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3.2 Categorias de análise

3.2.3 Perfil da formação profissional dos professores

Para delinear o perfil profissional dos professores, faz-se necessário passar pela sua formação, inicial e continuada. Quase a totalidade dos professores são graduados em Ciências Biológicas, o tempo de magistério é bastante variado, um número expressivo de professores cursou instituição privada de ensino acadêmico, mais da metade não teve formação continuada nos últimos cinco anos, poucos são pós- graduados e apenas seis professores são efetivos por concurso público.

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Estadual Estadual/municipal Estadual/particular

N ú m e ro d e p ro fessor e s Redes de ensino

Figura 6: Formação acadêmica dos professores participantes da pesquisa

A Figura 6 mostra que 26 professores afirmam que possuem formação inicial em Ciências Biológicas e 2 professores afirmam que são formados em Matemática. A formação desses dois professores em Matemática se justifica pois, através da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araguari, antiga FAFI, cursada pelos mesmos, o curso de Ciências (licenciatura curta) habilitava também o professor para Matemática (licenciatura plena). Dessa forma, o professor era habilitado tanto para aulas de Ciências quanto para aulas de Matemática. Uma das professoras que se diz formada em Matemática é contratada, e só ministra aulas se houver sobras de aulas do cargo do professor efetivo ou efetivado pela Lei 100. Dessa forma, ela é autorizada a ministrar aulas não somente da disciplina em que é habilitada, mas, na falta de professor específico, ela poderá ministrar aulas de outras disciplinas também. Essa autorização é embasada em resolução, que é atualizada e entra em vigor todo início de ano de forma a regulamentar a organização do quadro de pessoal das escolas estaduais do estado de Minas Gerais. A última resolução é a de número 2018, de 06 de janeiro de 2012, assinada pela atual Secretária de Estado de Educação Ana Lúcia Gazzola. Destacamos alguns pontos da resolução que nos parecem interessantes observar. Em linhas gerais, para as designações de professores para o exercício do magistério no ano de 2012 observam-se, entre outros, os seguintes critérios de classificação:

Candidato habilitado, concursado;

Professor designado (contratado) habilitado e inscrito em uma listagem de classificação do ano anterior (2011);

Candidato habilitado não inscrito na listagem de classificação do ano anterior (2011);

Candidato não habilitado. 0 5 10 15 20 25 30

Ciências Biológicas Matemática

N ú m e ro d e p ro fessor e s Formação acadêmica

Como visto, um profissional mesmo sem ter habilitação específica na área poderá ser “professor”. Até mesmo se formado em outras áreas que não educação, poderá ministrar aulas. Em algumas situações, professores de Ciências ministram aulas de Matemática e vice- versa, professores de Geografia ministram aulas de História e o contrário também acontece, professores de Sociologia e Filosofia também atuam nesses dois conteúdos, entre outros exemplos. Não é incomum ver profissionais recém-formados, como advogados, psicólogos e outros assumindo uma sala de aula de Ensino Fundamental ou Médio. Porém o contrário não acontece, um professor advogando? Atendendo pessoas com problemas psicológicos? É certo que nenhuma outra formação é adequada para a atuação pedagógica. É certo também que cada área tem sua formação específica. Se as dificuldades na formação do professor em sua área de atuação são grandes e complexas, o que se diz, então, sobre o professor que atua em uma disciplina que não é a da sua formação? Isso compromete de forma drástica a qualidade do ensino. Segundo Rigotto e Souza (2005), a educação está deficiente do ponto de vista qualitativo. São muitas as problemáticas que contribuem para a má qualidade de ensino: professores mal capacitados, deficiência de bibliotecas e laboratórios de área, equipamentos de informática precários, professores insatisfeitos, mal remunerados e com extensas jornadas de trabalho, salas de aula numerosas, dentre tantos outros exemplos que aqui poderiam ser relacionados. Para Gomes e Brito (2006), é exigido que os profissionais de educação ofereçam qualidade de ensino, dentro de um sistema de massa, ainda baseado na competitividade, entretanto, os recursos materiais e humanos são cada vez mais precarizados, os profissionais têm baixos salários, há um aumento das funções dos professores, contribuindo para um esgotamento e uma contradição quanto à formação que é oferecida.

A figura 7 apresenta o tempo de magistério dos professores.

A

Figura 7: Tempo de magistério dos professores participantes 0 2 4 6 8 10 12 de 2 a 5 anos de 6 a 10 anos de 11 a 15 anos de 16 a 20 anos mais de 20 anos m e ro de pro fesso re s Tempo de magistério

Como podemos perceber com os dados da Figura 7, é bastante variado o tempo de magistério dos docentes participantes: quatro têm de 2 a 5 anos de magistério, dez têm de 6 a 10 anos, três participantes têm de 11 a 15 anos de docência, oito professores têm entre 16 e 20 anos de profissão e três são professores há mais de 20 anos. A maioria dos professores possui certa experiência.

A gama de experiências que os professores possuem justifica melhores condições de socializar, junto aos alunos, saberes de cunho científico, transformados em saberes compreensíveis, tratando de respeitar, para tanto, os três estágios analisados por Chevallard (1991): “savoirsavant” (saber sábio), “savoiràenseigner” (saber a ensinar), “savoirenseigné” (saber ensinado). Na intenção de realizar almejada transposição, o professor recorre a inúmeros recursos para atingir suas metas numa clara intenção de possibilitar aos alunos a aquisição do conhecimento considerado, a priori, de cunho científico (JOTON, 2010).

A Figura 8 traz os tipos de instituições de formação dos professores.

Figura 8: Tipos de instituição de formação acadêmica dos professores

A figura 8 nos mostra que 25% dos professores participantes da pesquisa tiveram a formação acadêmica em uma instituição pública de ensino, e 75% em instituição privada. De forma mais específica, relacionamos:

Instituição Pública

Universidade Federal de Uberlândia - UFU – 7 professores Instituições Privadas

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araguari - FAFI – 4 professores 0 5 10 15 20 25

Instituição Pública Instituição Privada

N ú m e ro d e p ro fessor e s Instituição de formação

Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC Araguari – 8 professores Centro Universitário do Triângulo – UNITRI Uberlândia – 5 professores Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Patrocínio – FAFI – 1 professor Universidade Iguaçu – UNIG – 1 professor

Fundação Educacional Patos de Minas – FEPAM – 1 professor

Centro Universitário do Cerrado Patrocínio – UNICERP – 1 professor

Destacamos a contribuição que as instituições particulares estão dando ao aporte de professores na região do triângulo mineiro, porém há a necessidade de investimentos para a melhoria da formação de professores como um todo, tanto nas instituições públicas quanto nas instituições privadas.

As novas condições econômicas, políticas, sociais e culturais do país exigem um preparo adequado do profissional da educação, demandam a formação de um profissional competente. Para Magalhães et al (2005), a escola hoje requisita um professor que expresse em seu fazer pedagógico as dimensões humana, tecnológica e política e que seja capaz de visualizar os efeitos sociais do trabalho pedagógico e dos condicionamentos que nele interferem, que saiba selecionar criticamente as orientações de sua práxis. Os autores asseveram que a preocupação básica na formação de professores não pode ser somente a de lhes oferecer os conteúdos das disciplinas pedagógicas, mas também a de preparar profissionais comprometidos com um projeto de sociedade voltado para a construção do homem integral – ético, estético, político e social.

A Figura 9 mostra a participação dos professores em cursos de formação continuada nos últimos cinco anos.

Figura 9: Participação ou não em cursos de formação continuada nos últimos

cinco anos pelos professores participantes da pesquisa

A Figura 9 mostra que mais da metade dos participantes, nos últimos cinco anos, não participou de nenhum curso de formação para aprimorar, melhorar ou atualizar sua prática pedagógica. De acordo com Pimenta (1997), é latente a necessidade de repensar a formação de professores. Ressaltamos a importância de um aporte contínuo e de formação continuada do professor. Na sociedade contemporânea, segundo Freire (2000), cada vez se torna mais necessário o seu trabalho, enquanto mediação nos processos constitutivos da cidadania dos alunos, para o que concorrem a superação do fracasso e das desigualdades escolares. O exercício da docência demanda do processo de formação (inicial e continuada) dos professores que este garanta a apropriação e (re)construção dos conhecimentos necessários para desenvolver a prática pedagógica de qualidade (FREIRE, 2000).

A Figura 10 mostra a formação em nível de pós-graduação dos professores 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Sim Não N ú m e ro d e p ro fessor e s

Figura 10: Formação em nível de Pós-Graduação dos professores participantes da pesquisa

Os dados da Figura 10 apontam que 17 professores não possuem nenhum tipo de pós- graduação, 9 fizeram ou estão fazendo especialização e 2 fizeram mestrado. Vale ressaltar que nenhum dos participantes fez doutorado. Esses dados revelam a qualificação dos professores de Ciências que estão em exercício na rede estadual de Araguari, MG no período da pesquisa e a preocupação- ou não - com a formação permanente por meio de cursos de pós-graduação e a busca de aporte para novos parâmetros do ensino de Ciências. Schnetzler (1996), já destacava ao menos três razões para justificar a formação continuada de professores. São elas:

 a necessidade de contínuo aprimoramento profissional e de reflexões críticas sobre a própria prática pedagógica, visto que a efetiva melhoria do processo ensino- aprendizagem acontece pela ação do professor;

 a necessidade de se superar o distanciamento entre contribuições da pesquisa educacional e a sua utilização para a melhoria da sala de aula, implicando que o professor seja também pesquisador de sua própria prática;

 em geral, os professores têm uma visão simplista da atividade docente, ao conceberem que para ensinar basta conhecer o conteúdo e utilizar algumas técnicas pedagógicas.

Através da formação inicial e continuada, o professor poderá encontrar subsídios no sentido de favorecer a tomada de decisão, a partir de uma reflexão tanto sobre sua ação quanto

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Não tem Especialização Mestrado

N ú m e ro d e p ro fessor e s Pós-Graduação

sobre seu próprio processo de apreender. Como resultado, espera-se uma mudança que envolva a vida pessoal do sujeito e sua responsabilidade pessoal frente a seu conhecimento (FREITAS e VILLANI, 2002). Porém, apesar da importância indiscutível da formação continuada, quando o professor terá tempo para essa formação? Num terceiro ou quarto turno de trabalho?

O professor da educação básica quando consegue complementar sua formação a nível de mestrado ou doutorado, na maioria das vezes deixa a escola para se dedicar à Academia. Dessa forma, raramente há incorporação da pesquisa sobre a própria prática pedagógica. Esse cenário poderia mudar se a educação básica oferecesse mais atrativos para o professor que tem sua formação continuada nesses níveis de ensino.

A Figura 11 aponta a situação profissional dos professores.

Figura 11: Situação profissional dos professores participantes da pesquisa

A Figura 11 nos mostra que dos 28 professores, apenas 6 são efetivos por concurso. Quatro professores são contratados e 18 são efetivados pela Lei 100. Esses dados nos levam a refletir, mais uma vez, sobre a qualidade do ensino. Os números são muito significativos, dos 28 professores, 22 não fizeram prova de concurso para o magistério ou não foram aprovados nessa(s) prova(s), que abordam tanto conteúdos específicos como conteúdos pertinentes à prática do magistério. Nos perguntamos como está se dando a formação desses professores e como poderão, tendo em vista as limitações, contribuir na formação de outras pessoas.

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Concurso Lei 100 Contrato

Núm er o de pro fess ore s Situação profissional