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Figura 2 Ilustração da técnica de Imprint

5.5 TECIDO HEPÁTICO: FENÓTIPO NUCLEAR, PESO DO ÓRGÃO, TEOR DE PROTEÍNA E TEOR DE GORDURA NO FÍGADO

5.5.2 Peso do fígado, teor de proteína e teor de gordura no tecido hepático

Com relação ao tecido hepático, os dados de peso do fígado dos animais estão apresentados na Figura 19. Já a Figura 20 mostra os dados referentes aos teores de proteínas e gordura no tecido hepático.

Ao final do experimento, o peso do fígado dos animais (g/100gPC) do GC (2,91±0,19) mostrou-se maior (p<0,05) do que do GV (2,79±0,24) e do GR (2,55±0,11), mas semelhante ao GH (2,77±0,16) e GS (2,59±0,26). Também houve diferença entre os grupos com relação aos teores de proteína e gordura no fígado dos animais estudados. O teor de proteínas no fígado (g%) dos animais do GS (16,81±1,7) foi menor (p<0,05) do que no GV (18,95±0,6) e GR (18,56±0,5), mas semelhante ao GC (18±0,4) e GH (18,15±0,9). Já a concentração de gordura hepática (g%) foi significativamente menor (p<0,05) no GS (3,34±0,23) do que no GH (5,11±0,43), GV (4,96±0,98) e GR (4,66±1,2), mas similar ao GC (3,53±1,12).

Legenda: Letras diferentes representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos

(p<0,05); Grupo Controle (GC) - ração à balanceada; Grupo Hiperlipídico (GH) - ração hiperlipídica; Grupo Suco de uva tinto integral (GS) - ração hiperlipídica + suco de uva tinto integral, Grupo Vinho tinto (GV) - ração hiperlipídica + vinho tinto, Grupo Resveratrol (GR) - ração hiperlipídica + solução de resveratrol.

Análise estatística: ANOVA one-way e Tukey para comparação de média entre os grupos.

Figura 19 -Peso do fígado dos animais (em g/100gPC) dos diferentes grupos, ao final do estudo

Legenda: Letras diferentes representam diferenças estatisticamente significativas entre os grupos

(p<0,05); Grupo Controle (GC) - ração à balanceada; Grupo Hiperlipídico (GH) - ração hiperlipídica; Grupo Suco de uva tinto integral (GS) - ração hiperlipídica + suco de uva tinto integral, Grupo Vinho tinto (GV) - ração hiperlipídica + vinho tinto, Grupo Resveratrol (GR) - ração hiperlipídica + solução de resveratrol.

Figura 20 – Concentração média de proteínas e gorduras no fígado dos animais (em g%) nos diferentes grupos, ao final do estudo

6 DISCUSSÃO

O perfil nutricional e epidemiológico atual da população brasileira mostra crescente prevalência de sobrepeso/obesidade e de DCNT, incluindo certas injúrias hepáticas (LEVY, et

al., 2012). Com isso, o uso de recursos dietéticos na prevenção e tratamento de doenças vem

ganhando destaque especial, não só no campo da pesquisa, mas também no interesse da população (GRANATO, et al., 2010). Diante do papel da dieta na promoção da saúde busca- se cada vez mais a relação entre a alimentação e as causas, fatores de risco e estratégias de prevenção e intervenção das DCNT.

A uva e seus derivados apresentam diversos polifenóis capazes de intervir beneficamente no organismo devido a suas propriedades funcionais, sendo o resveratrol o composto destacado por muitos estudos (SAUTTER, et al., 2005; ROMERO, et al., 1999). Como fonte destes polifenois há não só as uvas, mas também o suco de uva, o vinho tinto e, atualmente, as cápsulas do resveratrol que ofertam o composto isolado (SAUTTER, et al., 2005). Se o resveratrol atua como principal composto bioativo desses alimentos, vale dizer que sua concentração varia de acordo com o tipo de fonte que é consumida (ROMERO-PÉREZ, et al., 1999). Diante dos achados do presente trabalho foi observado que a concentração de trans- resveratrol no SUTI (0,381mg/L) foi menor do que no VT (1,323mg/L) e na SR (1,53mg/L). Os resultados corroboram com os achados de outros autores que verificaram uma concentração de resveratrol em sucos de uva do Brasil entre 0,19-0,90mg/L e em vinho tinto entre 0,82-5,75mg/L (SAUTTER, et al., 2005; ROMERO, et al., 1999).

Em nossos achados o SUTI apresentou 1090,1 mg EAG L-1 de fenólicos totais, enquanto o VT mostrou média de 2589,4 mg EAG L-1 de polifenóis. Estes resultados corroboram os achados da literatura que indicam uma concentração de polifenóis totais de

240-5084 mg EAG L-1 para sucos de uva (MALACRIDA & MOTTA , 2005); SAUTTER et

al., 2005; GURAK et al., 2008; VARGAS et al., 2008; GOLLUCKE et al., 2009; BURIN et

al., 2010; GURAK et al., 2010) e, de 1014- 3718 mg EAG L-1 para vinhos tintos do Brasil (LINS & SARTONI, 2014; KATALINIC et al., 2004; OLIVEIRA et al., 2011).

O teor de polifenois nas bebidas pode ser influenciado por diversos fatores (MAZZA, 1995; FRANKEL et al., 1998; JACKMAN et al., 1996; SAURA-CALIXTO & DÍAZ- RUBIO, 2007). O conteúdo de fenólicos no suco difere de acordo com a variedade da uva, maturidade da fruta, regiões e práticas de cultivo das mesmas (MAZZA, 1995). Durante a concentração do suco podem ocorrer perdas no conteúdo de compostos fenólicos devido, principalmente, às temperaturas elevadas que o suco é submetido durante a recuperação de aromas e a evaporação propriamente dita. A concentração de fenólicos no suco de uva é influenciada pelo tipo de extração e procedimentos empregados na produção do suco e pelas reações que ocorrem durante o seu armazenamento (FRANKEL et al., 1998; JACKMAN et

al., 1996). Já com relação ao VT, dependendo da variedade da uva, de seu cultivo, das

técnicas de fabricação e das condições gerais do plantio, assim como da incidência de luz solar e de pragas, a quantidade de polifenóis no vinho pode variar (SAURA-CALIXTO & DÍAZ-RUBIO, 2007).

A atividade antioxidante dos sucos e vinhos possui grande influência no sabor e aroma das bebidas, podendo variar de acordo com o clima, solo, variedade e maturidade da uva (DE ARAÚJO, 2013). A capacidade antioxidante das bebidas ofertadas foi avaliada pelo método de sequestro de radicais livres DPPH e os resultados demonstram que de acordo com este método, o SUTI e o VT apresentaram capacidade antioxidante numericamente maior do que a SR.

Em um estudo realizado por Vargas et al. (2004), foi testada a capacidade antioxidante de oito amostras de sucos de uva roxa e branca por meio do sistema ß-caroteno/ácido linoleico, onde foi verificado que a capacidade antioxidante dos sucos foi de 97-119%. Anos mais tarde, Vargas et al. (2008) avaliaram a capacidade antioxidante em sucos de uva por DPPH e encontraram valores entre 42-114%, corroborando nossos resultados. Katalinic et al. (2004) apresentaram em seu estudo uma amostra de vinho com 82,2% de sequestro de radicais livres, já Lins & Sartoni (2014) analisaram nove amostras de vinhos tintos produzidos

com diferentes uvas quanto a atividade antioxidante por DPPH, encontrando uma variação significativa entre as amostras de 6,43% a 81,16% de sequestro de radicais livres.

A atividade antioxidante de um alimento depende não só do teor de polifenóis presentes na matriz, mas também dos tipos de compostos, quantidade e posição de hidroxilas e anéis aromáticos (SOUSA et al., 2004; BASTOS et al., 2007). Certos compostos fenólicos reagem com o reagente de Folin, mas não apresentam atividade antioxidante, afirma Huang et

al. (2005). Com isso, não é certo que haja sempre boa correlação entre o conteúdo de

fenólicos totais e a atividade antioxidante de um substrato.

Segundo Gava (1998) a atividade antioxidante encontrada nos sucos de uva, justifica- se pela presença de polifenóis na bebida ou devido à presença do conservante metabissulfito de sódio, que atua como protetor do ácido ascórbico, caroteno e outros compostos facilmente oxidáveis. Katalinic et al. (2004) sugeriram que grande parte da capacidade antioxidante do vinho tinto pode ser diretamente correlacionada com a sua concentração de catequinas. Já Minussi et al. (2003) ao testarem amostras de vinho do Brasil, do Chile, e de Portugal, além da catequina, obtiveram uma correlação positiva entre a capacidade antioxidante do vinho e concentrações de ácido gálico e epicatequina.

Estudos mostram que o consumo de uma dieta hiperlipídica apresenta relação com o aumento da prevalência de obesidade no país e no mundo e que o aumento do peso corporal, em consequência do consumo deste tipo de dieta, predispõe o indivíduo a desenvolver diversas DCNT (WHO, 2013; PERICHART, et al., 2010). De acordo com alguns estudos, a ingestão de dieta hiperlipídica em ratos leva ao maior ganho de peso, havendo associação positiva entre a dieta rica em gordura e o ganho de peso corporal nos animais (DUARTE et al. (2006); BORBA et al., 2011). No entanto, no presente estudo não foi observado desenvolvimento de sobrepeso, uma vez que os grupos que consumiram dieta hiperlipídica não mostraram diferença de ganho de peso em relação ao grupo que recebeu dieta balanceada.

Com relação ao consumo alimentar dos animais, ao longo do experimento não foi observada diferença entre o consumo de água e de ração, apesar das dietas serem ofertadas de forma “ad libitum”, mas houve uma tendência de menor consumo de ração nos grupos que recebiam a dieta hiperlipídica. O consumo do SUTI e da SR foi maior do que o consumo de

VT, mas apesar da diferença encontrada no consumo das bebidas ricas em polifenóis, todos os grupos apresentaram consumo energético semelhante.

Em relação ao consumo de ração, sugere-se que os animais sejam capazes de regular sua ingestão a partir da quantidade energética consumida (BORBA, et al., 2011; MAHAN, et

al., 2002; WESTERPEP-PLATENGA, 2004). Estudos realizados em humanos verificaram

que a densidade energética da dieta interfere na ingestão alimentar somente em curto prazo, enquanto que em longo prazo esses efeitos são regulados ocorrendo uma compensação (WESTERPEP-PLATENGA, 2004). O mesmo foi observado no estudo realizado por Moura

et al. (2012) que observou menor consumo do grupo que recebia ração rica em gordura

saturada em relação ao grupo que consumia dieta balanceada. A tendência de menor consumo alimentar pelos grupos que receberam a dieta hiperlipídica associada ao consumo de SUTI e VT pode ser explicada também pelo fato destas bebidas serem fonte extra de energia para os animais, aumentando sua saciedade.

O consumo do SUTI e da SR foi maior do que o consumo de VT. No entanto, devido ao teor de polifenois totais nas bebidas, o consumo de polifenois do GR (1761mg EAG/dia) foi maior do que os animais do GV (25,9mg EAG/dia) e GS (16,3mg EAG/dia) que apresentaram consumo diário semelhante de fenólicos totais. Já com relação à concentração de trans- resveratrol, o GS (0,0005715mg/dia) apresentou menor consumo diário de resveratrol, seguido pelo GV (0,01323mg/dia) e GR (0,02295mg/dia). Levando em consideração os demais parâmetros avaliados, sugere-se que a quantidade de polifenois e de trans-resveratrol consumida não está diretamente relacionada aos efeitos positivos do composto no organismo uma vez que os animais que consumiram SR, embora tenham tido maior aporte de compostos bioativos através da bebida, não apresentaram melhores resultados fisiológicos em relação aos demais grupos.

Alguns estudos verificaram associação entre o consumo excessivo de gordura e o aumento de glicemia concomitante ao aumento de hormônios hiperglicemiantes, insulina e intolerância à glicose (MAHAN, 2008; CARVALHO, et al., 2006). Em nosso trabalho, todos os grupos apresentaram valor de glicemia dentro da normalidade, tanto no início, quanto no final do experimento. Entretanto, vale destacar que nossos achados corroboram com a literatura uma vez que o GH apresentou maior aumento de glicemia ao longo do estudo. Isto

indica uma possível associação do consumo excessivo de gordura na dieta no aumento glicêmico desses animais quando não associado ao consumo de bebidas ricas em polifenóis.

Uma dieta hiperlipídica pode levar ao aumento de ácidos graxos livres (AGL) circulantes (BORBA, et al., 2011). Em excesso, os AGL sofrem oxidação e são transportados na forma de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) ou, em situações patológicas, são depositados no fígado levando à diminuição do cleareance hepático de insulina e, assim, maior produção de glicose pelo tecido hepático (CARVALHO, et al., 2006). Neste caso, o aumento de AGL pode também reduzir a funcionalidade dos receptores de insulina em diversos órgãos levando ao aumento de glicose e de insulina no sangue (PRATCHAYASAKUL, et al., 2011). Em paralelo, os ácidos graxos (AG), embora sejam combustível importante para as células beta- pancreáticas em estado normal, podem levar à lipotoxicidade celular aumentando a concentração de glicose no organismo. Isto ocorre porque o excesso de AG levaria à secreção basal aumentada de insulina e inibiria a secreção do hormônio via estímulo da glicose. Em maior escala o aumento de AG pode também levar à morte da célula beta- por apoptose (in

vivo e in vitro), prejudicando ainda mais o metabolismo glicêmico do organismo (DONATH

& SHOELSON, 2011).

Sobrepeso, sedentarismo e maus hábitos alimentares, especialmente consumo excessivo ou acima do ideal de ácidos graxos saturados (AGS), têm sido associados não só ao aumento de glicemia, mas também à hipertrigliceridemia, hipercolesterolemia, elevação de LDL (lipoproteína de baixa densidade) e redução de HDL (MELO, et al., 2007). O fato da concentração de colesterol se apresentar semelhante entre o grupo que recebeu dieta balanceada e o GH, GV e GR corrobora os achados de Borba et al. (2011) que sugere nem sempre haver associação positiva no teor lipídico da dieta e o aumento de colesterol sérico. Em nossos achados o GS apresentou concentração de colesterol total significativamente menor do que o GC e foi numericamente menor do que os demais grupos que receberam dieta hiperlipídica. Possivelmente, os compostos bioativos do suco de uva minimizaram os efeitos da dieta no aumento de colesterol sérico nesses animais.

Diante do efeito biológico da HDL, vale dizer que qualquer redução em sua concentração sérica, mesmo que pequena, torna-se prejudicial ao organismo já que a HDL é responsável por transportar a molécula de colesterol da corrente sanguínea para ser

metabolizada no fígado (MENSINK & KATAN, 1990). Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2005), o maior teor de gorduras monoinsaturadas nas dietas constituídas por banha de porco favorece ao aumento de HDL, juntamente com a redução da oferta de carboidratos pela dieta, o que já foi considerado “defensivo” por Wolf (1996). Entretanto, de acordo com os achados de Melo et al. (2007), a ingestão de gordura vegetal hidrogenada e banha de porco levou à menor concentração sérica de HDL quando comparado aos grupos que receberam dieta balanceada, com ou sem associação de erva mate. Em nosso estudo todos os grupos se mostraram semelhantes com relação aos níveis de HDL. No entanto, o GR apresentou valores numericamente menores da partícula – o que pode indicar efeito negativo de uma possível superdosagem de resveratrol, pois o consumo diário do composto pela solução foi significativamente maior nesses animais. No entanto, sugere-se que o consumo de SUTI possa ter sido benéfico aos níveis de HDL, pois o GS apresentou valores numericamente maiores da lipoproteína.

O desequilíbrio dietético em macronutrientes está associado a alterações metabólicas. A dieta hiperlipídica fornece um teor elevado de gordura em detrimento da quantidade de carboidratos ofertada numa dieta balanceada. Entretanto, os níveis de TG são mais afetados pelo consumo glicídico do que pela ingestão de gorduras. Uma oferta de carboidratos na alimentação, especialmente os refinados, favorece a redução dos níveis de HDL e o aumento das concentrações de LDL e TG (SIRI & KRAUSS, 2005). Isto foi verificado por Melo et al. (2007), onde os grupos que receberam dieta hiperlipídica apresentaram valores inferiores de TG quando comparados ao grupo controle. Outro estudo demonstrou que, após dieta rica em gordura por 12 semanas, os ratos tiveram aumento significativo de TG quando comparados àqueles alimentados com uma dieta com baixo teor de gordura (LIMA, et al., 2003). Tais achados corroboram os resultados de nosso estudo que mostram níveis maiores de TG no GC do que nos grupos que receberam dieta hiperlipídica. Contudo, dentre os animais que consumiram maior teor lipídico na dieta, o GH – que não consumiu nenhuma bebida fonte de polifenóis - foi o que apresentou concentração numericamente maior de TG em relação aos demais. Isto pode sugerir que os compostos presentes no SUTI, VT e SR podem ter minimizado o efeito da dieta hiperlipídica sobre a concentração de TG nos animais.

Entre os indicadores de um processo inicial de lesão do fígado estão as enzimas AST, ALT e FAL. Quando o órgão é lesado ou há necrose do tecido, essas enzimas são liberadas no

sangue, onde podem ser detectadas por exames de rotina (COUTO, et al., 2008). Entretanto, concentrações aumentadas de AST podem também indicar alterações de outros órgãos, como o coração, os músculos, o rim, e o cérebro. Já a ALT é específica de dano hepático, sendo produzida exclusivamente pelo fígado. As concentrações séricas de ALT estão elevadas em hepatites e icterícias e sua variação é menor que as de AST em danos cardíacos, por exemplo. Lima et al. (2003) avaliaram a toxicidade de corantes naturais e flavonóides em coelhos hiperlipidêmicos (adicionando 0,5% de colesterol e 0,1% de ácido cólico na dieta). Foi verificado aumento das concentrações de AST nos animais hiperlipidêmicos controles (não tratados) e redução da ALT e AST quando tratados com os flavonóides. Resultados semelhantes foram encontrado por Melo et al. (2007) que observaram aumento nos níveis de AST e ALT apenas nos animais que consumiram dieta acrescida de banha de porco sem a ingestão concomitante de alguma fonte de flavonóides do mate, sugerindo, assim, que os polifenóis presentes na erva mate seriam capazes de agir preventivamente ao dano hepático gerado por dietas ricas em gordura. Nossos resultados indicam que todos os grupos apresentaram semelhança nos níveis de AST, mas apenas o GS e GC mostraram valores dentro da normalidade. Já para ALT, todos os grupos apresentaram concentração um pouco acima do recomendado, indicando possível alteração na atividade hepática dos animais. No entanto, os relatos de Lima et al. (2003) e Melo et al. (2007) corroboram nossos achados uma vez que os animais que receberam SUTI apresentaram menores concentrações de AST e ALT, mesmo que sem diferença estatística. Sugere-se que a ingestão do SUTI possa ter conferido proteção ao tecido hepático dos ratos levando a menores níveis de AST e ALT nos animais que o consumiram.

Massafera (2014) estudou os efeitos do consumo de suco de laranja em diversos parâmetros bioquímicos e foi detectado aumento significativo da FAL sérica nos ratos tratados com dieta hiperlipídica, independente do tipo de ingesta hídrica. Em nosso estudo, também não ficou clara a relação entre o consumo das bebidas ricas em polifenóis e seus efeitos na concentração de FAL. Isto porque todos os grupos apresentaram valores de FAL abaixo da normalidade, inclusive o GC. O GH e o GV mostraram concentração numericamente maior de FAL e o GR foi numericamente menor em relação aos demais grupos. A menor concentração de FAL no sangue pode refletir um estado de desnutrição. Já o aumento de FAL pode estar relacionado a várias condições patológicas, como anemia, insuficiência renal, ou mesmo câncer, sendo necessário que se faça um diagnóstico

diferencial. Especificamente em relação ao fígado, uma hiperfosfatasemia é associada diretamente à obstrução biliar de causas intra e extra hepáticas, esteatose, cirrose, colecistite, e/ou à lesão hepatocelular (COUTO, et al., 2008; LIMA, et al., 2001). Diante dos resultados de ALT e AST é sugerido que a dieta hiperlipídica tenha provocado lesão no fígado dos animais que a consumiram, mas os dados de FAL não corroboraram tal associação, sendo necessários mais estudos.

Em nossos achados, os grupos que consumiram dieta hiperlipídica (GH, GV, GS e GR) apresentaram menor concentração de albumina quando comparados ao GC. Níveis reduzidos de albumina no sangue refletem alteração na capacidade funcional do tecido hepático e/ou a ocorrência de um processo inflamatório, no qual ocorre menor produção de albumina para que haja maior síntese de proteínas pró-inflamatórias (DE FEO & LUCIDI, 2002). Diante dos resultados, acredita-se que a dieta hiperlipídica possa ter levado a uma disfunção hepática e/ou um estado inflamatório nos animais, gerando menor síntese de albumina pelo fígado, mesmo naqueles que consumiram uma bebida rica em polifenois.

A redução nos níveis séricos de albumina nem sempre vem acompanhada de uma menor concentração das proteínas totais no sangue (HARIRI & TRIBAULT, 2010). Isto foi observado em nossos resultados já que, diferente do que foi verificado nas concentrações de albumina, o GV apresentou menor concentração de proteínas totais em relação aos demais grupos.

Os polifenois, presentes no suco de uva e no VT, têm-se mostrado protetores ao organismo, principalmente por sua propriedade antioxidante (RAHMAN, 2008). Capazes de inibir vias pró-inflamatórias, os polifenois inibem a expressão de ICAM-1 (molécula de adesão intracelular-1) e VCAM (molécula de adesão vascular), inibem a adesão de monócitos ao endotélio, a síntese de TNF-α (fator de necrose tumoral alfa) e IL-1 (interleucina 1) e também a liberação de IL-6 dos monócitos (SLATER, et al., 2003). No estudo de Matos, et

al., (2012) foi possível observar valores significativamente menores de IL-6 no grupo que recebeu dieta suplementada com resveratrol em relação ao grupo controle. Tais achados são semelhantes aos verificados em nosso trabalho, onde uma possível ação protetora dos polifenóis foi verificada no GS que apresentou concentrações numericamente menores de IL- 6. No entanto, o mesmo efeito não foi observado nos animais que ingeriram VT, sugerindo

que apenas o SUTI minimizou os efeitos da dieta hiperlipídica na expressão de proteínas pró- inflamatórias, como a IL-6.

A análise da área dos núcleos dos hepatócitos permite ampliar as considerações. Os núcleos variam seu volume com base na atividade de transcrição de ácidos nucléicos. O aumento na área dos núcleos sugere maior atividade sintética por parte dos hepatócitos, maior trabalho tecidual e, possivelmente, maior demanda energética e metabólica do fígado (GAYOTTO & ALVES, 2001). Já a diminuição da área nuclear indica reduzida taxa de transcrição, revelando a possibilidade de desarranjo funcional e de lesão hepática, fenômeno

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