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CAPÍTULO II – A Cooperação

2. A perspectiva das Nações Unidas

A Organização das Nações Unidas nasceu oficialmente a 24 de Outubro de 1945,

data em que a sua Carta foi ratificada pela maioria dos 51 Estados Membros

fundadores. Actualmente a organização das Nações Unidas é composta por 191

Estados Membros.

Nos conturbados tempos que vivemos, os seus objectivos parecem muito ambiciosos:

Manter a paz em todo o mundo.

Fomentar relações amigáveis entre nações.

Trabalhar em conjunto para ajudar as pessoas a viverem melhor.

Eliminar a pobreza, a doença e o analfabetismo no mundo.

Acabar com a destruição do ambiente e incentivar o respeito pelos direitos e

liberdades dos outros.

Ser um centro capaz de ajudar as nações a alcançarem estes objectivos.

Em 2000 foi elaborado, pelo Centro das Nações Unidas em Portugal, um documento onde é feita a história e análise dos cinquenta anos de Cooperação para o Desenvolvimento do sistema das Nações Unidas, nele se pode ler:

51 MONTEIRO, Ramiro Ladeiro; A África Na Política de Cooperação Europeia, Instituto Superior de

“As actividades das Nações Unidas no âmbito da cooperação para o desenvolvimento

tiveram inicio em 1950,com as resoluções da Assembleia Geral e do Conselho

Económico e Social (ECOSOC) que criaram um Programa Alargado de Assistência

Técnica. A origem do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e

de vários outros fundos e programas da família da ONU remontam ao Programa

Alargado de Assistência Técnica”.

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A criação do Programa Alargado de Assistência Técnica é referido como sendo um dos primeiros passos dados para alcançar um objectivo consagrado na Carta das Nações Unidas

“(...)promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade

mais ampla”.

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Inicialmente o Programa de Assistência Técnica centrou-se nos serviços consultivos e formação com eles relacionados, tendo-se essa orientação acentuado em 1959 com a criação do Fundo Especial da ONU, que apoiava projectos de pré- investimentos em larga escala.

Ainda no mesmo relatório, é feita a análise do trabalho realizado em prol do desenvolvimento, durante décadas. Assim, na década de cinquenta, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) torna-se um fundo permanente e o âmbito das suas preocupações foi alargado de modo a incluir os serviços de protecção materna e infantil, a formação, as doenças infantis e a nutrição, nos países em desenvolvimento. É também nesta década, em 1959, que a Assembleia Geral aprova a Declaração dos Direitos da Criança.

Na década de sessenta, a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) lançou a campanha contra a fome. É lançado o Programa Alimentar Mundial, sob os auspícios da ONU em conjunto com a FAO.

Em 1965 a UNICEF recebe o prémio Nobel da paz.

É também em 1965 que nasce o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Este Programa nasce da fusão do Programa de Assistência Técnica e do Fundo Especial adoptada pelo ECOSOC.

52 Centro das Nações Unidas em Portugal, in www.onuportugal.pt, consultada em 11/7/05. 53 Ídem

Em 1969 a Organização Internacional do Trabalho recebe o prémio Nobel da paz. Assim, na mesma década, de sessenta, duas Organizações das Nações Unidas recebem o prémio Nobel da paz.

Nesta mesma década, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO) lança um programa mundial de alfabetização, fornecendo uma vasta ajuda no campo da educação e na formação de professores.

Na década de setenta o Conselho de Administração do PNUD elabora um programa, que é subscrito pela Assembleia Geral, na resolução 2688 (XXV) que se torna a pedra angular da futura ajuda do PNUD. Deste programa constam ciclos de programação a desenvolver em cinco anos, compatíveis com os planos nacionais de desenvolvimento. São levados a cabo programas regionais, inter regionais e mundiais, que incluíam uma reestruturação administrativa que pressupunha uma descentralização.

O PNUD estabelece o princípio de distribuição dos recursos a atribuir de acordo com os Valores Indicativos de Planeamento, baseados na população e no Produto Interno Bruto per capita, tendo em vista uma distribuição mais justa para, mais facilmente, se nivelar, a nível de países envolvidos, o Desenvolvimento. Na década de oitenta, é de salientar uma iniciativa com a duração de treze anos, sob a direcção da Organização Mundial de Saúde (OMS) que conduz à erradicação da varíola.

Em 1981 o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados recebe o Prémio Nobel da Paz pela assistência prestada aos refugiados asiáticos.

O PNUD começa a apoiar os doadores para ajudar os países menos desenvolvidos, de forma a mobilizar os fundos e a coordenar a ajuda.

Em 1984 é criado, pelo Secretário Geral da ONU (Javier Perez de Cuéllar) um Gabinete para Operações de Emergência em África, para ajudar a combater a fome em 20 países, em cujo projecto o PNUD e o PAM desempenham um papel fundamental.

Na década de noventa é lançado, pelo PNUD, o Relatório de Desenvolvimento Humano com o objectivo de chamar a atenção para os indicadores de bem-estar nacional e para os custos sociais das políticas de ajustamento económico.

A década de noventa é uma década de reformas na ONU, sendo de salientar a criação, pelo Secretário Geral, Kofi-Annan, do Grupo das Nações Unidas para o Desenvolvimento, com o objectivo de coordenar as várias organizações empenhadas em programas de desenvolvimento.

Em 1997 a Assembleia Geral das Nações Unidas aprova uma resolução sobre o Programa de Desenvolvimento, o qual juntamente com os planos de acção das conferências mundiais fornecem um amplo quadro para a cooperação internacional para o desenvolvimento.

Actualmente são cerca de trinta e cinco as organizações envolvidas na cooperação para o desenvolvimento no âmbito da ONU, centrando-se o trabalho efectuado por estas organizações nos diversos aspectos da vida das pessoas: sobrevivência e desenvolvimento das crianças; direitos humanos; redução da pobreza e desenvolvimento económico, saúde; educação; ajuda em situações de emergência e catástrofe, entre outros.

Apesar de todos os esforços desenvolvidos, a ONU reconhece que a pobreza e miséria persiste em muitos países mas, também considera que a cooperação para o desenvolvimento desempenha um papel fundamental ao apoiar os esforços nacionais que visam a redução dessa mesma pobreza e a promover um desenvolvimento sustentável.

Na sessão do Conselho Económico e Social, no ano 2000, foi afirmado:

“As políticas da ONU no domínio da cooperação para o desenvolvimento evoluíram

rapidamente em função das novas necessidades, mas os princípios subjacentes

mantiveram-se: neutralidade, respeito pela soberania, compromisso a longo prazo e

capacidade de responder às prioridades nacionais. Em 2000, a ONU tem mais

consciência do que nunca de que o êxito das suas iniciativas no âmbito da cooperação

para o desenvolvimento deriva, acima de tudo, da confiança que os países parceiros

depositam nela e da sua aptidão para reforçar as capacidades nacionais”.

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54 Citado pelo Centro de Informação das Nações Unidas em Portugal, in: www.onuportugal.pt, pag.2.