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Isso me dá um certo alívio. Sensação de que o trabalho será útil por não ser estanque à proposta geral. Iremos com as entradas que nos forem possíveis, acompanhando o processo. Me sinto acolhida e amparada no PFIST (FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE CAMPO).

É sempre pelo compartilhamento de um território existencial que pesquisadores e trabalhadores da educação se codeterminam. Território é um lugar de passagem, formação de um determinado domínio que se encarna em condutas, mas não se explica por elas, senão pelo modo como se constituem. Um modo de pesquisar é o que compartilhamos, quer dizer, a pesquisa-intervenção como um processo no qual saberes e fazeres se constroem pelo tensionamento de práticas cotidianas.

Partindo desse entendimento de que a pesquisa se trata de um meio de acessar a dimensão coletiva, que diz respeito à realidade complexa investigada, contamos um breve percurso no campo da saúde do trabalhador da educação de Serra e como experimentamos o diário na COSATE. Para tanto, trazemos a construção de dispositivos e a emergência de analisadores que viabilizaram análises coletivas de processos de trabalho, tanto de pesquisadores quanto de trabalhadores da educação. Partimos de pistas produzidas em diário de campo, as quais apontam a formação do pesquisador como ponto de intercessão desta pesquisa com a proposta do PFIST.

2.1 PESQUISANDO COM O PFIST

No começo, estranhamos o modo com o qual nos deparamos e questionamos se “isto seria pesquisa”. Nossas referências ainda estavam muito centradas em um modo que envolve procedimentos como: estudo bibliográfico, coleta e análise de dados e elaboração de relatórios. Não nos parecia tangível que mesmo pesquisas na forma como as conhecíamos assumem determinados posicionamentos políticos. Isto quer dizer que uma investigação que se pretende objetiva e neutra somente garante distância em relação ao problema em análise por direito e não de fato.

Beth apresentou a história do grupo de pesquisa que data quase vinte anos. Começou com uma assessoria ao PT, tendo como foco as relações e processos de trabalho. Depois que este partido saiu da administração pública do estado, o grupo se afirmou no campo da pesquisa, agregando alunos da graduação e da pós-graduação, professores e outros colaboradores. Houve experiências com referencial teórico- metodológico multireferenciado, como comunidades ampliadas de pesquisa (baseadas nos movimentos operários italianos) e pedagogia da alternância (baseada

em Freire). A decisão de focar no sistema de educação pública de Serra teve como critério os indicadores de violência no município e a maior “facilidade de inserção”. Com a necessidade de deixar um legado, apostando na autonomização do trabalho iniciado pelo PFIST, começou-se a trabalhar com as COSATES (FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE CAMPO).

Precisamos embarcar nessa empreitada com o PFIST para dimensionarmos que discutir atividades, as quais estávamos entendendo como uma forma de engajamento político, também se trata de um modo de fazer pesquisa. Assim, começamos a frequentar o Fórum que ocorria mensalmente no centro de formação de professores em Serra, onde pesquisadores da UFES, diretores de escolas, alguns professores, representantes do sindicato dos servidores públicos e de órgão governamentais de gestão da educação, há quase três anos, discutiam questões concernentes à saúde do trabalhador.

Lá, também em roda, as pessoas falavam de como estavam os movimentos em seus espaços de circulação, tendo como ponto de convergência a construção de um dispositivo de intervenção, sendo o qual um projeto de lei que visa implementar Comissões de Saúde do Trabalhador da Educação. Este projeto foi inspirado pela Lei Estadual 5.627 (ESPÍRITO SANTO, 1998), a qual integra a política de saúde do trabalhador do Sistema Único de Saúde. Quando "pegamos o bonde andando”, o Fórum estava, justamente, operacionalizando uma forma de experimentar o funcionamento de comissões em escolas.

O Fórum pensou na constituição de um dispositivo que zelasse pelo protagonismo dos atores escolares. COSATE como estratégia de análise e intervenção das e nas condições de trabalho de professores, merendeiras, agentes de serviços gerais, pedagogos, diretores e auxiliares administrativos. Estratégia que viabilize espaços de conversa tão caros à rotina corrida pela qual a educação tem operado nas escolas. Uma rotina que espelha o sucateamento das relações de trabalho e acaba por restringir os encontros a momentos institucionalizados, como reuniões pedagógicas.

A abertura de espaços para o estabelecimento de diálogo se justifica na emergência de trazermos para o plano coletivo os problemas da educação, os quais são normalmente levados para o âmbito das pessoalidades. Por meio do diálogo é que episódios de adoecimento, por exemplo, podem deixar de ser entendidos como culpa dos trabalhadores acometidos e de concernirem à (in)competência destes para o enfrentamento de adversidades. O adoecimento é um processo envolto por circunstâncias gerais que figuram a educação; ele não se produz estanque da realidade na qual estamos mergulhados. Evidenciar tais circunstâncias, tidas como naturais e insuperáveis, pode aumentar a capacidade das pessoas

agirem em direção à desnaturalização de situações que acarretam no adoecimento dos trabalhadores.

Em pesquisas anteriores, o PFIST conheceu a situação em que se encontram professores da rede pública: ritmo intenso de trabalho, número excessivo de alunos em sala de aula e política verticalizada de gestão da educação municipal (LUCIANO; ANDRADE; RAIZEM; ALMEIDA, 2012). Nesse cenário, percebemos aumento nas taxas de licenças médicas concedidas a professores.

Precisamos entender que o afastamento do trabalho por motivos médicos se constitui, em última instância, numa forma de resistência para contornar o adoecimento e preservar a saúde fragilizada pelo exercício do magistério em condições adversas. Entendemos o adoecimento como uma estratégia, sobretudo política, e a licença médica como uma saída para “matar a aula que está nos matando”. Assim, podemos pensar em outras maneiras de lidar com os agentes de adoecimentos e produzir práticas mais afirmativas de saúde (SIMÕES; SALIM; TAVARES, 2008).

“Minha colega está doente, mas acha que não deve tirar licença” (FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE CAMPO). Em alguns períodos do ano, os quadros das escolas sofrem desfalques maiores. Tem acontecido uma “caça às bruxas” em que a administração das escolas e do município cobram daqueles que se encontram adoecidos manutenção de uma ordem. Até mesmo os próprios colegas de trabalho fazem isto, pois, com a ausência de uns, outros se sentem ainda mais assoberbados, contribuindo para que se desencadeiem mais processos de adoecimento. Consideramos que discutir as condições nas quais o adoecimento se produz possibilita a emergência de outros modos de gestá-lo.

As políticas governamentais dão “um tiro no próprio pé” quando focam nas perícias médicas e implementam ações para corrigir os desvios de função. Isto é o que se observa no Estatuto que regulamenta o trabalho docente no estado do Espírito Santo. O artigo 45 (inciso II, alínea f) define que o professor com mais de sessenta dias de licença médica tenha seu posto considerado vago e, assim, possa ser destituído e remanejado.

Art. 45 O posto de trabalho do profissional da educação é considerado: [...]

II - vago: [...]

f) licença médica superior a 60 (sessenta) dias a cada 02 (dois) anos, exceto quando decorrente de licença maternidade ou por adoção, paternidade, ou doenças graves especificadas em Lei e acidentes ocorridos em serviço;

Esta disposição permaneceu “enterrada” durante mais de dez anos de vigência do Estatuto, até o momento em que serviu de recurso à retaliação da situação de desfalque dos quadros funcionais da SEDU, em razão das altas taxas de licenças concedidas a professores.

Chegou às escolas o ofício de mudança de localização [dos professores com mais de 60 dias de licença] previsto no Estatuto. O legislativo pode indicar mudanças, mas o executivo é quem pode mexer na lei. A lógica da punição/pressão é que precisa mudar. A perícia em Serra é muito dura, o dia de atestado a pessoa perde na perícia. Ela é feita para as pessoas não tirarem licença. As condições de trabalho não entram em questão. A perícia não tem como avaliar de forma justa a situação em que o trabalhador se encontra (FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE CAMPO).

Nesta ocasião, houve grande mobilização da classe e da população de um bairro de Serra na reivindicação dos direitos à saúde, de modo que se reconheceu a necessidade de discutir e reformular o referido documento. Os trabalhadores começaram a considerar a inclusão do Estatuto como tema de estudo em momentos de formação, tendo em vista conhecer o instrumento e, assim, ter melhores condições de intervir.

O Fórum intenta esse tipo de ação que transporta as pessoas de uma zona de conforto ou de vitimização para a de corresponsabilidade na gestão dos problemas e, portanto, das possíveis soluções. Há um entendimento de que saúde e vida, como produção normativa, renovam-se a cada instante na (re)invenção dos modos de fazer as coisas e de lidar com os percalços oriundos de suas conjunturas.

O Fórum aposta na multiplicidade de inserções e parcerias pensando em encaminhamentos como este, no qual trabalhadores e comunidade se mobilizaram para fazer frente a uma situação que estava colocada. Acreditamos que a mobilização das redes nos permite pensar o problema a partir da dimensão coletiva que lhe é constitutiva. Isto é que nos ajuda na desconstrução da lógica de culpabilização que imputa em pessoas ou instâncias a responsabilidade pelos problemas, quando estes, na verdade, se produzem em relação. A COSATE deixa de ser “coisa de professor” e fortalece suas ações quando convoca a participação da comunidade.

“Se a lei vira demanda, a regulação se torna condição para continuar o debate” (FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE CAMPO). Mas, entendemos que a lei não é garantia, senão um pretexto, para que espaços de diálogo aconteçam. Como vimos no caso do Estatuto, a lei pode se tornar uma letra vazia, sem sentido, e até ir de encontro ao que inicialmente se propunha, caso não seja oxigenada pelas situações em que nos encontramos. É partindo desse entendimento que pensamos a lei como parte do processo de institucionalização de uma política pública, a qual se constitui em marco histórico de uma luta.

O Fórum encara o projeto de lei como um dispositivo pelo qual se forjam espaços de diálogo; não vê a implementação da lei como um fim que se pretende alcançar em última instância. O projeto de lei funciona como um pano de fundo para a COSATE; um documento onde se encontram registradas propostas e princípios. Seus termos são percebidos como eixos norteadores que devem, sempre, ser balizados pelas práticas cotidianas.

Além de algumas ações para colocar o projeto nas pautas da Câmara Municipal, tais como participação do Fórum em audiências públicas, houve movimentação em prol de uma experiência piloto, cujos efeitos seriam analisados em função de se estabelecer a viabilidade ou inviabilidade de implementar COSATE no município. Primeiramente, escolheu-se como foco da experiência a região geopolítica de José de Anchieta em Serra, pois algumas parcerias estabelecidas, até o momento, sinalizavam que este seria um bom ponto de partida. É importante ressaltar que as escolhas e direcionamentos feitos não se pretendem neutros, uma vez que a governabilidade e as possibilidades de encaminhamento das ações dependem de fatores locais e da articulação de uma rede política que o grupo dispõe.

Quando perguntamos aos companheiros do PFIST como o Fórum chegou à escolha da Região de José de Anchieta, houve dúvidas. “Nossa, como é estranho lembrar dessas coisas, quando já estamos em uma etapa mais avançada da pesquisa, né?!” (FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE CAMPO); comentou uma das colegas que acompanhava as atividades do Fórum desde o começo. Discutimos a necessidade de revisitarmos registros fomentados ao longo do processo, tais como atas de reuniões, diários de campo, outros materiais eventualmente elaborados para apresentações em eventos e publicações em revistas. Nesse momento, foi lançada uma ideia de realizarmos “oficinas de memória” com vistas a atualizar iniciantes e veteranos, restituindo a história do Fórum até quando se começou a pensar em experimentar COSATE.

Foi-nos indicada a leitura de um artigo que conta essa história de constituição do Fórum e seus primeiros desdobramentos, o qual foi publicado pela revista Advir sob o título “Primeiras notas sobre o Fórum das Comissões de Saúde do Trabalhador da Educação (COSATES) no Município de Serra, Espírito Santo” (ZAMBONI; SZPILMAN; MIRANDA; BARROS, 2013). A partir desse artigo, entendemos que a história do Fórum antecede a primeira reunião realizada em Agosto de 2012, pois outros trabalhos haviam sido empreendidos na tentativa de consolidar COSATE entre os anos de 2005 e 2008.

Na terceira reunião do Fórum, começou-se a discutir a Lei Estadual 5.627 (ESPÍRITO SANTO, 1998), tendo em vista modificá-la de acordo com as especificidades da educação. Mas, vale lembrar, esse empreendimento não foi uma mera adaptação do que já

existia. Deslocaram-se concepções de saúde como bem-estar biopsicossocial, que tinham foco no ambiente de trabalho. Tendo a lei como disparador de análises sobre as situações cotidianamente experimentadas, os participantes consideraram que a abordagem das comissões deveria ser local, abrangendo relações, condições de trabalho e modos de organização. Além disso, Zamboni et.al (2013) salientam que a análise do trabalho docente se insinua como marca do PFIST, mas a constituição do Fórum colocou como questão o trabalho em escolas, independentemente de suas divisões funcionais.

Já na quinta reunião, começou-se a pensar em um projeto-piloto e foi aí que a região de José de Anchieta apareceu como uma perspectiva para o trabalho. Dentre as regiões de Serra, esta seria a que contém menor número de escolas, de modo que o Fórum poderia acompanhar melhor a COSATE em suas ações iniciais. Além disso, um professor participante trabalhava nessa região e poderia facilitar as entradas nas escolas. No ano de 2013, como estava para acontecer mudanças na gestão, o que implicaria reestruturações em todas as esferas da educação, o Fórum decidiu adiar o projeto-piloto para o próximo ano.

Houve um trabalho de mobilização de outras escolas, por meio do envio de boletim informativo, no qual se fazia constar convite à participação dos trabalhadores. Como resultado desse processo, nove escolas apresentaram interesse em participar da experiência piloto, cinco centros de Ensino Fundamental e quatro de Educação Infantil. O Fórum, juntamente com seus novos participantes, diretores e outros trabalhadores dessas escolas que se interessaram pela proposta, continuou trabalhando na mobilização do coletivo. Ponderou-se que esta experiência não havia de ser bancada sem que os trabalhadores das escolas estivessem dispostos a sustentá-la.

Desde o princípio, o Fórum passa por momentos de efervescência e de esvaziamento, de modo que trabalhar na mobilização do coletivo tem sido uma preocupação constante. No entanto, sempre temos em vista que, mesmo nos momentos de esvaziamento, algo se passa; suas ações vão se desdobrando para além de intenções que possamos lhes atribuir como originárias.

Se não houver liberação de carga horária dos trabalhadores pela SEDU, poderíamos fazer convocações pelo sindicato, oferecendo atestados de participação. [....] Hoje as escolas não estão presentes, então, nos dedicamos a pensar estratégias de aquecimento, como realizar um Fórum itinerante. Na próxima segunda iremos às escolas para pensar em uma forma de viabilizar o Fórum (FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE CAMPO).

Depois da divulgação do Fórum por boletins, considerou-se que realizar uma experiência piloto com todas as escolas que se interessaram pela proposta seria um “passo maior do que as pernas poderiam dar”. Então, utilizou-se como estratégia de seleção um sorteio, no qual duas escolas, uma de cada modalidade de ensino, foram escolhidas para protagonizarem o projeto-piloto, sendo as quais: Centro Municipal de Educação Infantil Olindina Leão Nunes e Centro Municipal de Ensino Fundamental Manoel Carlos de Miranda.

Fez-se necessário mobilizar alguns rearranjos no modo de organização dessas escolas, tendo em vista que incluir a experimentação de COSATE como parte da jornada de trabalho dos participantes. Esta foi uma condição pactuada no Fórum. No entanto, nos vimos diante de um funcionamento escolar preenchido em cada brecha pela atividade docente em sala de aula. Para mexer nesse cenário, precisamos passar por trâmites burocráticos, como enviar projeto à SEDU e solicitações de rearranjos nas rotinas administrativas e de recursos humanos para fazer caber COSATE em escolas. Diante dessa emergência urdiu o aquecimento de redes por meio da intervenção de participantes do Fórum ligados a órgãos de gestão da educação.

Durante a espera por respostas às solicitações, as quais foram recebidas com sinalizações de que a SEDU teria interesse em apoiar a realização do projeto, formaram-se duas comissões; uma para realizar visitas às escolas, outra para planejar um curso de formação em saúde do trabalhador da educação. Este seria o dispositivo pelo qual a experimentação de COSATE funcionaria. Essa comissão se encarregou de pensar nas condições para realização do curso. O local escolhido foi a FUNDACENTRO, recentemente aliada ao Fórum, devido à disponibilidade de recursos e à facilidade de acesso.

Além disso, pensou-se na adoção de um programa como ferramenta nas discussões e atividades de campo. Tomou-se como base o Programa de Formação em Saúde, Gênero e Trabalho nas Escolas (BRITO, ATHAYDE, NEVES, SILVA, MUNIZ, 2011), o qual se trata de um instrumento que propõe espaço de diálogo e colaboração em escolas para compreender e intervir em processos de saúde e trabalho, considerando as relações de gênero.

O saber científico foi acionado à instrumentalização do curso de formação, mas não como uma “camisa de força”. Os conceitos trabalhados no programa são ferramentas que se dispõe para operar na realidade, tendo sempre a convocação da experiência dos trabalhadores e das circunstâncias locais como baliza. A ideia é que se produzissem conhecimentos a partir de trocas de experiências, trabalhando-se na tecitura de um olhar e escuta atentos às condições sociohistóricas em que a educação se organiza.

Enquanto isto, as duas escolas que haviam sido sorteadas no Fórum estavam em momento de escolha dos participantes da COSATE. Em visita a esses estabelecimentos, a outra comissão conversou com os trabalhadores sobre o processo de escolha, tendo como base as disposições do projeto de lei em que se determina o número de participantes conforme o número de trabalhadores da escola. Na EMEF seriam cinco e na CMEI seriam quatro, considerando-se número igual de suplentes em cada uma delas.

O processo de escolha em uma escola se deu por inscrição e, não havendo número superior de inscritos em relação à quantidade requisitada, houve consenso quanto à participação das pessoas que apresentaram interesse. Na outra, a escolha se deu por indicação da diretora, que julgou ser adequada a participação pela análise de perfil dos indicados. Assim, as pessoas foram indicadas por apresentarem saúde fragilizada, serem mais falantes nas reuniões ou questionadoras quanto às condições do trabalho. Os indicados receberam bem a proposta, abrindo-se à possibilidade de dialogar e de procurar canais para aumentar o grau de comunicação na escola. Uma dessas pessoas começou a frequentar o Fórum e se mostrou cada vez mais interessada em discutir saúde do trabalhador. Nesse sentido, insistimos: “O que estamos fazendo é da ordem do contágio” (FRAGMENTOS DE DIÁRIO DE CAMPO).

Quanto a manifesta preocupação das pessoas em estarem assumindo mais trabalho do que poderiam dar conta, houve um esforço do Fórum em tratar essa questão de maneira mais cuidadosa. Reforçamos, continuamente, a importância de se conceber COSATE como processo formativo, espaço de conversa e oportunidade de ampliar a comunicação entre os atores escolares; transformando análise coletiva dos processos de trabalho em algo inseparável do próprio trabalho. Nas conversações proporcionadas pelo aquecimento das COSATE, um dos maiores desafios foi superar uma forma de entender gestão como uma etapa preeminente dos processos de trabalho.

Nessas reuniões, os trabalhadores ainda tiveram oportunidade de sanar dúvidas a respeito dos objetivos do projeto e de manifestarem desejo ou não em participar. Estivemos