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PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES IMPLEMENTADOS

No documento FRANCISCA DO NASCIMENTO PEREIRA FILHA (páginas 78-82)

3 O PIBID NO CONTEXTO DA POLÍTICA NACIONAL DE

3.1 PROGRAMAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES IMPLEMENTADOS

Ao realizar uma busca na página do Ministério de Educação, encontramos um número significativo de programas criados pelo MEC (Quadro 2) voltados para a formação docente, faremos destaque àqueles programas que guardam uma estreita relação com nossa temática de estudo, o Pibid.

Quadro 2 - Programas de Formação do MEC/2017

Continua

Programas Objetivos Público alvo

Prodocência

a) fomentar projetos pedagógicos inovadores, cientificamente avançados e tecnologicamente contemporâneos, para aprimorar a formação dos professores da educação básica;

b) estimular projetos de cooperação entre unidades acadêmicas interdisciplinares e intersetoriais que contribuam para elevar a qualidade da formação dos futuros docentes;

c) fomentar a integração entre a educação superior e a educação básica;

d) contribuir para superar deficiências identificadas nas avaliações feitas nos cursos de licenciatura.

Estudante Professor Coordenação de Curso

Unidade Acadêmica

Parfor Oferecer cursos de formação inicial emergencial, na modalidade presencial, aos professores das redes públicas de educação básica tendo em vista as demandas indicadas nos planos estratégicos elaborados pelos Fóruns Estaduais Permanentes de Apoio à Formação Docente.

Professores em exercício na rede pública que não têm formação superior e/ou específica para atuação na educação básica.

Quadro 2 - Programas de Formação do MEC/2017

Continuação

Programas Objetivos Público alvo

Universidade Aberta do Brasil (UAB)

a) oferecer cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores da educação básica;

b) ofertar cursos superiores para capacitação de dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

c) dispor cursos superiores nas diferentes áreas do conhecimento;

d) ampliar o acesso à educação superior pública;

e) reduzir as desigualdades de oferta de ensino superior entre as diferentes regiões do País;

f) estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância;

g) fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação. Estudantes Professores de Educação Básica, dirigentes, gestores e trabalhadores da educação básica.

Pibic a) despertar vocação científica e incentivar novos talentos entre estudantes de graduação;

b) contribuir para reduzir o tempo médio de titulação de mestres e doutores;

c) contribuir para a formação científica de recursos humanos que se dedicarão a qualquer atividade profissional;

d) estimular uma maior articulação entre a graduação e pós- graduação;

e) estimular pesquisadores produtivos a envolverem alunos de graduação nas atividades científica, tecnológica e artístico- cultural;

f) proporcionar ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado, a aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa, bem como estimular o desenvolvimento do pensar cientificamente e da criatividade, decorrentes das condições criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa; e g) ampliar o acesso e a integração do estudante à cultura científica.

Estudante de graduação

Life a) Fomentar a criação de laboratórios interdisciplinares de formação de educadores nas IES;

b) Investir na formação digital e interdisciplinar de professores; c) Promover a interação entre os diferentes cursos de formação de professores;

d) Incentivar o desenvolvimento de metodologias voltadas para inovação das práticas pedagógicas; a elaboração de materiais didáticos de caráter interdisciplinar; o uso de tecnologias e inovação educacionais e a articulação entre os programas da Capes relacionados à educação básica.

Estudantes

Fonte: Elaborado pela autora, conforme dados site do MEC/2017.

No conjunto destes programas governamentais, financiados pelo Ministério da Educação, nos interessa, neste estudo, conhecer melhor o Pibid que, apresenta, dentre seus objetivos, a elevação da qualidade na formação inicial de professores da educação básica, logo, seu público-alvo são alunos em formação. Buscamos compreender melhor qual é seu

“modelo” de formação e se existe relação com os modelos de formação anunciados no tópico anterior desta pesquisa. Para tanto, recorremos ao Relatório de Gestão da Diretoria de Educação Básica – DEB – 2009 – 2014 (p. 65), que apresenta os princípios de construção do Pibid que são ancorados na concepção de Nóvoa (2009)20, segundo Neves (2012)21 sobre formação e desenvolvimento profissional, definindo que a

1. formação de professores referenciada no trabalho na escola e na vivência de casos concretos;

2. formação de professores realizada com a combinação do conhecimento teórico e metodológico dos professores das instituições de ensino superior e o conhecimento prático e vivencial dos professores das escolas públicas;

3. formação de professores atenta às múltiplas facetas do cotidiano da escola e à investigação e à pesquisa que levam à resolução de situações e à inovação na educação;

4. formação de professores realizada com diálogo e trabalho coletivo, realçando a responsabilidade social da profissão (BRASIL, 2014).

Percebe-se uma perspectiva epistemológica voltada para a prática em seus princípios e objetivos, na medida em que defende uma formação voltada para o aluno (futuro professor) como sujeito ativo, que domine as competências e habilidades necessárias para a sua atuação profissional. Propõe o contato do aluno, enquanto bolsista, com seu lócus de atuação, espaço real, com vivências concretas, numa inter-relação com outros sujeitos e o conhecimento teórico em que a pesquisa ocupa papel fundamental, para suscitar respostas às situações problemas do dia a dia escolar, colaborando para uma nova cultura educacional.

Nesse sentido, procurar situar o Pibid frente uma nova perspectiva de formação, numa relação com a formação profissional, é um fato inquietante. Tardif (2002) nos ajuda a compreender como se dá a construção dos saberes docentes, que são, segundo ele, saberes plurais, provenientes de diferentes fontes: os saberes da formação profissional (conhecimentos científicos e pedagógicos relacionados a técnicas de como fazer; os saberes disciplinares (construídos historicamente, de posse de uma comunidade científica); os saberes curriculares (saberes específicos organização e socialização dos conhecimentos produzidos objetivos, conteúdos, métodos) e os saberes da experiência (conhecimentos construídos e socializados na interação com seus pares, saber fazer e saber ser, transformando-se em um habitus).

Esses saberes são constitutivos do curso de formação, a proposta do Pibid se enquadra nos saberes colocados por Tardif (2002), tendo os saberes da experiência como

20 Conferir NOVOA, A. Para uma formação de professores construída dentro da profissão. Revista

Educacion. Madrid: 2009. (Fonte Relatório de Gestão 2009 a 2014).

21 Conferir NEVES. C. M. C. A Capes e a formação de professores para educação básica. In Revista Brasileira

de Pós – Graduação. Suplemento 2, volume 8, março de 2012. Educação Brasileira: Ensino de ciências e matemática e a Inovação à Docência, 1996, p. 146 (Fonte Relatório de Gestão 2009 a 2014).

constituição central, em que o contato com o espaço escolar, com o fazer pedagógico pressupõe o desenvolvimento de habilidades e competências características da profissão de professores. Tais saberes são necessários na atualidade e devem ser incorporados à prática do trabalho diário na escola, em confronto com os demais saberes constitutivos na formação.

Lima (2015), em pesquisa de dissertação intitulada “Os paradigmas atuais da formação: olhares sobre o Pibid”, ao analisar os aspectos contributivos do Pibid/Química na UNIR, através do projeto Pibid no curso, identifica as contribuições do programa, através da aproximação dos alunos bolsista do Pibid com a sala de aula como elemento balizador na construção dos saberes profissionais: “A proposta do PIBID, no sentido de inserir o aluno no ‘laboratório’ (sala de aula), auxilia-o na preparação para o exercício da docência, diminuindo inquietações, insegurança e conflitos que possam surgir no início de sua carreira docente” (LIMA, 2015, p. 77). Percebe-se a relevância dada à experiência para a familiaridade com o espaço de atuação profissional futuro e construção do habitus, como define Tardif (2002).

O programa Pibid “é pautado em pressupostos teórico-metodológicos que articulam teoria-prática, universidade-escola e formadores-formandos” (Relatório de Gestão Diretoria de Educação Básica DEB 2009 – 2014, p. 66). O programa Pibid tem como base central a interação e troca de saberes entre os envolvidos. A figura a seguir ilustra a organização metodológica do programa.

Figura 2 - Organização Metodológica do Pibid

Fonte: Relatório de Gestão (DEB/Capes de 2009 a 2014).

Ao analisar esta organização, é possível identificar que este espaço de formação leva em consideração os conhecimentos prévios que este aluno tem sobre a docência, pois todo aluno em graduação já passou por uma instituição escolar, portanto, este espaço não é desconhecido, tem uma representação construída socialmente sobre o ser professor. Sendo

este espaço conhecido, são confrontados os saberes da experiência com os saberes teóricos e práticos desenvolvidos no dia a dia da escola, e o papel da pesquisa é o de sintetizar estas experiências da academia, formando uma nova cultura educacional.

Portanto, mesmo correndo algum risco de estreitamento, arriscamos afirmar que a perspectiva que fundamenta a proposta do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência se aproxima significativamente do modelo de formação caracterizado por Diniz- Pereira (2014), chamando de Racionalidade prática da formação docente, pois a ênfase é dada à prática educacional, o professor é o artífice da sua profissão.

Nesta perspectiva, o professor é visto como central no currículo, há uma preocupação com a prática e com os resultados desta, na ação-reflexão-ação. No Pibid, o licenciando é provocado a refletir sobre a sua prática e a do outro (professor), na intervenção com o aluno e mudá-la, se necessário for, na intenção de alcançar os objetivos desejados, conforme Contreras (2002). Neste modelo, a pesquisa passa a ter um papel importante na busca pela competência docente no processo de interação, sendo elemento central nos programas de formação e treinamentos para aperfeiçoamento da prática (CUNHA, 2013).

Assim, podemos inferir que os modelos de formação implantados pelo MEC, mais especificamente o Pibid, seguem um modelo de formação voltado para a prática, por focar na observação, na experimentação de ser professor e, assim, oferecer ao docente em formação uma possibilidade de construir seu modelo profissional, com base na experiência com seus pares, em confronto com os demais saberes teóricos e de vivências.

3.2 PIBID: GÊNESE, CONCEPÇÃO E OBJETIVOS DA POLÍTICA DE FORMAÇÃO

No documento FRANCISCA DO NASCIMENTO PEREIRA FILHA (páginas 78-82)