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4 AMBIÊNCIA ESCOLAR DOS DISCENTES DO ENSINO MÉDIO DO

4.2 Perfil escolar: corpo docente e discente

O CAp, como qualquer outra unidade de ensino, se insere numa complexidade de fatores que caracterizam os docentes e discentes e influenciam o processo ensino aprendizagem. Portanto, para entender a realidade dos discentes requer conhecer essas características. Para tanto, será exposto: o perfil do corpo docente e discente, bem como a origem dos alunos e de seus pais.

Conhecer o corpo docente do CAp, significa levantar dados sobre aspectos envolvidos na formação profissional, dos saberes ensinados na sua prática pedagógica em relação aos temas ambientais. Nesse diagnóstico, os saberes docentes são entendidos como objeto de análise da percepção destes educadores.

No que concerne aos profissionais do CAp, a Seção IV - Da Comunidade escolar do Regimento Interno que regula as atividades do CAp – Subseção I – Do Corpo Docente, no artigo 46º, salienta: “O corpo docente da Educação Básica é formado por docentes da Universidade Federal de Roraima, que a ela se vinculem através de atividades de ensino, pesquisa e extensão.” (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA, 2005).

As informações coletadas no CAp sobre os docentes indicam a predominância do gênero feminino, pois, atualmente existe um total de 65 professores que formam esse quadro, e destes, 43 são mulheres, o que sugere e reforça o que tem sido indicado nas pesquisas sobre gênero na profissão docente sobre a feminização da profissão nas escolas brasileiras. A experiência docente em média é de 20 anos, entre rede pública municipal, estadual ou federal, e, dos sessenta e cinco professores do CAp, 48 nunca lecionaram em escolas privadas e 30 trabalham no CAp há mais de 15 anos; esta estabilidade é um aspecto favorável ao progresso escolar dos alunos, em função de menor rotatividade dos professores.

A formação acadêmica dos professores efetivos do CAp é bem diversificada, 3 professores são graduados, 33 professores são especialistas, 25 professores são mestres e 4 professores são doutores. A relação com a formação profissional dos professores do quadro efetivo conforme suas áreas segue exposta no quadro 1.

Entre os professores especialistas do quadro efetivo do CAp, 9 (nove) estão cursando mestrado e entre os professores mestres, 9 (nove) estão cursando doutorado. Ao procurarem um curso de pós-graduação, os professores declaram ser importante complementar a sua formação inicial e/ou entendem que precisam continuar os estudos no sentido da qualificação. Assim, pensamos que um curso de pós-graduação além da realização profissional e financeira é um meio para ampliar a visão do docente em relação ao processo educativo e as práticas pedagógicas, para que estas se tornem mais efetivas diante da complexidade das relações estabelecidas neste processo.

Quadro 1 – Formação dos docentes do CAp/UFRR e área de atuação

LICENCIATURA EM PÓS-

GRADUAÇÃO LICENCIATURA EM GRADUAÇÃO PÓS-

1. Pedagogia Especialista 34. Educação Física Doutorado

2. História Mestrado 35. História Especialista

3. Matemática Mestrado 36. Artes Visuais Especialista

4. Geografia Doutorado 37. Química Mestrado

5. Pedagogia Especialista 38. Educação Física Especialista

6. Geografia Especialista 39. Pedagogia Especialista

7. Ed. Física Mestrado 40. Geografia Especialista

8. Matemática Graduação 41. Pedagogia Especialista

9. Letras/Literatura Mestrado 42. Matemática Especialista 10. Ciência Biológicas Doutorado 43. Letras/Português Mestrado 11. Pedagogia / Letras Especialista 44. Ciências Biológicas Mestrado

12. Letras/Inglês Mestrado 45. Letras/Inglês Mestrado

13. Geografia Mestrado 46. História Mestrado

14. Ciências Biológicas Especialista 47. Física Mestrado

15. Matemática Mestrado 48. Letras/Inglês Mestrado

16. Letras/Espanhol Mestrado 49. Educação Física Graduado

17. Geografia Especialista 50. Geografia Especialista

18. Pedagogia Mestrado 51. Letras/Espanhol Especialista

19. Geografia Especialista 52. Educação Especial Doutorado 20. Pedagogia Especialista 53. Comunicação Social Mestrado

21. Pedagogia Especialista 54. História Especialização

22. Letras/Literatura Especialista 55. Pedagogia Especialização 23. Matemática Mestrado 56. Letras/Literatura Especialização

24. Pedagogia Especialista 57. História Mestrado

25. Ciências Biológicas Mestrado 58. Matemática Mestrado

26. Letras/Espanhol Especialista 59. Física Mestrado

27. Sociologia Mestrado 60. Pedagogia Especialização

28. Pedagogia Especialista 61. Letras/Literatura Especialização

29. Letras Graduação 62. Artes Visuais Especialização

30. Letras/Literatura Mestrado 63. Música Especialização

31. Pedagogia Especialista 64. Matemática Especialização

32. Geografia Especialista 65. Matemática Mestrado

33. Educação Física Especialista Fonte: Acervo CAp/UFRR (2017).

A relação de professores e suas formações indicam que o Colégio de Aplicação sempre esteve incentivando a capacitação docente, pois a maioria destes cursaram pós-graduação fazendo parte do quadro efetivo do CAp. Segundo os pesquisados, um entrave nas capacitações é o fato de que os cursos de pós- graduação que atendam a categoria são oferecidos em outros estados, precisando os mesmos se afastarem integralmente do Colégio de Aplicação.

Portanto, a Universidade Federal de Roraima deveria oferecer cursos de pós-graduação para professores do seu quadro de funcionários, pois evitaria que professores procurassem cursos de pós-graduação em outros estados evitando afastamentos, bem como, a necessidade de contratar professores substitutos, evitando transtornos na aprendizagem, e economia financeira para a instituição.

É na pós-graduação que os docentes aprofundam seus conhecimentos e se inserem definitivamente na pesquisa, o que contribui significativamente na sua prática pedagógica. Isso se torna fundamental pelo fato de que os cursos de graduação trabalham na maioria das vezes dentro de uma racionalidade técnica que impede que o professor, ao chegar na escola, consiga ter uma visão das diferentes facetas que envolvem a prática educativa.

Ser graduado ou pós-graduado, pode não significar o desenvolvimento de um bom trabalho, seja na área ambiental ou em qualquer outra, mas a formação continuada, sempre agregara conhecimentos importantes e necessários a evolução no conhecimento, através dela o professor poderá fazer frente aos inúmeros desafios que terá de enfrentar durante o exercício da profissão.

Segundo Muñoz (2012, p. 45) a formação docente envolve mais que os conhecimentos adquiridos na academia, depende também da capacidade que:

[...] temos de introduzir-nos na teoria e na prática de formação docente em novas perspectivas: as relações entre o professorado, os sentimentos e atitudes, a complexidade docente, a troca de relações de poder nos centros formadores, a autoformação, a comunicação, a formação com a comunidade e não somente preocupar-nos com a formação específica para a disciplina de atuação.

Outro fator importante colocado pelos docentes do CAp. foi que, definir como se aprende é importante, porém mais importante ainda é conhecer quem são nossos alunos, quais são suas condições e perspectivas de vida e de futuro, isso possibilita o entendimento da maioria das problemáticas presentes hoje em nossas salas de aula. Assim pode-se conhecer o aluno que é parte ativa no processo ensino-aprendizagem, para tanto é preciso dedicar tempo e esforço nessa relação.

Zagury (2006, p. 68), nos diz:

A supervalorização da relação professor/aluno tornou-se uma faca de dois gumes. Sem dúvida foi um avanço acabar com o autoritarismo dando vez ao entendimento e ao diálogo nas escolas, mas a distorção na interpretação

do que seja uma boa” relação professor/aluno “abriu caminho para o desrespeito e até agressões físicas a professores.

De acordo com Gasparin (2007), o sucesso ou a derrota do professor está vinculado na capacidade do seu relacionamento com o aluno e, é o elo para ser aceito por eles, sendo tão importante quanto o seu saber. Esse fato, condiciona o profissional a conhecer seus alunos.

Portanto, conhecer o perfil dos alunos e suas origens, pode levar o professor a ter entendimento do caminho que deve seguir. De acordo com Oliveira (2005), o sistema educacional geralmente impõe padrões de conduta que as escolas devem seguir. Esses padrões, muitas vezes, são fora da realidade particular de cada escola, o que gera tensão, desmotivação e incapacidade de realizar a contento o trabalho pretendido.

Entre o universo dos alunos do CAp, apenas 8% são dos dois bairros adjacentes ao Colégio, isto é, dos bairros Jardim Floresta e Aeroporto, sendo os demais de diversos bairros de Boa Vista. Portanto, não é possível caracterizar o perfil dos estudantes pela origem de suas comunidades. O importante nesse caso, segundo relato de alguns professores, é saber que, o local de residência dos alunos não tem relação direta com o aprendizado, e que, os alunos do Colégio de Aplicação estão entre os estudantes com o mais elevado nível de conhecimento, sendo referência no Estado de Roraima. Como o acesso a vaga é realizado através de sorteio, participam do sorteio interessados de todos os bairros da cidade. Em função do sistema adotado, os alunos do CAp são de bairros distintos e de classe sociais diferentes.

Costa e Koslinski (2009) salientam que, existe a predominância de que os professores tendem a indicar como fator predominante das diferenças entre as escolas o perfil dos alunos que a escola atende, sendo esse perfil caracterizado pelo nível socioeconômico da comunidade ou bairro do qual os alunos são oriundos. Neste contexto, no Colégio de Aplicação este fator predominante não pode ser evidenciado, pois os seus alunos são heterogêneos quanto estas características.

Não existe a homogeneização do perfil de alunos, alunos/responsáveis não podem fazer uso de estratégias diferenciadas de oferta ou obtenção de vagas no CAp/UFRR. Como sugerem estudos de Costa e Koslinski (2009), a ausência de regulação ou critérios claros e explícitos sobre a oferta de vagas aos alunos da rede

pública de ensino pode contribuir para desigualdades da oferta educativa entre as escolas.

Na população estudantil do CAP/UFRR, 51,2% são do gênero feminino. 30% declaram serem de cor branca, o que é compreensível desta amostra ser menor que preta e parda, pois a população roraimense é formada na sua maioria de descendentes nordestinos, e principalmente maranhense com predominância de não brancos e, de índios e descendentes indígenas oriundos do próprio Estado ou do Amazonas e Pará. Quanto a escolaridade dos pais, pelo menos 72% concluíram o ensino médio.

Em conversa com alguns desses pais, percebe-se que, os conhecimentos básicos destes é motivo para influenciar e valorizar a formação educacional dos filhos como modo de se conseguir a independência profissional e financeira.

Cabe destacar que é extremamente importante a caracterização do nível socioeconômico dos pais dos alunos e, consequentemente, o processo de escolha da escola. É grande o prestígio do CAp/UFRR no Estado e a procura por vaga é alta, mas devido a critérios estabelecidos para oferta de vagas impedem a homogeneização de nível socioeconômico.

Existem entre os alunos, filhos pertencentes a famílias da alta classe política, do alto escalão dos três poderes, de profissionais autônomos bem- sucedidos, de funcionários públicos civis e militares, de desempregados, e alunos abandonados pelos pais ou sem reconhecimento paterno.

Deste modo, os alunos do CAp possuem características heterogêneas quanto ao nível socioeconômico. Segundo dados dos professores e coordenadores pesquisados, esses fatores contribuem para a aprendizagem, mas não é fator determinante. Essa realidade vai de acordo com as premissas de Soares e Andrade (2006) que coloca esses fatores numa relação de importância entre: a estrutura escolar, a família e as características do próprio aluno.

4.3 Características socioambientais da área na qual o Colégio de Aplicação