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3 O CAMPO DE PESQUISA – AS ESCOLAS INVESTIGADAS

3.5 Perfil dos professores – Escola 2

Os mesmos instrumentos (questionário e entrevista) foram utilizados para a coleta de dados nas duas escolas. Na Escola 2, segui a mesma definição de investigar os

professores das áreas de Artes, Língua Portuguesa, História, Ensino Religioso e coordenação pedagógica. Além de manter a abertura para a participação de professores de outros conteúdos.

As informações elencadas referem-se ao questionário aplicado na Escola 2, com professores e coordenação pedagógica. Os dados relativos à entrevista com a bibliotecária serão descritos à parte. No total tivemos seis questionários aplicados nessa escola, com a seguinte distribuição: quatro mulheres e dois homens, sendo duas professoras (Artes e Geografia), uma bibliotecária e uma coordenadora pedagógica de série; com relação aos homens tivemos dois, o professor de Ensino Religioso e de História, que também é coordenador de Ciências Humanas.

Os professores seguem nomeados por “P”, seguindo a sequência de entrevistas, e a coordenação pedagógica “CP”. Apresento abaixo o perfil de cada entrevistado, a partir dos dados coletados:

P5 é formado em Ciências Econômicas, Licenciatura em Filosofia em instituição de ensino pública, Especialização em Ensino Religioso e Mestrado em Ética em instituição de ensino privada; é casado e tem dois filhos; atua como professor de Ensino Religioso e Ética Relacional nos 6º, 8º e 9º anos; trabalha na Escola 2 há quinze anos. Foi disponível desde o primeiro contato e na entrevista mostrou-se interessado pela temática da pesquisa.

P6 é formada em Geografia e Mestrado (interrompido) em Tratamento da Informação Espacial, ambos em instituição de ensino privada; é casada e tem um filho; atua como professora de Geografia nos 6º, 7º e 9º anos; trabalha na Escola 2 há nove anos. Foi disponível desde o primeiro contato e na entrevista mostrou-se interessada, trazendo opiniões que revelavam reflexões prévias acerca da temática.

P7 é formada em Belas Artes em instituição de ensino pública; é casada e tem uma filha; atua como professora de Artes no 7º ano; trabalha na Escola 2 há quatro anos. Foi disponível desde o primeiro contato e mostrou-se interessada pela discussão, a entrevista foi realizada em sua casa. Esta foi a única entrevista em domicílio.

P8 é formado em História com Mestrado em Cultura Política, ambos realizados em instituição de ensino pública; é casado e não tem filhos; atua como professor de História do 8º ano do Ensino Fundamental, 2º ano do Ensino Médio e como coordenador da área de Ciências Humanas; trabalha na Escola 2 há quatro anos. É o único entrevistado que trabalha em mais de uma instituição de ensino, sendo duas escolas e um curso pré-vestibular. Mostrou-se interessado pela discussão, porém, pelo acúmulo de atividades, não tinha muito tempo disponível para a entrevista.

CP3 é formada em Pedagogia com duas especializações, uma em Projetos e outra em Coordenação, ambas em instituições privadas de ensino; é casada e tem dois filhos; atua como coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental II; trabalha na Escola 2 há nove anos. Foi disponível na realização de sua entrevista.

B2 é formada em Biblioteconomia em universidade pública; é casada e não tem filhos; atua como bibliotecária na Escola 2 há quatro anos. Foi muito acessível desde o primeiro contato e na entrevista mostrou-se interessada pela temática. Disponibilizou prontamente a relação do acervo da Escola 2 referente à questão étnico-racial.

QUADRO 3

Identificação dos professores e coordenação pedagógica

Nome Idade Estado Civil Número de Filhos Cor/raça Religião

P5 45 Casado 2 Branca Católica

P6 36 Casada 1 Branca Evangélica

P7 27 Casada 1 Branca Católica

P8 32 Casado - Parda Católica

CP3 53 Casada 2 Branca Católica

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados do questionário.

A idade dos entrevistados é a seguinte: dois homens com 32 anos e com 45 anos; três mulheres com 27 anos, 36 anos e 53 anos. O tempo de trabalho dos entrevistados da Escola 2 concentra-se em menos de dez anos, sendo que somente um entrevistado está acima dessa faixa, com quinze anos. Os dados da pesquisa revelam que a faixa de renda bruta mensal do grupo familiar dos entrevistados é de cinco a sete SM sendo que na faixa acima de nove SM refere-se à coordenadora pedagógica e ao professor/coordenador de História, sendo que este último trabalha em três instituições de ensino, incluindo a Escola 2.

O tipo de instituição em que concluíram os respectivos cursos de graduação divide-se em: três professores (História, Artes e Ensino Religioso) e a bibliotecária formaram-se em universidade pública, sendo que a professora de Geografia e a coordenadora pedagógica graduaram-se em instituições privadas de ensino. Temos dois entrevistados com Mestrado, o professor/coordenador de História em “Cultura Política”, e o professor de Ensino Religioso em “Ética”, ao passo que a professora de Geografia com o seu em “Tratamento da Informação Espacial” interrompido. A coordenadora pedagógica possui dois cursos de Especialização em Projetos e Coordenação, ambos realizados em instituição privada.

TABELA 6

Identificação da frequência a eventos culturais

Eventos Culturais Número de Respostas

Tipos de eventos Uma vez

por semana Uma vez por mês Algumas vezes por ano Uma vez no passado Nunca

Museus - 2 2 - -

Teatro - 1 3 - -

Exposições de arte - 1 3 - -

Cinema - 3 1 - -

Shows de música - 2 2 - -

Fonte: Elaborada pela autora com base nos dados do questionário.

Referente aos dados sobre Frequência aos Eventos Culturais, o professor/orientador de História não respondeu, priorizou outras questões, pois estava sem tempo para preencher o questionário. Por isso, as informações obtidas para essa questão e Atividades de Leitura e Estudos serão para quatro entrevistados. No geral, todos os respondentes têm o hábito de acompanharem algum tipo de evento, sendo que as respostas concentraram nas opções “uma vez por mês” e “algumas vezes por ano”.

Na questão sobre as Atividades de Leitura e Estudos os entrevistados concentraram suas respostas nas opções “habitualmente” e “às vezes”. Destaque para o hábito da leitura de jornais/revistas, em que os quatro entrevistados praticam com maior frequência. Seguido de “lê materiais de estudo/formação”, em que três dos respondentes praticam essa atividade “às vezes”. Os dados mostram que os professores de Geografia e Ensino Religioso leem revistas especializadas em educação habitualmente/sempre, sendo que a coordenadora pedagógica e a professora de Artes leem às vezes. Essa questão não foi respondida pelo professor/coordenador de História pelo mesmo motivo apontado anteriormente.

TABELA 7

Identificação das atividades leitura/estudos

Preferências Número de Respostas

Tipos de Atividades Habitualmente/sempre Às vezes Alguma vez

no passado Nunca Participa de seminários de especialização 2 1 1 - Lê revistas especializadas em educação 2 2 - - Lê materiais de estudo/formação 1 3 - - Estuda/pratica idiomas estrangeiros 1 1 2 -

Compra livros (não didáticos) 2 2 - -

Lê jornais/revistas 4 - - -

A segunda parte do questionário possui um bloco de questões que teve por objetivo identificar como a temática étnico-racial se insere na vida profissional e pessoal dos entrevistados, além de mensurar o nível de conhecimento acerca da Lei nº 10.639/03 e suas implicações na educação e na escola.

Todos os entrevistados responderam que há alunos e professores negros na Escola 2. Como apontado no perfil das escolas pesquisadas, há o programa de bolsas de estudos para alunos de baixo poder aquisitivo (em situação de vulnerabilidade social), o que explica, em parte, a presença mesmo que reduzida de alunos negros. Ressalto que em minha observação na Escola 2 percebi em menor proporção a presença de alunos negros quando comparado à Escola 1. Todos os cinco entrevistados confirmaram a presença de professor negro na Escola 2. Não obstante, durante a entrevista com a coordenadora pedagógica, quando inquirida a esse respeito, ela necessitou ir à sala ao lado, na qual havia outras funcionárias, a fim de perguntar se sabiam da presença de professores negros na escola e, assim, confirmar a presença de um professor negro que ministra o conteúdo de sociologia. Sendo um professor negro no universo de cem professores da Escola 2.

Todos os entrevistados confirmaram ter conhecimento a respeito de aspectos da cultura e história afro-brasileira e africana e da Lei nº 10.639/03. A questão sobre a lei teve desdobramento quando foi solicitado que informassem por quais vias a conheceram. Duas entrevistadas, a professora de Geografia e a coordenadora pedagógica, disseram que conheceram a lei por meio da escola, desde que ela foi implantada em 2003 e em suas matrizes curriculares. Os demais informaram que foi pelo próprio texto da lei, na faculdade em seu curso de graduação e pela imprensa.

A respeito das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, todos entrevistados afirmaram conhecer as Diretrizes Curriculares, sendo pelo próprio texto da Diretriz, na faculdade, pela escola e internet.

A opinião sobre a importância da Lei nº 10.639/03 para a educação reflete sobre qual é a representação social que os entrevistados possuem em relação à diversidade. Os professores e a coordenadora pedagógica afirmam que a importância da lei implica em garantir a construção de uma cultura que seja menos racista; respeitar a diversidade; resgatar o conteúdo para os alunos.

Questionados a respeito da relação entre as aulas que ministram e a questão racial, a Professora de Geografia afirma que busca trabalhar de maneira transversal a temática. Por sua vez, o Professor de Ensino Religioso assinala que insere a discussão

da diversidade em relação à riqueza da religiosidade brasileira. A professora de Artes afirma que há relação do seu conteúdo com a temática quando trata do período Barroco e assinala sua maior expressão nacional com Aleijadinho.

Algumas questões foram realizadas de maneira a identificar de que modo a questão da diversidade étnico-racial se insere na Escola 2. Inquiridos sobre a participação em algum tipo de formação sobre a temática étnico-racial, três entrevistados responderam que não participaram de qualquer formação a respeito dessa temática e duas responderam que sim, sendo a coordenadora pedagógica e a professora de Geografia.

Os sujeitos investigados consideram a temática relevante para a Escola 2, no sentido de diminuir o preconceito racial e para formar cidadãos mais humanos. Sobre a avaliação que os entrevistados fazem a respeito do interesse dos estudantes da Escola 2 na discussão étnico-racial, somente a professora de Artes considera que os estudantes não têm interesse nesta temática.

No que tange à Matriz Curricular da Escola 2, os entrevistados afirmaram que há ações/atividades que abordam a temática étnico-racial, sendo que três dos respondentes afirmam não ter realizado ou participado de nenhum projeto/trabalho no interior da unidade escolar, somente a professora de Geografia diz que participou das reuniões de capacitação e projetos interdisciplinares, somado ao professor/coordenador de História, que participou como tutor do curso à distância sobre Cultura Afro-Brasileira ofertado para os estudantes do 7º ano.

Quanto ao material didático existente na Escola 2 relativo à questão racial, dos cinco entrevistados, somente a professora de Artes não desconhece a existência desse material na biblioteca. Sendo que o professor de Ensino Religioso faz referência ao livro didático África e Brasil africano de Marina da Mello e Souza.

A aplicação dos questionários forneceu informações que possibilitaram conformar o perfil dos professores da Escola 2, bem como a compreensão que eles possuem a respeito da Lei nº 10.639/03. As respostas tenderam a mostrar que a professora de Geografia e o professor de Ensino Religioso apresentam certa reflexão a respeito da questão racial, e o professor de História demonstra, por sua formação e por ter sido tutor no curso à distância referido acima, oferecido pela unidade escolar, opiniões mais assertivas frente a temática.

4 IGREJA CATÓLICA, EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE – DOS EVENTOS