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Pesquisa Empírica e Pesquisa-Ação

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3. METODOLOGIA

3.1. Tipologia da Pesquisa

3.1.1. Pesquisa Empírica e Pesquisa-Ação

Existem algumas barreiras a serem vencidas para ampliar o uso da pesquisa empírica em Administração. Westbrook (1995) acredita que os pesquisadores não utilizam métodos empíricos, porque os desconhecem e não têm habilidade na obtenção de informações empíricas. Acrescenta ainda, que não é preciso reinventar um método e sim, fazer uso daqueles existentes nas ciências sociais.

Os pesquisadores em Administração, normalmente, não são “treinados” para realizar pesquisas empíricas. Para resolver este problema, é preciso que haja o incentivo das universidades e que os pesquisadores desta área busquem conhecimentos sobre pesquisa empírica em outras áreas, como comportamento organizacional, marketing e áreas estratégicas (SWAMIDASS, 1991).

Flynn et al (1990) também explicam que a pesquisa empírica é largamente encontrada em estudos sobre comportamento organizacional, sociologia, marketing e outros e por este motivo, recomenda que os pesquisadores em administração não tenham medo de aprender com os colegas de outras áreas, onde a pesquisa empírica é comum. Para aumentar a utilização da pesquisa empírica em administração, Dubin (1988, apud SWAMIDASS, 1991, p: 42) sugere conjecturas - geração de idéias através de discussões e de pensamento crítico - e procura por leis de interação - como nas teorias das ciências sociais, que são construídas com base no uso de leis de interação, onde a noção de causalidade é substituída pela noção de interação.

Com uma maior divulgação das contribuições da pesquisa empírica, também é possível proporcionar o crescimento do emprego da mesma. Swamidass (1991) cita algumas dessas contribuições:

− As pesquisas empíricas “explicam o fenômeno associado com o sistema emtermos

da interação das variáveis no sistema ou elas predizem o valor de uma ou mais variáveis do sistema” (op. cit., p. 801);

− A criação de teorias a partir da experiência empírica permitem aos pesquisadores juntar várias partes do conhecimento em um todo organizado.

− A melhoria da prática em Administração e a construção de teorias “inovativas” que proporcionem a solução de novos problemas e derrubem velhos paradigmas são conseqüências da construção de teorias empíricas em Gestão.

Os benefícios da pesquisa empírica para a organização são vários, mas pode-se citar: o aprendizado sobre a própria organização, o aprendizado através da retro-alimentação e dos “insights” do pesquisador e o desenvolvimento de um relacionamento com o pesquisador (BEBANSAT, GOLSTEIN e MEAD, 1987).

À medida que aumenta a complexidade nas organizações, surge a necessidade de discussão da importância da interdisciplinaridade na Administração. Corroborando com esta afirmação, Souza (1978, p.73), no capítulo sobre “Cultura e clima em equipes interdisciplinares”, faz a seguinte colocação:

A explosão do conhecimento e da tecnologia, que caracteriza a nossa época de mudanças aceleradas, trouxe consigo a especialização. Não mais uma pessoa sozinha pode resolver a complexidade dos problemas organizacionais. Nem mais um grupo ‘homogêneo’ pode atender à multiplicidade de demandas que o ambiente coloca. Surge o fenômeno da diferenciação organizacional e a concomitante necessidade de integração. (...) as organizações futuras, com suas características contingenciais e flexíveis, farão uso cada vez mais freqüente de equipes técnicas interdisciplinares.

É importante ressaltar a diferença entre multidisciplinaridade e interdisciplinaridade. Enquanto a primeira é a simples aglutinação de assuntos de campos diferentes do conhecimento, a segunda preocupa-se com a interação significativa das diferentes áreas. Na multidisciplinaridade não existe preocupação com as conexões dos diferentes assuntos e temas (THIOLLENT e SOARES, 1998).

Neste ponto, cabe uma analogia com as idéias contrárias ao Mecanicismo, imperante desde as descobertas de Copérnico, Galileu, Descartes, Bacon e Newton - Revolução Científica (CAPRA, 1997; SENGE, 1998; FORRESTER, 1991). Nesta nova forma de

explicar o mundo, denominada Dinâmica de Sistemas, que mais tarde deu origem ao Pensamento Sistêmico, a multidisciplinaridade pode ser vista como a tentativa de compreensão do objeto em estudo através do somatório e entendimento de suas partes isoladamente. Nas organizações, isto pode ser verificado quando a equipe de trabalho é formada por especialistas em diferentes áreas e recorre-se aos diferentes campos de conhecimento, isoladamente, para explicar determinada situação ou solucionar um problema. Para a dinâmica de sistemas, mais importante do que partes isoladas de um todo, são as inter- relações destas partes entre si. Essa visão corresponde à interdisciplinaridade necessária aos grupos de trabalho. Para os pesquisadores do Pensamento Sistêmico, é justamente no relacionamento entre as partes que reside à explicação para o funcionamento do todo.

A interdisciplinaridade aparece quando surgem às limitações de um grupo de trabalho formado por especialistas em diferentes áreas e as pessoas sentem a necessidade de transpor esses limites e estabelecer novos (1995, UK Academy of Sciencce, apud THIOLLENT e SOARES, 1998, p: 87). A mudança da situação de multidisciplinaridade, hoje dominante, para a de interdisciplinaridade só será possível com uma mudança de paradigma. A necessidade de compreender as inter-relações, as conexões entre Administração levam de uma visão de mundo mecanicista para uma percepção holística, organísmica ou ecológica. “O novo paradigma pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que concebe o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas” (CAPRA, 1997, p. 25).

No contexto da Administração, a questão da interdisciplinaridade fica mais evidente, à medida que esta trabalha na interface dos recursos das organizações com as exigências do mercado. Não existe um objeto de estudo da Administração, assim como, por exemplo, a engenharia mecânica tem como objeto, dispositivos mecânicos, a engenharia elétrica, dispositivos elétricos, etc (THIOLLENT e SOARES, 1998). Para esses mesmos autores, a idéia é, justamente, descobrir qual deve ser o objeto de estudo da Administração. Esta descoberta só poderá existir a partir do desenvolvimento da interdisciplinaridade (envolvendo ciências humanas e técnicas), pois do contrário, só se terá uma aglutinação de assuntos, desconsiderando aspectos como conexidade, relações e contexto.

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