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5. TRAJECTOS PROFISSIOnAIS

5.2 PErfis traJEctOriais

Procurar-se-á nesta etapa da análise dissecar a evolução das trajectórias profissionais dos jovens no que toca às actividades que desempenharam e às condições laborais que tiveram ao longo desse percurso. Esta análise permitirá perceber até que ponto as trajectórias no campo do emprego se pautam por lógicas de continuidade ou descontinuidade. Tendo por base a evolução das profissões e funções desempenhadas pelos jovens e o tipo de condições contratuais e remuneratórias que experimentaram durante o trajecto pro- fissional, procurar-se-á captar as tendências estruturais e o sentido dos percursos trilhados.

A primeira ideia que é importante reter prende-se com o facto de a maior parte dos entrevistados ter exercido actividades diferentes durante o seu percurso no mercado de trabalho. Ou seja, estes jovens efectuaram, na sua maioria, percursos profissionais itinerantes, trajectórias no mercado de trabalho que se basearam em

experiências profissionais diversificadas. Muito embora durante esse percurso os jovens com este tipo de perfil trajectorial tenham desempenhado ocupações distintas, percebe-se que os que frequentaram o ensino secundário, ainda que por vezes apenas por mais um ano, tenderam a afastar-se das profissões manuais menos qualificadas, como é o caso do trabalho desqualificado na construção civil ou noutras tarefas simi- lares. Desta forma, poucos são os jovens com experiência escolar a nível do ensino secundário que tenham ingressado, mesmo que temporariamente, na categoria profissional dos operários, artífices e similares, ou na dos operadores de máquinas e instalações e trabalhadores da montagem ou, ainda, tenham exercido trabalho não qualificado fora do sector dos serviços. As trajectórias profissionais dos jovens um pouco mais escolarizados tendem, assim, a concentrar-se no interior das fronteiras ocupacionais dos trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio, pessoal dos serviços e vendedores e pessoal administrativo e simila- res – isto é, usando a terminologia de Reich (1991), no sector dos “serviços interpessoais”.

Pelo contrário, os jovens com uma escolaridade igual ou inferior ao 9.° ano que se enquadram neste tipo de perfil itinerante, desenvolveram ao longo das suas trajectórias ocupacionais actividades que grande parte dos jovens com um pouco mais de capitais escolares evitou – aquilo a que o mesmo autor denomina de “ser- viços de produção de rotina” (1991). no entanto esta dicotomia aplica-se somente aos homens, até porque o sexo feminino tende a estar afastado de várias destas profissões, nomeadamente da área da construção civil ou da metalurgia. na verdade muitas das jovens com escolaridades até ao 9.° ano que se incluem nesta categoria trajectorial integraram (ou integram), em geral com remunerações inferiores às auferidas pelo sexo masculino, o grupo profissional do pessoal dos serviços e vendedores – como empregadas de mesa ou de balcão, vendedoras em lojas de roupa –, ou dos trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio – como empregadas de limpeza, por exemplo.

Desta forma, entre os entrevistados com percursos profissionais itinerantes e para além de se verificar algu- ma separação ao nível do tipo de actividades experimentadas de acordo com o capital escolar possuído, notam-se claras diferenças de género. Os trajectos percorridos no mercado de trabalho não são lineares, embora pareçam ser demarcados por uma linha que circunscreve o tipo de ocupações desejáveis ou pos- síveis. O pulular entre empregos diferentes não acontece de forma aleatória, pois parece haver nichos ocu- pacionais indisponíveis ou repulsivos. Em termos gerais, a escolaridade é estruturante na delimitação das trajectórias profissionais, no mapeamento dos empregos possíveis ou aceitáveis. Os recursos escolares calibram, portanto, a posição do indivíduo perante a morfologia estrutural do mercado de trabalho. Como diria Weber (1922), a “situação de mercado” tem uma existência homóloga à “situação de classe”. Além disso encontram-se também particularidades de género, sendo a variável sexo igualmente importante na determinação do tipo de itinerários profissionais. no quadro de quem frequentou o ensino secundário, os rapazes tendem a exercer profissões inscritas num leque mais amplo do que o das profissões a que as

mulheres acedem. Por outro lado, as jovens que apenas concluíram a escolaridade obrigatória ou ficaram aquém deste grau de ensino parecem distribuir-se mais transversalmente pelo conjunto de profissões em geral ocupadas por mulheres, mas auferindo remunerações bastante baixas.

Em termos gerais, os entrevistados com percursos itinerantes parecem poder melhorar a sua posição no mercado de trabalho. Tendencialmente, a mudança de “posto de trabalho” corresponde a uma melhoria, total ou parcial, de situação contratual ou do tipo de actividade desempenhada. não é demais sublinhar, no entanto, que aqueles que frequentaram o ensino secundário, independentemente do sexo, mostram ter maior capacidade no melhoramento das suas condições de empregabilidade, relativamente aos menos escolarizados. note-se, porém que esta valorização da posição no mercado de trabalho pode ter um cariz mais ou menos vincado, pois nem sempre todos os factores de ponderação da mobilidade profissional ascendente se combinam de forma unívoca. Por exemplo, André, com o 12.° ano incompleto, iniciou a sua trajectória profissional como trabalhador não qualificado dos serviços, entregando pizzas ao domicílio. Em regime de “recibo verde” e a tempo parcial, ganhava €3 por cada hora de trabalho. De seguida foi trabalhar para a transportadora aérea portuguesa, como bagageiro. Assinou aí vários contratos a termo certo e aca- bou por ficar efectivo. Recebia €850 quando trabalhava oito horas diárias. Actualmente, como avaliador de jóias, tem um contrato sem termo e um rendimento de €700. Tendo em conta o ponto de partida da sua trajectória, e muito embora tenha auferido um rendimento superior em fases anteriores do seu percurso profissional, a verdade é que a actividade que desempenha actualmente é, no plano simbólico, mais valori- zada do que as anteriores, fisicamente menos exigente (e este facto é importante no reconhecimento social das profissões) e tem um vínculo contratual mais seguro.

Existem trajectos profissionais identificados como itinerantes, que se desdobram em modalidades diversas, consoante o sentido da mobilidade a eles associada. Poderão assim ser classificados de híbridos, ascen-

dentes, descendentes ou estacionários.

Exemplo deste último tipo de trajectória é o do percurso profissional do Jerónimo, 9.° ano incompleto. Come- çou por trabalhar na construção civil. Após ter experimentado as profissões de serralheiro e de estafeta, na entrega de pizzas, voltou à actividade inicial. A mudança de actividade não significou para Jerónimo uma alteração significativa da situação ao nível remuneratório, pois o seu rendimento não sofreu qualquer tipo de flutuação. no plano contratual também não. Em termos funcionais a natureza das profissões exercidas sofreu uma alteração importante quando trabalhou como estafeta, pois aí o esforço físico deixou de ser um elemento fundamental para o desempenho da sua actividade, contrariamente ao que acontece na constru- ção civil. Todavia, acabou por regressar à construção e ao tipo de trabalho exercido anteriormente.

O percurso laboral de Miguel, 12.° ano incompleto, empregado de balcão numa loja de filmes, ao contrário da maioria destes jovens, foi descendente, pois por duas vezes durante o seu percurso teve remunerações superiores aos €350 auferidos na profissão actual. Como secretário, na Marinha, recebia €580, e como auxiliar de veterinário de segundo grau, auferia €475. no entanto no actual emprego está com um contrato permanente, enquanto nas outras funções estava contratado a prazo.

Há também percursos itinerantes cujas condições laborais e funções exercidas são de tal modo inconstantes que o sentido da trajectória assume um cariz eminentemente híbrido. Angélico, 9.° ano incompleto, trabalha na manutenção e limpeza de um parque de campismo. Aufere €690, tem contrato a termo certo. A primeira actividade que desempenhou foi como servente na construção civil. Refere que chegou a ganhar €1000 por mês durante as férias escolares. quando abandonou a escola decidiu partir para Inglaterra. Foi contratado para trabalhar na área das limpezas, onde auferia “entre £100 e £200” por semana. Através de um tio, ain- da no Reino Unido, conseguiu um emprego como lavador e lubrificador de carros, com uma remuneração mais elevada: £300 libras semanais. quando decidiu regressar a Portugal foi trabalhar como vigilante, com um salário de cerca de €500 e um contrato de trabalho permanente. Presentemente trabalha num parque de campismo. não contando com o rendimento incomparavelmente superior auferido em Inglaterra face ao actual, também o prestígio da profissão agora desempenhada é menor do que as anteriores, por exemplo, a de vigilante – embora nesta recebesse um salário inferior ao que aufere actualmente como trabalhador nas limpezas e manutenção do parque de campismo.

Até aqui analisaram-se os percursos profissionais itinerantes. É agora altura de centrar o olhar sobre as tra- jectórias de jovens cuja história no mercado de trabalho indica que trilharam percursos direccionados, tra- jectos marcadas pela constância do tipo de funções desempenhadas ou pela permanência em ocupações inscritas em sectores de actividade específicos.

Nesta categoria, as trajectórias laborais traçadas tendem a ser ascendentes ou estacionárias. A experiência acu- mulada nos vários empregos assume-se como um capital qualificacional conducente a alguma progressão profis- sional, ainda que de curto alcance. O que está em causa não é uma empregabilidade decorrente directamente das habilitações formais, mas um conjunto de saberes aprendidos através do desempenho de determinadas funções e da apreensão de normas, procedimentos e capitais sociais inerentes a certos contextos organizacionais. Tal tipo de qualificações, por outro lado, pode ser replicado noutras organizações de trabalho análogas, que convo- cam, por isso, competências semelhantes. Esta constitui, aliás, uma via estruturante de muitos trajectos profis- sionais, nomeadamente os conducentes ao pequeno empresariado, onde não poucas vezes se tende a ‘imitar’ o modelo de organização no qual o empresário, à altura assalariado, adquiriu competências numa determinada actividade, passando a concorrer no mesmo mercado (Guerreiro, 1996; Guerreiro et al, 2000).

Mauro, com o 10.° ano concluído, começou a trabalhar como figurante quando tinha 15 anos de idade. Ain- da estudava. Recebia em média cerca de €750 por mês. Era remunerado por intermédio de recibos verdes. Actualmente trabalha na mesma empresa de produção de espectáculos, mas numa função administrativa. Gere a carreira de indivíduos que desempenham a mesma actividade que ele experimentou aos 15 anos. Continua a receber através de recibo verde e tem um rendimento mensal de €1000. Mais do que uma nítida ascensão profissional traduzida em termos remuneratórios, Mauro poderá vir a enveredar daqui por algum tempo pela empresarialidade, tanto mais que é já esse o seu estatuto formal, de prestador de serviços a uma empresa, ao ser remunerado mediante a emissão de recibo verde.

Ao contrário de Mauro, Rui teve um percurso profissional direccionado, não porque tenha trabalhado de forma continuada num ramo de actividade específico, mas porque ao longo da sua passagem por vários empregos desempenhou funções de natureza análoga. Iniciou o seu percurso profissional aos 19 anos. Inseria dados referentes a encomendas no computador. Tinha um contrato de seis meses, ganhava entre €600 e €650. Trabalhava de segunda a sexta-feira, oito horas diárias. De seguida obteve um novo emprego como auxiliar de armazém num hipermercado, com contrato a termo certo, em regime de tempo parcial, ganhando €400 por mês. Passou depois a fazê-lo a tempo inteiro, em horários rotativos. Actualmente é operador num pos- to de abastecimento de combustível. As suas funções continuam a revestir-se de um cariz essencialmente administrativo, mas em regime de alguma autonomia, que lhe confere uma maior responsabilidade. Con- trola os stocks do armazém do posto, trata das encomendas, encarrega-se do processamento das facturas. O seu emprego poderá inscrever-se na lógica que o trabalho vem assumindo nas sociedades contemporâ- neas, onde predomina a retórica da responsabilidade, do auto-controle (Lallement, 2007). neste seu posto de trabalho tem uma função adicional, que implica também responsabilidade: o enquadramento e apoio, em moldes mais ou menos informais, ao trabalho dos colegas mais inexperientes. Rui encontra-se em regi- me de contrato permanente e recebe um salário de €900. Melhorou, por isso, a sua situação profissional, ainda que não através dos moldes clássicos de uma carreira estruturada, com direito a um estatuto e a uma posição hierárquica claramente definida.

Outros exemplos de trajectos ascensionais são fornecidos pelos casos de Lília e de Francisco. Lília tem o 12.° ano incompleto. O rendimento auferido, as condições contratuais e as funções exercidas foram sendo melhorados ao longo da sua trajectória. Parecem conjugar-se aqui um maior número de anos de escolarida- de com a acumulação de experiência no desempenho de actividades administrativas no ramo da hotelaria. Começou por trabalhar como recepcionista num hotel, com um salário de €350. Foi promovida a respon- sável do economato e posteriormente começou a executar outras tarefas administrativas de back-office, recebendo, então, cerca de €450. Inicialmente era remunerada através de recibos verdes, tendo mais tarde assinado um contrato de trabalho por três anos, até que ficou com contrato permanente. Actualmente é

secretária e o seu salário é de €800. Entretanto decidiu fazer, por sua conta, um curso de formação na área de contabilidade e administração. Às competências profissionais acumuladas pela experiência empírica, Lília adicionou as qualificações proporcionadas por um curso que lhe permitiu aprofundar e sistematizar conhecimentos na sua área de trabalho.

Francisco, por seu lado, é vendedor desde que ingressou no mercado de trabalho. Também aqui é notória a importância de uma formação profissional concreta, na melhoria das condições de acesso ao emprego. Chegou a frequentar o 11.° ano mas posteriormente ingressou num curso profissional de vendas no Cen- tro de Formação Profissional para o Comércio. Efectuou um estágio numa empresa da indústria alimentar, onde assinou um contrato por seis meses. O seu salário era de €800 mensais. Tinha isenção de horário, mas trabalhava das 7h30m da manhã à meia-noite. Seguidamente trabalhou como consultor de seguran- ça. Vendia alarmes. Tinha um contrato sem termo, um ordenado de €1000 e gozava também de isenção de horário, embora trabalhasse muito menos horas do que no emprego anterior. Actualmente é vendedor de automóveis. Recebe €600 de ordenado base, aos quais se adicionam em média por mês cerca de €2000 em comissões. Continua a ter isenção de horário e o seu contrato é de seis meses. Diz que recebe formação na empresa com bastante frequência e que esta lhe é bastante útil no desempenho da sua actividade. A ascensão de Francisco surge ancorada em quatro variáveis estruturantes: a) o curso profissional voca- cionado para a área das vendas, que lhe abriu as portas do mercado de trabalho, devido ao estágio pro- fissional curricular; b) os seus recursos escolares relativamente mais elevados, por comparação com os de outros entrevistados neste estudo; c) a especialização num ramo de actividade ao longo de todo o trajecto profissional; d) a formação em contexto laboral, por meio da qual cria as condições formais e disposicionais necessárias para trilhar um percurso de mobilidade profissional ascendente.

Uma parcela dos jovens que esboçou trajectórias profissionais direccionadas, tal como acontece com alguns dos que pertencem à categoria anteriormente apresentada, apresenta, contudo, percursos de carácter mais estacionário. É o caso de Gabriel. Embora tenha desempenhado pontualmente actividades profissionais noutros ramos, Gabriel, com o 10.° ano incompleto, trabalha desde os 14 anos como empregado de mesa e de balcão. no quadro destas actividades, nunca teve contratos de trabalho nem qualquer tipo de vínculo laboral. A remuneração mensal também sofreu poucas oscilações. Percebe-se, porém, que esta situação se deveu mais ao facto de o entrevistado não querer estabelecer vínculos profissionais duradouros, por pre- tender sair do país, do que à incapacidade para melhorar as condições profissionais. O cariz estacionário da sua trajectória deriva de uma escolha e não de uma inevitabilidade. Embora não procure capitalizar no presente a experiência e as competências adquiridas nos últimos seis anos, Gabriel acredita que estas vão ser operativas na definição da sua trajectória futura neste domínio do mercado de trabalho.

A trajectória profissional de Lucas, 12.° ano incompleto, é híbrida. Exceptuando uma experiência como distribui- dor de jornais quando ainda frequentava o ensino secundário, o jovem trabalhou desde sempre em actividades exercidas em contexto aquático – no mar ou nos rios. Após a conclusão do serviço militar obrigatório, dedicou- se à pesca por arrasto na embarcação do sogro. Ganhava entre €1000 e €1200 por mês, não tinha contrato de trabalho, mas descontava o equivalente ao ordenado mínimo nacional. Decidiu, entretanto, frequentar um curso de mergulhador civil e através dos conhecimentos aí adquiridos iniciou-se nesta actividade. Segundo ele, trabalhava como “pedreiro debaixo de água” nas obras subaquáticas (construção de rampas, reparações de instalações ou embarcações…). Em regime de recibo verde, recebia consoante o número de dias trabalha- dos, o tipo de trabalho a realizar, a profundidade do mergulho. Mas o preço do seu trabalho foi evoluindo à medida que a experiência e a perícia aumentavam. quando iniciou esta profissão recebia em média €75 por dia e antes de se retirar, dois anos depois, já cobrava mais de €100. Longe da família e consciente dos riscos que a profissão acarretava, voltou ao barco do sogro. As condições laborais mantiveram-se. Paralelamente, serviu-se das competências incorporadas no curso que frequentou e no exercício da anterior profissão para se iniciar na apanha de marisco por meio do mergulho – os rendimentos provenientes desta actividade são sazonais, mas no verão chega a receber cerca de €1500 mensais. Lucas nunca teve vínculos contratuais. nem ordenados fixos. Os seus rendimentos sempre dependeram do número de dias que trabalhava. Mas enquan- to na pesca o número de dias de trabalho não determina o volume do proveito monetário que retira de cada jorna, tudo dependendo do peixe que consegue pescar, quando era mergulhador profissional o preço do seu trabalho era por si definido, logo, previsível. A experiência adquirida como mergulhador permitiu-lhe alargar o seu leque de competências no aproveitamento dos recursos fluviais e marítimos – e nesse sentido houve uma evolução positiva ao nível do rendimento económico e das competências detido(as) por Lucas, tendo em conta que combina a pesca com a apanha de marisco por mergulho. Ao nível simbólico houve, contudo, uma regressão no seu estatuto profissional. Actualmente é pescador.

Interessa introduzir neste ponto um terceiro tipo de trajectórias profissionais percorridas pelos jovens – os

percursos profissionais iniciais. Caracterizam-se sobretudo pela curta duração do percurso profissional (até

um ano), mas também pela experimentação – nesse tempo pouco amplo – de uma única actividade pro- fissional, a qual pode evoluir no sentido das anteriormente caracterizadas a partir dos exemplos de outros entrevistados.

Dos quatro casos de entrevistados, aqui analisados e que se enquadram nesta categoria, três exercem acti- vidades profissionais subordinadas e pouco qualificadas. Graça trabalha em serviços de limpeza, João é ajudante de carpinteiro e Sónia é empregada de caixa num mini-mercado. nenhum deles viu as suas funções ou condições de trabalho alteradas desde o início do percurso profissional, nem tampouco as possibilida- des de melhoria da sua empregabilidade se afiguram fáceis ou de curto prazo.

O caso de Mariana é diferente. Esta jovem trabalha numa empresa familiar de média dimensão, propriedade de seu pai. A função essencialmente administrativa que desempenha afasta-a ainda do poder de autoridade e de decisão mas, segundo diz, esta fase permite-lhe acumular a experiência e o conhecimento necessários para mais tarde vir a assumir funções mais complexas e de maior responsabilidade.

Sintetizando o que tem vindo a ser analisado, pode-se concluir que o grau de escolaridade é determinante na definição do tipo de actividades e profissões exercidas pelos jovens entrevistados, quer no início, quer ao longo das suas trajectórias no mercado de trabalho. Por si, os recursos escolares – ainda que seja pouca