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Neste subcapítulo serão apresentados conceitos e dados pertinentes relacionados ao órgão regulador do sistema elétrico brasileiro, além da atuação do mesmo no âmbito da regulação das perdas de energia no sistema de distribuição. 3.3.1 Agência Reguladora do Setor Elétrico Brasileiro – ANEEL

A regulação do setor elétrico brasileiro é realizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que como citada anteriormente é uma autarquia, sendo ela vinculada ao Ministério de Minas e Energia do Governo Federal da República do Brasil. São funções da ANEEL, atuar como órgão regulador e fiscalizador da geração, transmissão e distribuição de energia elétrica (ANEEL, 2018b).

No âmbito da regulação das distribuidoras de energia elétrica, vê-se que os contratos de concessão e permissão estipulam áreas de atuação das distribuidoras, logo, o mercado da distribuição de energia se torna um monopólio natural. Com

base nisso, os consumidores não possuem a possibilidade de escolher a distribuidora que irá lhe fornecer a energia, porém o mesmo tem o direito ao serviço prestado conforme as exigências de qualidade definidas pelas legislações vigentes (ARAUJO, 2007).

Neste cenário, a ANEEL atua de forma a regular o preço das tarifas de energia visando estabelecer valores justos para consumidor e distribuidora. Cabe ao órgão regulador a fiscalização quanto aos níveis de qualidade da prestação do serviço e do produto (energia elétrica), além de evitar que em função das características do monopólio natural ocorram abusos por parte da distribuidora para com o consumidor (ARAUJO, 2007).

Para que a regulação e a fiscalização do setor elétrico sejam eficientes, a ANEEL dispõe de procedimentos que visam normatizar e padronizar determinados processos que ocorrem dentro das empresas de distribuição. No aspecto técnico, correspondendo as questões operacionais das distribuidoras, além do envio de indicadores para a agência reguladora, a ANEEL dispõe dos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST (ANEEL, 2018b).

O PRODIST aborda procedimentos que regulamentam diversas áreas das distribuidoras, desde questões técnicas de planejamento do sistema elétrico, cálculo de perdas de energia, qualidade de energia, até procedimentos de âmbito gerencial, tais como informações e relatório que devem ser encaminhados para a ANEEL, o cadastro das redes elétricas em sistema de informações geográficas, faturas de energia, dentre outros (ANEEL, 2018b).

No âmbito econômico, a ANEEL dispõe dos Procedimentos de Regulação Tarifária – PRORET, que visam normatizar os processos tarifários, ou seja, regulamenta os processos de revisão e reajuste tarifário, estrutura tarifária, tanto para concessionárias como para permissionárias (ANEEL, 2019).

Quanto as perdas de energia, a partir do primeiro processo de revisão tarifária das distribuidoras, com a identificação de elevados índices de perdas de energia na

distribuição, foi que a ANEEL desenvolveu metodologias para apuração das perdas (QUEIROZ, 2010).

3.3.2 Perdas de Energia nos Processos Regulatórios

Tendo em vista as definições abordadas anteriormente, cabe também a ANEEL a função de atuar no âmbito regulatório do controle e gestão das perdas de energia no sistema de distribuição, de forma que o agente permissionário/concessionário atue de forma responsável quanto a eficiência do sistema elétrico (HASHIMOTO et. al., 2005).

Anteriormente, apresentou-se que as perdas de energia são prejudiciais para o sistema elétrico, tanto técnico quanto economicamente, visto que as mesmas acarretam em custos operacionais para as distribuidoras. Visto que, a receita das distribuidoras é função das faturas de energia pagas pelos consumidores, logo, o aumento dos custos operacionais da distribuidora tenderá em acarretar um aumento da fatura de energia do consumidor. Para compreender o impacto das perdas de energia na tarifa a ser cobrada dos consumidores, deve-se analisar a estrutura tarifária.

Segundo a ANEEL (2017a), a tarifa de energia é composta de três partes: Parcela A, Parcela B e tributos. Em que, a Parcela A, corresponde ao custo de compra da energia, transporte e encargos setoriais (ANEEL, 2017b). Já a Parcela B é composta pelos custos gerenciáveis, tais como custos operacionais, remuneração de capital, cota de depreciação dos ativos (ANEEL, 2017c). Os tributos agregados a tarifa de energia são impostos estaduais e federais tais como: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) (ANEEL, 2017a).

Na Parcela A da tarifa de energia, a qual compreende os custos de compra e transporte, além de encargos do setor elétrico, define-se no submódulo 3.2 do PRORET que, o custo com a aquisição de energia será a energia requerida para atender o mercado da distribuidora multiplicado pelo preço médio de repasse do custo de aquisição de energia. Porém, ressalta-se o termo energia requerida, calculado segundo o PRORET a partir da Equação (1) (ANEEL, 2018d):

= + (1) Onde,

– Energia requerida, expressa em MWh, para atender o mercado distribuidora (dado informado no processo regulatório);

– Energia vendida pela concessionária/permissionária, expressa em MWh, para atendimento do mercado da distribuidora e consumo próprio;

– Perdas Regulatórias Totais, expressa em MWh, obtidas pela soma das perdas na rede básica, perdas técnicas e não técnicas.

Percebe-se que as perdas de energia elétrica afetam diretamente o valor da tarifa de energia, uma vez que, as mesmas são consideradas no cálculo do montante de energia requerida pela distribuidora para o atendimento do seu mercado. Porém, ressalta-se que as perdas consideradas neste cálculo são as perdas regulatórias.

As perdas regulatórias são definidas durante os processos de revisão tarifária das distribuidoras, em que são determinados os valores de tarifa a serem aplicados pelas mesmas (QUEIROZ, 2010). Sendo assim, o regulador determina a cada ciclo de revisão tarifária o nível de perdas que irá compor a energia requerida da distribuidora (ARAUJO, SIQUEIRA, 2006).

O tratamento das perdas regulatórias é realizando tendo como balizador os princípios de Regulação por Incentivos, em que a ANEEL busca definir níveis de perdas que proporcionem incentivos econômicos para que os agentes reduzam seus índices de perdas, isso ocorre em geral através da atribuição de níveis de perdas em trajetória decrescente. Com isso, o regulador tem por objetivo alcançar melhores índices de eficiência e qualidade, prezando pela modicidade tarifária (ARAUJO, SIQUEIRA, 2006).

Sendo assim, a ANEEL dispõe de dois procedimentos adotados quando ao tratamento regulatório das perdas de energia elétrica. O primeiro deles, o módulo 7 do PRODIST, denominado de Cálculo de Perdas na Distribuição, tem como intuito definir a metodologia a ser adotada pelas distribuidoras para determinação das

perdas técnicas regulatórias de seu sistema (ANEEL, 2018c). Tendo como objetivo padronizar a forma com que as empresas de distribuição de energia apuram suas perdas técnicas, assim garantindo uma maior confiabilidade dos dados apresentados pelas distribuidoras (QUEIROZ, 2010).

O segundo procedimento definido pela ANEEL aborda a avaliação das perdas não técnicas, as chamadas perdas comerciais. Sendo que as premissas para definição destas estão dispostas no submódulo 2.6 do PRORET, no qual está apresentada uma metodologia de definição das perdas não técnicas regulatórias, que consideram aspectos socioeconômicos das áreas de concessão para definição das metas (ANEEL, 2015b).

Tendo em vista os objetivos do trabalho, no qual será desenvolvida uma avaliação das perdas técnicas de energia no sistema de distribuição de uma permissionária, em seguida será apresentada a metodologia vigente desenvolvida e regulamentada pela ANEEL para o cálculo de perdas técnicas regulatórias.

3.4 METODOLOGIA DE CÁLCULO DAS PERDAS TÉCNICAS DO MÓDULO 7 DO