3. MATERIAIS E MÉTODOS 21
3.2 Pesquisa bibliográfica de proteínas microbianas expressas na cavidade oral 26
Após a obtenção da lista das 419 bactérias identificadas na cavidade oral, foi feita uma
pesquisa bibliográfica usando o nome de cada uma dessas bactérias seguida da palavra
“proteom*” (Exemplo: “Klebsiella sp. OBRC7 proteom*”) no repositório de citações de
literatura bibliográfica PubMed (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK3827). Assim, foi
feito o levantamento da bibliografia publicada referente à identificação de proteínas em
estudos sobre estas bactérias.
Foi adicionada uma nova coluna na tabela do Microsoft Excel® 2010 (exportada do
HMP) com o título Pubmed , onde foram introduzidos os códigos dos artigos (através do
identificador presente no PubMed, o PMID ou PubMed identifier) resultantes da pesquisa
efetuada correspondente às bactérias presentes na Tabela 1 (Anexos). Uma vez que para a
mesma bactéria eram muitas vezes obtidos diversos artigos na pesquisa, houve necessidade de,
nesses casos, acrescentar linhas para a mesma bactéria de modo a que todos os códigos
correspondentes aos estudos sobre esse microrganismo se encontrassem todos na coluna com
o título “Pubmed” e numa célula individual.
Figura 5. Figura representativa da Tabela Base do Microsoft Excel
®2010 com o nome das bactérias presentes
na cavidade oral na coluna B e os artigos encontrados através da pesquisa presentes na coluna J. Como
exemplo, para Treponema denticola F0402 foram encontrados 3 artigos e por isso foram acrescentadas mais
linhas para essa mesma bactéria para os códigos dos artigos poderem estar todos presentes na coluna J e cada
um numa célula individualizada.
Aos 186 estudos obtidos foi feita uma primeira seleção através da leitura dos seus
resumos para localizar os artigos em que fosse feita a identificação de proteínas. Com base
neste critério, os artigos que interessavam para este estudo foram marcados com a cor verde
na Tabela Base. Os artigos que não identificavam proteínas experimentalmente, fazendo
apenas a sua previsão com recurso a ferramentas bioinformáticas, bem como os estudos em
que as espécies/estirpes para as quais eram identificadas proteínas que não estivessem
relacionadas com a cavidade oral, foram marcados a vermelho, como exemplificado na figura
6.
Os 79 artigos assinalados a verde na Tabela Base foram então lidos de forma a
verificar a identificação das proteínas expressas pelas bactérias em estudo. Para tal, foi
acrescentada outra coluna à tabela com a designação “Código Proteína do artigo”, onde eram
anotados os códigos UniProt, ou seja os códigos correspondentes à Uniprot Knwoledgebase,
ferramenta bioinformática mencionada na Introdução Teórica (35).
Para se recorrer às funcionalidades do Microsoft Excel® 2010 é necessário que haja
uma célula por cada código de proteína identificada pelo que houve a necessidade de repetir
para um mesmo artigo tantas linhas na tabela como as proteínas identificadas por esse artigo.
Obteve-se então uma tabela com a estrutura apresentada na figura 7.
Figura 6. Tabela com os códigos PIMD dos artigos resultantes da pesquisa efetuada. Primeira seleção dos
artigos após a leitura dos seus resumos e atribuição de cor verde aos artigos a usar e de vermelho aos restantes.
No decorrer do trabalho, verificou-se que algumas das proteínas identificadas nos
artigos selecionados, eram expressas em bactérias cuja correspondência com a designação
presente na tabela inicial exportada do Human Microbiome Project (HMP) não era exata.
Uma vez que a nomenclatura das bactérias tem sofrido várias alterações recentes, o critério
para a inclusão ou não dessas proteínas na Tabela Base foi o facto de ter sido verificado na
literatura que a bactéria na qual foi identificada a proteína já ter sido descrita na cavidade oral.
Um exemplo é a Porphyromonas gingivalis W83 que não está presente na lista original de
bactérias (Tabela 1 secção Anexos) ao contrário de, por exemplo, Porphyromonas gingivalis
W50, que já se encontra. A decisão de incluir ambas as estirpes prende-se com o facto de, na
literatura, Porphyromanas gingivalis W83 também estar descrita como presente na cavidade
oral (37).
Nalguns artigos as proteínas identificadas nas bactérias não especificavam a estirpe, de
modo que, tal como na situação anterior, foi considerado que, se indubitavelmente a bactéria
estivesse na cavidade oral, ela seria acrescentada à lista ainda que apenas com o nome da
Figura 7. Figura representativa da Tabela Base do Microsoft Excel
®2010 na qual foram ocultadas algumas
colunas de modo a ser mais fácil a visualização da correspondência da bactéria ao artigo e ao código UniProt da
proteína identificada no mesmo. Para as proteínas identificadas num mesmo artigo essa linha foi repetida.
§ Bacillus cereus (foi adicionada à tabela uma linha com o nome da espécie porque o
artigo não apresentava informação sobre a estirpe da bactéria);
§ Bacillus cereus AH820;
§ Bacillus cereus ATTC 14579;
§ Bacteroidetes oral taxon 274 estirpe F0058;
§ Bacteroidetes sp. F0093;
§ Enterococcus faecalis (estirpe ATCC 47077 / OG1RF);
§ Enterococcus faecalis V583;
§ Fusobacterium nucleatum subsp. Nucleatum;
§ Fusobacterium nucleatum subsp. polymorphum ATCC 10953;
§ Lactobacillus plantarum WCFS2;
§ Lactobacillus plantarum WCFS3;
§ Lactobacillus plantarum WCFS3;
§ Porphyromonas gingivalis (foi adicionada a tabela uma linha com o nome da espécie
porque o artigo não apresentava informação sobre a estirpe da bactéria);
§ Porphyromonas gingivalis (estirpe ATCC 33277 );
§ Porphyromonas gingivalis (W83);
§ Salmonella enterica (foi adicionada a tabela uma linha com o nome da espécie porque
o artigo não apresentava informação sobre a estirpe da bactéria);
§ Salmonella enterica subsp. enterica serovar Newport estirpe CVM36720;
§ Streptococcus agalactiae serotipo III (estirpe NEM316);
§ Streptococcus agalactiae serotipo V (estirpe ATCC BAA-611 / 2603 V/R);
§ Streptococcus gordonii (DL1);
§ Streptococcus mutans; (foi adicionada a tabela uma linha com o nome da espécie
porque o artigo não apresentava informação sobre a estirpe da bactéria);
§ Streptococcus mutans serotipo c (estirpe ATCC 700610 / UA159);
§ Streptococcus pneumoniae (estirpe ATCC BAA-255 / R6);
§ Streptococcus pneumoniae serotipo 4 (estirpe ATCC BAA-334 / TIGR4);
§ Streptococcus pyogenes; (foi adicionada a tabela uma linha com o nome da espécie
porque o artigo não apresentava informação sobre a estirpe da bactéria);
§ Streptococcus pyogenes serotipo M1;
§ Streptococcus pyogenes serotipo M1 ;
§ Streptococcus pyogenes serotipo M2;
§ Treponema denticola; (foi adicionada a tabela uma linha com o nome da espécie
porque o artigo não apresentava informação sobre a estirpe da bactéria);
Durante a identificação das proteínas microbianas para as bactérias presentes na
Tabela Base, verificou-se que, na grande maioria dos casos, estas se encontravam apenas
identificadas pelo nome do gene codificador dessa mesma proteína. Foi necessário então fazer
a conversão da identificação do gene para o código identificador das proteínas
correspondentes. Isto foi executado pela inserção deste identificador (nome do gene e da
bactéria correspondente) no portal Web da ferramenta bioinformática UniProtKB através do
link http://www.uniprot.org (35), obtendo-se então a conversão para o código UniProt
identificador da proteína em questão (figura 8). Esta conversão teve de ser realizada
individualmente para cada proteína. A título de exemplo, num estudo relativo a Streptococcus
mutans serotipo c (estirpe ATCC 700610/UA159) as proteínas identificadas para esta bactéria
estavam identificadas pelo nome do gene, ou seja, SMU_664. Esta designação foi então
inserida no portal web do UniProtKB no campo “Query” seguida do nome da bactéria
(SMU_664 AND Streptococcus mutans serotype c (strain ATCC 700610/UA159), resultando
na identificação do código UniProt correspondente (figura 8).
Figura 8. Figura obtida do portal Web da ferramenta bioinformática UniProtKB (http://www.uniprot.org)
representativa da conversão do nome do gene (SMU_664), relativo a uma proteína identificada de Streptococcus
3.3 Catalogação das proteínas microbianas com recurso ao programa
No documento
OralOme : o contributo dos microrganismos revelado por estudos de proteómica
(páginas 46-51)