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Perfil dos pacientes atendidos nas Clínicas de Urgência da FO-UFJF

No documento patriciachavesdemendonca (páginas 51-55)

Fluxograma 5 Relação entre as medidas propostas e os resultados esperados

1 DESAFIOS VIVENCIADOS PELAS CLÍNICAS DE ESTÁGIO DE

1.6 EVIDÊNCIAS COLETADAS NAS CLÍNICAS DE URGÊNCIA DA FO-

1.6.1 Perfil dos pacientes atendidos nas Clínicas de Urgência da FO-UFJF

De acordo com os prontuários coletados nas Clínicas de Urgência da FO-UFJF, verificou-se que 683 pacientes procuraram atendimento, e, desse total, 517 pacientes foram atendidos, restando 166 pacientes que ficaram sem atendimento.

No que se refere ao número de vezes em que o mesmo paciente procurou o PA da FO-UFJF no período analisado, o Gráfico 1, a seguir, demonstra o número de vezes que o mesmo paciente foi atendido nas Clínicas de Urgência I e II. Esses dados foram extraídos dos prontuários coletados nas clínicas e evidenciam que 496 pacientes foram atendidos no PA da FO-UFJF apenas 1 vez durante o primeiro semestre de 2017, que é o período analisado. Porém, 52 pacientes foram atendidos 2 vezes; 22 pacientes foram atendidos 3 vezes, e 3 pacientes foram atendidos 4 vezes

nesse mesmo período.

Gráfico 1 - Atendimentos por paciente.

Fonte: UFJF (2018).

Há casos de pacientes que apresentam mais de uma queixa, demandando, assim, mais de um atendimento, que pode ser realizado em outra data.

Outro fator que implica o retorno do paciente à urgência é que 29% dos procedimentos realizados naquele período foram apenas parciais, permanecendo a necessidade de outros procedimentos. Além disso, as Clínicas de Urgência têm sido procuradas por pacientes que relatam queixas diversas, sendo muitas alheias ao atendimento de urgência, como a confecção de prótese que demanda mais de um atendimento, conforme ficará demonstrado na Tabela 2, descrita na seção 2.6.3.

A partir dos prontuários coletados nas Clínicas de Estágio de Urgência da FO- UFJF, durante o período definido para este estudo (excluindo-se os prontuários em branco), é possível verificar que, no primeiro semestre de 2017, foram realizados 678 procedimentos nas Clínicas de Urgência. A relevância dessa informação permeia a questão da demanda, envolvendo a complexidade dos quadros apresentados pelos pacientes que procuram atendimento em Clínicas de Urgência, bem como a resolutividade dos atendimentos, haja vista que muitos dos procedimentos anotados nos prontuários são apenas exames radiológicos ou encaminhamentos, orientações sobre higiene bucal, entre outros que não representam procedimentos de urgência e não sanam o quadro de saúde bucal do paciente.

Nesse contexto, os dados obtidos nos prontuários, demonstram que 71% dos procedimentos realizados foram anotados como tratamento finalizado e 29% dos

496 52 22 3 1 atendimento 2 atendimentos 3 atendimentos 4 atendimentos

procedimentos foram anotados como não finalizados. Verifica-se, portanto, que 29% dos pacientes atendidos – sem mencionar os 166 que não foram atendidos – precisarão procurar novamente as clínicas da FO-UFJF, entrando mais uma vez nas filas de espera, a fim de receber tratamento.

Conforme os Gráficos 2 e 3, a seguir, a partir dos prontuários, foi possível extrair informações demográficas como idade e gênero dos pacientes atendidos.

Gráfico 2 - Proporção de pacientes por faixa etária.

Fonte: UFJF (2018).

A partir do Gráfico 2, podemos analisar a proporção entre pacientes com idade até 59 anos e pacientes idosos, ou seja, com idade a partir de 60 anos, os quais possuem direto a atendimento prioritário. É possível verificar que a maior parte da demanda está, naturalmente, concentrada em pessoas com idade até 59 anos (82%) devido ao englobamento das faixas etárias, considerando-se crianças, adolescentes e adultos, porém há uma grande quantidade de idosos que buscam atendimento, correspondendo a 17% dos pacientes atendidos, que podem ser considerados mais vulneráveis em função da idade e dos cuidados durante o atendimento, bem como devido à capacidade de recuperação.

A prioridade de atendimento é estabelecida pela Lei nº 10.048/00 que foi regulamentada pelo Decreto nº 5.296/04, com acréscimos feitos pela Lei nº 12.008/09, e pela Lei nº 10.741/03 (Estatuto do Idoso), que trouxe inovações acerca dos direitos de pessoas idosas. Com a criação do Estatuto do Idoso, o artigo 1º da Lei nº 10.048/00 passou a ter a seguinte redação: “As pessoas portadoras de deficiência, os idosos

com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as lactantes e as

4% 3% 75% 17% 1% até 11 anos 12 a 17 anos 18 a 59 anos 60 anos ou mais 80 anos ou mais

pessoas acompanhadas por crianças de colo terão atendimento prioritário, nos termos desta lei” (grifo nosso). São estas as condições que conferem prioridade de atendimento em todos os serviços públicos e em alguns serviços privados.

Em relação à idade, outra prioridade ainda é conferida às pessoas com mais de 80 anos em relação aos idosos com idade entre 60 e 79 anos, como se vê em inovação acrescentada ao Estatuto do Idoso, que traz a seguinte previsão: “Artigo 15, § 7º, “em todo atendimento de saúde, os maiores de oitenta anos terão preferência especial sobre os demais idosos, exceto em caso de emergência”. No período em análise, conforme os prontuários coletados, houve atendimento a 6 pessoas com mais de 80 anos, os quais foram atendidos conforme o procedimento vigente, ou seja, ordem de chegada. A previsão legal apresentada indica que a prioridade é direito de todos os idosos, ou seja, aqueles com idade a partir de 60 anos. Entretanto, este direito não se sobrepõe a um caso de emergência, ou seja, a pessoa em situação de atendimento de urgência/emergência tem prioridade de atendimento sobre os grupos já enumerados pela lei. Fica claro que o primeiro a ser atendido deve ser o que apresenta quadro urgente, independente de idade ou outra condição, seguido dos grupos prioritários e, por fim, demais pacientes.

Tendo em vista que no presente estudo, tratamos de atendimento à saúde, no que se refere à idade, verifica-se que 17% dos pacientes atendidos nas Clínicas de Urgência gozam do direito à prioridade no atendimento.

Em relação ao gênero, o Gráfico 3, a seguir, demonstra as informações encontradas nos prontuários:

Gráfico 3 - Número de pacientes por gênero.

Fonte: UFJF (2018). 45% 51% 4% Homens Mulheres Não informado

O Gráfico 3 demonstra que a maioria dos pacientes é composta de mulheres, porém, sem representar uma diferença numérica muito significativa, haja vista o número de prontuários que se encontravam em branco neste campo.

Apesar de 51% dos pacientes serem mulheres, nos prontuários não há informações precisas e padronizadas sobre os casos que ensejam o direito à prioridade de atendimento, conforme lei específica.

Os prontuários não fazem referência a alguns casos prioritários, como pessoas portadoras de deficiência, idosos, lactantes, gestantes e pacientes com crianças de colo, por isso, não é possível dimensionar a demanda desses grupos prioritários, além dos idosos, conforme já descrito. Os dados sobre idosos foram obtidos por meio de cálculo feito a partir das datas de nascimento de cada paciente. Não foi possível obter a porcentagem de pacientes dos demais grupos. Conforme será discutido, com a elaboração e implantação de prontuário eletrônico preenchido durante a anamnese / triagem, esse tipo de informação será de fácil acesso para orientar a classificação adequada de cada paciente durante o atendimento, bem como direcionar diagnósticos, definição do melhor procedimento e ainda disponibilizar dados que venham a embasar ações adotadas pelos gestores das clínicas.

Nas seções 2.6.2 e 2.6.3, será feita uma análise mais detalhada das listas de espera e dos prontuários, descrevendo-se as queixas relatadas pelos pacientes durante o atendimento, bem como a relação entre os casos urgentes e não urgentes.

No documento patriciachavesdemendonca (páginas 51-55)