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O Pibid e os IDs: a bolsa como elo

No documento FRANCISCA DO NASCIMENTO PEREIRA FILHA (páginas 124-126)

3 O PIBID NO CONTEXTO DA POLÍTICA NACIONAL DE

4.3 O PIBID E SEUS EGRESSOS: DA FORMAÇÃO À ATUAÇÃO

4.3.2 O Pibid e os IDs: a bolsa como elo

Um dos diferenciais do Pibid, enquanto política educacional voltada para a formação e valorização da formação inicial docente, é a bolsa remunerada para todos os envolvidos no processo: coordenador IES, coordenador de área, supervisores e alunos de Iniciação à Docência. E, como o curso de Pedagogia na Universidade Federal do Acre ocorre no período vespertino, das 13h e 30m às 18h e 50m, a grande maioria do seu público-alvo não tem vínculo empregatício no período de formação. A bolsa tem, então, grande relevância no interesse inicial de participação no programa e para a permanência no curso.

Diferentemente dos IDs atuais, que não colocaram explicitamente a relevância da bolsa remunerada como um dos motivos principais para seu ingresso no programa, com o grupo focal, foi bem diferente. Nossa hipótese é de que, por não estarem mais ligados ao programa e nem à universidade, sentiram-se mais à vontade em demonstrar suas impressões e sentimentos com as experiências vivenciadas, como podemos identificar nas falas dos egressos sobre os primeiros contatos com o programa:

Ao ingressarmos no Pibid, nós tínhamos acabado de ingressar no curso de Pedagogia, então, era mais como uma bolsa (risos), um dinheirinho que iria entrar e ajudar, e não sabia como funcionava o programa não (PROFESSOR 236).

É visível o desconhecimento de alguns licenciandos com relação ao objetivo central do Pibid quando tomam a decisão de entrar no Pibid e o quanto uma bolsa remunerada funcionou como o primeiro alerta de interesse para seu ingresso no programa, já que não tinham um vínculo empregatício.

Primeiro, que a gente chegou em março, no meu caso, assim que eu entrei na universidade, em 2012, foi no início do Pibid mesmo, ninguém sabia o que era ou como era, só queria uma bolsa remunerada, né? Já que a faculdade era no período da tarde, não dava pra ter um emprego regular, então, uma bolsa com remuneração, ajuda muito... Então, eu vou atuar, como lá tinha docência, tinha algo relacionado com a minha área de formação (PROFESSOR 7).

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Para manter o sigilo da identidade dos sujeitos envolvidos, adotamos também a metodologia de identificar os egressos por um número de 1 a 7 (quantidade de participantes do grupo focal).

Esses dados se confirmam em outras falas:

Na maioria dos nossos casos, foram nessa direção mesmo, nós vamos ter um recurso um auxílio, uma bolsa e não tinha dimensão de como seria o Pibid e o que a gente faria. Na verdade, não concorremos porque o número de alunos inscritos foi menor que as vaga. Então, depois que entramos foi que fomos aprendendo, né? Compreendendo como era o programa (PROFESSOR 2).

Mesmo sendo a bolsa o elo inicial com o Pibid, percebe-se que, a partir do envolvimento com o programa, inicia-se o processo de reflexão sobre a apropriação dos saberes necessários à profissão:

No meu caso eu entrei mais pelo financeiro também e pela professora (*) que falava: vem, é legal! E me incentivando nos projetos que ela fazia, aí eu disse: tá, eu vou entrar. [...] assim, quando eu entrei, eu não dava muita importância pro programa. No decorrer do desenvolvimento de receber uma bolsa do Pibid, de participar das atividades na escola, eu fui percebendo a importância que ele tinha na minha formação (PROFESSOR 5).

Percebe-se, a partir dessa fala, que foi no decorrer da participação no projeto que os alunos em formação foram reconhecendo sua relação com a formação inicial. Essa aproximação com a prática possibilitou ao aluno em formação uma reflexão sobre as práticas e os conhecimentos inerentes à profissão. A experiência é, portanto, um meio de construção dos saberes da docência, mas não a única, pois, segundo Pimenta (1999, p. 20), “o desafio, então, posto aos cursos de formação inicial é o de colaborar no processo de passagem dos alunos de seu ver o professor como aluno ao seu ver-se como professor”. Ou seja, de contribuir na construção da identidade do ser professor, pois, conforme dados da pesquisa, o Pibid tem um papel relevante nesta construção, conforme podemos observar na fala a seguir:

Eu recomendo para todos os estudantes de Pedagogia, porque, querendo ou não, é o nosso primeiro impacto com a sala de aula e a gente começa a se adaptar ou não com a rotina. É importante, também, porque, no caso da gente que entrou no primeiro período, a gente ainda não sabia o que queria, será mesmo que eu quero ir pra sala de aula? Será que eu quero aquele monte de aluno? E quando eu fui pra educação infantil, foi a primeira escola do Pibid, eu já gostei do ambiente e vi que era isso mesmo que eu queria (PROFESSOR 6).

Por meio dessas falas apresentadas, é possível ver o quanto o contato contínuo com o fazer pedagógico, mesmo que seja logo no primeiro período de formação, provoca em alguns (5 professores) uma reflexão crítica sobre a realidade da profissão, levando-os a se questionarem se essa é a profissão que desejam seguir e quais são os conhecimentos necessários pertinentes a esta profissão. Isso vai ao encontro do que Tardif e Raymond (2000)

destacam, o fator tempo torna-se um elemento preponderante na aquisição de saberes, com a rotina da escola e sala de aula.

Encontramos uma das justificativas que vai ao encontro do objetivo político do Pibid, “Contribuir para que os estudantes de licenciatura se insiram na cultura escolar do magistério, por meio da apropriação e da reflexão sobre instrumentos, saberes e peculiaridades do

trabalho docente” (MEC, 2013), (grifo nosso). O fator tempo agregado às experiências,

através do contato prolongado com o espaço escolar, como meio de aprendizagem do fazer pedagógico, aproxima-se do que Diniz-Pereira (2014) denomina de racionalidade técnica, na qual o professor aprendiz treina suas habilidades, tendo como referência o papel do outro professor titular, para dominar situações pertinentes a este fazer pedagógico. Essas questões serão mais aprofundadas no tópico a seguir.

No documento FRANCISCA DO NASCIMENTO PEREIRA FILHA (páginas 124-126)