• Nenhum resultado encontrado

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Pesquisa de ovos de Taenia sp

Não se detectou presença de ovos de Taenia sp., o que explica-se pela época do ano em que o presente experimento foi realizado, ou seja, período chuvoso. Nesta época, o solo recebe grande volume de águas pluviais, acarretando a sua lixiviação que tornaria inviável a possibilidade de se encontrar ovos de Taenia sp. e outras formas parasitárias. Também, na citada época, a procura por outras formas de irrigação, que podem não ser de boa procedência, diminui bastante, uma vez que as chuvas estarão suprindo as necessidades de aguagem das hortaliças.

Mesmo assim, no presente trabalho, foi possível detectar outras formas parasitárias, dentre elas ácaros (Figura 15), ovos (Figura 16) e larvas (Figura 17) de nematódeos. Outras formas foram também encontradas, porém não foi possível identificá-las, dado a sua fragmentação.

FIGURA 15- Ácaro (aumento de 10 x)

4.2. Inquérito Epidemiológico

FIGURA 18 - Tipo de adubo

60% 20%

20%

Sulfato de amônio + Esterco bovino Uréia + Esterco bovino

Esterco de cabra

FIGURA 19 - Fonte de água (irrigação)

60% 20%

20%

Nascente própria Rio

FIGURA 20 - Fornecimento da produção 20% 20% 20% 20% 20% Consumo próprio

Consumo próprio + venda local Consumo próprio + mercado+ feira

Consumo próprio + venda local+ feira + supermercado Consumo próprio + venda local + mercado + venda ambulante

FIGURA 21 - Existência de rede de esgoto

40%

60%

Sim Não

FIGURA 22 - Existência de sanitário/ ligação à rede (esgoto ou fossa) 40% 40% 20% Ligado à rede Ligado à fossa

Não possuem sanitário

FIGURA 23 - Hábito de comer verdura

100%

FIGURA 24 - Recebeu tratamento com anti-helmíntico (“vermífugo”)

20%

80%

Sim Não

FIGURA 25 - Conhecimento sobre o parasita (“solitária”)

80% 20%

Sim Não

FIGURA 26 - Ocorrência de crises convulsivas (“ataques” epilépticos)

20%

80%

Sim Não

FIGURA 27 - Crises convulsivas em vizinhos

100%

FIGURA 28 - Preferência por carnes

20%

80%

Mal passada Bem passada

O risco em se consumir hortaliças, legumes e frutas sem lavagem adequada é a possibilidade de se ingerir ovos de parasitas, dentre eles, ovos de Taenia sp.. O mais grave problema incide especificamente na ingestão de ovos de Taenia solium, cuja forma metacestóide, ao se instalar no Sistema Nervoso Central, poderá resultar em quadros clínicos (neurocisticercose) benignos, podendo se estender a malignos.

Existem diferentes fatores de endemicidade que possibilitam a disseminação e perpetuação desta zoonose em nosso meio. A irrigação em plantios de hortaliças e pomares com água contaminada é considerado um dos principais fatores ligados ao ciclo endêmico (AGAPEGEV, 1991).

A água assume importante papel na disseminação das enteroparasitoses no homem, na dependência da sua origem, e pode oferecer condições adequadas de sobrevivência aos ovos de helmintos sem prejudicar a viabilidade dos mesmos. Da mesma forma – com relação aos ovos de helmintos – o solo se comporta como um hospedeiro intermediário, uma vez que recebe dejetos ou água contaminada, segundo relata MARZOCHI (1977b).

Até a década de 50 existiam diferentes metodologias aplicadas na detecção de ovos de helmintos nas fezes de humanos ou animais que tinham como princípio a “centrífugo-flutuação”; dentre elas estão citadas: formol-éter (Ridley & Hawgood, 1956), concentração por sulfato de zinco (Faust et al., 1938), flutuação em açúcar (Caveness & Jensen, 1955). Na atualidade, iniciou-se uma nova fase de investigação científica onde se aplicam técnicas destinadas à recuperação de ovos de helmintos em resíduos de esgoto (lodo), além do estudo da viabilidade dos mesmos após tratamentos biológicos ou químicos específicos.

Segundo a literatura compulsada (CAMILLO-COURA, 1991; SOCCOL et al., 2000) verifica-se que diferentes autores apresentam técnicas específicas para o lodo, sendo que outros destinam suas pesquisas a efluentes, porém outras metodologias foram estudadas com a mesma finalidade, ou seja, são voltadas à recuperação de ovos de helmintos. Os comentários dos autores são variáveis, ou seja, alguns citam vantagens, e outros desvantagens. O que se percebe é que

algumas técnicas são mais específicas para o lodo, outras para efluentes, porém deve-se observar que o mais importante é levar em consideração a taxa de recuperação de ovos de helmintos, seja qual for a metodologia adotada.

Quando se aplica uma técnica para detecção de ovos de helmintos e os resultados são positivos, isto pode servir de base para avaliação do perfil epidemiológico do material em relação ao meio ambiente.

No tocante ao consumo de frutas e verduras, várias pesquisas demonstram que as mesmas fazem parte da cadeia epidemiológica de infecções parasitárias, e que, o consumo destes alimentos crus, constitui elemento importante na cadeia de transmissão (GUILHERME et al., 1999; LEMES DE CAMPOS & TERRA, 2000).

No presente trabalho foi aplicado inquérito epidemiológico com relação a fonte de irrigação de hortaliças, e verificou-se que apenas uma propriedade utilizava água captada diretamente de rio, situação esta que poderia ter sido causa de possível presença de ovos de parasitas, conforme afirma GUILHERME et al. (1999). Porém, como nenhum ovo de tênia foi recuperado nas amostras de alface processadas, isto não significa que em outra época não pudesse ocorrer, uma vez que a sazonalidade pode interferir nos resultados. Isto vem confrontar a citação do trabalho de MARZOCHI (1977a), cujos resultados obtidos mostraram que, cistos e ovos de enteroparasitas foram mais freqüentemente

encontrados nos períodos de baixa pluviosidade, quando mais intensivamente se faz irrigação das hortas com água de córregos poluídos com material orgânico de origem fecal. Portanto, o período do ano interfere na presença ou ausência de ovos. Um outro fator observado com relação ao inquérito epidemiológico, diz respeito aos itens “existência de rede de esgoto” (Figura 21) e “existência de sanitário / ligação à rede – esgoto ou fossa” (Figura 22): 60% das propriedades não possuíam rede de esgoto e 40% eram ligadas à rede; 40% ligados à fossa e 20% não possuíam sanitários.

As análises das amostras de alface possibilitaram apenas a realização de “estatística descritiva”, tendo em vista não ter sido recuperado nenhum ovo de Taenia sp. no presente experimento.

Documentos relacionados