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3.5. Uma análise dos perfis e trajetórias políticas dos secretários/as do Poder Executivo

3.5.1. Perfis dos secretários e secretárias estaduais

Em relação à idade encontramos uma média relativamente elevada tanto entre aqueles nomeados em 2007 (53,9 anos) quanto entre aqueles nomeados em 2011 (51,1 anos). Na Tabela 24 podemos ver a distribuição dos e das secretárias por faixas de idade.

Tabela 24. Percentual e número absoluto dos secretários e secretárias nomeados/as em 2007 e 2011 distribuídos por faixa etária.

Faixa etária

Sexo Secretário(a)

2007 2011

Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total

20-29 0% (0) 0% (0) 0% (0) 0% (0) 0,8% (1) 0,7% (1)

30-39 4,8% (1) 5,0% (7) 4,9% (8) 0% (0) 12,8% (16) 11,2% (16)

40-49 33,3% (7) 24,1% (34) 25,3% (41) 22,2% (4) 27,2% (34) 26,6% (38) 50-59 52,4% (11) 46,1% (65) 46,9% (76) 44,4% (8) 40,0% (50) 40,6% (58) 60-69 9,5% (2) 19,9% (28) 18,5% (30) 33,5% (6) 17,6% (22) 19,6% (28)

92

Mais de 70 0% (0) 5,0% (7) 5,0% (7) 0% (0) 1,6% (2) 1,4% (2)

Fonte: Elaboração do autor, a partir dos sites dos governos estaduais e TSE.

Observamos, tanto entre os secretários e as secretárias, que a faixa etária com maior concentração era a de 50-59 anos. Observamos também que não há nenhuma secretária, nos dois anos analisados, entre as faixas de 20-29 anos e de mais de 70 anos. O secretário mais jovem nomeado em 2007 tinha 30 anos e o mais idoso 77. Entre os nomeados em 2011, o mais jovem tinha 27 anos e o mais velho 72 anos.

Entre as secretárias nomeadas em 2007, a mais jovem tinha 39 anos, nove anos a mais que o secretário mais jovem. A secretária mais idosa tinha 69 anos, oito anos a menos que seu colega do sexo masculino. Em 2011, a idade mínima encontrada entre as secretárias foi de 41 anos, ou seja, quatorze anos a mais que o secretário mais jovem. Novamente a secretária mais idosa tinha 69 anos.

As mulheres parecem então demorar mais tempo para acumular o capital político necessário para serem nomeadas. E na faixa de idade mais superior podem não aparecer, pois nela estão pessoas que nasceram em uma geração na qual as mulheres não tinham ou haviam acabado de adquirir o direto de participar da política, o que dificulta encontrar mulheres dessa geração com acesso aos cargos de poder.

Araújo e Alves (2007) observam que, entre os/as candidatos/as a deputado/a federal, 52% das mulheres e 48% dos homens encontravam-se na faixa etária de 45 a 59 anos, constatando “o que este e outros estudos já haviam identificado e sugerido: as mulheres levam mais tempo para tentar ou para construir uma carreira política que os homens” (p.555).

Entre aqueles nomeados em 2007 não havia diferenças significativas entre homens e mulheres (54,1 anos e 52,4 anos, respectivamente). Já entre os nomeados em 2011 houve uma diferença importante, com as mulheres apresentando uma média de idade superior à dos homens em mais de 5 anos (56,1 e 50,4 respectivamente), o que vai ao encontro da tendência apresentada por Araújo e Alves (2007).

Como já dissemos no capítulo anterior, a ocupação de determinadas secretarias estaria vinculada a um maior acúmulo de capital político, portanto levantamos a hipótese de que ocupar determinadas secretarias demandaria mais tempo de experiência na política. Analisando as médias de idade, de acordo com as categorias que estamos trabalhando, observamos que as médias de idade em 2007 e 2011 respectivamente daqueles que ocupam secretarias de hard politics (52,7; 55,2) é ligeiramente superior quando comparados com

93 aqueles que ocupam as secretarias de soft politics (51,9; 54,70) e com aqueles que ocupam as

midle politics (50,2; 52,56).

Buscamos analisar também a situação civil dos secretários e das secretárias estaduais. Como vimos no capítulo 1, a literatura feminista aponta a dificuldade das mulheres em conciliar e alcançar o sucesso em administrar as obrigações familiares, do trabalho e participar da política. O elevado percentual de mulheres separadas/divorciadas e solteiras pode ser indicativo dessa dificuldade.

De maneira geral, observamos que, considerando o total de secretárias/os, a maioria (75,9% em 2007 e 77,6% em 2011) era casada. Contudo, como podemos ver na Tabela 25, há diferenças importantes entre secretários e secretárias.

Tabela 25. Percentual e número absoluto dos secretários e secretárias nomeados/as em 2007 e 2011 distribuídos por estado civil.

Estado Civil

Sexo Secretário(a)

2007 2011

Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total

Solteiro(a) 28,6% (6) 7,8% (11) 10,6% (17) 27,8% (5) 11,2% (14) 13,3% (19) Casado(a) 47,6%(10) 80,1% (113) 75,9% (123) 50,0%(9) 77,6%(97) 74,1%(106) Separado(a)

/Divorciado(a) 23,8% (5) 10,7% (15) 12,3% (20) 22,2% (4) 11,2% (14) 12,6% (18)

Viúvo(a) 0% (0) 1,4% (2) 1,2% (2) 0% (0) 0% (0) 0% (0)

Fonte: Elaboração do autor, a partir dos sites dos governos estaduais e TSE.

Enquanto em 2007 mais de 80% dos secretários eram casados, as casadas correspondiam a menos que a metade do total de secretárias. Em 2011, novamente entre os homens, o percentual de casados (77,6%) é bem maior do que o percentual de mulheres casadas (50,0%). Entre as secretárias também há um percentual muito maior de solteiras (28,6% em 2007 e 27,8% em 2011) que de solteiros entre os secretários (7,8% em 2007 e 11,2% em 2011).

Em relação grau de escolaridade, os dados até então nos apontam para níveis bastante elevados, tanto para homens como para mulheres. Os secretários e secretárias que possuem nível superior representaram mais de 80% do total de secretários nos dois períodos analisados – 84,6% em 2007 e 82,5% em 2011.

Tabela 26. Percentual e número absoluto dos secretários e secretárias nomeados/as em 2007 e 2011 distribuídos por faixa de escolaridade.

94 Escolaridade

Sexo Secretário(a)

2007 2011

Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total

Primário completo/incompleto 0% (0) 2,1% (3) 1,9% (3) 0% (0) 0,8% (1) 0,7% (1) Ginasial completo/incompleto 0% (0) 0% (0) 0% (0) 5,6% (1) 1,6% (2) 2,1% (3) 2ºGrau completo/incompleto 0% (0) 9,9% (14) 8,6% (14) 0% (0) 6,4% (8) 5,6% (8) Superior incompleto 0% (0) 5,7% (8) 4,9% (8) 11,1% (2) 8,8% (11) 9,1% (13) Superior completo 100% (21) 82,3% (116) 84,6% (137) 83,3% (15) 82,4% (103) 82,5% (118) Fonte: Elaboração do autor, a partir dos sites dos governos estaduais e TSE.

Índices elevados de escolaridade, tanto em relação a candidatos quanto ao de eleitos, quando comparado àqueles encontrados na população brasileira em geral, também foram encontrados em diversas pesquisas sobre o perfil da elite política brasileira. Perissinoto, Costa e Tribess (2009) observaram que 59,4% dos deputados estaduais paranaenses possuíam no mínimo o título de graduados em uma universidade. Braga, Veiga e Miríade (2009) apontam que dentre os candidatos e dentre os eleitos para a Câmara dos Deputados em 2006, 65,7% e 81,4%, respectivamente, tinham ensino superior. Pinheiro (2007), em relação às deputadas federais eleitas de 1987-2002, observa que 83% possuíam título superior.

É significativo observar que entre as secretárias nomeadas em 2007, todas possuíam nível superior. Apesar de os homens também apresentarem um alto nível de escolaridade, 17,7% deles não possuíam o título superior. Os dados de 2011 também mostram melhores taxas de escolaridade entre as mulheres.

Nossos dados apontam para uma tendência de maior grau de escolarização entre as secretarias. Eles vão ao encontro dos estudos de sociologia do trabalho e profissões que apontam que as mulheres que chegam a altos cargos são mais qualificadas que os homens, pois sofrem mais cobranças para comprovarem que são realmente qualificadas para determinado cargo, “apesar” de serem mulheres. Elas parecem encontrar em suas trajetórias políticas maiores obstáculos e filtros mais rígidos que os homens.

Em relação ao partido político dos secretários que se candidataram, podemos observar uma predominância de filiação a partidos de esquerda (45,1% em 2007 e 46,2% em 2011).

95 Como não temos as informações sobre a filiação partidária dos secretários e secretárias que não se candidataram, nossa análise resta limitada.

Tabela 27. Percentual e número absoluto dos secretários e secretárias nomeados/as em 2007 e 2011 distribuídos por perfil ideológico de filiação partidária.

Partido Sexo Secretário(a)

2007 2011

Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total

Esquerda 71,4% (15) 41,2% (58) 45,1% (73) 55,6% (10) 44,8% (56) 46,2% (66) Centro 14,3% (3) 31,2% (44) 29,0% (47) 38,9% (7) 28,0% (35) 29,4% (42) Direita 14,3% (3) 27,6% (39) 25,9% (42) 5,5% (1) 27,2% (34) 24,4% (35) Fonte: Elaboração do autor, a partir dos sites dos governos estaduais e TSE.

É interessante observarmos que a predominância em geral dos secretários/as nos partidos de esquerda é acentuada quando analisamos as mulheres em separado. Em 2007, enquanto as secretárias filiadas a um partido de esquerda representavam 71,4% do total de secretárias, entre os homens, os filiados a partidos de esquerda representavam 41,2%. Em 2011, esses percentuais são de 55,6% entre as mulheres e 44,8% entre os homens. Os dados indicam a confirmação da tendência apontada pela literatura de que as mulheres encontrariam mais espaço nos partidos de esquerda.

Ainda, em relação aos partidos, buscamos avaliar em que medida há uma correspondência entre os partidos dos governadores e dos eleitos. Observamos que, do total dos secretários que foram candidatos, menos da metade não era do mesmo partido do governador: 40,1% em 2007 e 32,2% em 2011.

Tabela 28. Percentual e número absoluto dos secretários e secretárias nomeados/as em 2007 e 2011 distribuídos por equivalência partidária em comparação ao partido do governador/a.

Mesmo partido do governador

Sexo Secretário(a)

2007 2011

Feminino Masculino Total Feminino Masculino Total

Sim 52,4% (11) 38,3% (54) 40,1% (65) 61,1% (11) 28,0% (35) 32,2% (46) Não 47,6% (10) 61,7% (87) 59,9% (97) 38,9% (7) 72,0% (90) 67,8% (97) Fonte: Elaboração do autor, a partir dos sites dos governos estaduais e TSE.

Sabemos que é comum, nos processos de eleições majoritárias no Brasil, a formação de coligações para o lançamento das candidaturas. Isso significa que, quando um governador é eleito, deverá compor seu governo com representantes ou com indivíduos indicados pelos

96 diversos partidos que compuseram sua coligação, o que explicaria o fato de que menos da metade dos secretários/as sejam do mesmo partido do governador.

Contudo, há uma diferença importante quando avaliamos secretários e secretárias separadamente. Nas duas eleições, a maioria das secretárias eram filiadas ao mesmo partido do governador (52,4% em 2007 e 61,1% em 2011), enquanto que, entre os secretários, a maioria era filiada a partidos diferentes do partido do governador (61,7% em 2007 e 72,0% em 2011). Nossa hipótese é a de que, como os partidos dos governadores detêm o poder para indicar um maior número de secretários/as, mais mulheres seriam nomeadas. Já os outros partidos que compõem a coligação, por terem menos vagas para preencherem, nomeariam menos mulheres.