominam autônomos, prestam variados tipos de serviço, conforme a oportunidade se apresente a eles. A volta desses sujeitos é muito significativa, pois são pessoas que geralmente temem a escola, pelas normas e comportamentos ali identificados que, via de regra, diferem dos comportamentos de seu grupo, representando um espaço elitizado dentro da comunidade. Oliveira (1989) fala da vergonha desses educandos em retornar a esse espaço considerado como exclusivo das crianças, o que chega a influenciar sua capacidade de aprender. Essa pluralidade nos faz voltar ao que exprimimos quando nos referimos à importância de considerar na elaboração dos currículos e das políticas públicas para EJA a diversidade, a necessidade de desconsiderar os modos de educação compensatória em prol de uma visão mais ampla e permanente, adequada às potencialidades desses sujeitos, aliada às demandas do desenvolvimento local.

Dos 238 alunos pesquisados, 90,8% (N = 216) observaram variadas mudanças ocorridas em suas vidas, desde a conclusão do curso: ganhos no trabalho que já executam e ampliação da possibilidade de encontrar emprego são apontados nas mais variadas manifestações, por exemplo: “Concluí o fundamental e tirei a carteira de motorista,” “Me senti mais importante do que meus irmãos, agora sou mais respeitado”. “Todos me respeitam no trabalho porque com essa idade voltei a estudar, sou moderno!”.

[…] atualizar meus conhecimentos. Evoluí na linguagem. - Me senti mais seguro no meu trabalho, pois requer conhecimentos de leitura e escrita. Eu sinto que posso contribuir com o mundo. Ajudar irmãos ou filhos nas tarefas de casa. Melhorei minha comunicação, tenho muitos relacionamentos e tenho que me expressar bem quando estou em uma reunião de trabalho. Comecei a entender melhor minha família. (EDUCANDO).

Consegui trabalhar como professor. Na vida profissional e pessoal consegui mais êxito, aprimorei mais meus conhecimentos didáticos. Sinto-me mais capaz de seguir em frente. (EDUCANDO).

Eu tenho agora como falar com minhas clientes, por que as vezes eu ficava acanhada porque não tinha papo interessante para conversar com minhas clientes. (EDUCANDA).

Foi um bom adiantamento para eu chegar aonde era preciso ter o 2º grau por causa da empresa que eu trabalho, e também com os estudos em dia eu era vista diferente na empresa por causa que eu estava estudando e estava parada e isso era bom e me sentia bem”. “Melhorou o relacionamento com os colegas de trabalho. (EDUCANDO).

Através do Projeto TAF que consegui mudar até de função e ganhar mais um pouquinho. (EDUCANDA).

Sim, ao concluir o TAF apresentei na empresa o meu Certificado e consegui uma posição melhor e até meus vencimentos foram mudados sim para melhor”. “[…] aprendi a ler e escrever e sair da enxada, e foice. Instrumentos de trabalho, troquei pela caneta. Ótimo! (EDUCANDO).

Outras repercussões individuais apontadas foram a melhoria na comunicação e no entrosamento familiar, a evolução da linguagem, o sentimento de segurança e de utilidade, fugir da rotina, saber mais assuntos, melhoraram na leitura. Restaram elevadas autoestima e a autoconfiança; aumentou a coragem; a quantidade de informações que possuem; melhoraram também o humor, puderam ajudar nas tarefas dos filhos,

[...] eu estou podendo observar a tarefa dos meus filhos, estou observando se ele faz ou não. Não conseguia antes saber se tinha tarefas ou não, a criança chegava a negar. Hoje eles já sabem olhar os livros e observar o que eles fizeram ou não. Isso foi importante para valorizar e cobrar da escola [...]. (EDUCANDA).

Em conjunto, eles expressam que o curso proporcionou sentimentos de amorosidade, alegria, autoconfiança, desinibição, ampliação do universo de amigos; melhorou na escrita e nos cálculos; facilidade para trabalhar em grupo; arranjaram amigos, aprenderam a trabalhar em grupos e alguns afirmam que melhoraram a leitura e a escrita.

Antes eu tinha até vergonha quando era indagado seu grau de estudo? Hoje concluí o curso TAF e respondo firme, Ensino Fundamental completo. E houve uma pequena mudança em minha vida profissional e pessoal também. (EDUCANDO).

[...] no lado pessoal ajudou um pouco no trato com meus filhos. Por que me fez ter mais paciência.(EDUCANDA).

Graças ao TAF, consegui um emprego, aprendi a ler, a melhorar a minha assinatura, que antes mal eu conseguia entender.(EDUCANDO).

Alegam ainda como positivo o contato com livros e o reconhecimento social: “Hoje com o projeto TAF, sinto como um verdadeiro cidadão”; Participar de outros

cursos, ser mais respeitado pela família, “Às mudanças foram muitas, toda a família orgulhava-se de mim, até eu mesmo, senti realização na minha vida, pois graças ao TAF, hoje vivo bem melhor;” “entrar para a faculdade, ser aprovado em concurso público, entrar para vida política da comunidade, porque eu tive direito de candidatar a vereador, e também, renovar minha carteira fazendo prova e recebendo tipo B”. “Então mudou em minha vida pessoal e profissional”. Autonomia pessoal: “Antes de fazer o TAF, tudo o que eu ia fazer tinha que pedir orientação dos filhos. Agora não.” Colhemos também depoimentos dos que consideram que não houve grandes alterações. Os motivos alegados foram que não aprenderam muito porque na hora da aula estavam cansados, porque as aulas eram rápidas, porque só foram estudar para manter os empregos. Não encontraram aplicabilidade ou funcionalidade nos conhecimentos adquiridos. Um educando afirma: “continuo como vendedor, melhorei apenas minha leitura e a tabuada (cálculos de cabeça)”. “O que aprendi não dá para passar em concurso, pois foi pouco e nos concursos pedem demais, é muito pesado”. Uma educanda ironiza quando indagada sobre os ganhos com o curso, afirma que aprendeu a “dormir tarde” pois chegava em casa mais de dez horas.

Podemos fazer associações entre as afirmativas dos educandos e a referência que Paulo Freire (1979) fazia sobre a passagem da posição de intransitividade da consciência, a-historicidade do homem para uma consciência transitiva, mesmo que no primeiro estágio, pois se observam nos educandos a reflexão sobre sua existência, sobre suas necessidades, seu existir dentro do grupo, o reconhecimento de suas potencialidades, a quebra nas limitações de sua consciência mítica, o ganho obtido no diálogo com os outros e com o professor; no entanto, não se caracteriza em um estagio mais avançado como o que Paulo Freire denominava de consciência transitivocritica, visto que para isso necessitaria uma

prática educativa mais crítica, dialógica, que explorasse seu potencial e proporcionasse a interação e a ampliação de seus saberes e dos saberes científicos.

Sobre a influência provocada na família ou do seu círculo de amizades, para o retorno ao estudos incentivado por ver o educando estudando, 54,2% (N= 129) dos entrevistados responderam que influenciaram esposas, maridos, irmãos, primos, tias, amigos, colegas de trabalho, vizinhos: “os meus amigos passaram a dar credibilidade ao Curso. Quando viram meu contracheque – acreditaram e procuraram o projeto, matriculando-se, em seguida”.

Ora lá onde eu morava todos os agricultores, quando me viram, trabalhando na prefeitura correram atrás do TAF. Se matricularam e fizeram também o TAM, já tem deles até na Faculdade. Foi de muita importância para nós. Graças ao Projeto TAF e TAM hoje sou chefe de setor na prefeitura. Sou grato ao governo e ao Projeto TAF e TAM. (EDUCANDO).

Alguns colegas resolveram a entrar neste projeto pois já estavam fora de faixa etária, e com prejuízo sem poder entrar no mercado de trabalho, pois na maioria exige o 2º grau. E o projeto já salvou muitos jovens de perder seus empregos.(EDUCANDO).

“[...] todas as minhas colegas, me viram com mais conhecimento começaram a querer me imitar e entraram também no Projeto TAF”. (EDUCANDA).

“Várias pessoas inclusive minha mãe ela queria terminar o Ensino Médio e agora tem a oportunidade de concluir no TAM”.(EDUCANDA).

“Sim meus irmãos que há anos haviam parado de estudar, e foram só trabalhar na roça. Depois que me viram estudando e consegui logo um emprego na cidade, eles, voltaram as sala de aula...”. (EDUCANDO).

Continuar a estudar foi uma realidade para 77,3% (N= 184) dos educandos entrevistados. A oferta do Tempo de Avançar, ensino médio, nas mesmas escolas onde foi oferecido o ensino fundamental, foi um fato que muito contribuiu para que isso acontecesse, no entanto, não foi expresso por nenhum dos entrevistados; mas, com exceção de uma escola, em todos os municípios, foi implantado e foi lá que eles deram continuidade. Na escola que não ofereceu o TAM, 54,5% (18) dos 33 alunos entrevistados não deram continuidade. Em um dos municípios, foi dito que a

ida para o TAM não foi voluntária, foi a oportunidade apresentada; alguns consideram que seria melhor ter cursado de forma seriada.

Para não continuar a estudar, alegaram cansaço, falta de tempo, ter que cuidar dos filhos, dificuldade na visão e questões financeiras; não haver oferta na sua comunidade e a necessidade de deslocamento. Foi alegada a dificuldade em acompanhar o curso: “Por que achei difícil o TAF imagine o TAM que o 2º grau. DEUS me livre”.

Os que deram continuidade tiveram como motivação o desejo de saber mais:

Fiz o TAM. Para ter mais conhecimento por que vivemos numa sociedade que está sempre evoluindo e devemos acompanhar a evolução como, por exemplo o computador, celular, bate papo, não sei nada disso mas vejo meus filho falarem muito e sempre pedirem dinheiro para isso. (EDUCANDO).

O adulto, ao retomar à escola, traz diversos registros da sua vida em sociedade e estratégias de conduta de outros grupos de que toma parte: família, comunidade, trabalho, partidos políticos, agremiações esportivas... Circular com segurança por esses grupos requer diversos conhecimentos que muitas vezes não são adquiridos na escola, no entanto, outros só nela são trabalhados, como é o caso do domínio do idioma falado e escrito.

Inferimos pelas respostas dadas pelos alunos que a escolarização tem fins imediatos para eles, seja para assegurar ou manter empregos, resolver tarefas domésticas, como ensinar a tarefa dos filhos, atuar nos grupos dos quais tomam parte. Associamos esses fins aos que foram externados sobre “direito ao entorno” por Alvarenga (2006) citando Santos (1996): “o valor do individuo depende do lugar em que está e que, desse modo, a igualdade dos cidadãos supõe, para todos, uma acessibilidade semelhante aos bens e serviços, sem os quais a vida não será vivida com aquele mínimo de dignidade que se impõe.”

As mudanças geralmente não se apresentam significativas, nem entre elas prioritariamente está a participação em ações interventoras no espaço social em que vivem, concentram-se no trabalho e, dadas as dificuldades socioeconômicas em que vivem, a maioria eleva a autoestima pelo fato de concluir o curso, mesmo que percebam que não lhes trouxe ganhos. Poucos são os alunos que fazem uma leitura

crítica dos conteúdos e da forma como estes são trabalhados na escola, jogando para si todas as dificuldades que sentiram no desenvolvimento dos cursos.

Encontramos em Prestes (1994, p. 99) uma boa explicação para a necessidade da escola: ela pode não ser o único espaço de desalienação do homem, no entanto, é o locus ideal para constituição do sujeito epistêmico. Ao direcionar suas ações apenas para instrumentalização, afasta o sujeito da autorreflexão. Não sentimos entre os alunos pesquisados que eles tenham tido a oportunidade de se apropriar de conhecimentos, de refletir sobre eles e deles usufruír para elaboração de outros, ou de entender o espaço em que vivem; no entanto, não é apenas na escola que esse sujeito tem negado o seu espaço de aprendizagem, pois também a sociedade se descuida de muitos outros aspectos que iriam complementar o seu desenvolvimento.

Não tendo oportunidade de desfrutar das condições que levam ao processo de crítica, Prestes (1994) acentua que o “sujeito epistêmico incorpora como legitimo o reduncionismo da razão e torna-se cada vez mais distante da compreensão de uma racionalidade que hierarquiza meios e fins”.

A reflexão sobre em que a escolarização poderia contribuir para o público jovem e adulto segundo seus interesses relaciona-se ao que o aprendizado favorecesse conhecimentos fundamentais úteis na sua vida pessoal e profissional ou, numa visão mais subjetiva, proporcionasse a reflexão crítica sobre fatos ou fenômenos; proporcionando-lhe, o que é expresso por Soares (2001, p.218), “saber responder as exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente. [...] ter visão critica diante dos meios de comunicação de massa, o conhecimento dos deveres e direitos de cidadania e proteção ambiental”. As informações coletadas, até o momento, não oferecem indícios de que os alunos do Projeto Tempo de Avançar Fundamental tenham conquistado esses saberes. Pelas limitações internas e externas do Projeto, no entanto, os ganhos obtidos são como que uma preparação para que esse estádio seja alcançado.

Inferimos até o momento sobre a escolarização para os sujeitos pesquisados foi que, em certo sentido, podemos considerar que a emancipação social ocorrida não aconteceu dentro da concepção pura, de Adorno e outros teóricos, de um processo de conscientização, domínio da racionalidade. Ocorreram, porém, conquistas e uma delas foi a libertação da condição de não-possuidor de algo, concluir um curso, receber um diploma, Gentili (1995) refere-se ao diploma como um

bem posicional, ou seja, que eleva a posição de uma pessoa, fazendo com que se destaque entre aqueles com quem convive; foram exaustivamente elencados pelos educandos e demais entrevistados: trabalho, convivência, aspectos emocionais, ofereceram satisfação para aqueles que participaram.

Urge que sejam repensados os cursos destinados a esse público: com qual objetivo eles estão sendo organizados? Refletir sobre as necessidades que eles estão suprindo? Como prestar contas à sociedade sobre os investimentos de dinheiro público em ações que não conferem retorno ao cidadão? A proposta é de que sejam pensados cursos que possam realmente emancipar esses sujeitos, suprindo suas necessidades de aprendizagem e favorecendo a real inclusão desses na sociedade; que correspondam ao que foi proposto há doze anos nos compromissos firmados em Hamburgo (V Confintea): “[...] baseada no patrimônio cultural comum, nos valores e nas experiências anteriores de cada comunidade, e que sejam implementadas de modo a facilitar e a estimular o engajamento ativo e as expressões dos cidadãos nas sociedades em que vivem.”