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Pesquisas de produção científica realizadas na área de administração

Roesch (1997) realizou um trabalho sobre tendências da pesquisa em recursos humanos e organizações, numa análise nas dissertações de Mestrado junto aos

programas de pós-graduação, defendidas nas décadas de 80 e 90. Em organizações, observou, na década de 90, uma preponderância de estudos sobre o ambiente e a expansão de estudos sobre estratégia e cultura. Em ambos os casos, as pesquisas verificaram a preferência por estudos em organizações de grande porte, do setor de serviços, tanto do setor público como do privado. O estudo de caso é o desenho de pesquisa predominante, e a principal fonte de informações reside no nível gerencial e técnico, sendo a opinião do cliente (interno ou externo) raramente ouvida. O método quantitativo predomina na área de recursos humanos, e o qualitativo, na área de organizações. A tendência entre as décadas é para um aumento dos estudos qualitativos em ambas as áreas.

Hoppen et al. (1998, p.36) revisaram 163 artigos que tratam de sistemas de informação, em revistas científicas de Administração. Os critérios selecionados foram: pertinência do método escolhido, o objeto da pesquisa, o desenho de pesquisa, os instrumentos de medida e a coleta de dados, a validade do construto, a análise dos dados, a apresentação dos resultados e o estilo do artigo. Eles constaram que, em sistemas de informação, os métodos de pesquisa utilizados com maior freqüência são os métodos survey (por enquete), experimental e qualitativo.

Martins (1997) aborda metodologias adotadas e suas tendências em pesquisas na área de Administração, numa proposta de realização de pesquisa de pesquisa, com o objetivo de analisar a produção científica dos Programas de Pós-graduação em Administração, tomando como referencial as dissertações e teses do estado de São Paulo.

Oliveira (1998) analisou a informação nos títulos e resumos, tomando por base os trabalhos publicados nos Anais do ENANPAD, do ano de 1997, partindo do

pressuposto de que o título e o resumo devem fornecer informações sobre o conteúdo de um trabalho, auxiliando o leitor a decidir se deve ou não ler o trabalho completo. Além de atrair a atenção do leitor, os resumos devem ter caráter informativo, comunicando precisamente o conteúdo do trabalho. Referente ao tamanho, os títulos estão, em média, acima do recomendado pela literatura, enquanto os resumos, em média, estão conforme a faixa recomendada. O autor sugere que os conteúdos dos títulos e dos resumos possam ser aperfeiçoados, como, por exemplo, evitando-se o caso de siglas, tornando o objetivo e o método explícitos, entre outras questões levantadas.

Bertero; Caldas e Wood (1998) discutem a questão da construção da teoria em Administração, bem como o nível de qualidade da pesquisa científica desse campo no Brasil. Discutem, primeiramente, as condições da produção de conhecimento em Administração e sintetizam debates recentes, sobre o que constitui “boa” e “má” pesquisa científica na área. Resumem no âmbito brasileiro, os últimos debates que mostram como a pesquisa em Administração é periférica, sem originalidade e prática, e em larga escala, mal informada, postulando que o fortalecimento do campo no Brasil requer critérios mais claros e bem definidos.

Carrieri e Luz (1998) verificaram, numa amostra da produção científica das Ciências Sociais, a consistência teórico-metodológica de dissertações de cursos de Mestrado da UFMG. A amostra situa a Administração no cenário das Ciências Sociais, partindo da consideração dos paradigmas destas Ciências, para examinar as metodologias e sua coerência com os paradigmas, enfatizando as metodologias utilizadas nas pesquisas administrativas e verificando se elas estão adequadas ao paradigma escolhido.

Lopes (1998) realizou estudo sobre a evolução das pesquisas de cultura organizacional à luz da realidade brasileira e moçambicana, partindo de uma análise da dimensão cultural na ótica da Filosofia, Política e da Sociologia, para os estudos das organizações. Ele analisa o estado da arte das metodologias usadas nas pesquisas sobre cultura organizacional em diferentes visões teóricas: perspectiva integrada, diferenciada, fragmentada e pós-moderna.

Patrício et al. (1999) realizaram pesquisa com objetivos de conhecer a produção de estudos qualitativos na UFSC, assim como a percepção dos estudantes desse Curso, sobre a aplicabilidade dos métodos qualitativos de pesquisa em Administração. Além de trazer elementos teóricos atualizados sobre os métodos qualitativos de pesquisa, o estudo, através da leitura analítico-reflexiva dos dados empíricos, mostra a importância dos métodos qualitativos na produção de conhecimentos fundamentais e aplicados na Administração, bem como da integração dos estudos quantitativos nessa produção.

Antonello (2002) apresenta um artigo, considerando como tema de estudo a aprendizagem organizacional, as competências essenciais e a Gestão do Conhecimento. No artigo foram analisados e identificados os seguintes aspectos: tipo de planejamento de pesquisa utilizado, tipo de pesquisa e posicionamento epistemológico nos Anais do ENANPAD-1997/2000, amplamente reconhecidos no meio acadêmico do país e da América do Sul. Conforme a própria autora, o artigo tem por objetivo realizar algumas reflexões sobre os temas abordados e sugerir mais estudos. Este último trabalho não só ratificou a relevância desta pesquisa em pauta, ao sugerir investigações mais aprofundadas, como apontou para a decisão em termos de exclusão do período de 1997/2000 já analisado por Antonello (2002), referente às

categorias nível e tipologia de pesquisa, dos artigos referentes à Gestão do Conhecimento, contidos nos Anais ENANPAD.

Pelo exposto, com os exemplos, as pesquisas de produção científica em Administração estão apenas surgindo, tendo em vista a amplitude da área e a relevância desse tipo de estudo, cuja metodologia é amplamente aceita. Especificamente nesta pesquisa, dois temas conhecidos – Produção Científica e Gestão do Conhecimento – são combinados de forma ampla e original cuja interface é o conhecimento. Considerada investigação de um tema novo como a Gestão do Conhecimento, a contribuição extrapola os limites da práxis nas pesquisas à práxis nas organizações, apresentando tendências, lacunas, limitações e desafios do tema, características que a distinguem dos estudos até então acessados.

Partindo do fato de que são procedimentos científicos na pesquisa que proporcionam a comprovação dos conhecimentos, é pertinente tecer algumas considerações sobre os mesmos.