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Investigação epidemiológica em plantio de alface (Lactuca sativa) na cidade de Botucatu - SP visando detectar a presença de ovos de Taenia sp

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Investigação epidemiológica em plantio

de alface (Lactuca sativa) na cidade de

Botucatu – SP visando detectar a

presença de ovos de Taenia sp..

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista – UNESP campus de Botucatu – para obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária, área de Vigilância Sanitária.

BOTUCATU – S.P.

2003

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LILIAN GUIMARÃES MARTINS

Investigação epidemiológica em plantio

de alface (Lactuca sativa) na cidade de

Botucatu – SP visando detectar a

presença de ovos de Taenia sp..

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Estadual Paulista – UNESP campus de Botucatu – para obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária, área de Vigilância Sanitária.

Orientador: Prof. Dr. Germano Francisco Biondi

BOTUCATU – S.P.

2003

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO DE AQUIS. E TRAT. DA INFORMAÇÃO DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP

BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Elza Numata

Martins, Lilian Guimarães.

Investigação epidemiológica em plantio de alface (Lactuca sativa) na cidade de Botucatu - S.P., visando detectar a presença de ovos de Taenia sp. / Lilian Guimarães Martins. – 2003.

106 f. : il., tabs., grafs.

Dissertação (mestrado) – Faculdade de Medic ina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2003.

Orientador: Germano Francisco Biondi Assunto CAPES: 505020018

1. Taenia - Epidemiologia

CDD 616.964

(4)
(5)

A

A

Deus que

sempre está comigo em

todos os momentos e a

quem devo minha vida,

inspiração e dedicação

em mais esse degrau da

minha profissão.

Suely

Guimarães Martins e

Jovair Martins, pais

perseverantes e

incentivadores, pela

força nos momentos de

desânimo, a minha eterna

gratidão. Não tenho

palavras para dizer o

quanto os amo.

(6)

A

A

O meu namorado, Rodrigo

Modolo Dellevedove,

pela paciência e força,

acreditando sempre em meu

trabalho.

os meus irmãos

Talita, Camila e Marcelo,

por estarem sempre a meu

lado, dando-me apoio

constante e profunda

alegria em nossas trocas

de opinião.

(7)
(8)

A

o querido orientador e

amigo, Prof. Dr.

Germano

Francisco Biondi, a minha mais

sincera admiração, não só pela

pessoa maravilhosa, que sempre

me animou com sua alegria de

viver, mas também por ter sido

orientador em minha Residência

e Pós-Graduação nessa renomada

entidade. Sem o seu acolhimento

e apoio, não teria conseguido a

realização deste trabalho.

(9)
(10)

A

minha tia, Profa. Flory

Cabral Senna, pelo seu apoio imenso e

pela colaboração indispensável na

finalização do trabalho escrito,

realizando a supervisão gramatical.

Aos meus tios

Rosemeire Martins

Hossepian de Lima e Fernando Hossepian

de Lima, por estarem sempre

estimulando meu lado profissional.

Aos docentes do Departamento de

Parasitologia

IB/ UNESP (Campus de

Botucatu), Prof. Dr. Alessandro F.T.

Amarante e Prof. Assistente Dr.

Reinaldo José da Silva, por terem

gentilmente cedido o laboratório de

Helmintologia Veterinária para

execução da técnica referente a este

trabalho. Também à responsável pelo

(11)

mesmo laboratório, Sra. Maria Ângela

Batista Gomes, pelo apoio e atenção na

parte prática deste experimento.

Ao Prof. Titular Dr. Carlos Roberto

Padovani do Departamento de

Bioestatística –

IB/UNESP (Campus de

Botucatu), pela análise estatística

descritiva deste experimento.

A Renata Rossi Del Carratori e Nelson

Mendes Marra que se tornaram meus

amigos no período de execução do

trabalho prático.

(12)
(13)

Oração de Salomão para obter Sabedoria

“ Ao lado de vós está a sabedoria, quando

fizeste o mundo, ela sabe o que vos é

agradável, e o que se conforma às vossas

ordens. Fazei-a, pois, descer do vosso

santo céu, para que, junto de mim, tome

parte em meus trabalhos, e para que eu

saiba o que vos agrada.

Mal podemos compreender o que está sobre

a terra, dificilmente encontramos o que

temos ao alcance da mão.

E quem conhece vossas intenções, se vos

não lhe dais sabedoria, e se do mais alto

dos céus, vós não lhe enviais vosso

Espírito Santo?

Assim se tornaram diretas as veredas dos

que estão na terra; os homens aprendem as

coisas que vos agradam e pela sabedoria

foram salvos”.

(14)

MARTINS, L.G. Investigação epidemiológica em plantio de alface (Lactuca sativa) na cidade de Botucatu – SP visando detectar a presença de ovos de Taenia sp.. Botucatu, 2003. 106p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária, Área de Vigilância Sanitária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu. Universidade Estadual Paulista.

RESUMO

O presente trabalho teve por objetivos verificar as condições higiênico-sanitárias de alfaces (Lactuca sativa), enfocando a análise voltada à pesquisa de ovos de Taenia sp.. Foram colhidos em bairros periféricos da cidade de Botucatu (SP), região sudeste do Brasil, 50 amostras de pés de alface distribuídas em 5 propriedades distintas, totalizando 25 amostras de alface lisa e 25 amostras de alface crespa. A técnica aplicada foi a de “Centrifugo-flutuação” modificada, utilizando solução de Dicromato de Sódio (D= 1:35). Nas respectivas propriedades realizaram-se inquéritos epidemiológicos relativos a questões sobre o plantio, irrigação, fornecimento da produção, presença ou não de rede de esgoto, banheiro, hábitos alimentares, tratamento com anti-helmínticos e conhecimento da doença. Os resultados descritivos referentes às propriedades investigadas revelaram que, 60% são adubadas com sulfato de amônio associado a esterco bovino; 60% são irrigadas com água proveniente de nascente própria; 60% não possuem rede de esgoto 40% dos banheiros estão ligados à rede de esgoto, enquanto 20% não possuem sanitários; 100% dos entrevistados possuem hábito de comer verdura (crua ou cozida); 80% nunca receberam anti-helmínticos; 20% não conhece solitária; 80% nunca sofreu ataque epilético; 80% não come carne mal passada. Não se observou presença de ovos de Taenia sp., porém foram encontradas outras formas parasitárias como ácaros, larvas de nematódeos e ovos de nematódeos de vida livre.

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MARTINS, L. G. Epidemic investigation in lettuce (Lactuca sativa) cultivation in Botucatu – SP aiming to detect the existence of Taenia sp.. eggs. Botucatu, 2003. 106p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária, Área de Vigilância Sanitária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu. Universidade Estadual Paulista.

SUMMARY

The work at hand had as objectives to verify the hygienic and sanitary conditions of lettuce (Lactuca sativa) focusing on the analysis related to the research of Taenia sp.. eggs. Therefore, 50 samples of heads of lettuce were collected in the outskirts neighborhoods of Botucatu (SP), southeast region of Brazil, distributed in 5 distinct properties, totalizing 25 samples of lettuce with straight leaves and 25 samples of lettuce with curled leaves. The technique applied was the “Centrifugation isopycnic” modified using a solution of Sodium Dichromate (D=1:35). The properties were submitted to epidemic inquiries concerning questions related to the planting, irrigation, distribution, existence or not of sewerage system, toilets, eating habits, anthelmintics treatment and knowledge of the illness. The descriptive results related to the properties under research revealed that 60% are fertilized, with Ammonium Sulfate associated with animal manure; 60% are irrigated with water originating in springs on their own land; 60% do not have sewerage system; 40% of the toilets are connected to the sewerage system, whereas 20% do not have toilets; 100% of the interviewed people have the habit of eating vegetables (either raw or cooked); 80% have never taken anthelmintics; 20% do not know tapeworm; 80% never suffered from epileptic seizures; 80% do not eat raw meat. It was not observed the presence of Taenia sp.. eggs but other kinds of parasites were found, such as mites, nematoda germs and nematoda – free life eggs.

(16)

SUMÁRIO Lista de Figuras ... 14 Lista de Quadro ... 16 1. INTRODUÇÃO ... 17 2. REVISÃO DE LITERATURA ... 20 2.1. Histórico ... 21 2.2. Etiologia ... 24 2.3. Distribuição Geográfica ... 26

2.4. Patogenia e Sinais Clínicos ... 31

2.5. Epidemiologia ... 33

2.6. Ciclo de Transmissão ... 42

2.7. Aspectos de Saúde Pública ... 46

2.8. Aspectos Econômicos ... 50

2.9. Controle e Profilaxia ... 51

2.10. Tratamento ... 63

3. MATERIAL E MÉTODOS ... 64

3.1. Colheita de Amostras ... 65

3.2. Técnica adaptada na recuperação de ovos de Taenia sp. ... 66

3.2.1. Preparo das amostras ... 66

3.2.2. Obtenção do Lavado ... 67

3.2.3. Obtenção do Sedimento ... 67

3.3. Inquérito Epidemiológico ... 75

3.4. Análise Estatística ... 75

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 76

4.1. Pesquisa de ovos de Taenia sp. ... 77

4.2. Inquérito Epidemiológico ... 80

5. CONCLUSÕES ... 89

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 91

(17)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Ovo de Taenia sp..

Fonte: Projeto para o Controle do Complexo Teníase/ Cisticercose no Brasil, Fundação Nacional de Saúde, 1996 ...

25

FIGURA 2 - Ciclo de vida de Taenia sp. ... 45 FIGURA 3 - Acondicionamento e transporte das amostras ao

laboratório...

69

FIGURA 4 - Lavagem das folhas com pincel nº 16 ... 69 FIGURA 5 - Enxágüe das folhas com solução Tween 80 à 1% ... 70 FIGURA 6 - Folhas dispostas em bandeja de aço inoxidável em

plano inclinado para melhor aproveitamento do lavado ...

70

FIGURA 7 - Solução obtida do lavado em repouso por 24 h nos cálices cônicos ...

71

FIGURA 8 - Sobrenadante sendo desprezado ... 71

FIGURA 9 - Sedimento em “Tubos de Falcon” após 1ª

centrifugação ...

72

FIGURA 10 - Sedimento obtido após a última centrifugação a ser utilizado na tentativa de recuperação de formas parasitárias ...

72

FIGURA 11 - Adição do Dicromato de sódio (1:35) até volume de 10 mL do “Tubo de Falcon” ...

73

FIGURA 12 - Tubos completados com solução de Dicromato de sódio (1:35) até formação de meniscos ...

73

FIGURA 13 - Lamínulas depositadas sobre os tubos com menisco por 30 minutos ...

74

FIGURA 14 - Lâminas com lamínulas para posterior observação em microscópio óptico ...

74

(18)

FIGURA 16 - Ovo de nematódeo (aumento de 40x) ... 78

FIGURA 17 - Larva de nematódeo (aumento de 20x) ... 79

FIGURA 18 - Tipo de adubo ... 80

FIGURA 19 - Fonte de água (irrigação) ... 80

FIGURA 20 - Fornecimento da produção ... 81

FIGURA 21 - Existência de rede de esgoto ... 81

FIGURA 22 - Existência de sanitário / ligação à rede (esgoto ou fossa) ... 82

FIGURA 23 - Hábito de comer verdura ... 82

FIGURA 24 - Recebeu tratamento com anti-helmíntico (“vermífugo”)... 83

FIGURA 25 - Conhecimento sobre o parasita (“solitária”) ... 83

FIGURA 26 - Ocorrência de crises convulsivas (“ataques” epilépticos) ... 84

FIGURA 27 - Crises convulsivas em vizinhos ... 84

FIGURA 28 - Preferência por carnes ... 85

LISTA DE QUADRO QUADRO 1 - Distribuição de colheita das amostras de alface nas propriedades... 65

(19)

Introdução

(20)

Os agentes biológicos continuam sendo os fatores mais importantes de contaminação da água e dos alimentos. Vírus, bactérias, protozoários e helmintos originam-se, sobretudo, da contaminação fecal humana ou animal, em águas destinadas ao consumo ou à irrigação de hortaliças (SOCCOL et al., 2000).

ACHA & SZYFRES (1996) descrevem que a teníase e cisticercose são entidades mórbidas distintas, causadas pela mesma espécie de helmintos do gênero Taenia, em fases de vida diferentes. Representam um verdadeiro parasitismo antropozoonótico, no qual o homem é o hospedeiro definitivo e essencial disseminador da doença, e os animais vertebrados agem como hospedeiros intermediários que abrigam a fase larvar, ou seja, o cisticerco.

O homem atua como hospedeiro intermediário acidental da forma metacestóide de Taenia sp., desenvolvendo cisticercos em seus tecidos, sendo a forma mais grave e freqüente a neurocisticercose, enfermidade esta que pode causar disfunções neurológicas e até mesmo a morte (SCHANTZ, 1994).

Estudos realizados por BRYAN (1977) – em águas residuais – evidenciaram o alto risco de contaminação dos plantios de lavouras com irrigação de águas contaminadas por diferentes agentes patogênicos, como ovos de helmintos e, dentre estes, ovos de Taenia sp..

O consumo de hortaliças como a alface, devido à grande aceitação pelo homem, e cuja produção é diversificada possibilitando

(21)

contato direto com águas e solos poluídos com fezes humanas, passa a ser considerada um importante vetor de enteroparasitoses (MARZOCHI, 1977b; BARUFFALDI et al., 1984).

Diante do evidente problema de saúde pública que representa a cisticercose e das condições de contaminação ambiental pelo próprio homem, o presente trabalho, além da pesquisa de ovos de Taenia sp., objetivou realizar inquérito epidemiológico com os seguintes propósitos:

- Verificar as formas de adubação - Origem da água destinada à irrigação

- Saber das condições de saneamento básico - Verificação dos hábitos alimentares

- Conhecimento da população envolvida sobre as parasitoses, suas conseqüências e devidos tratamentos com anti helmínticos

(22)

Revisão de

Literatura

(23)

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Histórico

Conforme PESSÔA & MARTINS (1982) e CAMILLO-COURA (1991), a cisticercose é doença conhecida desde a mais alta antiguidade. Aristófanes já assinalava que os cozinheiros examinavam a língua dos leitões a fim de verificar a possível existência de “pedras”; posteriormente o autor descreveu os caracteres gerais da doença. Desde então, foi reconhecida nos animais e no homem, ainda que em muitas ocasiões fosse confundida com lepra. Tal confusão permitiu a Moisés proibir o uso de carne suína entre os judeus. Em meados do século XVI (1558), Rumler descreve a existência de cisticercos no cérebro de um paciente que sofrera em vida de epilepsia.

AGAPEJEV (1991) diz que, nesta mesma época, Panalorus descreve vesículas cheias de “licor” na região do corpo caloso.

De acordo com PESSÔA & MARTINS(1982), em 1697 foi verificada a existência de um verme de gênero Cysticercus, e Kuchenneister (1885), por meio de experiências de infecção no homem e no suíno, mostrou que o verme originava a solitária no homem. A cisticercose era doença espantosamente disseminada em alguns países

(24)

europeus, como, por exemplo, na Alemanha, até finais do século passado. Após instituição de profilaxia apropriada, essa infecção tornou-se muito menos freqüente naquele continente. Continua, porém, tornou-sendo importante nos países em desenvolvimento onde a higiene de certas regiões ainda é muito precária.

CAMILLO-COURA (1991) conta que o primeiro caso de neurocisticercose no Brasil foi descrito por Miguel Pereira, em 1905.

WALDMAN & CHIEFFI (1989) citam que expressivas modificações ambientais ocorreram no estado de São Paulo nas primeiras décadas deste século, principalmente em função da expansão de fronteiras agrícolas determinada pelo crescimento da cultura cafeeira. Devido à economia do estado (essencialmente agroexportadora) a população distribuía -se nas áreas rurais de seu território. A derrubada das matas para o desenvolvimento das atividades agrícolas e a penetração do homem levaram a alterações ecológicas, criando condições favoráveis ao surgimento de doenças parasitárias, que passaram a atingir endemicamente amplas áreas do estado.

Os dois autores descrevem ainda que, nas décadas de 1930 e 1940, vários parasitologistas alertaram as autoridades sanitárias para a importância das enteroparasitoses face às suas altas prevalências, tanto nas áreas rurais como urbanas do estado de São Paulo.

Conforme SOCCOL et al. (2000), em parasitologia, as metodologias descritas até os anos 50 tinham como objetivo não só

(25)

detectar ovos de helmintos nas fezes de humanos ou animais, mas também tinham como princípio a centrífugo-sedimentação, seguida de flutuação. Para a flutuação dos ovos, diferentes técnicas podem ser empregadas, e, dentre as mesmas, os autores citam as seguintes: formol-éter (Ridley & Hawgood, 1956), concentração por sulfato de zinco (Faust et al., 1938), flutuação em açúcar (Caveness & Jensen, 1955). Posteriormente, com o tratamento de esgotos, iniciou-se uma nova fase em que atuais técnicas são necessárias na recuperação de ovos de helmintos do lodo, associado ao estudo da viabilidade dos mesmos, após os processos de tratamento biológico ou químico. Destas, uma das primeiras a ser descrita especificamente para o lodo foi a de Meyer (1978) e sua modificação realizada por Carrington (1981). Outras metodologias surgiram na recuperação de ovos em lodo ou efluentes como as de Yanko (1987), Gaspard & Schwartzbrod (1995), Bailenger (1996). SOCCOL et al. (2000) descrevem, ainda, que todas as metodologias apresentavam vantagens e desvantagens, geralmente citadas pelos próprios autores; no entanto, ressaltam que o mais importante é levar em consideração a taxa de recuperação de ovos de helmintos.

Segundo CAMILLO-COURA (1991), o aperfeiçoamento destes testes decorreu da contribuição de vários pesquisadores.

(26)

2.2 Etiologia

A etiologia da cisticercose inclui a forma larvar de parasitas do gênero Taenia, agente causal representado pelo cisticerco, que pertence ao filo Platyhelmintes, classe Cestoidea, ordem Cyclophyllidea e família Taenidae, vermes estes achatados e em forma de fitas, apresentando pequenas diferenças morfológicas entre si (UNGAR & GERMANO, 1991b; REIS et al., 1996; CÔRTES, 2000).

Conforme KAMINSKY (1991) e UNGAR & GERMANO (1991b), o parasita possui quatro estágios distintos em seu ciclo de vida: a forma adulta (tênia) que se localiza no intestino delgado do homem; o ovo eliminado pelas fezes, disseminando-se no meio ambiente e que é infectante; e os cisticercos que são as formas larvares responsáveis pela infecção no homem.

Os ovos de tênia têm forma quase esférica, medindo entre 30 a 40µm de diâmetro. Possuem espesso embrióforo de envoltório quitinoso que os protege contra as adversidades do meio ambiente e é responsável pela resistência destes ovos. No interior, possuem um embrião hexacanto que já os torna infectantes quando lançados ao meio externo. As proglotes não possuem orifício para postura, mas durante a

(27)

apólise, as superfícies geradas pela ruptura entre os anéis não fazem o tegumento e, por elas, os fundos de saco uterino podem formar uma hérnia e romperem-se no exterior, liberando os ovos; assim se explica a presença de ovos de tênia em fezes de pacientes (UNGAR & GERMANO,1991a; REY, 1992; CÔRTES, 2000) e/ou através de sua migração espontânea pelo esfíncter anal, pois a pressão da massa de ovos e o movimento ativo das proglotes são responsáveis pela expulsão dos ovos logo após o destacamento dos mesmos (UNGAR & GERMANO,1991b).

(28)

Fonte: Projeto para o Controle do Complexo Teníase / Cisticercose no Brasil, Fundação Nacional, Fundação Nacional de Saúde, 1996.

De acordo com PESSÔA & MARTINS (1982) e TEODORO et al. (1988), a família Taeniidae, em sua classificação, possue a Taenia como um dos gêneros, caracterizando-se por estróbilo composto de grande número de segmentos e ramificações de útero longas, cuja larva é um cisticerco.

2.3 Distribuição Geográfica

As enteroparasitoses possuem mecanismos de infecção passivo e/ou ativo cutâneo, sendo também de distribuição cosmopolita (PESSÔA & MARTINS, 1982; CÔRTES, 1984; REY, 1992; CARMO et al. 1997; SOUZA et al. 1997; MESQUITA et al. 1999; BIONDI et al. 2000; CÔRTES, 2000), porém com possibilidade de variação na taxa de prevalência (CÔRTES, 1984; MESQUITA et al. 1999; CÔRTES, 2000).

Geralmente, tanto em áreas rurais quanto urbanas de países de terceiro mundo, devido às baixas condições sanitárias, as parasitoses intestinais são amplamente difundidas, uma vez que, as hortaliças, devido às suas estruturas morfológicas, são capazes de servir como veículo infectante (MESQUITA et al., 1999).

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Conforme CAMILLO-COURA (1991), o parasitismo intestinal por helmintos é altamente provável nos países em desenvolvimento, onde — ao lado de condições mesológicas que facilitam a sua ocorrência — encontram-se fatores de ordem econômica, social e cultural altamente relevantes na sua ampla disseminação, sendo então as teníases e neurocisticercoses problemas importantes de saúde pública, mas limitados a regiões endêmicas.

SOCCOL et al. (2000) descrevem que a quantidade de patógenos presentes no lodo de esgoto, de uma determinada localidade, é bastante variável e depende das condições sócio-econômicas da população, da região geográfica e do tipo de tratamento a que o lodo foi submetido.

Com relação à cisticercose, prevalências superiores a 10% são encontradas na África, na região mediterrânea, Cáucaso e Ásia Central. Endemicidade média ocorre na América do Sul, Europa, Sul e Sudeste Asiático e no Japão. Baixa prevalência é encontrada no Canadá, EUA, Austrália e alguns países do Pacífico Ocidental (REY, 1992). No entanto, AYRES & MARA (1996) apontam a China e o Japão como países com altas taxas de cisticercose, e atribuem estes valores à utilização indiscriminada de excretos humanos como fertilizantes em suas hortas.

KAMINSKY (1991) — em estudo sobre o Complexo Teníase/Cisticercose em Honduras — relata ser este um sério problema de saúde em algumas áreas deste país.

(30)

Ainda citando a América Latina, URQUHART & ARMOUR (1996) descrevem que, neste continente, por volta de meio milhão de pessoas estão acometidas pela forma nervosa ou ocular de cisticercose.

Conforme a ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE LA SALUD – OPS (1992) e SMITH (1994) a neurocisticercose é considerada a parasitose mais comum do Sistema Nervoso Central (SNC), particularmente em países menos desenvolvidos, e sua incidência vem crescendo nos EUA. Este último autor, além de CÔRTES (1984) e CÔRTES (2000), cita que a sua freqüência dependerá da localização geográfica, condição sócio-econômica e do grau de etnia e instrução dos pacientes.

Em países desenvolvidos, nos quais o complexo Teníase/Cisticercose foi controlado, alguns surtos são deflagrados pela reintrodução do parasita por imigrantes provenientes de regiões endêmicas (LIGHTOWLERS, 1999). De acordo com o mesmo autor, isto vêm acontecendo nos EUA, onde sua incidência cresce muito.

Em vários países, dentre eles o Brasil, sobressai a importância de que as hortaliças — principalmente as consumidas “in natura” — podem desempenhar papel importante nas vias de transmissão de ovos de helmintos, uma vez que, neste país, tais alimentos são freqüentemente adubados com dejetos humanos ou irrigados com água contaminada com material fecal (OLIVEIRA & GERMANO,1992b).

(31)

GERMANO & GERMANO (2001) relatam que cerca de 93% dos brasileiros acham-se parasitados por quaisquer espécies de helmintos intestinais, cujos ovos são ingeridos com água e vegetais poluídos. Embora haja poucas estatísticas sobre a incidência e prevalência do complexo Teníase/Cisticercose no Brasil, ela não é rara em nosso meio, sendo mais encontrada nas regiões Sudeste (SP, MG e ES), Centro-Oeste (Goiás), Sul (Paraná) e, mais raramente, no Nordeste.

De acordo com ZAMPINI (1994) e LEMES DE CAMPOS & TERRA (2000), no estado do Paraná, um dos maiores em incidência de cisticercose no Brasil, entre 1980 e 1993, houve um avanço de neurocisticercose (5,3% para 9,25%) nos exames realizados. Em cidades como Guarapuava e Francisco Beltrão, a incidência chegou a 20%, e o controle passou então por medidas drásticas no tratamento de esgotos urbanos. Na mesma pesquisa, os autores concluíram que, praticamente 50% dos hortigranjeiros comercializados no estado são produzidos por agricultores locais, os quais irrigam suas plantações com águas de rios e córregos, não existindo o serviço de inspeção vegetal para este tipo de cultura, havendo, portanto, grande possibilidade de contaminação das mesmas por ovos de Taenia sp. que poderão atingir o homem.

Segundo WALDMAN & CHIEFFI (1989) — em função do Programa de Controle instituído e da maneira pela qual ocorreu o processo de urbanização do estado de São Paulo — as enteroparasitoses perderam o caráter exclusivo de endemias rurais. Os autores calculam

(32)

que as quedas nas taxas de infecção por geo-helmintos, nas últimas décadas, são devidas provavelmente à urbanização e melhoria das condições de vida da população. A situação das geo-helmintoses no Vale do Ribeira constitui, seguramente, uma questão muito importante, e pode ser explicada pelo baixo nível de desenvolvimento sócio-econômico e alta proporção de habitantes que, nessa região, vivem em zona rural (40%) que é a mais elevada do estado, além das precárias condições habitacionais e de saneamento.

Conforme pesquisas realizadas por SILVA et al. (1995), o problema da veiculação de enteroparasitas em nosso país permanece relevante, pois 21,4% das amostras de hortaliças de supermercados encontravam-se contaminadas por ovos e cistos.

VILLA (1995) descreve que o Brasil aponta maior número de casos de teníase e de mortalidade por cisticercose humana nas regiões Sul e Sudeste, sendo consideradas áreas de alto risco os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No entanto, suspeita-se haver subnotificação nas regiões Norte e Nordeste, classificadas como áreas livres, devido à deficiente rede hospitalar local que, provavelmente, é incapacitada para diagnosticar tais afecções. A concentração de hospitais especializados em Neurologia nos estados da região Sul e Sudeste — em especial São Paulo e Paraná — facilita o atendimento clínico, suas intervenções, e análise da situação

(33)

epidemiológica do complexo Teníase/Cisticercose, o que explica, provavelmente, o maior número de casos relatados nestas regiões.

2.4 Patogenia e Sinais Clínicos

CÔRTES (2002) descreve que nem sempre as relações entre hospedeiro e agentes causais resultam em quadro “aparente” de doença, ou seja, apenas uma parcela — às vezes muito pequena — dos indivíduos representados de uma população manifestam claramente os efeitos dos agravos à saúde impostos por determinado agente.

A tênia vai desprendendo os anéis que são expulsos durante a evacuação ou ativamente, em geral isolados. A primeira expulsão pode passar despercebida, porque os anéis são expulsos no bolo fecal, enquanto que na segunda, os anéis saem nos intervalos entre as defecações. Os anéis, completamente cheios de ovos, são expulsos: rompem-se muitas vezes no intestino, mas em algumas ocasiões somente no exterior (PESSÔA & MARTINS, 1982).

Em geral, a cisticercose nos animais não apresenta sintomatologia clínica. Entretanto, quando o homem se infecta com ovos de Taenia solium, podem ocorrer diversos sinais clínicos, dependendo da

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localização dos cistos (órgãos, musculatura ou tecido subcutâneo) (URQUHART & ARMOUR, 1990).

O ovo da tênia, no intestino do homem, libera o embrião que atravessa a parede e cai na corrente sangüínea, podendo atingir vários órgãos. Destes, o SNC é comprometido em 70 a 80% dos casos, produzindo distúrbios mentais; o globo ocular representa de 15 a 20% em freqüência de localização da cisticercose, podendo resultar, até mesmo, em perda de visão do paciente; a região subcutânea e a musculatura estriada possuem freqüência de 10 a 15% (URQUHART & ARMOUR, 1990; CAMILLO-COURA, 1991; LEMES DE CAMPOS & TERRA, 2000).

Segundo SCHANTZ (1994), no SNC, o embrião migra ao parênquima, iniciando o desenvolvimento até Cysticercus cellulosae após 2 a 4 meses, permanecendo viável por 1 a 30 anos antes de desencadear a sintomatologia. Sua longevidade histológica é de 2 à 3 semanas, quando ocorre a evaginação do escólex, maturação, e, em seguida, a morte do cisticerco.

Conforme AGAPEJEV (1991) as manifestações da cisticercose devem-se à localização dos cisticercos, às substâncias tóxicas elaboradas por eles e às reações alérgicas que promovem, o que explica a sintomatologia multiforme, variando desde a localização de um único nódulo subcutâneo a alterações de comprometimento grave, em particular no SNC. Os cisticercos intactos, geralmente, produzem fraca reação inflamatória, pois são rodeados por uma única membrana de

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tecido conjuntivo composto por células epiteliais, fibras colágenas e resultam, assim, em reação inflamatória discreta. Já os cisticercos mortos provocam reação inflamatória importante, com formação de granuloma rico em células plasmáticas, eosinófilos e macrófagos. O mesmo autor sugere que, devido a tais fatores, os processos inflamatórios e alérgicos possuem importante papel na neurocisticercose.

2.5 Epidemiologia

O homem parasitado, através de seus dejetos, contamina seu próprio ambiente por cistos e ovos de enteroparasitas; a água pode preservá-los por longos períodos e transportá-los a grandes distâncias; o solo permite o seu desenvolvimento a estágios infectantes, e os alimentos vegetais, consumidos crus, levam ao indivíduo tais formas (URQUHART & ARMOUR, 1990; GHEYI et al., 1999).

Conforme MARZOCHI (1977b), a água assume importância de destaque na disseminação das enteroparasitoses, agindo como importante veículo de transmissão, por permitir a sobrevivência e não prejudicar a viabilidade dos ovos de helmintos por ela transportados. Estes podem sofrer ainda um atraso no processo evolutivo, devido às condições de baixa tensão de oxigênio da água. O mesmo autor salienta que o solo, com relação aos helmintos parasitas, comporta-se como um hospedeiro intermediário, ou seja, recebe fezes ou água contaminada por parasitas em estágios não infectantes, oferecendo-lhes condições de

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desenvolvimento e protegendo os parasitas, nos estágios infectantes, durante certo período para, posteriormente, transmití-lo ao homem.

Todos os gêneros alimentícios prontos para o consumo devem ser objeto de exames físicos, químicos e microbiológicos. Várias pesquisas demonstram que as frutas e verduras podem fazer parte da cadeia epidemiológica de infecções microbianas e parasitárias (GELLI et al., 1979).

O consumo de verduras cruas constitui importante meio de transmissão de várias doenças infecciosas e parasitárias pela freqüente prática de irrigação de hortas com água contaminada por material fecal ou também pela adubação das mesmas com dejetos humanos, particularmente se as hortaliças forem consumidas cruas ou mal cozidas (BARUFFALDI et al., 1984; FARIA et al., 1987; OLIVEIRA & GERMANO, 1992b; SARTI, 1992; SMITH, 1994; AYRES & MARA, 1996; GUILHERME et al., 1999; LEMES DE CAMPOS & TERRA, 2000).

MARZOCHI (1977b), FLISSER(1985) e SILVA et al. (1995) citam não só os fatores epidemiológicos acima descritos como importantes, mas também as moscas como vetores mecânicos e a manipulação direta por pessoas contaminadas, contribuindo, assim, para formar a cadeia de transmissão de verduras cruas. Já BRYAN (1977) e AGAPEJEV (1991) descrevem que a literatura menciona tal contaminação através do vento, artrópodes e pássaros, embora saliente que os mesmos ainda são pouco convincentes.

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TAKAYANAGUI et al. (2000) afirmam, ainda, que o lançamento de esgoto doméstico, sem tratamento prévio, nos rios e córregos, é prática usual, e a utilização desta água na irrigação de hortas possibilita a contaminação fecal das verduras. Complementa que, em Ribeirão Preto — SP, tal irregularidade foi constatada em 1974 nas hortas localizadas na região sudoeste do município e, a despeito da proibição legal, esta prática ainda existe, duas décadas após, embora em escala menor.

BIONDI (2000), em trabalho realizado em Goiânia (GO), detectou presença de ovos deTaenia sp. em amostras de água analisadas segundo técnica adaptada de Centrífugo – flutuação (Apha, 1989) ao empregar Dicromato de Sódio (D= 1:35), confirmando assim a endemicidade da região estudada.

PESSÔA & MARTINS (1982) e BARUFFALDI et al. (1984) denominam heteroinfecção o mecanismo onde o homem se infecta, ingerindo ovos em água poluída, hortaliças mal cozidas, frutos contaminados ou através de suas próprias mãos sujas, que se constituem veículos comuns para o transporte de ovos.

Segundo URQUHART & ARMOUR (1996) os fatores principais que determinam a distribuição de contaminantes de origem fecal nas hortaliças são as condições ecológicas, as práticas de agricultura, transporte, acondicionamento e comercialização.

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MARZOCHI & CARVALHEIRO (1978) —- a partir de dados sobre as condições sanitárias, sócio-econômicas, culturais e coproparasitológicas de dois grupos populacionais periurbanos na região sudoeste da cidade de Ribeirão Preto — demonstram que a prevalência de algumas geo-helmintoses é mais alta no grupo que dispõe das piores destas condições.

OLIVEIRA & GERMANO (1992a) citam que são três os principais motivos que possibilitam a exposição de uma grande parcela da população às formas de transmissão destes parasitas: as verduras sendo adubadas com dejetos humanos ou irrigadas com água contaminada por material fecal, além do hábito de consumo das hortaliças “in natura”.

A Organização Pan Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde (OPAS -1992) estabelece como endemicidade:

v Cisticercose humana (0,1%) v Teníase humana (1%)

v Cisticercose animal (5%)

De acordo com CÔRTES (1984), REY (1992), AYRES & MARA (1996), CÔRTES (2000) e SOCCOL et al. (2000) a resistência dos ovos das tênias ao meio externo é de grande importância, pois podem sobreviver de semanas à vários meses em águas residuais, cursos d’água ou nos pastos. Descrevem ainda que, do mesmo modo, embora sofrendo influência dos mecanismos biológicos de fermentação e putrefação, resistem à maioria dos processos de digestão, utilizados na depuração de

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esgotos, sendo encontrados no líquido decantado dos tanques de sedimentação, e resistindo aos processos de fermentação, que se desenvolvem no “Sistema de lodos ativados”, cujo produto (lodo digerido seco) é utilizado como fertilizante. Já AYRES & MARA (1996) e SOCCOL et al. (2000) afirmam que o tratamento do esgoto e do lodo podem diminuir a população de agentes patogênicos neles presentes.

GUILHERME et al. (1999) e SOCCOL et al. (2000) descrevem ainda que a simples presença de ovos de helmintos no lodo não garante a infecção de humanos e animais, porque, para infectar o hospedeiro, estes agentes patogênicos necessitam de uma dose mínima; no caso dos helmintos esta dose é de apenas um ovo viável, e este pode sobreviver por vários meses; portanto trata-se de organismos que possuem baixa dose infectante.

SOCCOL et al. (2000) enfatizam, ainda, que o conhecimento dos agentes patogênicos, da sua viabilidade e sobrevivência no lodo, permitem avaliar o potencial de risco de infecção a que o homem e outros animais estão expostos. Estudos epidemiológicos têm apontado os riscos que representam os parasitas intestinais (ovos e helmintos) presentes no lodo, quando este é utilizado sem prévios tratamentos higienizantes. Tais riscos são devido à vasta distribuição geográfica que os parasitas representam, alta freqüência destes na população, longo tempo de sobrevivência no meio externo e sua baixa dose infectante (um ovo ou cisto é capaz de infectar o hospedeiro).

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Complementam que o uso do lodo contendo agentes patogênicos necessita, portanto, não só de monitoramento na presença de ovos de helmintos e cistos de protozoários, como também de verificação da viabilidade dos mesmos.

Conforme AYRES & MARA (1996), para que a infecção ocorra depende dos seguintes fatores:

v Tempo de sobrevivência do patógeno no solo, na colheita ou na água de irrigação.

v Freqüência dos agentes nos excretas ou na irrigação. v Tipo de verdura cultivada.

v Natureza da exposição do hospedeiro humano ao solo contaminado, à água ou à verdura.

Independentemente da origem, a prevalência de contaminantes fecais relaciona-se diretamente com o tipo de hortaliça analisada: a alface tende a encontrar-se menos contaminada que o agrião. Este resultado pode estar relacionado às características próprias da alface, como folhas largas, firmemente justapostas, que não permitem a fixação e o contato prolongado com resíduos do solo e da água de irrigação e lavagem; isto reforça a importância da estrutura vegetal no grau de contaminação da hortaliça. Por outro lado, possue folhas múltiplas e separadas, com área de contato maior, permitindo a fixação destes resíduos; a escarola e a rúcula apresentam características físicas intermediárias e contaminação situada entre aquelas duas variedades

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(GELLI et al., 1979; OLIVEIRA & GERMANO, 1992a; GUILHERME et al., 1999).

Este último autor justifica essa maior probabilidade do agrião encontrar-se contaminado, citando que, na periferia das cidades, ocorre descarga de dejetos sobre os remansos de água e o fato dessa hortaliça ser cultivada em meio aquático a tornaria mais passível de contaminação, podendo, assim, explicar os altos índices encontrados.

Conforme AYRES & MARA (1996), o modo como os excretas ou a água residual são aplicados ao solo, o intervalo entre as sucessivas aplicações, e o período entre a última aplicação e a colheita podem afetar o grau de contaminação da hortaliça e a dispersão dos contaminantes ao meio ambiente.

Os pequenos produtores, que comercializam suas verduras na feira, têm as propriedades localizadas nas periferias das cidades, e a contaminação dos produtos vegetais por enteroparasitas depende da concentração da matéria orgânica de origem fecal nas águas de irrigação provenientes da drenagem de esgotos domésticos (GUILHERME et al., 1999). De acordo com a mesma teoria, SILVA et al. (1995) justificam também que alguns bairros do Rio de Janeiro – segundo pesquisas por eles realizadas – são desprovidos de saneamento, ou o tem em condições precárias. CAMILLO-COURA (1991) afirma que a cisticercose deve-se à ingestão de ovos ou de proglotes grávidas de

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tênias, desenvolvendo-se no homem a forma cística, responsável pelo quadro clínico da cisticercose.

Em pesquisas realizadas por MARZOCHI (1977a), os resultados obtidos mostraram que cistos e ovos de enteroparasitas, foram mais freqüentemente encontrados nos períodos de baixa pluviosidade, quando mais intensivamente se faz a irrigação das hortas com águas de córregos poluídos por material orgânico de origem fecal, e conclui, portanto, que a contaminação de hortaliças depende nem só da qualidade das águas utilizadas na irrigação, mas também da maior ou menor utilização das mesmas nos diferentes períodos do ano.

Para o mesmo autor, a endemicidade das geohelmintoses depende, fundamentalmente, da presença de indivíduos infestados, da contaminação fecal do solo, de condições favoráveis ao desenvolvimento dos estágios infectantes e do contato entre o indivíduo são e o solo poluído.

Enfim, os fatores determinantes do complexo Teníase/Cisticercose são as baixas condições sócio-econômicas, precário saneamento básico, deficiente educação em saúde, hábitos alimentares e de higiene pessoal, criação doméstica anti-higiênica de animais, precariedade e ineficiência de serviços de vigilância sanitária de alimentos e elevado comércio clandestino de carne (MARZOCHI, 1977b; FLISSER, 1985; SCHANTZ, 1994; FREITAS & PALERMO, 1996). SARTI (1997) aponta, também, que hábitos como não lavar as mãos após a utilização

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de sanitários e antes das refeições, e o consumo de água não tratada e nem fervida, aumentam a probabilidade de ocorrência da neurocisticercose.

A cisticercose humana, de acordo com FLISSER (1990) e ACHA & SZYFRES (1996), pode ocorrer através de 3 formas:

1) Heteroinfecção – Ingestão de água, frutas e verduras cruas contaminadas por fezes de indivíduos portadores de Taenia solium.

2) Autoinfecção exógena – Introdução de ovos de Taenia solium à boca através das mãos contaminadas com as próprias fezes devido à falta de hábitos higiênicos.

3) Retroperistaltismo – Também conhecida por auto-infecção endógena, dá-se quando as proglotes grávidas retornam ao estômago e, em seguida, novamente ao intestino, onde há liberação da oncosfera e desenvolvimento do cisticerco.

Conforme STRAUS (2000), há possibilidade de aumento da infecção em bovinos por Taenia saginata com o uso do lodo, proveniente de estações de tratamento de esgoto e que contenham ovos viáveis, para adubar pastagens de bovinos, podendo ocorrer a infecção dos animais (cisticercose) e não causando doença grave nos mesmos, mas resultando em prejuízos econômicos pela condenação destas carcaças. Na seqüência, se o homem ingerir esta carne contaminada com cisticercos desenvolverá o parasito adulto, perpetuando assim o ciclo do mesmo. No caso do lodo conter ovos viáveis de Taenia solium o risco

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maior é para a saúde humana, principalmente para indivíduos que tenham contato direto com este lodo. A infecção – ingestão de ovos – pode, neste caso, acarretar comprometimento do SNC (neurocisticercose). É devido a isso que este lodo deve ser sempre submetido a tratamentos higienizantes e esterilizantes.

2.6 Ciclo de Transmissão

SMITH (1994) descreve que o homem é o único hospedeiro definitivo da tênia adulta. O estágio de larva desenvolve-se em certos animais domésticos como bovinos e suínos — que seriam hospedeiros intermediários — devido à ingestão de ovos excretados pelas fezes de portadores humanos. As larvas invadem a maioria dos tecidos dos animais, surgindo então a doença denominada cisticercose. Quando o homem ingere carne crua ou mal passada de animais contendo cisticerco, resulta o aparecimento da teníase. O homem pode, também, agir como hospedeiro intermediário, se ingerir ovos de tênia presentes em alimentos ou água contaminada; neste caso, desenvolve-se a cisticercose, similar àquela apresentada nos animais. Se a larva atingir o SNC resultará no aparecimento de neurocisticercose. O autor complementa ainda que os alimentos consumidos crus, como saladas, apresentam significante risco.

LEMES DE CAMPOS & TERRA (2000) citam que 3 meses após a ingestão de cisticerco, Taenia sp., já localizada no intestino delgado do homem, começa a soltar proglotes de seu corpo com ovos.

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Estas proglotes podem sair com as fezes ou romperem-se ainda dentro do intestino, liberando os ovos, que são, da mesma forma, eliminados durante a defecação. No meio ambiente, estes ovos, dependendo da temperatura e umidade, podem continuar vivos por até 300 dias. A Taenia sp. pode viver por até 8 anos ou mais no intestino do homem, que é capaz de contaminar seguidamente o ambiente com suas fezes. No entanto, OLIVEIRA & GERMANO (1992b) citam que os portadores de teníase podem albergar o parasita adulto por mais de 20 anos, infectando continuamente o meio ambiente.

AGAPEJEV (1991) enfatiza que a transmissão do binômio Teníase/Cisticercose faz-se através do suíno para o homem, do homem para o suíno e do homem para o homem, pela contaminação de água, alimentos, mãos e algumas práticas sexuais.

De acordo com SOCCOL et al. (2000), os parasitas heteroxênicos, como por exemplo Taenia sp., precisam de mais de um hospedeiro para completar o ciclo, e, assim, o risco direto é para o hospedeiro intermediário, mas, na seqüência, representa risco ao hospedeiro definitivo. Neste caso, os ovos de Taenia sp. só são infectantes para os animais (hospedeiros intermediários) em um primeiro tempo, porém, se o homem (hospedeiro definitivo) ingerir carne infectada destes animais vai desenvolver o parasita adulto no intestino.

O ser humano desempenha um papel essencial na cadeia do complexo Teníase/Cisticercose, sendo o único hospedeiro definitivo e podendo atuar, também, como hospedeiro intermediário acidental da

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forma metacestóide de Taenia sp., albergando cisticercos em seus tecidos, porém, neste caso, não ocorre a continuidade do ciclo biológico do parasita (URQUHART & ARMOUR, 1990; VERONESI & FOCACCIA, 1996). FLISSER (1985) descreve, porém, que o homem é somente um hospedeiro intermediário acidental, pois não contribui para a manutenção do ciclo de vida do parasita.

Conforme FLISSER (1985) e OLIVEIRA & GERMANO (1992b), o hospedeiro definitivo ao eliminar ovos ou proglotes gravídicos pelas fezes (onde geralmente não ocorre multiplicação) contamina o ambiente, ou seja, pastos, plantações e mananciais de água.

A viabilidade desses ovos no ambiente, de acordo com SOCCOL et al. (2000), depende das condições de temperatura e umidade, e a sua disseminação ocorre, principalmente, através de rios, chuvas, pássaros e insetos coprófagos. Para estes autores, os hospedeiros intermediários, ou seja, os animais envolvidos neste ciclo infestam-se acidentalmente não só ao ingerir os ovos pela alimentação ou consumo de água contaminada, mas também podem contaminar-se intencionalmente, devido ao hábito de coprofagia de alguns, desenvolvendo-se então a cisticercose nos mesmos.

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Homem: ingere carne crua ou mal cozida infectada por larvas de Taenia sp.

Larvas: desenvolvem-se em vários tecidos (cisticercose) Verme adulto: desenvolve-se no intestino humano (teníase)

Ovos de Taenia solium são excretados com as

fezes

Animal: ingere ovos que foram veiculados pelas fezes humanas, esgoto não tratado

ou impropriamente tratado

Homem: ingere os ovos de Taenia solium presentes nos alimentos

ou na água Larva: desenvolve-se em

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FIGURA 2 - Ciclo de vida de Taenia sp. (SMITH, 1994).

2.7 Aspectos de Saúde Pública

Os parasitas adultos (tênias), em geral, causam pouco dano ao hospedeiro, sendo normalmente larvas (cisticercos) as responsáveis por quadros patológicos. As formas larvárias desenvolvem lesões não só nos seus hospedeiros intermediários normais (bovinos e suínos), como também nos acidentais (homem) (SOUZA et al., 2001).

Conforme LEMES DE CAMPOS & TERRA (2000), o Brasil apresentou um total de 937 óbitos por Cisticercose no período de 1980 a 1989.

De acordo com GELLI et al. (1979) e GUILHERME et al. (1999), os exames microbiológicos e microscópicos dos gêneros alimentícios são de grande importância sob vários aspectos, tais como averiguação das condições higiênicas de produção, armazenamento, transporte e manuseio dos alimentos; caracterização da efetividade dos processos físicos e químicos de desinfecção; elucidação de quais veículos alimentares mantêm os estados infectantes de parasitas; reconhecimento dos microrganismos ambientais e sua relação com os alimentos, e contribuição para o processo de educação sanitária dos

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manipuladores e consumidores, e para a saúde pública, por analisarem métodos que eliminem, injuriem ou que não permitam o desenvolvimento de patógenos de qualquer ordem e deteriorantes dos alimentos.

Os mesmos autores complementam que os microrganismos de maior significado para a saúde pública são os que indicam contaminação fecal, em especial Escherichia coli, os enterococus, as salmonelas, Shighella sp., os enterovírus e parasitas intestinais do homem; sugerem, assim, que sejam realizadas pesquisas na elucidação das condições microbiológicas das verduras e frutas consumidas cruas, para haver um esforço conjunto entre os órgãos oficiais responsáveis pela saúde pública e para melhorar as condições da horticultura.

As patologias causadas por vírus, bactérias, fungos, protozoários e helmintos no homem são variáveis, podendo apresentarem-se em forma de simples diarréia, até gastroenterite severa, hepatites, meningites, infecções respiratórias, alterações neurológicas, como neurocisticercose, e outras conseqüências (STRAUS, 2000).

SARTI (1992), SARTI (1994), GARCIA (1995), GARCIA -NOVAL (1996) associam a ocorrência de neurocisticercose à presença de sintomas neurológicos, principalmente às crises convulsivas, e também a dores de cabeça, tonturas, tremores e visões enuviadas, entre outros. Entretanto, DIAZ (1992) realiza pesquisa e verifica que não houve diferença significativa, comparando sinais e sintomas neurológicos de pessoas soropositivas e soronegativas na cisticercose, em uma

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comunidade rural com 8% de prevalência nesta enfermidade, sendo que, dores de cabeça foram relatos comuns em ambos os grupos. SARTI-GUTIERREZ (1988) e GARCIA (1999), nos estudos epidemiológicos em áreas rurais, relataram que a grande maioria dos indivíduos soropositivos para cisticercose eram assintomáticos.

OLIVEIRA & GERMANO (1992b) citam que, no estado de São Paulo, apesar do declínio das taxas de infecção de alguns enteroparasitas, as helmintoses intestinais ainda constituem sério problema de saúde pública, especialmente nos denominados “Cinturões de Pobreza” da região metropolitana da capital. Os mesmos autores citam que a verificação da presença de helmintos em hortaliças, entretanto, reveste-se de grande interesse para a saúde pública, pois fornece dados para a vigilância sanitária sobre o estado higiênico destes produtos e permite o controle das condições em que foram cultivados.

As atividades da vigilância sanitária devem estar sempre concentradas no auxílio da produção de hortaliças através de ações educativas destinadas aos produtores, e no monitoramento laboratorial das águas destinadas à irrigação das hortas (TAKAYANAGUI et al., 2000).

AYRES & MARA (1996) descrevem que adequados costumes em relação à higiene alimentar — no caso da exposição ocupacional e ao uso de roupas e calçados de proteção — podem evitar que trabalhadores adquiram infecções mesmo em situações onde o risco

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de adquirir as moléstias seja extremamente alto. Portanto, educação sanitária é fundamental para se adotar um comportamento exemplar. No entanto, reconhecem que esta é uma solução a longo prazo e não se mostra completamente eficaz na modificação de certas preferência culturais, como a utilização de águas contaminadas e esgotos.

Segundo AYRES & MARA (1996), três grupos de pessoas pode ser identificado como representando alto risco na transmissão da cisticercose:

v Trabalhadores agrícolas e seus familiares, principalmente aqueles envolvidos diretamente na colheita.

v Consumidores de verdura e carne mal passada.

v Pessoas que residem próximo a campos contaminados.

BARUFFALDI et al. (1984) enfatizam a grande necessidade de se melhorarem os métodos de exames parasitológicos em alimentos. Citam que as técnicas de identificação merecem ser reestruturadas e simplificadas do ponto de vista de tempo e execução. Também, segundo os mesmos autores, não só os critérios morfológicos de identificação devem ser suplementados com testes eficientes e rápidos, sorológicos ou fisiológicos, mas também o emprego de meios seletivos semelhantes àqueles existentes nas pesquisas de bactérias que

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possam trazer maior certeza de identificação. No caso específico da pesquisa de parasitas em hortaliças, os autores enfatizam tal necessidade.

Por ser um problema de saúde pública, a cisticercose não deve ser desconsiderada nem pelos órgãos públicos (fiscalização), nem pela comunidade (consumidores) (CALIL, 1984; UNGAR & GERMANO, 1991a; MANHOSO, 1996).

Segundo CALIL (1984), há grande necessidade de se implantar um programa de controle em nível de estado, porém não se pode desconsiderar a importância da participação dos municípios na realização dos mesmos.

2.8 Aspectos Econômicos

PESSÔA & MARTINS (1982) lamentam afirmar que a Teníase-Cisticercose — para a qual se conhecem eficientes meios de controle — continue, a cada ano, causando mais perdas econômicas.

De acordo com ROBERTS et al. (1994), os prejuízos humanos causados pela teníase ou cisticercose, principalmente no caso da neurocisticercose, incluem gastos com acompanhamento médico, hospitalizações, testes laboratoriais e medicamentos para os pacientes. SMITH (1994) enfatiza que os indivíduos com neurocisticercose tanto em áreas endêmicas como não endêmicas requerem várias hospitalizações, cirurgias caras e/ou quimioterapia. A maioria das pessoas portadoras de

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neurocisticercose encontram-se na faixa etária entre 20 e 50 anos, e acabam se tornando improdutivas para o trabalho quando acometidas de seqüelas.

2.9 Controle e Profilaxia

Conforme FLISSER (1985) e SILVA et al. (1995) é necessária a adoção de métodos práticos, rápidos e sensíveis no monitoramento da poluição fecal do meio ambiente.

PESSÔA & MARTINS (1982) citam que a pesquisa de ovos no diagnóstico das tênias é falha, podendo-se fazer numerosos exames com resultados negativos e, no entanto, o indivíduo apresentar-se parasitado, pois somente quando há rotura destes anéis no intestino é que os ovos misturam-se às fezes.

A prevenção da cisticercose, de acordo com CÔRTES (1984), pode ser expressada basicamente em três linhas de ação:

- Sobre as fontes de infecção: diagnóstico e tratamento dos indivíduos parasitados pela tênia.

- Sobre as vias de transmissão: destinação e tratamento adequado dos excretos humanos.

- Medidas gerais: educação sanitária da comunidade, orientando acerca dos procedimentos a serem adotados em caso de contaminação.

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FLISSER (1985) releva a importância da adoção de estudos epidemiológicos, para identificar as fontes de transmissão e melhorá-las.

Conforme CÔRTES (2002), a vigilância epidemiológica é uma atividade de natureza sistemática e permanente, que visa a antecipar-se aos eventos relativos à presença de doenças em populações, e têm como objetivo básico a obtenção contínua e oportuna de conhecimentos acerca dos componentes envolvidos nas condições de saúde e ocorrência de doenças, visando oferecer elementos de apoio aos programas de prevenção, tanto na instância de controle como na erradicação.

A freqüência da cisticercose varia na razão direta da Taenia sp., e assim as medidas recomendáveis para controlar a cisticercose correm paralelas às que se empregam para controle das teníases. Com o combate às tênias humanas evita-se não só a probabilidade de autoinfecção interna ou externa, como também a expulsão de ovos e a possibilidade da infecção de outros indivíduos sãos (PESSÔA & MARTINS, 1982).

Segundo SARTI (1994), entrevistar pessoas, para verificar episódios de eliminação de proglotes de tênia pode ser considerado um bom método diagnóstico na identificação de portadores de Taenia sp., que são os responsáveis pela contaminação ambiental por ovos deste parasita e, indiretamente, pela infecção de suínos e humanos.

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MARZOCHI (1970), MARZOCHI (1977b), CAMILLO-COURA(1991), UNGAR & GERMANO (1991a) e SOUZA et al. (2001) destacam que as medidas aplicáveis ao meio ambiente objetivam evitar a dispersão de ovos, e são baseadas primordialmente na educação sanitária, que tem como objetivo a orientação da população quanto ao destino adequado dos excretos humanos, impedindo-se a contaminação da água, solo e alimento, evitando-se também o uso de efluentes de esgotos na irrigação de hortaliças, ou seja, indicam a implementação de medidas de saneamento básico. CAMILLO-COURA (1991) complementa ainda que o controle das helmintíases realiza-se no sentido da intervenção na cadeia epidemiológica em diferentes pontos, como por exemplo medidas que visem à promoção da saúde e melhoria dos hábitos higiênicos voltados para o preparo e manuseio de alimentos, especialmente vegetais e carnes, no caso das teníases.

Conforme MARZOCHI & CARVALHEIRO (1978) e PESSÔA & MARTINS (1982), como esta contaminação ocorre devido à poluição do solo, medida obrigatória seria a construção de fossas “cortando assim o mal pela raiz”. Segundo MARZOCHI (1977a), o tratamento do solo contaminado com água fervente ou substâncias químicas como o pentaclorofenol, bromureto de metila, compostos organofosforados e o trimetilfosfatohidroxicloroetil podem ter algum valor.

O controle sanitário das águas utilizadas na irrigação de hortaliças consumidas pela população, principalmente no que se refere

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àquelas ingeridas cruas, é de grande importância em saúde pública, uma vez que podem servir de veículo de contaminação desses alimentos (CHRISTOVÃO et al., 1967).

GONÇALVES et al. (1973) citam que há associação de parasitoses não só ligada às condições sanitárias, mas também à situação econômica. Tal fato surge porque muitos programas de melhoria de condições sanitárias através da instalação de fossas, nem sempre influenciam a prevalência das verminoses.

AYRES & MARA (1996) acreditam que, se os riscos com a irrigação da água bem tratada são mínimos, há de se reconhecer a necessidade de grandes avanços na tecnologia de tratamento desta para reduzir o número de ovos de helmintos/l de efluentes, o que representa adquirir uma remoção efetiva em torno de 99,9%. Os autores complementam que esta água, assim que tratada, poderia irrigar qualquer horta, sem que seus produtos apresentassem riscos aos consumidores. Como essa melhoria na qualidade das hortaliças ainda não é realidade nem em países de primeiro mundo, algumas destas hortas representam perigo, pois seus produtos são ingeridos crus, como é o caso da alface e do agrião.

O aquecimento e a filtração parecem ser o único processo prático para destruir cistos de protozoários e ovos de helmintos parasitas na água potável, uma vez que a própria cloração é completamente ineficaz. Esta, para se tornar eficiente, requer concentrações que tornam

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a água imprópria para o seu consumo como bebida. O iodo livre destrói os cistos numa concentração de 8 ppm para destruir ovos e larvas de helmintos, porém faz-se necessário uma concentração em torno de 200 ppm (MARZOCHI, 1977a).

No caso de efluentes serem utilizados na agricultura, segundo AYRES & MARA (1996) e SOCCOL et al. (2000), para evitar riscos à saúde humana e animal é necessário avaliar o nível de contaminação por patógenos e tratá-lo quando necessário. Para recuperação, contagem e identificação de ovos ou larvas de helmintos parasitas do homem e animais, presentes em efluentes e em biossólidos, existe uma gama enorme de técnicas.

OLIVEIRA & GERMANO (1992a) descrevem que a desinfecção das hortaliças previamente ao consumo, pode apresentar relevância considerável no sentido de minimizar os riscos de transmissão de enteroparasitoses através destes alimentos, uma vez que a lavagem simples não reduz a contaminação por cistos.

Segundo GERMANO & GERMANO (2001) um método básico e eficaz para eliminação de ovos de helmintos, consiste na imersão das folhas em água aquecida a aproximadamente 60ºC por 10 minutos. Este procedimento, pela facilidade de execução em nível doméstico, deve ser especialmente considerado na formulação de programas educativos direcionados à população consumidora de tais alimentos.

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SMITH (1994) e AYRES & MARA (1996) propõem também, que a infectividade dos ovos seja eliminada pelo tratamento com fervura de 55 à 70ºC por menos de 10 minutos, ou fervura à 85 à 100ºC por menos de 1 minuto; portanto, hortaliças consumidas cruas já não se enquadram neste procedimento. Complementam, ainda, que todas as hortaliças deveriam ser submetidas ao cozimento, quando cultivadas em solos fertilizados com excrementos humanos.

Segundo BARUFFALDI et al. (1984), o tratamento químico das folhas de alface com vinagre, solução de hipoclorito de sódio ou iodo orgânico por período de exposição próximo a dez minutos, à concentração de 40 ppm de Cl livre, mostraram-se eficazes do ponto de vista parasitológico, pois em experimentos realizados um simples tratamento com água em folha de alface não se mostrou eficiente quanto à redução de parasitas.

Por outro lado, BRYAN (1977) e LEMES DE CAMPOS & TERRA (2000) citam que a única maneira de se inativar os ovos é submetê-los a uma fervura ou cocção acima de 90ºC, pois são resistentes à maioria dos produtos químicos.

Na desinfecção de frutas frescas e hortaliças, de acordo com MARZOCHI (1977a), pode ser eficiente a imersão destes alimentos em uma solução aquosa de iodo, em torno de 200 ppm, durante 10 minutos, o que altera a aparência ou paladar das mesmas.

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Também, de acordo com BARUFFALDI et al. (1984), os parasitas em geral são resistentes às condições ambientais adversas ao seu habitat, podendo sobreviver por até um mês em águas pobres em bactérias, e em média de 9 a 10 dias em águas poluídas.

CAMILLO-COURA (1991) observa que o nível de educação e cultura da grande maioria afetada por estes helmintos dificulta a profilaxia, indicando ainda, o tratamento de pessoas infectadas e tratamentos periódicos em massa, de modo a reduzir a carga parasitária e diminuir as possibilidades de transmissão.

UNGAR & GERMANO (1991b) e TAKAYANAGUI et al. (2000) ressaltam a importância de conceder às hortas que apresentarem-se em boas condições, o certificado de vistoria sanitária emitido pela secretaria de saúde do município. Sugerem que aquelas com resultados indicativos de contaminação da água ou das verduras, recebam um auto de infração e sejam intimadas a providenciarem as devidas modificações para nova coleta de material, em um prazo de aproximadamente quinze dias. Se houver persistência de resultados indicativos de contaminação nesta segunda análise, os mesmos autores determinam a aplicação de multa e, no caso de haver reincidência, a interdição definitiva desta horta.

Portanto, segundo a mesma linha de pensamento dos autores, a fiscalização de hortas consubstanciada em análises laboratoriais sistemáticas e periódicas, assume papel fundamental no controle de qualidade de verduras, quando houver aplicação de

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penalidades rigorosas aos infratores, incluindo interdição dos reincidentes. Tais medidas, embora sem caráter obrigatório, representam um estímulo ao produtor no aprimoramento da qualidade destas hortaliças.

BARUFFALDI et al. (1984), WALDMAN & CHIEFFI (1989) e LEMES DE CAMPOS & TERRA (2000) citam algumas importantes medidas de grande contribuição para que o complexo Teníase/Cisticercose, quando notificado, seja de fácil controle pelas autoridades sanitárias:

v Fiscalização de hortas e pomares com exames laboratoriais da água para irrigação.

v Aumento da rede de esgoto.

v Conscientização do consumidor, para que só adquira produtos de boa qualidade para consumo.

v Campanhas educativas de medidas higiênicas básicas e distribuição de vermífugo permanentemente para a população.

v Imposição da existência de fiscalização de produtos de origem vegetal, quanto à irrigação de hortas e pomares com água de rios e córregos.

v Pesquisar a população urbana e rural de cada município e a existência de saneamento básico com

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dados fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

v Proteção das hortaliças contra moscas e material fecal.

v Orientar os consumidores a lavarem corretamente os vegetais antes de utilizá-los.

De acordo com WALDMAN & CHIEFFI (1989), a solução definitiva dessa questão está condicionada à mudança da estrutura epidemiológica favorável às altas taxas de infecção por esses parasitas, fato este possível somente por meio da melhoria nas condições de vida da população. Mais precisamente é muito importante o tratamento específico em massa e medidas simplificadas de saneamento. Países como Japão e Coréia do Sul adotaram um programa de controle de geohelmintoses semelhante e reduziram drasticamente tais prevalências.

MARZOCHI & CARVALHEIRO (1978) e FARIA et al. (1987) dão importância a diversos levantamentos de prevalência das parasitoses através de visitação domiciliar no preenchimento de questionários que enfatizem os seguintes aspectos: condições de habitação, abastecimento de água, destino de dejetos e lixos, existência de hortas, fixação da família na localidade, condições do quintal, hábitos alimentares etc, conforme inquérito epidemiológico (Anexo C).

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Segundo MESQUITA et al. (1999) sempre que há melhoria na qualidade higiênica do plantio, irrigação, armazenagem e distribuição, há uma baixa positividade de helmintos nas hortaliças.

No dizer de FLISSER (1985), a melhoria dos estudos epidemiológicos na identificação das fontes de transmissão da cisticercose viria de encontro a um maior controle dessa enfermidade. Complementa, ainda, que a melhor maneira de erradicar esta zoonose é através de campanhas tanto na área educacional, quanto médica e veterinária, para interromper as várias etapas do ciclo de vida do parasita.

As técnicas de pesquisas de parasitas em alimentos são ainda pouco desenvolvidas, conforme GELLI et al. (1979), BARUFFALDI et al. (1984) e OLIVEIRA & GERMANO (1992b), pois a maioria dos procedimentos visa à concentração de larvas e ovos nas amostras, através de técnicas como a sedimentação espontânea, centrifugação simples ou associada à centrífugo-flutuação e ultracentrifugação; tais técnicas incluem a incubação do sedimento como auxiliar na identificação e verificação da viabilidade dos helmintos encontrados. Isso porque, além da enorme semelhança entre os ovos e larvas de inúmeras espécies de parasitas do homem, de animais e vegetais, as hortaliças acumulam grãos de pólen, partículas vegetais e contaminantes do solo, dificultando a visualização e identificação destas formas de transmissão.

Os mesmos autores citam que o período de maior pluviosidade nas áreas de cultivo de hortaliças contribui para uma

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