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Os levantamentos bibliográfico e documental iconográfico histórico constituinte do material produzido nos estudos da documentação iconográfica, apresentado no capítulo anterior, apontam critérios para as investigações da pesquisa empírica. O material, modelo físico, utilizado para as investigações do patrimônio arquitetônico, as fontes fotográficas, sugerem a necessidade de uma leitura comparativa entre fotografias históricas e atuais, como metodologia de análise.

Anteriormente à ida a campo, objetivando coleta de dados, são realizadas visitas à área de estudo. No primeiro ano da pesquisa, em 2016, são realizadas duas visitas de observação para contato direto com o objeto de estudo. Na ocasião, são realizados registros fotográficos considerados relevantes para a análise visual preliminar da arquitetura da cidade, e necessários para aproximação do objeto de estudo.

Também é possível visitar três edificações e conhecer um pouco da história de antigos e atuais proprietários, em conversa informal com os moradores desses imóveis. A primeira edificação é a residência, datada de 1917, situada na avenida Prefeito Helio Rocha, número 1051, onde reside a Srª. Vilma Fornazelli (Figura 69). De acordo com a atual proprietária, descendente de italianos, o imóvel tem como primeiro proprietário um alemão, da família Wollf.

A segunda é a residência, também localizada na avenida Prefeito Helio Rocha, n° 1076, datada do início do século XX, de propriedade da Srª Maria Nunes Barcellos (Figura 70). Conforme a moradora, a residência é adquirida da família Brunow, de origem alemã, em 1950.

Figura 69 –Residência da Srª Vilma Fornazelli, construída no início do século XX – (a) Vista. (b) Detalhe acesso lateral e afastamentos. (c) Detalhe inclinação telhado e sótão. (d) Detalhe porão e

piso de madeira

(a) (b)

(c) (d) Fonte: Acervo da autora (2016).

Figura 70 – Residência da Srª Maria Nunes Barcellos,construída no início do século XX – (a) Vista. (b) Detalhe acesso lateral. (c) Detalhe telhado e sótão. (d) Detalhe piso de madeira.

(a) (b)

(c) (d) Fonte: Acervo da autora (2016).

Em uma análise preliminar, são observados os principais aspectos estético-formais, funcionais e construtivos na arquitetura das duas edificações: volumetria regular em um pavimento, implantação mantendo afastamento dos limites e com jardim frontal, simetria e equilíbrio na fachada principal voltada para a rua, telhado em dois planos de mesma dimensão e de inclinação elevada, articulados por cumeeira transversal à fachada, acesso por uma varanda e escada posicionada na lateral da edificação, uso de porão e sótão.

A terceira edificação visitada é o atual Museu do Colono, localizado na avenida Presidente Vargas, nº 1501, construído no final do século XIX para abrigar a família Holzmeister,de origem austríaca (Figura 71). Os principais aspectos estético-formais, funcionais e construtivos na sua arquitetura são: volumetria regular em dois pavimentos, implantação sobre limites e testada frontal do lote, simetria e equilíbrio em sua fachada principal voltada para a rua, empena lateral com duas portinholas no eixo de simetria, telhado em dois planos de mesma dimensão e de inclinação elevada e uso de sótão.

Figura 71 –Sobrado Holzmeister, atual Museu do Colono,construído no final do século IX – (a) Vista. (b) Detalhe interno. (c) Detalhe telhado e sótão. (d) Detalhe piso de madeira.

(a) (b)

(c) (d) Fonte: Acervo da autora (2016).

No desenvolvimento da pesquisa, são realizadas duas visitas à área de estudo, uma no mês de setembro de 2017 e outra no mês de janeiro de 2018, quando é feita a

coleta dos registros fotográficos. Nesses, tem-se a necessidade de um posicionamento o mais próximo possível dos locais a partir dos quais são efetuadas as tomadas fotográficas históricas que compõem o acervo iconográfico selecionado e integrante do capítulo anterior. A princípio, a intenção é reproduzir registros na atualidade de todas as 69 (sessenta e nove) fotografias que integram o acervo. Entretanto, em campo, encontra-se dificuldades para operacionalizar esta intenção. Dentre as principais dificuldades encontradas estão a de acesso preciso aos locais para tomada e enquadramentos fotográficos e de impedimento da visibilidade, por determinadas situações inexistentes à época, considerando:

1. Trânsito intenso de veículos automotores na via principal, avenida Presidente Vargas e prolongamentos, que oferece risco para quem deseja se posicionar na rua, onde é realizada grande parte das tomadas fotográficas históricas; 2. Posicionamento de veículos estacionados em frente às edificações, que

obstruem parte de sua visão ou impedem posicionamentos necessários; 3. Posicionamento de novos edifícios, que impedem acesso e visibilidade; 4. Vegetação em altura, que nas tomadas mais amplas impedem visibilidade. Outra observação relevante, em termos de fonte fotográfica, refere-se à tecnologia utilizada no passado e na atualidade, para captura dos registros fotográficos. Ao reportar a Kossoy (2012), lembra-se que “o produto final, a fotografia, é, portanto, resultante da ação do homem, o fotógrafo, que em determinado espaço e tempo optou por um assunto em especial e que, para seu devido registro, empregou os recursos oferecidos pela tecnologia” (KOSSOY, 2012, p.39). A tecnologia diz respeito aos materiais, equipamentos e técnicas empregadas para obter a fotografia. Nesse sentido, a fotografia apresenta características da técnica fotográfica da época do seu registro.

Dessas observações, percebe-se que a técnica utilizada e o domínio de seu uso influenciam os resultados do registro fotográfico. Com as evoluções tecnológicas, tem- se a evolução do fazer fotográfico, principalmente no que tange a equipamentos com novas formas e funções. Por exemplo, torna-se impossível realizar uma tomada fotográfica, com enquadramentos e ângulos idênticos aos do passado.

Além de equipamentos mais potentes, o domínio ou não da técnica no uso deste equipamento se traduz em diferenças, ao se comparar com os usados em registros

fotográficos antigos. Na pesquisa empírica empreendida, é possível perceber dificuldades para realização das tomadas fotográficas similares, para leitura comparativa. Isso devido às diferenças de tecnologias tradicionais, utilizadas para registros fotográficos no passado e as digitais na atualidade e à experiência fotográfica da autora.

Apesar das dificuldades relatadas, que em alguns casos impedem registros ou comprometem semelhanças, busca-se uma maior aproximação possível às tomadas e aos enquadramentos fotográficos do passado. Esse esforço resulta em registros satisfatórios, permitem uma leitura comparativa e são esclarecedores para a análise qualitativa da arquitetura pretendida.

Considerando a metodologia de análise, a ida a campo prioriza registros fotográficos para uma leitura comparativa. Ou seja, a reprodução de tomadas fotográficas da documentação iconográfica na atualidade. Dessa forma, pretende-se confirmar permanências, integrações e divergências por meio de comparação entre fontes fotográficas históricas e registro fotográfico atual. Tomadas em ângulos e enquadramentos distintos, esclarecedoras de outros aspectos arquitetônicos, não são utilizadas para a análise quando não tem seu referencial no passado que viabilizem a leitura comparativa. Ou seja, o aspecto arquitetônico que o registro revela hoje é revelado em registro no passado? Se sim, há transformações ou se mantém? Nesse propósito, só se pode fazer esta análise quando é possível a leitura comparativa do registro na atualidade com registro similar no passado.

Após coleta de dados e antes da análise pretendida, os registros históricos e suas reproduções são dispostos em fichas de leitura (APÊNDICE B). A organização dos registros em fichas tem a intenção de auxiliar o entendimento visual da leitura comparativa. Nesse sentido, as informações apresentadas são relativas aos registros, como datação e fontes (Figura 72). Dos 69 (sessenta e nove) registros fotográficos históricos do material selecionado no Capítulo 4, é possível capturar 50 (cinquenta) na pesquisa de campo. Posteriormente, tem-se a análise da arquitetura visando resultados que atendam os objetivos estabelecidos.

Figura 72 – Modelo Ficha Fotográfica de Leitura Comparativa (APÊNDICE B) FICHA FOTOGRÁFICA Leitura Comparativa Ficha Nº XX/50 Data: Janeiro/2018 Título: _____

Registro Fotográfico Histórico

(acervo da documentação iconográfica histórica da pesquisa)

Fonte: _____

Registro Fotográfico reproduzido na atualidade (pesquisa empírica)

Fonte: _____ Fonte: Elaborado pela autora.