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A COOPERLUZ está regulamentada pela ANEEL desde maio de 2010, com contrato de permissão válido por um período de 30 anos, desde então a receita requerida pela distribuidora para seu funcionamento é ajustada e homologada pelo agente regulador (COOPERLUZ, 2013). O faturamento necessário para que a distribuidora se mantenha em operação é calculado nos processos de revisão e reajuste tarifário, nos quais a ANEEL calcula a Receita Requerida pela distribuidora (ANEEL, 2018c).

Conforme descrito no Subcapítulo 2.4.2, as perdas de energia compõem parte do custo da tarifa de energia através da Parcela A, em que a receita requerida para a aquisição de energia é calculada através da soma da energia fornecida aos consumidores, somada das perdas regulatórias fixadas pela ANEEL.

A Revisão Tarifária Periódica (RTP) da distribuidora ocorre a cada quatro anos, sendo que, nas revisões são definidos dentre outros aspectos o percentual de perdas regulatórias aplicado nos processos tarifários (ANEEL, 2018c). Porém, anteriormente a primeira RTP da distribuidora, na homologação do contrato de permissionária/concessionária, a ANEEL define o índice de perdas regulatórias da empresa.

Sendo assim, no primeiro ciclo tarifário da COOPERLUZ, compreendido de 2010 a 2013, a ANEEL fixou como percentual de perdas regulatórias da COOPERLUZ, para fins de tarifários o índice de 7,47% sobre a energia adquirida (ANEEL, 2011a).

Já no primeiro ciclo de Revisão Tarifária Periódica da COOPERLUZ, ocorrido em junho de 2013, a ANEEL utilizou do Módulo 7 do PRODIST (revisão 3) para realizar o cálculo das perdas regulatórias para os cálculos de revisão tarifária, sendo adotado o valor de 10,66%, válido para o período de 2014 a 2017 (ANEEL, 2013b).

Por fim, no segundo ciclo de RTP da COOPERLUZ, ocorrido em julho de 2018, as perdas regulatórias foram pleiteadas pela permissionária, sendo que o índice de perdas regulatórias da COOPERLUZ homologadas pela ANEEL neste ciclo foi de 11,08% (ANEEL, 2018a).

Através dos índices de perdas regulatórias definidos pela ANEEL para o sistema de distribuição da COOPERLUZ, pode-se desenvolver um comparativo com as perdas praticadas pela distribuidora. Na Figura 13 se tem o gráfico comparativo da evolução das perdas na distribuição e das perdas regulatórias do período de 2011 a 2018.

Figura 13 - Perdas na distribuição x perdas regulatórias da COOPERLUZ.

Fonte: Adaptado de COOPERLUZ (2012, 2013a, 2014, 2015, 2016, 2017) e Adaptado de ANEEL (2011a, 2013b, 2018a).

* NOTA: Dados referentes ao ano de 2018 ainda não publicados em documento oficial.

Em análise da Figura 13, verifica-se que desde a sua regulamentação como permissionária de energia elétrica, as perdas na distribuição da COOPERLUZ sempre foram maiores que as perdas regulatórias. Considerando os valores apresentados na Figura 13, nota-se que no primeiro ciclo tarifário (2011 a 2013), as

perdas regulatórias eram consideravelmente menores que as perdas praticadas pela distribuidora. Já após a primeira revisão tarifária, ocorreu uma elevação das perdas regulatórias, o que aproximou as mesmas das perdas reais na distribuição.

No segundo ciclo de revisão tarifária, ocorreu um novo aumento do índice de perdas regulatórias, podendo ser justificada como uma forma de reconhecimento do agente regulador do crescimento de ativos elétricos da COOPERLUZ, que acarretaram em uma elevação considerável das perdas.

Como ressaltado anteriormente, o percentual de perdas regulatórias se refere ao montante de energia que coberto pela Parcela A, ou seja, é considerado no cálculo de energia requerida nos processos de revisão e reajuste tarifário.

Portanto, conclui-se que há um montante de perdas de energia sem cobertura pela Parcela A, logo, a distribuidora terá de se utilizar do montante da Parcela B para cobrir parte dos custos relacionados as perdas de energia. Visto que, a Parcela B, compreende a receita da distribuidora destinada para cobrir os custos de operação e manutenção (O&M), depreciação dos ativos e remuneração de investimentos. Sendo assim, quando a distribuidora opera com perdas na distribuição maiores que o índice de perdas regulatórias, a mesma é penalizada tendo que destinar parte da receita que deveria ser destinada a investimentos, operação e manutenção da empresa para cobrir perdas de energia.

Para avaliar os impactos da operação do sistema com perdas maiores que as perdas regulatórias consideradas pela ANEEL. Para isso, deve-se calcular a diferença entre a energia requerida para atendimento do mercado da cooperativa, considerando o percentual de perdas regulatórias, com a energia injetada no período analisado.

Sendo assim, calculou-se para cada ano, do período analisado de 2011 a 2018, o montante de Energia Requerida (ER) para atender o mercado da distribuidora (EF) considerando o Percentual de Perdas Regulatórias (PR%), que pode ser descrito pela Equação (12):

=

1 − % %

A partir da Energia Requerida, calcula-se o montante de Perda Regulatória e a diferença para com as Perdas na Distribuição, este montante será referente ao montante de energia coberto pela Parcela B da empresa, visto que não estão compreendidos nas perdas consideradas na Parcela A, sendo os respectivos montantes referentes a cada ano, de 2011 a 2018, apresentados na Tabela 7.

Tabela 7 – Montantes de perdas na distribuição x perdas regulatórias (período 2011 – 2018).

Ano Civil Energia Injetada (MWh) Energia Fornecida (MWh) Perdas na Distribuição (MWh) Perdas na Distribuição (%) Perdas Regulatórias (%) Energia Req. pela Perda Regulat. (MWh) Perdas Regulatórias (MWh) Diferença Perdas (MWh) EI EF PD PD% PR% ER PR PD-PR (1) (2) (3) = (1)-(2) (4) = (3)/(1) (5) (6) = (2)/[1-(6)] (7)=(5)*(6) (8) = (3)-(7) 2011 52.028,90 44.764,98 7.263,92 13,96% 7,47% 48.378,88 3.613,90 3.650,02 2012 55.443,36 47.582,39 7.860,97 14,18% 7,47% 51.423,74 3.841,35 4.019,62 2013 55.541,59 47.992,21 7.549,38 13,59% 7,47% 51.866,65 3.874,44 3.674,94 2014 60.732,00 53.032,17 7.699,83 12,68% 10,66% 59.361,93 6.329,76 1.370,07 2015 61.371,37 53.826,89 7.544,48 12,29% 10,66% 60.251,51 6.424,62 1.119,86 2016 62.464,60 55.231,83 7.232,77 11,58% 10,66% 61.824,13 6.592,31 640,46 2017 67.194,67 58.112,83 9.081,84 13,52% 10,66% 65.049,00 6.936,17 2.145,67 2018* 69.325,15 60.406,27 8.918,88 12,87% 11,08% 67.933,28 7.527,01 1.391,87 Fonte: Adaptado de COOPERLUZ (2012, 2013a, 2014, 2015, 2016, 2017) e ANEEL (2011a, 2013b,

2018a).

* NOTA: Dados referentes ao ano de 2018 ainda não publicados em documento oficial.

Na Tabela 7 estão demonstrados os comparativos entre as perdas reais medidas no sistema de distribuição da COOPERLUZ, com as metas de perdas regulatórias impostas pelo órgão regulador. Sendo assim, percebe-se que desde a entrada no ambiente regulado a cooperativa sempre apresentou perdas acima dos limites reconhecidos pela ANEEL.

Conforme apresentado anteriormente, as perdas regulatórias da distribuidora são consideradas no cálculo tarifário, porém os excedentes de perdas devem ser cobertos pela empresa através da sua Parcela B. Visto isso, é de interesse deste trabalho avaliar o impacto financeiro representado por estes montantes de perdas acima dos limites reconhecidos pela ANEEL.

Sendo assim, calculou-se o montante de perdas reconhecido pelo órgão regulador da cooperativa com base no seu mercado. Com isso, obteve-se o montante de perdas anuais que foram cobertos através da utilização da Parcela B, apresentado na Tabela 7.

A valoração destes montantes de perdas é realizada através da aplicação da Tarifa de Energia (TE) da supridora, em vigência para cada período. Ressalta-se, porém, que a vigência das tarifas ocorre no ano regulatório (de julho do ano de entrada em vigência até junho do próximo ano), diferentemente da apuração das perdas que é feita no ano civil.

Visto isso, é necessário calcular a TE média aplicada pela supridora para cada ano analisado, para estimar com maior precisão a valor de Parcela B destinado para a cobertura das perdas de energia da cooperativa. Na Tabela 8 estão apresentados os valores de tarifa de energia, em R$ por MWh, aplicados pela supridora e os valores médios para os respectivos anos do período de 2011 a 2018. Ressalta-se que não foram localizados os valores de TE do período de janeiro a junho de 2011.

Tabela 8 - Tarifas de energia aplicadas pela supridora de energia da COOPERLUZ (2011 a 2018).

TARIFAS APLICADAS MENSALMENTE PELA SUPRIDORA - TE (R$ / MWh) Valor Médio (R$/MWh) Ano / mês jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

2011 - - - 30,35 30,35 30,35 30,35 30,35 30,35 30,35 2012 30,35 30,35 30,35 30,35 30,35 30,35 30,50 30,50 30,50 30,50 30,50 30,50 30,43 2013 30,50 30,50 30,50 26,70 26,70 26,70 27,66 27,66 27,66 27,66 27,66 27,66 28,13 2014 27,66 27,66 27,66 27,66 27,66 27,66 35,96 35,96 35,96 35,96 35,96 35,96 31,81 2015 35,96 35,96 35,96 35,96 35,96 35,96 42,10 42,10 42,10 42,10 42,10 42,10 39,03 2016 42,10 42,10 42,10 42,10 42,10 42,10 39,27 39,27 39,27 39,27 39,27 39,27 40,69 2017 39,27 39,27 39,27 39,27 39,27 39,27 39,27 79,26 79,26 79,26 79,26 79,26 55,93 2018 79,26 79,26 79,26 79,26 79,26 79,26 79,26 261,25 261,25 261,25 261,25 261,25 155,09

Fonte: Adaptado de ANEEL (2011b, 2012, 2013c, 2013d, 2014, 2015d, 2016b, 2017d e 2018f).

Com base nos valores médios de tarifa de energia aplicados pela concessionária supridora da COOPERLUZ, apresentados na Tabela 8, pode-se valorar os montantes de perdas de energia cobertos pela Parcela B, demonstrados na Tabela 9.

Tabela 9 – Perdas de energia da COOPERLUZ cobertos pela Parcela B.

Ano Civil Distrib. (%) Perdas na

Perdas Regulatórias (%) Diferença Perdas (Real x Regul.) Valor Médio TE Supridora (R$/MWh) Valor Perdas cobertos pela Parcela B 2011 13,96% 7,47% 3.650,017 R$ 30,35 R$ 110.778,03 2012 14,18% 7,47% 4.019,616 R$ 30,43 R$ 122.296,83 2013 13,59% 7,47% 3.674,941 R$ 28,13 R$ 103.376,10 2014 12,68% 10,66% 1.370,067 R$ 31,81 R$ 43.581,83 2015 12,29% 10,66% 1.119,862 R$ 39,03 R$ 43.708,20 2016 11,58% 10,66% 640,462 R$ 40,69 R$ 26.057,18 2017 13,52% 10,66% 2.145,666 R$ 55,93 R$ 120.012,47 2018 12,87% 11,08% 1.391,874 R$ 155,09 R$ 215.864,58

Fonte: Adaptado de COOPERLUZ (2012, 2013a, 2014, 2015, 2016, 2017) e ANEEL (2011a, 2013b, 2018a).

Na Tabela 9 é possível verificar o impacto financeiro em função da operação do sistema de distribuição com perdas superiores ao índice de perdas regulatórias. Sendo que desde 2011, em média a COOPERLUZ utiliza cerca de R$ 98.000,00 (noventa e oito mil reais) por ano de Parcela B para cobrir despesas de aquisição de energia em função das perdas de energia acima do valor regulatório considerado pela ANEEL.

Somados os valores anuais para o período de 8 (oito) anos que está sendo analisado, totaliza-se o valor de cerca de R$ 785.000,00 (setecentos e oitenta e cinco mil reais), que foram utilizados da receita que seria destinada para fins de investimento, pessoal, operação e manutenção da empresa.

O somatório apresentado de Parcela B destinado para cobrir o excedente de perdas de energia aparente ser um valor de grande expressividade, porém, para verificar o real impacto na saúde financeira da permissionária, para melhor avaliar o impacto financeiro para a distribuidora se pode comparar estes valores com o total de Parcela B a ser arrecadado pela distribuidora.

Sendo assim, pode-se verificar na Tabela 10 os percentuais que os valores para cobrir o custo de parte das perdas na distribuição representam do valor total de Parcela B para os respectivos anos. Ressalta-se que, anteriormente a 2013 a ANEEL não apresentava nas suas Resoluções Homologatórias de tarifas os valores de Parcela B para o respectivo período.

Tabela 10 – Impacto financeiro do valor de Parcela B necessário para cobrir o custo das perdas de energia da COOPERLUZ (2011 a 2018). Ano Civil Valor Perdas cobertos pela Parcela B Valor Parcela B COOPERLUZ % Parcela B destinado a cobrir Perdas de Energia 2011 R$ 110.778,03 R$ 9.898.857,69 1,12% 2012 R$ 122.296,83 * * 2013 R$ 103.376,10 R$ 13.156.144,76 0,79% 2014 R$ 43.581,83 R$ 13.156.144,76 0,33% 2015 R$ 43.708,20 R$ 13.156.144,76 0,33% 2016 R$ 26.057,18 R$ 15.806.362,74 0,16% 2017 R$ 120.012,47 R$ 18.978.290,36 0,63% 2018 R$ 215.864,58 R$ 20.750.000,00 1,04%

Fonte: Adaptado de ANEEL (2011b, 2012, 2013c, 2013d, 2014, 2015d, 2016b, 2017d e 2018f).

Em análise aos valores apresentados na Tabela 10, verifica-se que os valores financeiros necessários para cobrir as perdas de energia excedidas das perdas regulatórias não são de grande relevância na receita de Parcela B da distribuidora. Visto que, em nenhum dos anos analisados este percentual ultrapassou 1% do total de Parcela B. Porém, observa-se um crescente no percentual de representatividade do valor de Parcela B necessário para cobrir as perdas para os anos de 2017 e 2018.

5.4 CONCLUSÕES DA ANÁLISE HISTÓRICA DAS PERDAS DE ENERGIA E